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Meu Irmão E Eu
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Meu Irmão E Eu

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— Por mim, tudo bem — confirmou Richard.

Nós entrávamos no táxi, quando Pablo disse ao motorista para ir ao Chinatown. Hum! Ele gosta de comida chinesa. Pensei.

— Boa noite! Meu amigo e eu queremos zong zi para dois — disse Richard ao garçom, já no restaurante.

E continuou:

— O que quer comer, meu amor? — perguntando a Pablo.

Ah, Meu Deus! Não acredito! Richard está namorando Pablo? Pensei.

— Quero mapo tofu e dan dan mian, por favor. Obrigado! — respondeu Pablo, olhando para o garçom.

O restaurante tinha pouca iluminação e estava abarrotado de pessoas. Por sorte, conseguimos uma mesa aos fundos. Onde estávamos, podíamos ver toda a movimentação das pessoas e dos garçons. Richard e Pablo estavam à minha frente, do outro lado da mesa pequena que nos separava. Richard contava-me sobre como pretendia ingressar na Gucci de Florença, quando Pablo chamou o garçom e perguntou o que era huangjiu. O garçom explicou-nos que era um vinho amarelo chinês, preparado com uma massa feita com arroz, pianço ou trigo. Até eu estou com vontade de beber. Pensei.

— Acho que vamos experimentar. Obrigado! — disse Pablo.

Nossos pratos chegaram. Richard e eu conversávamos, empolgadamente, quando algo me desconcentrou. Era Pablo, e estava comendo. Nesse momento, percebi-me olhando-o, curioso. Ele começou com o mapo tofu e depois mesclou com o dan dan miam. Para o primeiro, usou um garfo, e para o último, um hashi. Depois, os dois, simultaneamente. Tinha o corpo inclinado para frente, os cotovelos sobre a mesa, a cabeça baixa e as mãos ágeis. Comia depressa, sem muito mastigar. Quase não usava o guardanapo para absorver o excesso do molho da carne suína, que melava seus lábios. Entre um prato e outro, um ou dois goles do vinho amarelo e mais comida. Mastigava com força, com prazer. Ele era rude à mesa. E aquilo o transformou em um homem selvagemente sexy para mim. Oh, meu Deus! Sinto um latejar entre minhas pernas. Estou com tesão! Pensei. Richard continuava falando, quando pedi licença e fui ao banheiro. Olhei-me no espelho, sem saber ao certo o que pensar, e lavei as mãos, demoradamente. Acho que esperava que a sensação da água tocando meus dedos acalmasse meu corpo. Mais controlado, retornei à mesa. Vi-os conversando. E meus olhos percorreram aquele corpo queimado. Ele vestia uma bermuda marfim e uma camiseta branca, que valorizava seus braços. Calçava um tênis marrom e ainda tinha a barba por fazer. Será que ele gosta de ter essa barba malfeita? Que mau gosto! Pensei, sentando-me novamente à mesa. Pablo havia terminado de comer, e bebia seu huangjiu, quando nossos olhos se encontraram. Era visível, para mim, que eu o desejava. Fiquei receoso que Richard percebesse nossos olhares, então me contive e tentei me concentrar na conversa. Comentei que estava pensando em passar um tempo em Manhattan e, talvez, fizesse um curso de fotografia. Richard vibrava com essa possibilidade, afinal, eu era o único amigo mais próximo dele, e depois que tinha ido morar em Monte Carlo, no ano passado, ele acabou ficando sozinho na cidade. Pablo falava que estava pensando em atender pacientes fora do hospital para conseguir ganhar mais dinheiro, quando Richard pediu licença e foi ao banheiro. No mesmo instante, olhei para aqueles olhos pretos. Ele respondeu ao meu olhar, ordenando-me:

— Venha aqui!

— O que você quer, olhando-me desse jeito? Ele pode perceber, sabia? — indaguei-o.

— Venha aqui, garoto! Estou mandando! — respondeu forte, com a cara fechada.

Obedeci-o. Arrastei-me pelo sofá no entorno da mesa e me encostei a ele. Vi seus braços se abrirem e, logo, senti sua mão em minha cintura, pressionando meus quadris contra os dele. Estávamos colados um no outro. Então, ele virou seu rosto para mim e disse:

— Oi.

— Oi — respondi, alternando meu olhar entre seus olhos e lábios.

— Vou perguntar uma coisa. E vai me responder a verdade, certo?

— Certo.

— Olhe para mim e responda: Você está me desejando agora?

Oh, meu Deus! O que digo? Ele já sacou tudo! Pensei.

— Estou — respondi baixinho.

Ele tirou a mão do meu quadril e pôs o seu celular diante de mim.

— Digite seu número aqui.

Salvei meu número no celular e o entreguei. Então, ele me mandou tirar a carteira e lhe dar cinquenta dólares. O quê? Por que ele quer cinquenta dólares? Pensei.

— Por que você...

— Não discuta! Confie em mim. Dê-me cinquenta dólares, agora! — mandou, interrompendo-me com seus dedos em meus lábios, a fim de não me deixar falar.

Ah, aqueles dedos! Confiei. Tirei a carteira do bolso e pus o dinheiro na mão dele. Pablo levantou-se e ordenou-me que ficasse sentado ali, pois logo voltaria. Minha testa franziu. Acompanhei-o com olhos curiosos e vi quando cochichou algo ao pé do ouvido do garçom e lhe entregou o dinheiro. Ele caminhava faceiramente à mesa, quando abriu um sorriso travesso. Que sorriso lindo! Sentou-se ao meu lado novamente e pôs sua mão em minha cintura e, olhando-me, disse:

— Estou excitado. Passe a mão.

— Você está louco? Há pessoas aqui. E Richard já vai voltar...

— Não vai, não. Ele está preso no banheiro. E o garçom só vai abrir a porta, quando você me fizer gozar.

Arfei duas vezes em menos de um segundo. Eu não acredito nisso! Pensei.

— Você só pode estar de brincadeira, Pablo — comentei, tentando rir, mas sem conseguir.

— Não estou não, garoto — respondeu, tomando minha mão e levando-a ao seu membro.

— Aperte assim, de cima para baixo.

Meu coração palpitou. E com sua mão sobre a minha, mostrou-me como queria eu o masturbasse por cima da bermuda. Eu estava muito nervoso com a possibilidade de um flagrante, e meus olhos não paravam de percorrer as mesas do restaurante na tentativa de descobrir se alguém percebia o que fazíamos. A cada vez que um garçom ameaçava ir em nossa direção, meu coração acelerava mais ainda. Richard está trancado no banheiro. Oh, meu Deus! Pensei.

— Relaxa, garoto. Está escuro aqui, e a mesa cobre tudo. Ninguém está vendo nada. Vai por mim. Quer que eu ponha para fora? — perguntou, baixinho.

— Não. Deixe assim. Assim está bom — respondi, nervoso.

Realmente, ele estava certo, e o restaurante estava escuro. Calma, Gaius! Relaxe, Gaius. Pensava e dizia para mim mesmo. Ele me olhava e respirava pela boca, enquanto mordia seus lábios rachados. A cada movimento que fiz no membro dele, senti suas pernas contraírem. Um gemido baixinho e manhoso saía de sua boca.

— Eu quero enfiar em você. Quero enfiar bem devagar e, depois, meter com força até você gritar — sussurrava ele.

— Quer? Então, goze para mim — provoquei, na tentativa de fazê-lo gozar logo e dar fim à minha angústia.

Ele não demorou. Pude sentir em minhas mãos as contrações do jato dele. Estava jorrando e, com certeza, deve ter inundado a cueca. Respirei fundo, tentando me acalmar. Alguns instantes em silêncio e o sorriso dele apareceu, olhando-me com satisfação pela tensão que causou em mim. Parecia gostar de fazer essas coisas exóticas.

— Salvou seu número? — perguntou, ainda sorrindo, meio ofegante.

— Salvei! — respondi, tentando fazer cara de bravo, mas sem conseguir disfarçar que tinha gostado.

Ele levantou e foi ao encontro do garçom, enquanto eu voltava para o outro lado da mesa. Instantes depois, Richard retornava com cara de ódio.

— Acredita que fiquei preso no banheiro? Só conseguiram abrir agora. Onde está Pablo? — perguntou ele.

— Acho que ele foi ao banheiro, Richard. Não encontrou com ele? — respondi, cabisbaixo.

Assim que cheguei em casa, depois de jantar com eles, um toque avisou-me de uma nova mensagem no celular:

“Desça! Estou na frente do seu prédio. O taxímetro marca dezoito pratas, e contando. Não demore! Pablo”.

Não acreditava no que estava lendo. E Richard, onde está? Este mexicano só pode ser maníaco. Pensei. Tomei as chaves do apartamento de volta às mãos e desci. Abri a porta do táxi, fazendo cara feia, e perguntei:

— O que foi, Pablo? Ficou doido?

— Entre e feche a porta! — ordenou-me.

Vendo-me bater a porta do táxi, ele passou o braço por trás de mim, apertou minha cintura, e disse ao taxista:

— Rua Madison, Bedford — e selou seus lábios nos meus.

E beijou-me com tesão. Não acredito que a essa hora da noite estou indo ao Brooklyn! Esse mexicano ainda vai me matar. Oh, meu Deus! Pensei, enquanto saboreava aquela boca gostosa e ardente.

O apartamento de Pablo era pequeno. Tinha somente sala, cozinha, quarto e um banheiro. A TV estava ligada e, a janela, aberta. O vento que entrava balançava as cortinas que cobriam as janelas da sala. Um gato branco recepcionou-nos e, logo, começou a roçar minhas pernas. A poucos passos da porta, vi dois colchões de solteiro ao chão, perto de uma das janelas. Eles estavam manchados e cobertos apenas com um lençol estampado. E, do outro lado, enxerguei um sofá velho de dois assentos com estofado vermelho. Meus olhos percorriam as paredes à procura de alguma beleza, quando vi pratos e xícaras sujas na cozinha e uma tinta escura nas paredes, que não escondia as rachaduras do prédio. Ao sentir o cheiro de mofo e ouvir o gato miar, entendi que Pablo era pobre e que eu estava no subúrbio de Nova Iorque. Ele mora aqui? Mas como conseguiu dinheiro para ir a Monte Carlo? Pensei. Assim que entramos, ele logo apertou a tela do seu celular e o jogou sobre o sofá. Uma playlist começou a tocar. Era rock. Enquanto caminhava até a cozinha, tirou a camisa e a jogou sobre uma cadeira. Puxou a porta da geladeira e tirou uma cerveja, abrindo-a no dente, enquanto me olhava. E veio em minha direção.

— Sei que não é o que está acostumado, mas é aqui onde moro — disse, dando um gole na cerveja e me fazendo beber também logo depois.

Agarrou minha cintura e puxou-me para ele.

— Nunca tinha vindo ao Brooklin — comentei, timidamente.

— Acho que depois de hoje vai querer vir mais vezes.

E selou sua boca na minha, pressionando meu abdome contra o dele. Estava preso em seus braços e não conseguia resistir. Queria-o, enlouquecidamente. Ele me beijava com força. E eu adorava.

— Gostei do que fez comigo no restaurante — comentou ele, ao pé do meu ouvido, com a voz manhosa, roçando a barba por fazer em meu rosto, provocando-me e atiçando meu tesão.

— Fui obrigado a fazer — respondi, quase sem forças diante daquela tensão sexual que se instalou entre nós.

— Não é verdade. Fez porque quis. Estava com vontade de pegar meu pau.

Por que ele diz essas coisas? Eu fico excitado!

— Ainda estou com a cueca molhada. Quer ver? — perguntou, desabotoando e descendo o zíper da bermuda.

Olhei para baixo e senti o cheiro de cueca suja em minhas narinas. Era cheiro de sexo. Inspirei e percebi minha ereção latejar. Oh, meu Deus! Que cheiro maravilhoso! Pensei.

— Ainda está molhadinho. Passe a mão — mandou-me ele, roçando a barba em meu pescoço novamente.

Pus minha mão dentro da cueca dele e o apertei. A cueca estava encharcada do orgasmo. Ele gemeu em meu ouvido.

— Aperte com força.

Obedeci-o. Enquanto o apertava, ele pôs a mão no bolso da bermuda e tirou um saquinho, que prendia um pó branco.

— Tenho uma coisa aqui para relaxarmos. Vai ser mais gostoso — disse, dando-me beijinhos.

— Talvez seja melhor, não — argumentei.

— Relaxe, garoto. Você vai gostar. E não vai acontecer nada. Prometo. Vá por mim.

Estávamos nós ali, em pé, colados um ao outro, eu apertando seu pênis melado, e ele levando seu dedo mindinho com pó às minhas narinas.

— Inspire forte — ordenava.

Obedeci-o. E minha cabeça retorceu para trás.

— Mais uma vez. Isso. Só mais um pouquinho. Muito bem, garoto. Assim está bom. Quero você consciente. Quero que sinta tudo que vai acontecer.

Inspirei quatro vezes seguidas, duas em cada narina. Instantaneamente, fiquei eufórico e agitado. Meu coração ficou a mil. E, segundos depois, estava relaxado. Tinha consciência do que estava acontecendo, embora meus movimentos fossem vagarosos e sentisse que alguma força me dominava. Foi a primeira vez que usei cocaína. E gostei. Pablo tomou minha cabeça nas mãos e pressionou meu rosto contra o dele. Beijava-me com violência e mordia meus lábios. Senti gosto de sangue na boca, quando o vi salivar um dedo. Ele pôs a mão dentro da minha calça e enfiou seu dedo molhado em mim. Arquejei! Ele está me comendo com o dedo. Então, baixei a cueca dele e libertei sua ereção. Ele estava muito excitado. Minha mão molhada ainda o masturbava devagar, quando ele tirou minha camiseta rapidamente e me empurrou no sofá. Ergui minhas mãos para trás e o deixei tirar meu tênis, meias, calça e cueca rapidamente. Fiquei nu em segundos. Ainda pensava que ele tinha pressa, quando percebi meu membro na boca dele. Oh, meu Deus! Ele está me chupando! Os gemidos eram inevitáveis. Retorci meu corpo inteiro, enquanto ele movimentava sua boca para cima e para baixo com rapidez. Não demorou muito e eu esporrei. Esporrei na boca dele. E ele gostou. Levantou-se e foi ao meu encontro, trazendo o meu “gosto” à minha boca, beijando-me, demoradamente.

— Tenho uma surpresa para você — sussurrou ao meu ouvido.

Agarrou minha cintura e pressionou meu peito contra o encosto do sofá. Estava eu ali, de quatro, com os braços apoiados nas almofadas e com a cabeça para fora. Nisso, enxerguei um garoto vindo em minha direção. Ele tinha a pele queimada e os cabelos longos. Seus olhos eram castanhos, da cor dos cabelos. Seu corpo era magro, e seus braços e pernas eram finos. Devia ter quase a mesma altura que eu. Quantos anos ele tem? Pensei. Caminhava, mordendo o lábio inferior e apertando o pênis por cima da calça. Era Juan, irmão de Pablo. E ele logo baixou o zíper e pôs seu membro em minha boca. Pablo foi até meu ouvido e disse baixinho:

— Chupe gostoso. E abra as pernas que vou comer você.

Estava sendo estocado pela frente e por trás. Enquanto Pablo me penetrava com força, Juan movimentava lentamente o quadril para frente e para trás, olhando em meus olhos. Os movimentos eram suaves. E meus olhos e mãos percorriam suas coxas, quando um gemido anunciou seu orgasmo. Juan estava esporrando. E, ainda gemendo, inundou minha boca com um jorro quente e cremoso.

— Isso, garoto. Bebe tudinho — repetia ele, várias vezes, em voz baixa, com cara de satisfação.

Engoli. Ele, logo, saiu da minha boca e circundou o sofá. Acompanhava seu movimento com a cabeça, quando meus olhos encontraram o corpo de Pablo, que caminhava para a minha frente. Ele tinha a cueca suja presa na metade das coxas, enquanto andava faceiramente com aquele sorriso travesso no rosto. Parou, diante de mim, no mesmo lugar onde Juan estava. Agachou-se e levou seus lábios aos meus, beijando-me com força. Roçou a barba no meu pescoço grosseiramente e sussurrou em meu ouvido:

— Vou gozar na sua cara.

Juan estava atrás de mim, com sua língua em meu ânus e uma mão me masturbando, quando Pablo tirou sua cueca suja e me mandou abrir a boca. Ele dobrou a cueca e, violentamente, enfiou-a em minha boca. Estava eu ali, com aquele tecido barato e sujo na boca, quando o vi me dar um tapa no rosto. Meus olhos arregalaram. Gostei. Faz de novo. Pensei. E ele fez, do outro lado, com mais força. E, logo, começou a dar-me pancadinhas nos lábios com o membro dele e a dizer que esporraria em mim. Salivou a mão e pôs-se a se masturbar. Não demorou. O primeiro jato atingiu meus olhos e escorreu pela bochecha. Ele esporrava e gemia, chamando-me de vadia. Molhou meu rosto inteiro. Não me contive. Sob o movimento rápido da mão de Juan, esporrei no sofá, gemendo pelas narinas, gozando de novo. Que gozada, meu Deus! Pensei. Pablo me empurrou no sofá. Caí deitado, com o rosto para cima.

— Levante as pernas! — ordenou.

Obedeci-o. Nisso, ouvi o barulho do fechar de uma gaveta, quando virei minha cabeça. Era um vibrador, e estava na mão de Juan. É muito grande, meu Deus! Pablo mandou que ele enfiasse tudo com força em mim. Juan obedeceu. Eu gritei e, logo, ganhei mais uns tapas na cara.

— Calma, garoto. Relaxe. Relaxe — dizia Pablo, enquanto me estapeava.

Estava eu ali, deitado, com o vibrador em mim e uma cueca suja dentro da boca, quando os irmãos mexicanos se masturbaram e esporraram em minha cara ao mesmo tempo. Fiquei encharcado e não consegui abrir os olhos. Nesse momento, ouvi Juan dizer:

— Eu faço na cara. E você no cu.

O que eles vão fazer? Limpei meus olhos e vi Pablo se agachar entre as minhas pernas e puxar o vibrador com força. Doeu. Ele enfiou seu membro dentro de mim e ficou parado. Juan já estava em pé, segurando seu membro e apontando para meu rosto. Foi quando senti uma quentura. Oh, meu Deus! Ele está mijando dentro de mim. Não demorou muito para Juan me molhar a cara com seu líquido.

— Toma, vadia! — diziam eles, com rosto de satisfação, enquanto me molhavam de urina, dentro e fora de mim.

O som das buzinas dos carros invadiu meus ouvidos. O que é isso? Que confusão é essa? Estava zonzo, e levei minhas mãos ao cabelo, enquanto abria os olhos. Senti um cheiro forte. Era mofo. Onde estou? Vi as costas do sofá e a janela aberta. Corri meus olhos pelas paredes e não vi ninguém. Foi então que percebi que estava sem roupa e que tinha dormido nos colchões manchados da sala do apartamento no Brooklyn. Meu Deus, eu dormi aqui? Onde está Pablo? Que cheiro horrível é esse? Parece cheiro de cão. Pensei. Levantei-me e fui ao banheiro. Ao ver as paredes manchadas de sujeira e sentir o cheiro de fezes de gato, tive ânsia de vômito. Não deu tempo de levantar a tampa do vaso. Vomitei, segundos depois. Preciso tomar banho. Pensei. Alguns passos até o chuveiro foram o suficiente para um pequeno espelho refletir meu rosto. Tinha as bochechas rosadas, meu cabelo estava grudado, e da minha narina escorria uma gota de sangue. Estou sangrando. Abri o chuveiro e me joguei debaixo d’água. Lavei o cabelo, ensaboei o corpo, enxaguei-me e retornei à sala atrás das minhas roupas. Nisso, o asco me possuiu. O gato lambia o sêmen derramado no chão do apartamento. Lambia e miava. Oh, meu Deus! O que eu fiz? Preciso sair daqui! Vesti a calça e a camiseta, e tomei os sapatos na mão rapidamente, enquanto me dirigia à porta. Fechei-a com força e saí do prédio. No silêncio do táxi, uma lágrima fina escorreu em meu rosto e me fez pensar: por que deixei que eles fizessem aquilo comigo? A dor visitou minha alma, e com ela a sensação de humilhação. O que você fez, Gaius? Pensei.

Os dias que se seguiram àquele foram de reflexão. As sensações dentro de mim eram uma mescla de prazer e angústia, o que as tornavam mais intensas e vívidas. Desejava Pablo, mas o que aconteceu naquele apartamento era forte demais para mim. Nunca tinha vivenciado situação semelhante. E o que era mais esquisito é que, mesmo Pablo tendo me levado brutalmente ao seu universo sexual, eu tinha gostado. O que não sabia é se gostei de ter sido levado com ele ou somente do que encontrei lá. Estava confuso. Precisava conversar com alguém, então liguei para Richard.

Na véspera do meu aniversário, ele foi ao apartamento do meu irmão. Já passava das 17h, quando chegou e me trouxe uma caixa de bombons Black Pearl, da Voges Hount Chocolat.

— Amigo, não poderei vê-lo amanhã. Preciso fazer uma viagem. Parabéns! — disse-me ele, abraçando-me.

— Acho que vamos jantar em algum lugar. Só nós mesmos. Não quero vexame dessa vez — respondi, em tom de brincadeira.

Levei Richard ao meu quarto, dizendo que precisava conversar a sós com ele.

— Então, tem visto Pablo? — perguntei.

— Nunca mais o vi. Ele enviou-me mensagem esses dias, convidando-me para sair, mas não aceitei — respondeu ele, jogando-se na minha cama.

— Por quê?

— Acho-o tão esquisito. Gaius, você acredita que ele me contou uma vez que fez sexo com um casal heterossexual?

— Mesmo? Ele é muito bonito. Você não tem ciúmes dele?

— Nós não namoramos, amigo. Só ficamos duas vezes. Ele é muito gostoso, mas acho que não vai rolar nada mais que isso. O que gosto dele é que está sempre disponível quando chamo, e é muito bom de cama. Acho que Deus estava inspirado quando o fez. Mas tem algumas coisas que não tolero. É pobre e tem um aspecto sujo. Você não observou? Um dia, ele me convidou para ir ao apartamento dele. Quando disse que era no Brooklyn, dei uma desculpa e não fui.

Nossas risadas me fizeram relaxar.

— Richard, pensei que vocês estivessem namorando — comentei.

— Não! Desde o ano passado, quando o trouxe à sua festa surpresa, ele sempre pergunta por você. Acho que tem interesse — revelou, olhando-me para ver qual seria minha reação.

Graças a Deus que ele não está namorando Pablo. Aliviei-me. Sentei na cama, de frente para Richard, segurei suas mãos e disse:

— Amigo, preciso contar uma coisa. Na noite em que fomos ao Chinatown, depois que nos despedimos, ele mandou mensagem, e fui ao apartamento dele...

Depois que contei a Richard tudo que tinha acontecido, ele limpou minhas lágrimas, suavemente, e me abraçou.

— Sinto muito que tenha passado por isso — disse, balançando a cabeça em desaprovação.

— Não sabia que ia ser assim. Achei que iríamos ficar só nós dois. Mas tudo foi tão rápido, intenso e brutal... Quando percebi, já tinha acontecido. Estou confuso porque gostei do que aconteceu, mas me sinto angustiado. Não sei se você consegue entender o que digo.

— Olhe, amigo. Pablo é um homem envolvente. É difícil não se encantar com ele. Toda aquela beleza rústica... Isso chama a atenção de qualquer pessoa. Acho que o que está acontecendo é que você foi levado ao mundo dele muito rapidamente. Tudo aconteceu de uma forma muito sexual. Você se impressionou. E tem motivos para ficar impressionado. Realmente, tudo que eles fizeram com você foi muito forte. Não sei como me sentiria se tivesse acontecido comigo.

Richard contou-me que das duas vezes em que saiu com Pablo, não percebeu aqueles gostos exóticos no sexo, e que gostou de ter ido para a cama com ele. Disse, ainda, que o lance deles era mais amizade, pois tinha percebido que Pablo não estava à sua altura. Completou, dizendo que não iria se casar com um fisioterapeuta e morar no Brooklyn. Almejava bem mais para si. Ao final da nossa conversa, tive vontade de revelar a ele o que aconteceu com papai em Monte Carlo, mas o barulho da porta batendo me fez parar. Era Marcus que chegava.

— Vem! Vamos falar com meu irmão — agarrando-o pelo braço e caminhando à sala.

— Oi, Richard! — disse meu irmão.

— Oi, Marcus! Chegando do trabalho?

— Sim. Por esta semana, chega. Vou aproveitar para passar o fim de semana com o aniversariante — e apontou o rosto para mim, sorrindo.

Adoro meu irmão!

— Vim dar um abraço nele hoje, pois amanhã terei de fazer uma viagem e não estarei aqui.

— Que pena, Richard! Estamos pensando em ir ao Barbetta para jantar. Seria bom se estivesse conosco. Se mudar de ideia, apareça — disse Marcus, beijando-me o rosto e caminhando para seu quarto.

Despedi-me do meu amigo e voltei ao quarto mais aliviado por ter conversado com alguém sobre o que aconteceu com Pablo. Depois, fui ver meu irmão para saber a que horas iríamos jantar.

— Marcus? Marcus? — chamei, batendo na porta e entrando em seu quarto.

— Oi, maninho! Estou no banho — respondeu ele.

Alguns passos foram o suficiente para que conseguisse empurrar a porta entreaberta do banheiro. Um cheiro de jasmim me recepcionou. Ele estava dentro do box, com o chuveiro ligado, ensaboando o peito e cantarolando. Escorei-me à cômoda do espelho e cruzei os braços.

— A que horas vamos jantar? — perguntei.

— Fiz reservas para as 21h. Tudo bem para você?

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