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Meu Irmão E Eu
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Meu Irmão E Eu

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— Oi! Sente aqui. O que quer ver? — perguntou, calmamente, ainda me olhando.

— Não sei. Gosto mais dos filmes do streaming que da TV a cabo — respondi, sentando sobre minhas pernas no sofá ao lado dele.

Tomei o controle remoto e procurava algo para assistirmos, quando vi Patrick Dempsey na capa de uma comédia romântica.

— Adoro esse filme! — comentei, empolgado.

Ele sorriu.

— O que foi? Você não gosta? — indaguei.

— Achei que poderíamos ver um filme policial, mas tudo bem.

— Assistimos a este e, depois, a outro. Certo?

— Como você quiser — comentou, conformado com a minha escolha.

Fiquei feliz por Aidan ter aparecido. Estava me sentindo sozinho. Lembro-me que não gostava da ideia de passar tanto tempo sem o meu irmão. A presença dele me dava uma sensação de segurança. Estar com ele, naquela noite, era quase como estar com o meu irmão.

— Quer outra cerveja? — perguntei.

— Você não vai beber? — indagou ele.

— Não bebo.

— Você tem quantos anos mesmo?

— Dezesseis. Faço dezessete em março.

— Qual é o dia?

— Vinte e dois. Aidan, quer deixar eu assistir ao filme? Que coisa! — falei, querendo rir.

— Tá! Não falo mais. Vou pegar uma cerveja — e levantou-se sorrindo, caminhando até a cozinha, olhando para trás com aquele sorriso doce nos lábios.

Quando ele saiu, estiquei minhas pernas no sofá e deitei-me, apoiando a cabeça numa almofada, pertinho do lugar onde ele estava sentado. Retornando, ele disse:

— Levante a cabeça, por favor.

Forcei meu corpo para frente, ainda olhando para a TV. Ele sentou-se e disse baixinho:

— Pode deitar.

Concentrado no filme, inclinei meu corpo para deitar-me e percebi minha nuca repousando nas coxas dele. O quê? Estou no colo dele? Oh, meu Deus! Pensei. Ele logo tomou mais um gole de cerveja e a deixou na mesinha do telefone, ao seu lado direito. Respirou fundo e pôs a mão em meus cabelos, massageando-os levemente com a ponta dos dedos. Eu estava estático. Não conseguia falar. O coração a mil. Nenhum de nós falava nada. Ao longe, ouvia-se um barulho, parecia um toque de celular, mas não sabia ao certo. Será meu celular? Pensei. Depois não ouvi mais. Ainda com suas mãos por entre meus cabelos, percebi que ele me olhava e respirava aceleradamente. Parecia nervoso. Eu estava ansioso, e não conseguia me mover. O telefone fixo do apartamento, ao lado dele, desconcentrou-me. Tentei mover-me para atender, mas ele segurou minha cabeça e falou baixinho:

— Não, não. Fique aqui. Fique assim. Eu atendo — esticando a mão e tomando o telefone.

Era Marcus. Aidan perguntou como estava a viagem, e comentou que tinha passado no apartamento para saber se eu estava bem. E, ainda, que estávamos assistindo a um filme. E finalizou, perguntando quando ele voltaria.

— Claro! Vou passar o telefone para ele. Um abraço, meu amigo — encerrando a conversa com Marcus, dando-me o telefone, enquanto tomava mais um gole de cerveja.

— Seu irmão quer falar com você — sussurrou.

Já comecei dizendo que estava com saudade e que queria que ele me trouxesse um presente. Marcus me perguntou se Aidan iria dormir no apartamento, e eu disse que não sabia, mas achava que não. Ele lembrou-me que, se ele fosse dormir lá, poderia usar o quarto dele, avisando-me que no closet havia lençóis limpos. Disse, ainda, que estava com saudades, e prometeu que voltaria na quarta ou quinta.

— Se precisar de alguma coisa, peça a Aidan, certo? Um beijo, maninho. Amo você! — disse meu irmão, encerrando a ligação.

Aidan tomou o telefone e pôs-se a acarinhar meus cabelos novamente. Comentou, tentando quebrar o silêncio que ficou entre nós:

— Ele disse que a viagem foi boa, e que você não deve se preocupar com nada, e me pediu para lhe fazer companhia.

— Quero que ele volte logo — respondi.

Minutos depois, o filme já estava quase no final. Por alguns instantes, fechei meus olhos e apenas me entreguei àquele carinho gostoso. Aidan passeava a mão por todo o meu cabelo e fazia-me cócegas ao tocar minha nuca com os dedos. Sua mão estava mais suave e vagarosa, quase imperceptível. Foi quando não a senti mais. Por que ele parou? Pensei. E a resposta viria a seguir: ouvi um ressono. Ele adormeceu. Fiquei quieto por mais alguns instantes e baixei o volume da TV. Levemente, afastei-me e consegui me levantar sem o acordar. Desliguei a TV e caminhava ao meu quarto, quando olhei para trás. Vi-o. Estava relaxado, dormindo com a cabeça pendida em minha direção. Que homem, meu Deus! Ele é lindo! Pensei. Lá, apaguei as luzes e deitei-me na cama. Fechei os olhos e me percebi pensando em tudo que aconteceu. Por que ele fez isso? Os pensamentos não me deixavam dormir. O que está acontecendo comigo? Pare com isso, Gaius. Durma! Tentando pôr ordem em minha mente. Depois de muito me mexer na cama, senti que começava a adormecer. Ai que bom. Vou dormir. Era uma sensação suave, mas havia algo estranho no meu quarto. Estava frio e eu abraçava meu corpo debaixo das cobertas. Virei-me e abri os olhos. Vi-o. Estava agachado junto à minha cama, olhando-me. Não tive reação. Só o olhei, meio surpreso.

— Está frio lá na sala. Posso deitar aqui com você? — perguntou ele, com a voz baixa, esfregando as mãos.

— Aidan, você pode dormir no quarto do meu irmão — respondi, com a voz trêmula.

— Quero dormir aqui. Posso? — e fez cara de homem carente para mim.

Olhei-o por alguns segundos, e não resisti.

— Pode — e afaste-me, levantando as cobertas para ele entrar debaixo delas.

Ele mal deitou, logo se aproximou de mim e me abraçou de costas, encostando seu corpo inteiro no meu. Mesmo estando com roupa, ele tremia de frio.

— Se eu abraçar você, o frio vai embora — comentou ele com a boca encostada na minha nuca, pressionando minha cintura contra a dele.

Fechei os olhos e os abri logo em seguida. Vi o relógio ao lado da cama, que marcava 4h10. Sentia sua respiração, era curta. Sua mão repousava em meu abdome. Eu estava preso. Não conseguia me mover. Percebi algo em mim. Era meu calção. Eu estava excitado. Estava molhado.

— Gaius — chamou ele, sussurrando.

— Oi — respondi, tremendo a voz.

— Não consigo dormir — comentou.

Respirei fundo e me virei para ele. Olhando seus olhos cor de âmbar, disse:

— Eu também não.

Ele abriu um leve sorriso, levou sua mão ao meu rosto e acarinhou-me a face com as costas dos dedos, enquanto molhava os lábios. Depois, pôs sua boca na minha. Beijava devagar, com carinho e doçura, pressionando meu rosto contra o dele. Sua língua passeava em minha boca, enquanto eu lhe acarinhava a barba macia em seu rosto. Nossas mãos estavam livres: a minha não queria largar o seu rosto, a dele ia das minhas costas até as coxas, num movimento suave de vaivém que estava me enlouquecendo.

— Tire o calção — pediu ele, ainda com a boca selada na minha.

Meu coração disparou, minha pupila dilatou. Larguei sua boca e o olhei, enquanto ele pediu de novo, com aquele rostinho carente.

— Tire, por favor.

Ele tinha olhos ardentes, olhos de fome. Acho que ele vai me comer. Pensei. Obedeci-o. Ainda com meus lábios nos dele, senti falta daquela mão, que passeava em minhas coxas, arrepiando-me. Ouvi um barulho de metal. Ele desabotoou o cinto e baixou as calças. Não aguentei: levei minha mão à cueca dele e apertei. Estava molhada, estava muito molhada. Ao meu toque, ele gemeu, dentro da minha boca e, depois, ordenou:

— Levante a perna.

Obedeci-o. Ergui minha perna e senti seu dedo molhado me tocando. Oh, meu Deus, que coisa maravilhosa! Pensei. O prazer me possuiu. Soltei a boca dele, retorcendo meu pescoço para trás e gemi. Seu dedo me invadia num ritmo lento. Era muito bom.

— Vire-se — pediu.

Ainda deitado, virei-me, encostando minhas costas em seu abdome. Ele não demorou e levantou minha perna com sua mão e me penetrou. Eu gemi. Gemi alto, de dor e de prazer.

— Ai, meu Deus! — Exclamei.

Estava com a perna levantada e sentindo o membro dele dentro de mim, quando salivei minha mão e me masturbei. Não demorou muito e cheguei ao orgasmo. Relaxei minha cabeça para trás e minha nuca encontrou a boca dele. Ele tinha uma respiração forte, um gemido intenso, um acelerar de movimento.

— Eu acho que vou... — exclamou ele, já gemendo de prazer em meu ouvido.

E jorrou. Jorrou forte dentro de mim.

Numa faísca de momento, tudo que Aidan e eu vivemos naqueles dias em Nova Iorque me veio à tona ao vê-lo ferido e machucado naquela suíte de hotel em Monte Carlo. Os dias que se seguiram àquela primeira noite de sexo entre nós, os carinhos, as tardes quentes de prazer que tivemos, os lugares que visitamos, as gargalhadas e a emoção de estarmos juntos me possuiu totalmente. Realmente, foram dias intensos. E ele estava ali, encarando-me, cheio de raiva, machucado, violento. Nunca o tinha visto assim. Seus olhos flamejavam. Era ciúme. Quando o vi atirar aquela garrafa de uísque na parede, pensei que ele fosse me machucar. Tive medo, e não consegui esconder. Chorei. Chorei como uma criança. Minhas lágrimas não conseguiram aplacar a ira de Aidan. Ele segurou-me pelos ombros e ordenou que eu o olhasse nos olhos.

— O que você quer, hein? O que quer de mim, Gaius? Responda! — esbravejava contra mim.

— Por favor, Aidan. Desculpe. Não queria machucá-lo — respondi, repetidas vezes, chorando.

— Não queria me machucar? Não queria me machucar? Como não queria me machucar, se estava beijando um cara na minha frente, sabendo que gosto de você? Droga, Gaius!

— Foi ele quem me beijou primeiro, Aidan... — disse, soluçando, tentando acalmá-lo.

— Porque você aceitou! Você quis e incentivou! A culpa é sua! Que inferno!

— Por favor, solte-me. Está me machucando — supliquei, entre um soluço e outro.

A frase teve efeito. Ele largou meus ombros e se afastou, ainda me encarando. Seu semblante saía da ira e chegava ao remorso. Estava estampado em seu rosto a consciência de que tinha agido mal em me sacudir daquela forma

— Desculpe-me. Não quis machucar você — falou, cabisbaixo, tentando amansar a voz.

Eu não conseguia parar de chorar. Estava nervoso. Sentia minhas pernas perderem a força. Oh, meu Deus! Está tudo escuro. Encostei-me à parede e me percebi derreando ao chão. Abracei meus joelhos e escondi minha cabeça entre as pernas. O silêncio reinou, e voltamos a ouvir Chopin. O nocturne chegava ao fim, e somente aquele piano conseguiu nos acalmar. Minha mãe, onde você está? Por favor, volte! Nisso, senti seus passos em minha direção. Depois, o calor do seu corpo a me abraçar. Ele estava ao chão comigo, levantando minha cabeça e, com os dedos, descobrindo meus olhos por baixo dos cabelos. O olhar dele encontrou o meu. Éramos apenas nós dois, cheios de dor. Ele pôs sua mão em minha nuca, pressionou-me contra seu rosto até sentir seus lábios nos meus, e sussurrou:

— Eu amo você, menino. E acho que sempre vou amar — e me beijou.

Lembro-me bem do que senti depois daquele beijo. Meu corpo relaxou, embora uma mescla de tranquilidade e angústia ainda encontrasse espaço em mim. Estava confuso, mas depois de tudo que vi, pela primeira vez, olhei para Aidan com outros olhos. Pensei se o que ele sentia não era amor. Mas como saber? Eu nunca tinha amado. E nunca fui amado também. Como saber se o que ele sente é amor? Pensei. Tive medo. O mesmo medo que se apossou de mim depois daqueles dias que passamos juntos em Nova Iorque. Instantes depois, disse a Aidan que papai queria vê-lo e que estava na piscina nos esperando, e o convenci a voltar para lá. Ele foi tomado de um sentimento de alegria e, logo, pôs uma camisa e um tênis, e lavou o rosto. Eu estava abalado, mas tinha de levá-lo até papai. Disse-me que iria conversar com papai sobre nós dois. Gelei na mesma hora!

— Não! Aidan, você não conhece papai! Ele e eu ainda não conversamos sobre isso, e não sei como ele pode reagir.

— Calma. Seu pai gosta de mim, meu amor — argumentou, com voz suave, abraçando-me.

— Aidan, preciso conversar com o Marcus sobre isso. Não sei como papai vai reagir, entende? Tenho medo. Quero que me prometa que não vai falar nada com ele. Promete? — perguntei, aflito.

— Tudo bem. Se você quer assim...

Chegando à piscina, papai recepcionou Aidan com um abraço caloroso e perguntou porque ele não tinha avisado que iria passar as festas de fim de ano em Monte Carlo. E logo o intimou a voltar com ele e se hospedar em nossa casa. Aidan olhava desconcertado para mim e disse que aquela noite ficaria no hotel, mas no dia seguinte iria para nossa casa. Prometeu. Eu sabia que isso iria acontecer. Agora eu estou três vezes fudido, meu Deus! Por causa da presença de papai, Pablo e Aidan estavam comedidos ao falar, e eu, já exausto de tanta emoção, resolvi sentar ao lado do meu irmão. Recostei minha cabeça no ombro dele e não falei nada. Marcus me fazia um carinho na cabeça, enquanto perguntava baixinho se eu estava bem. Sussurrando, respondi que a conversa com Aidan tinha sido difícil e, ainda, que estava confuso. Encerrei, dizendo que precisava conversar com ele um assunto importante. Papai já tinha tomado três ou quatro cowboys, quando pediu ao garçom para trazer uma garrafa de The Macallan. Oh, meu Deus! Não acredito que ele pediu The Macallan! Pensei. Era seu uísque preferido. Só bebia em ocasiões especiais. Ele estava feliz! Papai, Aidan, Pablo e Juan conversavam empolgadamente, quando meus olhos pesaram e o sono me possuiu. Sabia que não devia ter bebido tanto. Era uma sensação gostosa estar no peito do meu irmão, com suas mãos tocando meus cabelos. Não resisti e fechei os olhos. Ouvi ao longe as vozes deles conversando, enquanto aproveitava alguns momentos sem pensar em nada. Meu repouso foi interrompido por papai, quando perguntou se eu estava bem. Respondi que me sentia um pouco cansado.

— Venha aqui, filho. Venha deitar no colo do papai — e intimou-me a trocar o peito do meu irmão pelo dele.

Papai puxou uma cadeira para perto de si e, com a mão, repousou meu rosto em seu peito. Ele afagava meus cabelos, quando disse baixinho que gostava dos dois filhos igualmente, mas que eu lembrava muito mamãe, pois tinha a mesma beleza, sensibilidade e o temperamento dela. Não aguentei e caí em um choro, quase desesperado.

— Meu filho, desculpe. Não deveria ter falado nela — comentou papai, emocionado, arrependido de ter me feito lembrar da morte de mamãe.

Marcus foi ao meu encontro e me salvou daquela situação.

— Papai, acho que vou levá-lo até a suíte de Aidan para descansar um pouco. Está emocionado e, ainda, bebeu alguns drinks hoje. Não tem o hábito de beber. Deve ser isso. Com licença.

Saí com meu irmão em direção ao hall do hotel sob os olhares curiosos.

Na suíte, abracei-o com força e pedi que ele me ajudasse. Marcus não entendia o que eu dizia e porque eu estava tão abalado. Expus que tinha medo de muitas coisas: de Aidan, Pablo e de papai. E, também, que sentia muito a falta de mamãe, e que não estava sendo fácil para mim suportar todas essas coisas. Ele tentava me acalmar, dizendo que eu não precisava ter medo, pois ele iria me ajudar em tudo que fosse preciso. Quanto mais o abraçava, mais eu chorava.

— Calma, maninho. Isso vai passar. Essas coisas acontecem na adolescência. Eu também passei por essas incertezas. Precisamos ter calma.

— Eu quero a minha mãe. Preciso dela. Traga-a de volta para mim, por favor — dizia, repetidas vezes, soluçando.

— Olhe! Eu acho que você bebeu um pouco demais hoje. Deve estar precisando de um banho.

Então, ele levou-me ao banheiro, tirou minha roupa e me pôs embaixo do chuveiro. Depois, secou meu cabelo e me cobriu com um roupão branco. Pediu para eu deitar na cama e tomou o telefone, ligando para a recepção do hotel.

— Por favor, preciso de dois cafés e um sorvete de tomilho com pinhões. Se possível, Berthillon. Para a suíte do Senhor Mettis. Obrigado! — e desligou.

Em seguida, deitou na cama comigo e me acarinhava os cabelos, enquanto eu me aninhava em seu peito.

— Maninho, o que está acontecendo com você? Está me deixando preocupado — perguntava, com a voz doce.

— Não sei. Estou sentindo coisas estranhas. E estou com medo. Gosto de Aidan, mas tenho receio de ter um relacionamento com ele. Nunca tive um relacionamento com ninguém, nem sei como é. Tenho medo da reação de papai, quando souber que sou gay. Sinto-me atraído por Pablo. E teve esse beijo hoje à tarde. Estou com saudades da mamãe. Às vezes acho que ela morreu por minha culpa. Sinto que estou enlouquecendo.

— Olhe, maninho. Precisa dar tempo para que as coisas aconteçam na sua vida. Realmente, são muitas emoções. Entendo que você se sinta assim, mas é importante saber que todos passamos por essas incertezas. Também passei por isso quando era jovem. Sou mais velho que você, por isso digo que cada coisa precisa ser olhada de uma forma. Você e o Aidan, por exemplo. Acho bonito o que ele sente por você. Nós dois já conversamos muito sobre isso. Eu ficaria mais tranquilo, se você se relacionasse com alguém que nós já conhecemos. Sobre papai, não posso enganar você, pois acho que ele não vai reagir bem a essa história de você ser gay. Nós o conhecemos bem. Ele é russo, veio de outra cultura, tem outro pensamento, não acompanha os tempos que vivemos hoje... Mas acho importante você mesmo conversar com ele. Penso que isso pode facilitar as coisas, entende? Posso falar com ele depois para ajudar, mas você que tem que contar. Sobre Pablo, foi só um beijo. Isso não significa muita coisa. Um beijo é só um beijo. Não precisa ficar se impressionando com essas coisas. Com relação à mamãe, isso está me preocupando. Não acho normal que depois de alguns meses você ainda esteja tão fragilizado. De repente, podemos conversar com alguém sobre isso. Um psicólogo, talvez? Mas só se você quiser — e beijou minha têmpora.

Eu estava em lágrimas e o abraçava com força. Sentia-me protegido pelo meu irmão. Sua voz soava em meus ouvidos como uma melodia harmônica. Era tranquilizador ouvi-lo. Ele me trazia paz e aquietava-me o coração. Instantes depois, alguém bateu na porta.

— O café chegou — comentou ele, levantando-se.

Tomamos o sorvete e o café, e falamos sobre a minha conversa com Aidan. Contei a ele que tinha pedido desculpas pelo que aconteceu com Pablo na piscina, que Aidan tinha se alterado, mas que, ao final da conversa, nós nos beijamos. Marcus sorriu e perguntou se eu tinha gostado. Respondi, dizendo que ele beija bem. E rimos, quando eu o abracei e pressionei seu corpo contra o meu. Estávamos ali, deitados, abraçados e conversando, quando eu abri dois botões da camisa dele e pus minha mão em seu peito. Passeava minhas unhas por entre seus pelos com movimentos suaves. Ele franziu a testa e me olhou, mas não disse nada. Com a outra mão, desabotoei os outros botões da camisa e a puxei para fora da calça. Olhei-o e pedi que trancasse a porta.

— Maninho, não somos mais crianças, não é? — perguntou, com meio sorriso nos lábios, meio envergonhado.

— Eu sei, mas você sabe que só faço com você. Vai, fecha logo a porta — sugeri, sorridente, provocando-o.

Ele levantou, trancou a porta a chaves e perguntou se queria que eu apagasse a luz. Respondi, mandando-o deixar acesa. Caminhando em minha direção, tirou seu paletó azul royal e a camisa branca. Sentou-se na cama e livrou-se dos sapatos, deitando ao meu lado. Eu estava de roupão, e ele estava apenas de calça. Era uma calça jeans de cor escura, quase preta. Quando passei a mão em suas coxas, logo percebi o tecido e o corte italiano. Tenho certeza de que é Dolce & Gabbana. Pensei. Logo abri o roupão e deixei meu tórax à mostra. Ele me olhava, enquanto desabotoava a calça. Levei minha mão até seu membro e o apertei por cima da cueca. Ele tocou-me e pôs-se a me masturbar. Ficamos molhamos e excitados. Quando ele baixou a cueca, balançou seu membro para mim. Comecei a masturbá-lo, suavemente. Estávamos ali, com as mãos cruzadas, um a masturbar o outro, quando eu inundei meu abdome. Que orgasmo maravilhoso! Molhei minha mão com meu líquido e levei ao membro dele. Era um movimento suave, e ele gostava. Fechou os olhos e retorceu a cabeça para trás. Gemeu e gozou forte em seu abdome. Que tesão eu tenho, quando me masturbo com meu irmão, meu Deus! Pensei. Nós tomamos banho juntos e, depois, vestimo-nos.

Retornando à piscina, uma surpresa invadiu meus olhos. O que é isso? Será que estou enxergando bem? Papai, Pablo, Juan e Aidan estavam em pé, dançando. Um celular sobre a mesa tocava uma música mexicana, e os quatro tentavam acompanhar o ritmo latino. Estão todos bêbados! Oh, meu Deus! Não aguentei e gargalhei. Marcus me acompanhou na risada, e fomos ao encontro deles, misturando-nos à dança. A alegria chegou e se instalou entre nós. Depois que a música acabou, os aplausos fizeram barulho, inclusive dos dois garçons que olhavam risonhos a nossa performance.

— Papai, você dança muito bem! — comentei, beijando-lhe o rosto.

— Ai, filho! Há quanto tempo eu não me divertia — expressou, abraçando e beijando minha cabeça.

Marcus chamou a atenção para o horário, e disse que era melhor irmos para casa.

— Mas, filho, está tão bom aqui — argumentou papai.

— Papai, já passa das 22h. Quase não vi Núbia hoje.

— Então vamos todos para minha casa. E você, Juan, prepare-se para me ensinar mais algumas danças — ordenou, entusiasmado.

Confesso que quando ouvi papai dizer isso, minha boca secou. Pablo e Aidan na minha casa. Isso não vai dar certo. Pensei, sorrindo. Mas foi tão bom ver papai alegre, risonho, brincalhão e relaxado naquela noite que eu não podia me opor àquele sentimento. Ele estava feliz, e eu também. Marcus, Juan e eu fomos no meu carro. Pablo e Aidan foram com papai. Ao chegarmos, de cara, encontramos Núbia e Arthur na sala de estar. O sorriso curioso da minha cunhada nos recepcionou.

— Núbia, por favor. Fique com eles um pouco. Preciso tirar essa roupa e tomar um banho — supliquei, beijando o rosto intrigado da minha cunhada.

— Claro. Pode deixar — respondeu.

Ainda subindo as escadas, ouvi papai e Aidan cantando ao entrar em casa, e pedindo a empregada uma garrafa de uísque. Meu Deus! Esta noite será longa. Pensei!

Quando retornei, tive uma visão cômica. Do alto da escada, vi todos dançando ao som de música latina, inclusive Núbia. Minha cunhada se empolgou. Passei discretamente no meio deles e fui à cozinha. Perguntei à Emmanuelle se era possível servir entradas para eles ou algo mais simples para beliscarem. Disse-me que mais cedo papai tinha pedido foie gras para o jantar, e que estavam prontos para serem servidos, pois ninguém havia jantado. Não poderia ser melhor. Adoro foie gras! Retornei à sala e sentei perto de Arthur. Nesse momento, meu sobrinho disse que estava com vontade de ir ao banheiro.

— Claro. Vamos ao meu quarto — falei.

Esperava Arthur sair do banheiro, quando vi a porta do quarto se abrir. Era Pablo. Olhou-me e não disse nada. Estava de bermuda, sandálias de dedo e uma camiseta branca. Seu cabelo liso cobria o olhar flamejante que ele dirigia a mim. Ele quer sexo! Pensei. Ele caminhava apressado em minha direção, quando eu disse em voz alta:

— Arthur, já terminou? Titio precisa voltar! — deixando claro que não estava sozinho no quarto.

Ele parou e abriu um meio sorriso nos lábios. Vendo Arthur sair do banheiro, Pablo disse para ele:

— Oi! Sua mãe pediu para ir vê-la agora.

Meu sobrinho não hesitou, correu e me deixou sozinho com ele. Eu não acredito que ele fez isso. Pablo me olhou e fechou a porta a chave.

— Pablo, é melhor nós voltarmos — disse a ele com a voz meio trêmula.

— Ei! Pare com isso. Eu sei que você também quer — comentou, agarrando minha cintura e me dando beijinhos no pescoço.

— Pablo, não é assim. Têm pessoas lá em baixo. Alguém pode entrar aqui — dizia, repetidas vezes, com a voz de quem não está convencido do que diz.

Estava preso em seus braços, sentindo sua barba por fazer roçando meu pescoço, quando o rosto dele encontrou o meu. Ele selou a boca na minha. Ah! Aquela língua impetuosa!

— Vire-se! — ordenou ele.

Eu não tive escolha. Queria-o. Fiquei de costas para ele, sentindo sua ereção debaixo da bermuda, roçando em minhas nádegas. Encaminhava-me até a cama e ia me deitar de bruços, quando ele me puxou para si.

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