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Uma Luz No Coração Da Escuridão
Uma Luz No Coração Da Escuridão

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Uma Luz No Coração Da Escuridão

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Язык: pt
Год издания: 2019
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— Coitado do Shinbe — suspirou Kyoko enquanto tirava uma blusa cropped branca com mangas de seda que tinham forma de sino do cotovelo ao pulso e fluíam bem. Na verdade, ela achava a blusa bem bonita. A fazia lembrar de um manto de anjo, mas sexy. Era curta o suficiente para mostrar a sua barriga e combinava bem com a minissaia preta agarrada no quadril que ela também tinha comprado.

Depois de se vestir e encontrar os sapatos que queria, ela prendeu parte do cabelo ao redor das orelhas e fez um penteado alto atrás, mas deixando o resto do cabelo solto, de forma atraente. Usando um pouco de maquiagem e um colar segurando uma pequena lágrima de cristal, ela se considerou pronta para o que quer que fosse que a Suki estava tramando.

Ela desejou secretamente que pudesse ter dito a Kotaro para onde estavam indo, mas nem ela sabia a resposta para isso. Mordeu o lábio inferior percebendo que já estava sentindo falta dele, então tentou enterrar o sentimento melancólico, sabendo que Suki notaria.

A última coisa que ela precisava esta noite seria sua melhor amiga fazendo um milhão de perguntas que ela não queria responder.

*****

Shinbe passou os dedos pelas mechas azuis que brilhavam por dentro de seus cabelos escuros enquanto se apoiava contra a porta sorrindo. Ele correu para o apartamento da Suki quando ela ligou dizendo que ela iria sair à noite e que não era para ele ir lá.

— Ela está muito maluca se achar que pode se livrar de mim tão fácil — Shinbe ergueu uma sobrancelha enquanto esperava.

Quando Suki abriu a porta com o cabelo ainda enrolado em uma toalha, as primeiras palavras de Shinbe foram:

— Aaah, perdi você tomando banho, Suki? — sorriu ele, vendo a sobrancelha de Suki se contraindo.

Assim que conheceu Suki e Kyoko, ele sentiu a necessidade de ficar perto delas em todos os momentos. Ele e Suki, Toya e Kyoko costumavam sair juntos.

Suki sabia que Shinbe se considerava "seu namorado" apenas porque ele era o único que ela namorava, mas Suki nunca havia concordado em ser sua namorada. Ela tentou esconder o rubor que ameaçava surgir e assumir seu rosto quando retrucou:

— Precisa de água sanitária e uma bola de demolição para limpar sua mente suja.

Ele se aproximou mais dela, bloqueando todo o resto enquanto seus olhos de ametista escureciam atraentemente.

— Se você me deixar entrar, acho que a gente pode encontrar uma razão para você tomar outro banho.

Suki sentiu que seus batimentos cardíacos aceleravam ao som de sua voz rouca e deu alguns passos para trás quando ele deu vários passos para a frente, fechando a porta atrás de si. Decidindo não o deixar tomar vantagem, ela lhe deu seu melhor olhar de advertência e foi recompensada quando ele parou de persegui-la. Se ele descobrisse o quanto ele já a tinha conquistado, ela realmente estaria em sérios problemas.

— Ei, Shinbe, olha, tenho que terminar de me arrumar porque tenho planos esta noite com uma amiga. Já te disse no telefone, lembra? — Ela sabia que ele viria de qualquer jeito, mesmo se fosse para tentar descobrir para onde ela estava indo.

Tirando a toalha da cabeça, os longos cabelos ainda úmidos, Suki dirigiu-se para o banheiro ainda falando alto o suficiente para que ele pudesse ouvi-la.

— A gente pode fazer alguma coisa amanhã à noite, ok?

Shinbe inclinou-se contra o bar que separava a cozinha da sala de estar. Ele estava prestes a começar a expressar suas queixas quando seu olhar caiu sobre um folheto largado na bancada. Pegando-o, ele rapidamente leu a página. Suas duas sobrancelhas se ergueram em entendimento.

A MAIOR E MELHOR BOATE DA CIDADE

CLUB MIDNIGHT

SEXTA-FEIRA ESPECIAL

NOITE DAS MULHERES

As palavras noite das mulheres estavam circundadas. Shinbe ergueu uma sobrancelha enquanto colocava o papel de volta na bancada e andou em direção ao banheiro. Ele escondeu o sorriso quando entrou sem bater e deslizou atrás de Suki enquanto ela estava com a escova prestes a deslizar pelos cabelos.

— Amanhã, então - sussurrou Shinbe sedutoramente em sua orelha e mergulhou seus lábios para baixo para beijar seu ombro. Ele se virou para sair sem dizer outra palavra, escondendo um sorriso travesso.

Suki permaneceu imóvel, olhando para o espelho, sem gostar das vibes que acabara de ter. Não era normal Shinbe não implorar e insistir com ela. Não querendo olhar os dentes de um cavalo dado, ela se apressou e terminou de se arrumar. Com medo agora de que Shinbe tivesse algum plano, Suki decidiu que iria para o apartamento da Kyoko um pouco mais cedo do que o planejado.

*****

Vários quilômetros de distância, olhos vermelhos penetrantes olhavam pela janela de uma suíte de cobertura com vista para a cidade. Ondas longas de cabelo preto e sedoso caíram em cascata pelas costas nuas em contraste com a pele tão pálida quanto a lua. Seu rosto angélico era impressionante, com ângulos bem definidos, e seu corpo era magro e firme como o do deus místico Adônis.

Seu corpo nu brilhava do luar, os músculos dançavam com cada movimento que ele fazia. Ele era lindo para qualquer um que olhasse para ele, mas sua alma escura era mal-intencionada e mortal. Um sorriso agraciou seus lábios perfeitos enquanto seus pensamentos se voltavam para os acontecimentos da noite anterior.

Afastando-se da janela, começou a se preparar para a noite. Seu olhar se desviou para a cadeira estilo Rainha Ann ao lado da lareira e da jovem universitária que estava sentava sem vida nela. Hyakuhei sorriu quando pensou no sangue fresco que ele tinha jantado na noite anterior.

— Pena, ela era uma menina tão linda — lambeu os lábios lembrando o prazer de ter tido a menina e se alimentado dela. Ele nunca iria se cansar das jovens que atraía e tomava para si.

Esta noite, ele visitaria uma boate popular para caçar sua presa e precisava ter certeza de que seus "filhos" estavam ocupados. "Noite das Mulheres" era sempre perfeita para escolher a presa e era um buffet sem fim de carne para os noturnos.

Ele era um poderoso senhor dos vampiros e ninguém ousaria irritá-lo ou questionar sua força. O prazer tinha sido seu único desejo há mais de mil anos, mas agora ele queria mais. Ele queria o que era legítimo dele. Um olhar franzido enfeou seu rosto enquanto ele ponderava sua busca, o objeto que se tornara sua obsessão: o lendário Cristal do Coração Guardião.

Acreditava-se que o cristal sagrado era uma joia que tem o poder de dar a um vampiro a habilidade de caminhar além da noite e sob a luz do dia. Na lenda, diz-se que uma menina com sangue puro e o coração de uma criança possui a joia dentro do corpo. Ela seria uma sacerdotisa do mais alto ranking e poder, a protetora e detentora do Cristal do Coração Guardião.

Seu olhar sombrio voltou para o céu noturno, onde uma lua vermelha de sangue apareceu acima.

— Perdi você uma vez, querida sacerdotisa, mas não se engane, vou encontrá-la novamente. - Seus olhos se estreitaram quando ele prometeu à noite. — Vou possuir tanto você quanto o cristal desta vez...

*****

Suki levou Kyoko ao shopping no fim de semana anterior por esta mesma razão, só que ela não contou à amiga por quê. Suki também comprou uma roupa. Tirando a roupa do armário, ela mergulhou nela com emoção. Era um vestido totalmente preto e muito colado ao corpo. Ela se apaixonou por ele assim que o viu.

Bom, Shinbe não está por perto — pensou Suki com um sorriso contente enquanto olhava o vestido no espelho. Era muito curto, mas não mostrava demais, apenas o suficiente para provocar e deixar a imaginação vagar. Prendendo os cabelos escuros para trás com uma xuxinha também preta, Suki pôs um pouco de maquiagem e pegou suas chaves, indo ao apartamento de Kyoko, logo ao lado.

Kyoko saiu do quarto esperando que tivesse tempo de lanchar qualquer coisa antes de sair, mas antes mesmo de chegar à cozinha, alguém estava batendo na porta.

— Deus, espero que não seja Toya — disse ela e se perguntou se deveria atender. Ela ainda tinha 20 minutos antes que fosse hora de se encontrar com Suki, então Kyoko escolheu ignorar os golpes na porta por um momento com medo de quem estaria do outro lado.

É incrível como o medo faz você se sentir com cinco anos de idade. A sobrancelha de Kyoko se contraiu enquanto ela respirava.

A pancada tornou-se um pouco mais alta, mas desta vez seguida por uma voz.

— Tudo bem, Kyoko, sei que você está aí. Não me faça derrubar esta porta! — disse com uma risadinha.

Kyoko revirou os olhos pensando que Suki parecia ser da polícia. Abriu a porta para sua melhor amiga, que imediatamente agarrou seu braço para tirá-la do apartamento.

— Anda, vamos. Tenho uma sensação ruim se não formos agora, Shinbe aparecerá ou algo assim — Kyoko mal teve tempo de fechar a porta antes que Suki a puxasse para fora.

*****

Kyou abriu as pesadas cortinas escuras da janela, agora que o crepúsculo havia chegado. Seus longos cabelos prateados se curvaram ao seu redor enquanto ele abriu a janela, permitindo que o vento da noite chegasse para acariciar seu rosto angélico. Vestido de preto, ele tinha a aparência de um anjo caído.

O dinheiro lhe trouxe a liberdade de definir suas próprias horas e o poder assegurou que ele não seria perturbado. Comprar todo o andar superior do hotel mais caro da cidade deu-lhe a solidão que ele precisava e a vista que ele queria. Olhando para o outro lado da rua, ele podia ver uma fila que já começara a se formar no Club Midnight, a boate mais popular da cidade. Era o lugar perfeito para as criaturas da noite.

A fila enorme estava repleta de universitárias meio travessas e rapazes interesseiros que as seguiam. Os olhos assombrados de Kyou brilhavam com desprezo quando ele começou a passar a vista na fila, perguntando-se sobre qual das moças chamaria a atenção daquele que ele caçava. Quem seria a próxima vítima de Hyakuhei?

Kyou podia sentir Hyakuhei na cidade e se perguntou se Hyakuhei podia sentir a morte perseguindo-o. Desta vez, as coisas estavam diferentes. Kyou o encontrou com muita facilidade, como se Hyakuhei tivesse deixado uma trilha para ele seguir. As mortes e os desaparecimentos de universitárias locais foram um cartão de chamada flagrante para Kyou, apontando para apenas uma pessoa.

Ele não gostava de pensar que Hyakuhei o estava levando até aqui.

— Não estou mais sob seu controle - rosnou Kyou enquanto o sangue escorria entre seus dedos cerrados e seus olhos manchados de rosa. — Você não tem nenhum poder sobre mim, não mais! — Acalmando sua raiva crescente, Kyou novamente pôs a máscara de indiferença sobre seus traços, escondendo sua aura. Era hora de o predador se tornar presa.

Se ele conseguia sentir a força da vida de Hyakuhei, Kyou precisaria de cautela para evitar que seu criador percebesse a dele também.

*****

Kyoko ficou surpresa com o tamanho da boate. Seus lábios se separaram quando Suki parou o carro no enorme estacionamento. Suki queria chegar lá um pouco cedo para evitar a fila, mas como Kyoko viu, uma fila já havia se formado, então elas correram para fora do carro. Kyoko reconheceu rostos familiares da faculdade que frequentava e sorriu quando notou que Tasuki, seu amigo de longa data, era um deles.

Do seu lugar na multidão, Tasuki viu Kyoko e Suki. Ele havia deixado que suas amigas o convencessem a ir e, não tendo nada melhor para fazer agora que as provas acabaram, ele concordou de bom grado. Ele era bonito e tinha um corpo bem feito, com os cabelos castanhos na altura dos ombros e os olhos cor de chocolate que derretiam o coração de todas as garotas.

Ele também era um dos rapazes mais populares no campus, mas Tasuki era mais conhecido pelas notas altas que tirava em todas as matérias e ele era mais legal do que a maioria dos caras no campus. Claro, ser uma das pessoas mais ricas da faculdade também aumentava seu status, mas ele não era esnobe e nem aparentava ser rico.

Fazendo um ziguezague pela multidão, Tasuki aproximou-se de Kyoko com um sorriso genuíno. Ele a conhecia desde o ensino fundamental e sempre teve uma paixão secreta por ela. Eles haviam saído algumas vezes, mas não era nada sério, eram mais como melhores amigos na verdade, e fazia um tempo que eles não se encontravam para sair.

Ele a convidaria mais para sair, mas aquele tal de Toya ou o chefe de segurança da escola estavam sempre rondando a Kyoko. Ele poderia jurar que tinha ouvido um rosnado na última vez que se aproximou dela enquanto ela estava com um deles.

Com isso em mente, ele olhou nervosamente a área esperando que ela estivesse sozinha. Não que ele tenha medo deles, não, nunca...

Suki viu o nervosismo de Tasuki e riu alto.

- Está tudo bem, Tasuki. Viemos sozinhas.

Ela riu do olhar confuso de Kyoko e agarrou Tasuki pelo cotovelo, puxando-o para a fila. Ela e todos os outros que o conheciam estavam conscientes do fato de que ele tinha uma queda por Kyoko. Bem, todos exceto a Kyoko, claro.

Kyoko corou quando Tasuki virou-se para olhar para ela. Ela não tinha percebido o quanto mais alto ele havia ficado.

— Oi, Tasuki, quanto tempo. Ouvi dizer que você está arrasando com suas notas este ano. — Seu rosto iluminou-se de felicidade, percebendo que havia muito tempo que eles tinham saído juntos. Ela sempre se sentiu muito segura perto dele, como os melhores amigos se sentem. Caramba, ela tinha sentido muita saudade dele.

Um sorriso suave agraciou os lábios de Tasuki, gostando do fato deles não terem perdido contato, mesmo que fosse à distância. Talvez ele ainda tenha uma chance com ela. Ele realmente queria a chance de mostrar a ela o quanto ele ainda se importava com ela e queria estar com ela, que ele não estava "fora de sua alçada" como ela sempre parecia acreditar.

Por algum motivo, ela parecia pensar que ele faria tudo apenas para vê-la só porque eles tinham sido amigos desde o início do ensino médio. Ele pretendia corrigir esse equívoco.

— É, Kyoko, se você precisar de alguma ajuda, eu ficaria feliz em estudar com você, a qualquer hora. — Ele secretamente queria bater sua cabeça contra a parede de tijolos sabendo que estava mais uma vez soando como um melhor amigo em vez de um candidato a namorado.

Suki apenas balançou a cabeça ao ver a tristeza silenciosa nos olhos de Tasuki quando ele sorria para Kyoko.

Coitado — pensou consigo mesma enquanto um sorriso malicioso se espalhava por seus lábios. Ele só precisava de um pequeno impulso na direção certa.

*****

Os olhos de Kyou se estreitaram enquanto a multidão de crianças ingênuas aumentava.

Muitas opções para o Hyakuhei — pensou. Era sempre a mesma coisa: tomar uma vida e ficar impune, assim como o monstro se safou no passado. Frustrado, ele deixou suas garras agarrarem o parapeito da janela, perguntando-se se ele poderia impedir o massacre.

Ele teria que se aproximar e se misturar na multidão. Rindo ao pensar como faria seus cabelos prateados e olhos dourados estranhamente coloridos passarem despercebidos, Kyou voltou sua atenção para a multidão reunida.

Passando a vista pelo estacionamento mais uma vez, sua visão parou quando seu olhar assustado deslizou sobre um grupo de três pessoas bem próximas à frente da multidão. A aura em torno do triângulo era surpreendentemente diferente daquela dos outros humanos. Uma tonalidade suave de luz branca pura que cercava o grupo deslumbrou a visão interna de vampiro de Kyou.

Diminuindo a intensidade de seu olhar, Kyou balançou a cabeça e olhou novamente para o grupo. Mesmo com seus sentidos intencionalmente atenuados, ele conseguiu detectar um leve brilho rodopiante fluindo em torno das três figuras. Um leve brilho de poeira do arco-íris veio diretamente acima deles, sombreando a luz como se alguém estivesse escondendo-a de seus olhos.

Kyou revistou o céu acima deles, mas só viu a noite. Seus olhos se estreitaram compreendendo mais do que ele deveria antes de voltar seu olhar para o grupo.

Ele nunca tinha visto nada parecido em sua vida imortal. Uma leve memória prendeu sua atenção, fazendo com que ele olhasse o grupo com olhos arregalados. Ele estava se lembrando das palavras de seu irmão mais novo antes de Hyakuhei tê-lo assassinado tão cruelmente:

— Se ao menos pudéssemos encontrar o Cristal do Coração Guardião, talvez pudéssemos ficar livres da escuridão, irmão.

Kyou havia zombado, dizendo a Toya que a joia era apenas um mito e impossível de encontrar, mesmo nas lendas. Toya tinha ignorado sua réplica:

— A aura daquela que protege a joia brilhará com luz sagrada. Você não quer ser livre?

Um sentimento melancólico se instalou em Kyou com a lembrança da pergunta de seu irmão. Ele teria dado qualquer coisa para libertar seu irmão da vida que Hyakuhei o dera. A brisa veio pela janela soprando seus longos cabelos no rosto, como se lhe dissesse para ir, como se o próprio Toya lhe pedisse que ele partisse.

Recolhendo a escuridão circundante em torno de seu corpo letal, Kyou emergiu despercebido na multidão de jovens inocentes, seu olhar intenso nunca deixando o local de onde a mais suave e pura luz brilhava.

*****

Kyoko riu quando viu Suki erguer as sobrancelhas por trás de Tasuki. Suki definitivamente estava passando muito tempo com Shinbe ultimamente. Ela ficou vesga e deu a língua fazendo com que Suki quase morresse de rir, mas o olhar desapareceu instantaneamente quando Tasuki se virou para ver do que Suki estava rindo.

Isso fez com que Suki tivesse que se segurar na parede para evitar que seus joelhos cedessem enquanto Kyoko apenas deu de ombros para Tasuki dizendo:

— Quem sabe o que deu nela? Ela nunca foi normal. — Ela ergueu a sobrancelha, acrescentando: — Tenho que tirá-la do manicômio pelo menos uma vez por semana ou ela fica ainda pior e tenta roer as árvores na frente do alojamento.

Tasuki sorriu enquanto se aproximou da orelha de Kyoko como se quisesse sussurrar, mas então disse em voz alta o suficiente para que Suki ouvisse:

— Talvez durante o caminho para casa hoje, você deveria levá-la de volta.

Kyoko assentiu alegremente, então sentiu o cabelo na parte de trás do pescoço se arrepiar como se alguém a observasse. Esperando que não fosse Toya secretamente seguindo-as, ela tentou ignorar a sensação enquanto mantinha sua atenção em Suki e Tasuki.

Suki finalmente respirou o suficiente para lembrar a Kyoko que elas fariam uma festa do pijama na sala acolchoada mais tarde, então perguntou a Tasuki se ele gostaria de se juntar a elas.

— A gente até conseguiu uma camisa de força para a ocasião.

Ela deu a língua para ambos.

— Guarde essa coisa antes de machucar alguém — retrucou Kyoko e foi rapidamente recompensada quando o queixo de Suki caiu.

Quando a fila começou a andar, Kyoko olhou por cima do ombro, imaginando quem a estava observando. Ela viu apenas as luzes do estacionamento e uma horda de pessoas esperando para entrar e então zangou-se com sua própria paranoia. A sensação desconfortável de que havia alguém a observando recusava-se a ir embora e a preocupava. Ela lembrou-se do aviso de Kotaro sobre um maníaco em torno do campus e de repente desejou que ela tivesse insinuado para ele onde elas estariam hoje.

Suki agarrou sua mão e puxou-a, pois Kyoko estava atrasando a fila. Kyoko afastou a sensação ruim enquanto entraram no prédio e sua atenção foi atraída para o interior da enorme boate.

Kyou a viu virar o rosto como se ela estivesse sentindo sua presença e ele ficou surpreso com isso. Os olhos de Kyoko haviam se deslocado muito lentamente para o ponto em que ele estava parado, mas ele sabia que ela não podia vê-lo nas sombras. Sob o manto da escuridão, ele a manteve sob vigilância ao entrar no estabelecimento.

Seu olhar dourado se movia pela sala sabendo que havia mais do que seres humanos dentro dos espaços mal iluminados, mas eram pequenas ameaças e não valiam sua atenção.

Suki levou-os a uma área perto do bar para que eles não tivessem que ir longe demais para pegar bebidas e ainda ter uma boa visão da pista de dança. A música já estava tocando, mas não tão alta que você precisasse gritar para ser ouvido.

Kyoko ficou surpresa em ver como o lugar era legal. Ela estava começando a se sentir feliz por ter deixado Suki convencê-la a vir. Afinal, a vida tinha que ser mais do que estudar, o que era tudo que ela só fazia há mais de uma semana. Toda a energia no lugar era viciante e ela sorriu animada. Foi um daqueles raros momentos em que sentiu que qualquer coisa poderia acontecer.

Em vez de mesas e cadeiras, o estabelecimento tinha sofás bem acolchoados aqui e ali, com pequenas mesas de vidro para apoiar as bebidas. Roxo, azul e preto eram as principais cores da boate, dando-lhe uma pitada de mistério e magia com todas as luzes constantemente mudando de cor e criando uma sensação de pandemônio sensual. A atmosfera da boate era quase intoxicante.

Sombras profundas emprestavam privacidade àqueles que a procuraram e Kyoko corou, pensando em todas as coisas que às vezes aconteciam no escuro, coisas que ela ainda não experimentara. Sua mente voltou a se perguntar o que Kotaro estaria fazendo, antes de voltar sua atenção a seus amigos, se sentindo culpada.

Kyou sentou-se no canto mais escuro, perto da aura intensamente pura. Observando o grupo, ele agora podia ver que o brilho era proveniente de apenas um deles. Seus olhos se suavizaram pela primeira vez em inúmeros anos, por apenas um instante, enquanto a via sorrir, absorvendo a grandeza da boate. Era como assistir o nascer do sol e era algo que ele não fazia há muito tempo.

Ela era linda, com longos cabelos castanhos que fluíam, contrastados com a camisa branca sedosa que ela usava.

Seu olhar percorreu o corpo perfeito dela, absorvendo a pele exposta em sua cintura e olhando a minissaia, seguida de um par de pernas muito bem torneadas, antes de levantar seu olhar ao pescoço, que estava à mostra. Ele seguiu o arco até o rosto dela com um grunhido desaprovador. Ela estava virada em um certo ângulo e ele se viu precisando ver seus olhos, pois os olhos eram o espelho da alma.

Seus instintos estavam reagindo de um jeito que ele nunca experimentara antes. A sensação que ele não conseguia descrever o agitou e, de alguma forma, o fez lembrar de seu irmão. Ele não gostava do desconhecido.

Ele escureceu as sombras ao redor de si enquanto ela se virou, passando seu olhar além dele, mas ele tinha visto os olhos dela. A visão quase lhe tirou a respiração. Ela tinha os olhos de esmeralda envoltos em inocência, mas ele também podia ver a travessura e o poder escondidos lá.

Kyou apertou o punho tão forte que pôde sentir gotas de sangue se formando onde suas unhas afiadas haviam perfurado sua carne. Por que havia tal inocência aqui, em um lugar como este? Isso deveria ser proibido. Ele sentiu um rosnado surgir profundamente em seu peito e tentou suprimi-lo.

Se seu palpite estava correto e Hyakuhei aparecesse, então as coisas poderiam ficar muito perigosas, muito rápido. Será que era ela quem guardava o Cristal do Coração Guardião dentro de si? As palavras de seu irmão voltaram a persegui-lo pela segunda vez.

- Irmão, se acharmos a pedra, podemos ficar livres de Hyakuhei.

Bloqueando os outros sons da boate, Kyou dirigiu todos os seus sentidos para ela, para que ele pudesse saber mais e se preparar. Seus olhos dourados assombrados quase brilhavam enquanto mergulhava nos pensamentos do grupo sentado à mesa. Ouvir o pensamento dos mortais era um recurso que ele não usara há muito tempo.

Tasuki se ofereceu para pegar a primeira rodada de bebidas, já que o barman era seu primo. Ele não iria desperdiçar sua única chance de impressionar Kyoko. Ele sabia que ela pensava nele como um amigo, mas queria ser muito mais. Quem dera que ela abrisse os olhos e visse a devoção que ele lhe oferecia! Nunca haveria um homem que pudesse amá-la mais do que ele. Não era possível.

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