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Uma Luz No Coração Da Escuridão
Uma Luz No Coração Da Escuridão

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Uma Luz No Coração Da Escuridão

Язык: pt
Год издания: 2019
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A parte longa de seus cabelos escuros em camadas foi presa para trás em um rabo de cavalo baixo. O resto de seu cabelo, da franja ao topo, ficava em um estado que parecia constantemente esvoaçado pelo vento, dando-lhe a aparência de um menino mau punk, mas isso lhe caía bem. Essa aparência lhe ajudou mais de uma vez nos últimos anos.

Seu corpo era alto com músculos esbeltos, mas as aparências podiam enganar. Ele não tinha um pingo de gordura de sobra e era mais forte do que cinquenta homens humanos juntos. As únicas pessoas que conheciam sua força inumana eram aquelas que escolheram lhe chatear ou ousaram cruzar seu caminho. E aquelas poucas estavam muito amedrontadas para dizer sequer uma palavra. Ninguém no campus conhecia o lado secreto de Kotaro e ele queria continuar assim.

Kotaro era responsável pela segurança de todas as pessoas que caminhavam no campus: visitantes, alunos ou membros do corpo docente. As jovens começaram a desaparecer desta área há cerca de um mês, a um ritmo alarmante e, principalmente, da área que cercava os campos da faculdade.

Um grunhido baixo formou-se profundamente em seu peito enquanto ele inalava os aromas ao seu redor. O ar se contaminou com um cheiro antigo... mal. Ele estava se aproximando daquele que era responsável por mais do que apenas o sumiço das meninas, ele conseguia sentir isso. Deixando esses pensamentos de lado por hora, ele começou a caminhar rapidamente para os apartamentos vizinhos que abrigavam muitos universitários inocentes.

Ele iria ver Kyoko e se ela o deixasse, seus olhos escureceram atraentemente, ele não sairia de seu lado pelo resto do dia, ou da noite. Ele só esperava que Toya não estivesse com ela novamente hoje. Ele a queria toda para si. Afinal, na verdade ela era sua mulher e aquele "menino" teria que se mancar.

Seus passos diminuíram um instante com a ironia disso. Ele estava contente por Toya pelo menos ter vida agora. Um sorriso quase divertido apareceu quando ele mentalmente ameaçou aquela vida se Toya não parasse de perseguir Kyoko o tempo todo.

Só o pensamento dela sentada ao lado dele em seu confortável sofá, comendo pipoca e vendo um filme bobo parecia uma noite perfeita. Eles faziam algo assim pelo menos uma vez por semana e para ele essa era a parte favorita da semana. Ele aproveitava seu tempo ininterrupto com a bela dos cabelos castanhos. Não importava se estavam assistindo um filme ou simplesmente sentados em seu sofá conversando. Ele simplesmente amava a sensação dela estar aconchegada ao seu lado.

Kotaro sorriu para si mesmo com satisfação enquanto se perguntava como seria estar sempre ao lado dela, dia e noite.

O sorriso dele desapareceu com seu próximo pensamento. Kyoko ainda não o escolhera ao invés de Toya. Pelo menos, não durante sua vida.

— Algumas coisas nunca mudam. — Ele olhou para cima como se enviasse um silencioso e sarcástico "obrigado por toda a ajuda com isso" para quem estivesse ouvindo. Algo lhe disse que os deuses deveriam ter o mais perturbador senso de humor.

*****

As provas finais finalmente terminaram e Kyoko passou a tarde cantando essas palavras. Ela tinha sido uma boa garota e estudara até ficar doente, mas tudo valeu a pena. Ela sabia que tinha gabaritado estes testes cruéis. Só de pensar nisto a fazia querer dançar feliz durante todo o caminho de volta para seu apartamento.

De fato, a primeira coisa que fez assim que atravessou a porta foi jogar seus livros pela sala de estar como se estivessem infestados de doenças e, finalmente, sucumbiu à vontade, realizando uma "dança feliz" improvisada na entrada, parecendo que ela tinha talento para dança, afinal.

Isto foi imediatamente seguido por sua própria versão de uma dança que ela tinha visto Toya fazer uma vez, sacudindo o bumbum por todo o corredor até o banheiro, para que ela pudesse tomar um banho quente de espuma. Kyoko então decidiu que, se ia fazer isso, teria que fazer direito, e foi ligar o aparelho de som e pegar algumas velas.

Ela ainda estava fazendo barulhinhos fofos de vitória quando a banheira se encheu e ela mal se deu ao trabalho com suas roupas, tirando-as e jogando-as onde quisesse. Provavelmente vou encontrar minha calcinha pendurada no ventilador de teto quando eu acabar — pensou consigo mesma, depois sacudiu os ombros e entrou na água.

Ela deslizou mais para dentro da banheira para deixar as bolhas flutuantes acariciarem seu pescoço e ombros. Seus olhos verde esmeralda, que às vezes eram conhecidos por se tornarem tempestuosos a cada momento, estavam brilhando de satisfação.

Suas ondas de cabelo castanho-avermelhadas estavam soltas ao acaso e sua pele lisa e sedosa estava escondida agora sob as bolhas. Ela era uma garota feliz e tudo o que realmente queria fazer era relaxar pelo resto do dia. Um pouco de música suave ao fundo, algumas velas com cheiro doce acesas em todo o banheiro e estava pronto o cenário perfeito.

Ela fechou os olhos, sabendo que a imagem dele logo entraria em foco, como se estivesse esperando por ela. Este era seu segredo.

Os olhos azuis gelo a observavam dentro de sua mente. Ela sonhava com ele tantas vezes durante a noite que agora podia convocar estes sonhos, mesmo quando acordada. Quanto mais profundamente ela se engrenhava no sonho, mais real ele se tornava, até parecer que ele estava realmente lá, ajoelhado ao lado da banheira.

Os lábios dele formaram um sorriso sensual ao estender a mão e tirar a toalha dela. Seus olhos se tornando tão brilhantes quanto a chama azul.

— Os sonhos são agradáveis — sussurrou ela enquanto rolava a cabeça para o lado, deixando-o fazer o que ele quisesse.

Trimmm!

Um dos sons mais irritantes do mundo ecoou em todo o apartamento. Kyoko se ergueu na banheira, derrubando a água sobre a borda e sobre o chão de cerâmica. Levantando a mão na bochecha, sentiu o calor e corou quando o telefone tocou novamente.

— Droga!

Ela se levantou rapidamente sabendo que o telefone estava na sala de estar. Saindo da água, ela pegou o robe de seda da bancada e a envolveu enquanto corria para atender.

Percebendo que estava deixando umas pegadas de água, ela fez uma nota mental para lembrar de levar o telefone sem fio ao banheiro na próxima vez.

Na outra extremidade do toque irritante, Suki batucava as unhas na bancada da cozinha, desejando que Kyoko se apressasse e atendesse o telefone. Ela teve aquela sensação inquietante de que Shinbe chegaria a qualquer momento e não queria que ele soubesse nada sobre o que ela estava planejando.

Ela ouviu o clique na outra extremidade.

— Até que enfim!

Kyoko tirou o telefone da orelha para encará-lo com raiva e colocou-o de volta.

— Suki, eu estava no banho! — quase choramingou Kyoko enquanto olhava ansiosamente para a porta do banheiro, onde sabia que a água ainda estava quente e perfumada com jasmim. A banheira a chamava para que ela voltasse e curtisse... e o sonho também. Ela mordeu o lábio inferior enquanto desviava os olhos do que ela ansiava.

— Você está parada aí, nua? — riu Suki sabendo que Kyoko corava facilmente.

— Suki! — gritou Kyoko no receptor. Sua amiga simplesmente tinha um senso de humor pervertido, o que provavelmente se deve ao fato de passar muito tempo com Shinbe. Ela sorriu maliciosamente enquanto respondeu:

— Você precisa de alguma coisa? Estou com uma banheira quente e vaporosa chamando meu nome e você está interrompendo meu pequeno encontro.

— Encontro? — Suki olhou para o telefone e revirou os olhos. — Você definitivamente precisa de ajuda, Kyoko. Quem já ouviu falar em se sentir romântica na banheira sem alguém lá para acompanhar? Pelo menos, tenha uma centelha de imaginação e pense em um homem sexy para lavar as costas quando estiver lá - suspirou ela com um tom exasperado, inconsciente de que acabara de surpreender Kyoko em cheio em quão perto sua imagem mental realmente era.

— De qualquer forma, você e eu vamos ter uma noitada para celebrar o fim das provas — chilreou Suki. Ela não estava querendo deixar Kyoko dizer não. — Também não aceitarei um "não" como resposta, então comece a se arrumar. E use aquela roupa que compramos no último fim de semana. Vou fazer o mesmo. — Suki inalou profundamente e logo começou a falar antes que Kyoko pudesse dar um pio. — Esteja pronta lá pelas 7:30. Te amo. Tchauzinhoooo!

Kyoko piscou quando o telefone desligou. Seus lábios ainda estavam abertos porque ela estava prestes a dizer “não” em sua primeira oportunidade. Ela enviou um olhar silencioso e zangado para a parede mais distante da sala de estar que separava os apartamentos das duas garotas, se perguntando se Suki havia telefonado de lá ou de seu celular em algum outro lugar.

Olhando para a identificação de chamada, ela suspirou.

— Celular, certo. Não preciso ir bater na parede, então. — Mas a imagem de suas mãos em volta do pescoço de Suki trouxe um sorriso para o rosto dela. — Mas, posso fingir.

Lançando o telefone sem fio na bancada, Kyoko olhou para o robe de seda agora agarrando-se ao seu corpo úmido e gemeu. A água morna ainda na sua pele agora tinha ficado fria, causando arrepios. Rapidamente, ela se virou para voltar ao banho.

Trimmm! Trimmm!

Kyoko se contraiu.

Girando enquanto a sobrancelha esquerda se erguia em frustração, disse:

— Espero que seja Suki para que eu possa dizer o quanto gosto de ser incomodada! — Agarrando o telefone, ela falou um pouco mais alto do que o normal.

— Alô.

Toya sorriu com a saudação de Kyoko:

— Qual é? Sua mãe nunca te ensinou a ser educada ao atender o telefone?

Kyoko se sentiu calmamente caminhando até a janela, abrindo-a e deixando o telefone escorregar de sua mão para o desconhecido.

— Por que é que ninguém quer me deixar terminar meu banho? — choramingou ela, batendo os pés, mas sentindo o ar condicionado entrar sob seu robe.

O sorriso de Toya desapareceu quando sua imaginação extrapolou e visões explícitas começaram a dançar em sua mente.

— Você está pelad... — parou, de repente sem fala, antes de perguntar se ela estava lá nua. Sacudindo o pensamento de sua cabeça, Toya respirou profundamente para se acalmar e esperou que seus hormônios agora furiosos ficassem sob controle. — Droga, esta era uma linda imagem...

Kyoko franziu a testa, se perguntando se Toya estava de pé ao lado de Suki naquele momento.

Toya tentou novamente.

— Deixa para lá. Olha, eu estou indo aí para a gente ir ao cinema esta noite, então se arrume.

Kyoko estreitou os olhos, se perguntando sobre quem havia dito que hoje era o "Dia dos Chatos".

— Ah, tenho planos esta noite. — Claro que seus planos tinham sido transformar-se em uma ameixa no banho, ficar no sofá e ver um filme. Talvez até adormecer durante o banho, sem ter ninguém no mundo para incomodá-la dizendo "saia".

— Quê? Cancele tudo, pois você vem comigo! - Toya praticamente ordenou, ficando irritado por ela não estar fazendo o que ele queria que ela fizesse, como se ela alguma vez ela fizesse.

Kyoko fechou os olhos e afastou o telefone, cantarolando:

— Não vou jogá-lo pela janela, não vou jogá-lo pela janela.

Toc, toc.

Kyoko se virou para encarar a porta pensando: — Mas eu vou JOGÁ-LO na cara de quem estiver na maldita porta! Ela podia ouvir um riso demente vindo de algum lugar no fundo, onde residia seu gênio do mal.

Ela calmamente caminhou até a porta e destrancou-a, depois espiou para ver quem era.

— Kotaro — suspirou ela um pouco sem fôlego e depois calou-se com culpa, esperando que ele não tivesse notado.

Os olhos de Kotaro se iluminaram e escureceram ao mesmo tempo quando a porta se abriu. Ele estava feliz em ver Kyoko segura e, obviamente, não totalmente vestida. Ele ergueu uma sobrancelha pelo jeito que ela havia dito seu nome. Pressionando a mão na porta acima da cabeça de Kyoko, ele a abriu totalmente com seu habitual sorriso confiante enquanto passava pela jovem, quase tocando-a.

— Como está a minha mulher hoje? — Kotaro passou por ela e entrou no apartamento como se ele pertencesse ali.

Não vou cometer assassinato, não irei atirar o telefone, não vou... A mente de Kyoko continuou a cantarolar enquanto Kotaro a encarava com seu habitual sorriso de parar o coração. De repente, ela sentiu que o ar condicionado parara de funcionar.

Como esse homem, que só pode ser descrito como sexo ambulante, a afetava assim? Ela sempre sentiu como se estivesse tentando impedir que o jogasse no chão. Balançando a cabeça, ela olhou para baixo e gritou quando viu que o robe dela estava parcialmente aberto. Não dava para revelar muita coisa, mas o suficiente para fazê-la corar.

Toya ficou tenso, ouvindo pelo telefone a batida na porta em segundo plano e, em seguida, a voz de Kotaro. Ele gritou no telefone para chamar a atenção dela.

— Droga, Kyoko! O que diabos Kotaro está fazendo aí? — resmungou ele, irritado com o fato de o segurança ter aparecido no "seu" apartamento de Kyoko novamente.

Kyoko se encolheu quando o grito do telefone pode ser ouvido alto e claro dentro da sala de estar. Olhando sobre o ombro de Kotaro para o relógio na parede, ela sabia que precisava começar a se arrumar ou Suki seria a próxima a bater na porta. Já bastava. Ela se virou e caminhou até a bancada, pretendendo desligar o telefone.

Levantando-o de volta ao ouvido, ela gritou:

— Te vejo mais tarde! Click... um já era, só falta mais um.

Kotaro sorriu sabendo que tinha sido Toya com quem ela gritou. Seus olhos atravessaram a seda que se agarrava a um corpo bem formado como uma segunda pele e ele não conseguiria ter evitado se ele tivesse tentado avançar, mais perto dela. Ele lentamente fechou os olhos por apenas um segundo enquanto inalava profundamente, todo o seu corpo agora a menos de um centímetro do dela. O pensamento de tocar sem fazer contato fazia com que ele curvasse mentalmente seu corpo em torno dela e a abraçasse.

Ele se inclinou para a frente, aproximando os lábios da orelha de Kyoko antes de sussurrar seu nome. Seus lábios suavizaram, assim como seus olhos azuis. Muitas vezes ele se via quase desejando que ela se lembrasse do passado e do quão íntimos eles foram certa vez. O que ela faria se se lembrasse que eles costumavam morar juntos? Ele, ela e Toya, para que pudessem protegê-la.

Kyoko perdeu o fôlego e sentiu a pele ao longo de seu pescoço e bochecha formigar. Era difícil demais pensar direito com ele tão perto, mas agora ela podia sentir que ele a tocava, mesmo que ele não a estivesse tocando. Lembrando o que ela estava fazendo antes do telefone ter interrompido fez um seu calor instantâneo subir ao seu rosto.

Não querendo que ele percebesse sua culpa, ela se manteve de costas para ele e tentou reprimir a memória do banho. Ao fechar os olhos, ela lutou contra o impulso de se recostar nele e teve que agarrar-se à mesa para se estabilizar.

Kotaro queria colocar as mãos sobre a mesa em ambos os lados dela, prendendo-a entre seus braços, mas de repente se acalmou. Ele podia sentir o cheiro dos sabões que ela usara no banho, mas um sabor abriu caminho para ele e sua expressão ficou curiosa: excitação? Ele se afastou dela, se sentindo excitado.

Passando a mão por seus cabelos indomáveis, ele recuou para uma distância mais segura, tentando ignorar a sacudida na boca do estômago. Por que ele havia vindo aqui mesmo? Era importante.

Ele sentiu seus instintos protetores aflorarem pela lembrança dos recentes alertas que ele havia recebido.

— Você vai passar a noite comigo? — A pergunta que soava inocente escondia um duplo significado, enquanto ele provava o desejo.

Kyoko abrandou sua respiração, mais uma vez pronta para lutar contra seus sentimentos. Franziu a testa, sabendo que seria muito perigoso ficar sozinha com ele. De repente, ela queria agradecer a Suki por mandar nela.

Ao vê-la franzida, Kotaro rapidamente acrescentou:

— Nós podemos fazer o que você quiser. Alugar um filme e ficar em casa... ou sair.

— Alugar um filme e ficar em casa... — repetiu Kyoko ansiosamente pensando que era exatamente o que queria fazer. Então, percebendo os olhos de Kotaro se acenderem, ela rapidamente mudou:

— Pelo menos é isso que eu queria fazer e se eu não tivesse sido arrastada para os planos de outra pessoa. Eu adoraria ficar assistindo filme com você. Mas desculpe, Kotaro. Não posso. — Ela deu-lhe um sorriso apologético batendo mentalmente o pé ao pensar em perder uma noite muito quente com o belo guarda de segurança.

Os ombros de Kotaro caíram um centímetro, mas ele sorriu de qualquer jeito, sabendo que ela não estava tentando ferir seus sentimentos. Ele poderia até notar que ela queria que ele ficasse e ele se perguntou sobre a atração daquela vontade. Era o mesmo que ele queria? Para ele, Kyoko era a gema mais preciosa da Terra e ele faria tudo que pudesse para fazê-la sorrir e mantê-la segura ao mesmo tempo.

Afinal, ele esperou mais de mil anos apenas para vê-la novamente.

Precisando certificar-se de que ela estava protegida e fora de perigo, ele perguntou:

— Então, quais são seus planos, talvez eu possa participar da diversão? — Ele deu a ela o seu sorriso mais travesso, esperando que isso funcionasse. Se não, então ele poderia recorrer a persegui-la. Os cantos de seus lábios perfeitos se inclinaram em um sorriso secreto.

Kyoko sabia que Suki nunca aceitaria. A noitada só de mulheres significava "só de mulheres". Ela também sabia que se Kotaro descobrisse que estava com apenas Suki, ele iria junto, de alguma forma aparecendo como se por acaso. Ela o viu fazer isso muitas vezes.

Enquanto Toya era insistente, Kotaro sempre tentava ser sutil, mas se você coloca os dois caras no mesmo ambiente, eles parecem agir de forma muito parecida e se provocam constantemente. Ambos tinham um coração de ouro e ela sabia disso. De certa forma, ela os amava tanto... tanto que era doloroso, e é por isso que ela escolheu não escolher e simplesmente permanecer solteira por enquanto. Honestamente, ela não quis magoar os sentimentos de nenhum deles.

Mas uma coisa que Kyoko sabia com certeza era que se Kotaro pensasse que ela iria sair com Toya esta noite, ele não se incomodaria em seguir. Pelo menos ela esperava que não.

— Desculpe, Kotaro, já tenho planos com Toya, mas prometo que vamos alugar filmes ou algo assim qualquer hora destas. — Kyoko abaixou os olhos, não gostando do fato de que ela estava mentindo para ele, mas era a única maneira de fazê-lo desistir. Observando o chão, ela percebeu que ele deu um passo à frente e ela imediatamente deu um passo atrás mordendo o lábio inferior, quando sentiu a mesa atrás dela.

Kotaro sentiu o ciúme vibrar dentro dele, mas o manteve sob controle. Seu único consolo era que, se ela estivesse com Toya esta noite, pelo menos ele poderia ter certeza de que ela não seria uma das próximas garotas desaparecidas.

Além disso, ele sabia que Kamui estava secretamente vigiando Toya e Kyoko. Mentalmente, ele teve que admitir que Toya era superprotetor em relação a ela e a manteria segura. Ele queria ser o único com Kyoko esta noite, protegendo-a. Mas mesmo que ele não gostasse, Toya não deixaria que nenhum mal acontecesse a ela.

Ele a observou lentamente, levantando os olhos para ele, e ele pode ver a preocupação dela, achando que Kotaro tentaria detê-la. Ele queria impedi-la, mas não faria isso. Com o tempo, ela faria sua própria escolha.

Inclinando a cabeça ligeiramente em uma aceitação relutante, Kotaro pegou a mão dela mão e a segurou por um momento, fixando seus olhos azuis aos de esmeralda dela. Olhando nos seus olhos, ele sabia que ela tivera um dia difícil. Ele sempre podia ler os sentimentos dela através da cor de seus olhos. Ele aprendeu isso há mais de mil anos. Ele só queria que ela se lembrasse.

— Combinado, então, Kyoko. Vejo você amanhã. Tenha cuidado, linda. — Inclinando-se para a frente, ele roçou os lábios sobre a testa dela, depois soltou sua mão, virando-se para sair.

Kyoko sorriu.

— Obrigada, Kotaro. — Sua testa ainda formigava onde os lábios quentes dele a tocaram. Ela estava feliz por ele ser mais fácil de lidar do que Toya. Muitas vezes, ele beijava sua bochecha, testa ou mão, deixando essa sensação formigante e quente.

Ela se perguntava sobre o que ele pensaria se soubesse que ela nunca tinha sido beijada nos lábios. Ninguém jamais acreditaria que, com a idade de dezoito anos, ainda era tão pura, bem, fisicamente pura. Ela corou de novo sabendo que seus pensamentos não eram tão irrepreensíveis. Ela culpava o traidor que vivia dentro de si e acelerava toda vez que pensava nele.

Kotaro abriu a porta para sair, mas não antes de lhe lançar um sorriso sobre o ombro, acrescentando:

— Apenas lembre-se, você ainda é minha mulher. — Ele saiu rapidamente, fechando a porta atrás de si, sorrindo maliciosamente com o comentário.

Ele sabia que ela não iria cruzar a linha com Toya e não estava preocupado. Mesmo no passado, quando ele e Toya tinham brigado, ela o escolheu ao invés de Toya. Ela sempre adorou Toya, mas Kotaro sabia que era ele por quem ela realmente estava apaixonada. A velocidade dos batimentos cardíacos dela quando ele estava por perto sempre revelava seus verdadeiros sentimentos... nesta vida e no passado. Ele só tinha que esperar para que ela percebesse mais uma vez.

Kotaro inalou suavemente, saboreando o perfume dela. Mesmo agora ele podia sentir o cheiro de sua pureza e sabia que ela era o tipo de pessoa que levava isso a sério. Ela era muito inocente acerca do mundo real.

O pensamento fez o sorriso de Kotaro desaparecer. Ele não tinha tanta certeza de que queria que ela descobrisse o lado sombrio deste mundo. Não queria arriscar a felicidade dela. Nem mesmo ele era o que ela pensava que fosse. Ele sabia que ela o aceitaria de qualquer jeito, mas a lembrança de tê-la sepultado selava seus lábios, impedindo-os de falar do passado. Era melhor não se lembrar de algumas coisas.

Quando Kotaro saiu do prédio e voltou para a calçada, ergueu os olhos do pátio abaixo para a janela, imaginando o que Kyoko faria quando descobrisse sobre ele. E sim, ele lhe contaria a verdade, mas ainda não. Como você explica que é mais velho do que qualquer ser humano normal e que você tem poderes como ela só viu nos filmes?

Kotaro balançou a cabeça quando começou a voltar para a faculdade, contemplando seu próximo passo em relação às meninas desaparecidas.

Ele sabia o que estava acontecendo com elas e que provavelmente já estavam mortas ou pelo menos mortas-vivas. Seus olhos brilharam com raiva por apenas um momento, revelando o lado mais sombrio de sua alma licantropo. Ele precisava captar o cheiro desses malditos sanguessugas e aquele que os liderava antes que eles pudessem encontrar Kyoko de novo.

Capítulo 3

Kyoko revirou o armário procurando o que Suki a havia convencido de comprar no fim de semana anterior. Ela riu para si mesma lembrando que Shinbe as havia seguido ao shopping, se oferecendo para que desfilassem para ele para saber sua opinião. O ponto alto foi quando ele entrou no vestiário das meninas e ficou conversando com a Suki através da cortina.

Shinbe estava falando com uma voz fina para enganar Suki, se passando pela vendedora do setor, e se ofereceu para ajudá-la a fechar o zíper.

Suki havia aceitado a oferta de ajuda e virou as costas para a cortina. Kyoko quase caiu quando Shinbe saiu voando pelo provador e aterrissou contra a parede do outro lado.

Kyoko perguntou à Suki como ela tinha percebido que era Shinbe e Suki respondeu:

— Não acho que eles iriam deixar uma lésbica trabalhar no provador feminino, então quando ele colocou a mão dentro do meu vestido em vez do zíper, foi tipo uma entrega de jogo.

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