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Corações Em Fúria
Kyoko franziu a testa e gritou com ele.
- O que eu fiz agora?
Ele contorceu- se, mas não se virou ou respondeu. Por que ele estava zangado agora? De repente, um frio desceu pelas suas costas e o seu coração começou a bater forte contra o seu peito... Mal levantou o rosto, e ela fechou os olhos e sentiu a escuridão a vir para eles.
Era o mal, e tinha um pedaço do cristal do coração do guardião despedaçado dentro dele. Toya sentiu a velocidade dos batimentos cardíacos de Kyoko e girou ao redor para olhar para ela.
- Kyoko, o que é isso?
A sua voz estava agora abastecida de preocupação como ele instantaneamente esqueceu de estar com raiva dela.
- Um talismã, muito forte e manchado. Está a mover- se rápido... dessa forma mesmo. - ela apontou para a esquerda e ambos saltaram e começaram a correr nessa direção. Eles não tinham ido longe quando ouviram algo a bater nas árvores, vindo direto em direção a eles. O corpo de Toya estava a mover- se por conta própria, os seus antebraços pulsando nos seus lados como se chamassem a sua atenção para o poder que estava escondido lá.
Com um movimento do seu pulso, o punhal de fogo deslizou da sua carne e ele pulou na frente de Kyoko, empurrando- a atrás dele com a sua outra mão. Ele preparou- se quando a floresta na frente deles assumiu uma vida própria. As árvores e folhagens caíram ao seu redor enquanto um enorme demónio trovejava em direção a eles.
Kyoko engoliu o nódulo na sua garganta enquanto olhava para o demónio. Era cerca de dez vezes mais alto do que qualquer um deles e muito desagradável ao olhar. Ela podia ver o lindo céu acima dele e perguntou- se se ela se acostumaria com o fato de que demónios viviam aqui. Ela recuou quando os seus horríveis olhos vermelhos se fixaram nela e Toya.
Toya cheirou o ar, fazendo uma careta. A coisa cheirava como se tivesse sido enterrada e deixada para apodrecer por muito tempo antes de rastejar para fora do seu túmulo. Ele apostaria que sua vida Hyakuhei estava controlar esta coisa porque ele não sentia tanto poder dentro de um demónio há muito tempo.
- Mais um dos seus malditos filhos. - troçou Toya e então ouviu o riso vindo do fundo do peito do demónio.
Ele falou com uma voz maciça e profunda que mexia com os nervos.
- Mata Toya!
O demónio grunhiu enquanto ele se lançava para a frente com uma mão podre, arranhada. Com uma velocidade desumana, Toya levantou Kyoko nos seus braços e pulou para fora do caminho.
Pousando numa rocha próxima que estava no chão, ele imediatamente desejou que Kyoko tivesse ficado no campo e fora de perigo. Os seus lábios estavam bem ao lado do seu ouvido quando ele perguntou às pressas:
- Essa coisa feia é o caminho grande para não ter um talismã. Percebes isso?
Ela balançou a cabeça para espiar com força o demónio, mas estava a mover- se tão rápido que tudo o que ela podia ver era um borrão. Ele saltou e caiu bem na frente deles, derrubando Toya no chão com um saco de ossos.
Kyoko gritou quando ele voltou e a agarrou da rocha. A sua mão maciça e carnuda apertou a respiração dela, impedindo- a de gritar instantaneamente.
Ela colocou as mãos para baixo contra a prisão, tentando empurrar para fora do seu controlo, mas não havia nenhuma maneira. Uma luz escura brilhante chamou a sua atenção. Ela estava presa e tonta pela falta de ar, então com o último suspiro ela podia espremer para fora, ela gritou.
- O talismã... Pescoço!
Toya viu o demónio agarrar Kyoko, segurando- a no ar enquanto ela lutava para respirar. Ele empurrou para fora do chão sentindo a adrenalina correndo através do seu corpo e para o punhal de fogo ainda a pulsar na sua mão.
- Deixa- a ir, seu idiota!
Ele rugiu, tentando obter a sua atenção de volta sobre ele.
- Vais te arrepender de tê- la tocado. - rosnou Toya enquanto os seus olhos se transformavam em prata derretida. Ele arremessou o outro braço para o lado, agora a segurar uma adaga em cada mão enquanto ele insultava a besta feia. O demónio deu uma risada horrível enquanto segurava Kyoko como se a usasse como escudo.
- Caramba! - amaldiçou Toya. Ele não poderia usar o poder dos punhais sem ferir Kyoko no processo. A besta não era tão estúpida quanto parecia.
- Seu filho nojento... - rosnou Toya sentindo o seu calor sanguíneo a um nível perigoso.
Kyoko tentou chegar à besta, mas o demónio prendeu- a entre ela e a sua palma. A luz ao seu redor começou a desaparecer, avisando- a que ela estava quase a desmaiar. Ela procurou a forma de Toya, encontrando- o ali, de frente para o demónio. Ela podia dizer que ele estava com raiva quando o ouviu a insultar.
Os seus olhos de prata furiosos encontraram os dela, e a última coisa que ela viu antes de desmaiar foi Toya saltar para o ar como se viesse direto para ela. Toya tinha tido o suficiente. Como ousa essa besta desagradável tocar Kyoko. Ele sentiu o seu sangue demoníaco amaldiçoado, substituindo o seu sangue de guardião enquanto a sua raiva crescia. Ele saltou para o ar e com um golpe das suas garras afiadas como navalhas, ele cortou o braço do demónio.
Quando o seu braço caiu no chão, Toya explodiu fora do demónio e pegou Kyoko no ar enquanto ela caía dos dedos agora soltos. Segurando- a firmemente contra ele, Toya saltou para fora do caminho como o demónio balançou a sua outra mão em direção a eles.
Ele pousou ereto, levando apenas um segundo para ter certeza que Kyoko estava mais uma vez a respirar, mesmo que ela tivesse perdido a consciência. Ele deitou- a no chão e depois balançou ao redor. Os punhais gémeos ressurgiram da sua pele, deslizando nas suas palmas com facilidade.
- Como te atreves!
A voz de Toya subiu a um nível perigoso. Em fúria, ele apressou o demónio com um golpe e tirou- lhe a cabeça. Ele assistiu com satisfação mórbida quando ele pousou a uns bons 6 metros do corpo que ainda se contraia.
Antes da poeira baixar, Toya voltou para Kyoko para vê- la, sem perceber que o demónio ainda não estava morto. Ele não se lembrava de tirar o talismã do pescoço e nunca viu as garras enormes vindo por trás.
Ouvindo um rugido, Toya sentiu as garras mortais cortar nas suas costas e bater- lhe numa rocha próxima, derrubando os punhais dele.
Kyoko lutou contra a escuridão. Abrindo os olhos, a sua visão clareou rapidamente, mas a visão que a encontrou era de horror. O sangue de Toya estava no ar atrás dele quando ele foi atirado pelo ar colidindo com uma rocha gigante.
Balançando o seu olhar de volta para o demónio, ela assistiu com desânimo como ele agarrou a sua cabeça da terra e colocou- a de volta onde deveria estar. O demónio virou- se para ela, quando um som estrondoso veio do seu peito como um rosnado demente enquanto desnudava várias fileiras de dentes afiados.
O cheiro do medo de Kyoko tirou Toya da sua transe e ele abriu os olhos com uma névoa de dor. Ignorando a dor, ele levantou- se bem a tempo de ver o demónio a atacar. Ele podia sentir a sua superfície sanguínea demoníaca... e desta vez... ele deixou que ela assumisse o poder.
O corpo de Toya começou a cantarolar com uma força própria. O único pensamento racional que restava na sua mente era que ninguém deveria tocá- la... se eles morreram. Kyoko estava agarrar a sua besta, mas sabia que ela seria tarde demais porque a besta estava quase em cima dela.
Tão perto, que ela sentiu o cheiro da sua respiração desagradável atingindo- a. Ela gritou, levantando o braço para proteger o rosto, pensando que era o fim... Mas nada aconteceu. Ela ouviu um grunhido e o chão tremeu.
Kyoko abriu os olhos, mas não viu nada a não ser os destroços a voarem para ela de onde o demónio tinha caído, bloqueando a sua visão. Quando os destroços começaram a espairar, ela viu a parte de trás de Toya enquanto ele estava na frente dela de frente para o demónio. Ela assobrou vendo três longos ferimentos irregulares nas suas costas.
O seu cabelo da meia- noite e madeixas prateadas ainda sopravam ao vento criado a partir do demónio caído. Ela olhou para o demónio para ver novamente que a sua cabeça foi cortada e os seus braços estavam colocados a uma boa distância do seu corpo.
Ela franziu a testa quando novamente abriu os seus olhos vermelhos, com a intenção de usar o poder do talismã para se curar. Não querendo que isso acontecesse, Kyoko estendeu a mão por trás dela e agarrou a pequena besta, um dardo espiritual rapidamente se formou a partir dos seus poderes de sacerdotisa.
Armando- o firmemente contra a corda ela sussurrou "Agora", soltando a corda e enviando o dardo espiritual direto para o talismã, derrubando- o do corpo do demónio. O demónio lentamente desmoronou em si mesmo, virando- se para a poeira e voando na brisa.
A maior parte da poeira afastou-se, deixando apenas ossos amarelados atrás. Ainda sentindo o mal por perto, Kyoko olhou para cima e viu um dos mudadores demoníacos de Hyakuhei. Ele deslizou para baixo do céu parecendo uma serpente fantasmagórica, pegando o talismã de dentro dos seus dentes pontiagudos antes de correr tão rápido que ela não podia sequer dizer em que direção tinha ido.
Ela sentiu vontade de gemer sabendo que eles tinham lutado contra o demónio por nada desde que o talismã foi roubado. Kyoko lentamente empurrou as pernas contra o chão para ficar de pé, parando no meio do caminho quando ela notou que Toya ainda não tinha se virado, com a sua mão arranhada ainda enrolada em raiva ao seu lado. Ela estranhou ao perceber o que estava errado... ele estava na sua forma amaldiçoada.
Uma maldição que Hyakuhei lhe deu muito antes de ela vir a este mundo. Neste estado, ele era imprevisível, fora de controlo... e muito perigoso. Com uma voz instável, Kyoko sussurrou:
- Toya?
Ela levantou- se o resto do caminho quando ele se virou, com os seus olhos vermelhos a olhar para ela. O seu peito ainda estava subir e cair rapidamente enquanto ele respirava fortemente da força do ataque que ele tinha usado para matar o demónio. "Os punhais", Kyoko pensou que tentando ficar calmo, ela precisava levar as lâminas de volta para ele.
Ela olhou para a pedra contra a qual ele tinha sido jogado contra e viu um dos punhais deitado lá. Ela lentamente começou a afiar na direção da lâmina. Toya deu um passo à frente e rosnou. Ele sentiu uma raiva ofuscante pelo demónio que tinha acabado de matar e esperou para ver se havia mais para matar ou se o demónio se levantaria. Então ele ouviu alguém atrás dele sussurrar o seu nome.
Voltando- se para o som, ele viu a menina lá, lentamente tentando se levantar. Ele sentiu o cheiro do medo emanando dela enquanto ela lentamente tentava se afastar dele. Ele emitiu um baixo rosnado de aviso para ela ficar e deu um passo em direção a ela. Ela ficou parada por mais um momento olhando para ele como se ela não pudesse decidir se ele era amigo ou inimigo.
Ele podia sentir o cheiro do seu medo subir e isso o deixou com raiva. Ele rosnou de novo e ela saiu depressa. O coração de Kyoko estava a bater depressa. Ele rosnou para ela. Ele ia matá- la? As adagas, ela teve que alcançar pelo menos uma delas.
Eles eram parte dele e ajudaram a selar o sangue demónio com o que Hyakuhei o amaldiçoou. Kyoko decolou tão rápido quanto ela já correu na sua vida. Ela teve que levar a adaga para ele.
O cabelo dela voou atrás dela e ela sabia que ele estava a vir atrás dela. O cabelo na parte de trás do pescoço dela ficou para cima como se ele já a tivesse apanhado. Mais um metro... quase lá. Um borrão movia- se na frente dela, entre ela e o que ela estava tão desesperadamente a tentar alcançar. Não. Ela não fugiria dele. Ela era dele.
Ele parou na frente dela para parar o seu vôo, e ela bateu nele com um grito assustado. Em contato, ele podia sentir o seu sangue a acalmar- se e ele deu um rosnado mais suave para que ela soubesse que podia ficar desta vez.
Quando ela ainda tentou passar por ele, ele segurou- a, querendo que esta mulher sentisse que ele destruiria qualquer coisa que chegasse perto dela. Ele olhou para os olhos esmeraldas largos olhando para ele. Toya podia senti- la a tentar baixar- se para deslizar para fora dos seus braços.
Não, ele nunca a deixaria ir... o sangue de demónio dentro dele já a tinha reivindicado. Ele viu quando uma lágrima escorregou dos seus cílios para pousar na sua bochecha cremosa.
Ele inclinou- se para a frente e lambeu a lágrima com a ponta da língua, arrancando um suspiro assustado da menina.
Ela renovou a sua luta, balançando para fora das suas garras e deslizou para o chão, atirando- se por ele e agarrando- se a algo deitado lá. Ele rosnou para o seu desafio e ele virou - se e caiu sobre ela, segurando- a no chão.
Ele prendeu o pulso dela acima da cabeça e o peso do corpo segurava o resto dela imóvel. Ela tentou desviá- lo dela, mas ele queria que ela soubesse a quem ela pertencia. Baixando a boca para a dela, ele rosnou baixo no peito. A rapariga atolou quando os seus lábios cortados através dela com um beijo possessivo.
Ele forçou os seus lábios separados com a pressão e aprofundou a posse. Ele queria- a e ela seria dele. As suas mãos deslizaram para cima do pulso dela para tirar os dedos dele quando ele sentiu a sua mão entrar em contato com a coisa que ela tinha agarrado do chão. Ele lambeu o interior da boca dela querendo provar tudo o que ela era.
Ele podia sentir os seus pensamentos lentamente voltando para ele, coisas que ele não deveria ter esquecido. Ele acalmou- se, mas o beijo não. A sua mente cintilou. Ele podia sentir o calor nas suas regiões inferiores e ele aterrado nos seus quadris contra ela.
Então algo se alterou dentro dele e a névoa vermelha na sua mente desapareceu. Toya tomou conhecimento de tudo, o corpo macio sob ele, o gosto do mel e a necessidade cegante de ter sexo nas suas veias. Por mais que ele não quisesse, ele soltou os lábios dela e levantou- se acima dela uma fração para olhar para os olhos de Kyoko.
Ele estava a beijá- la e queria continuar. Kyoko não pôde evitar que raios de fogo atirassem no seu corpo. Ela parou de lutar enquanto ele aprofundava o beijo. A sensação dos seus lábios dominando a dela com tanta paixão era uma sensação inata. Então ela sentiu a evidência da sua pressão de excitação duramente contra a sua coxa e que disparou outra rodada de calor através dela.
Ela sentiu- o lentamente mudar e subir acima dela e ele terminou o beijo. O que ela viu quase parou o seu coração. Os seus olhos estavam dourados, todos os traços da sede de sangue demoníaca se tinham ido. Ela olhou para a adaga que ainda agarrava na sua mão e notou que ele estava a tocá- la.
Ela suspirou de alívio ao perceber que Toya estava de volta. Toya viu Kyoko quando ela olhou para a lâmina e o seu olhar seguiu o dela. Então foi isso que aconteceu. Ele tinha mudado, e então ele tentou... Ele sabia que ela ficaria zangada com o que ele quase tinha feito.
Mesmo com o seu lado fora de controlo, ele a tinha escolhido como a sua companheira de vida. Ele sentou- se, tentando não olhar para ela e ele rolou para fora do seu corpo. Só depois que ele estava completamente fora dela, ele confiou em si mesmo para olhar para ela.
A primeira coisa que chamou a sua atenção foi o beijo dela com lábios inchados. Ele sentiu um rosar queimar as suas bochechas quando ele se lembrou do beijo e da sensação dos seus lábios contra os dele.
- Então é assim que o céu é. - silenciosamente ponderou e esfregou os olhos com uma mão por nenhuma outra razão a não ser esconder sua reação dela.
Kyoko virou o rosto para longe dele quando ela lentamente se levantou. Ela sabia que ele não queria beijá- la e provavelmente agora estava arrependido. Ela localizou a outra lâmina e entregou os dois punhais de volta para ele. Toya também se levantou, sem dizer uma palavra. O silêncio ao seu redor era ensurdecedor.
Capítulo 2 "A Chama do Ciúme"
Kyoko cerrou os dentes, a tensão entre eles era quase tangível e estava realmente a começar a desanimá- la. Toya sentou- se num galho na árvore perto da fogueira e Kyoko sentou- se perto da fogueira sozinha.
Eles ainda não tinham dito uma única palavra um ao outro e agora ele nem sequer olhava para ela. Ela franziu a testa sentindo- se ligeiramente insultada. Beijá- la era tão mau assim? Toya sentou- se na árvore de mau humor. Ele viu- a franzir a testa.
Ele é que a beijou. Ela não lhe disse uma palavra sobre o que ele tinha feito. Ele preferia que ela gritasse com ele ou algo assim, mas ele não sabia o que pensar sobre ela não dizer nada. Ela estava tão zangada assim com ele?
Ele deveria pedir desculpa? Os seus lábios diminuíram em negação. Ele não se desculparia por algo que não queria fazer. Ele deveria ignorar e agir como se não tivesse acontecido. Nesta altura, ele só queria que tudo voltasse a ser como era, embora ele mesmo não esquecesse o beijo.
Toya olhou para ela querendo saber o que ela estava pensar. Kyoko observava o céu quando começou a escurecer. Ela desejava que Kamui estivesse aqui, mas sabia que ele não voltaria até de manhã. A companhia teria sido bem- vinda. Agora, ela até se contentaria com Shinbe e Suki a começar uma briga entre si.
Ela sorriu... agora que sempre foi divertido. Ela brincou com a ideia de ir para casa, mas já era tarde e levaria horas para voltar ao Coração do Tempo, a menos que Toya a levasse. Lembrar- se do jeito que ele agiu todas as vezes que ela queria ir para casa impediu que ele pedisse para ele levá- la.
Ele parecia pensar que era um pecado deixar este mundo mesmo por um dia. A última coisa que ela queria fazer era começar uma briga com ele agora.
Ela estendeu a mão na sua mochila e puxou a sua capa fina, sem saber mais o que fazer. Talvez se ela corresse e dormisse, quando acordasse, alguém estaria ali... alguém além dele. Ele agiu como se já tivesse esquecido de beijá- la e isso irritava- a. Ele não disse que gostou. E ele não pediu desculpas.
Ele só não disse nada, como se nunca tivesse acontecido. Kyoko arremessou o cobertor para dormir e esticou- se nele, decidindo apenas olhar para as estrelas que estavam lentamente a começar a aparecer. Ela não pôde evitar, mas ela foi beijada duas vezes nas últimas 24 horas, e depois de nunca ter sido beijada antes, era só nisso que ela conseguia pensar.
Ela começou a comparar os dois beijos. O beijo de Kyou foi poderoso e emocionante, embora isso a assustasse por causa de quem ele era. Ainda assim, os seus lábios estavam quentes, e ela pensou que eles seriam frios. As mãos no corpo dela estavam quentes, ao invés do toque arrepiante que ela presumiu que ele teria.
Ela gemeu quando a memória enviou uma onda de calor através do seu corpo. Toya contorceu- se quando ouviu um gemido fraco vindo de Kyoko. Olhando para ela, ele notou que ela parecia perdida nos seus pensamentos. Os seus olhos escureceram para um ouro derretido.
O seu cheiro estava a mudar e estava a atraí- lo. Ele inalou o cheiro doce. Ela estava a pensar nele? Os seus pensamentos voltaram para quando ele tinha voltado aos seus sentidos, depois de mudar da sua forma amaldiçoada. Os seus lábios eram macios e ela não estava a lutar com ele. Ele ainda pode prová- la. Nada o afetou assim.
Kyoko era uma história diferente. Quando ela não estava a gritar com ele, ela era uma das pessoas mais felizes que ele já conheceu. Não que ele conhecesse muitos humanos, mas ainda assim, ela era como a sua luz na escuridão. Ele secretamente adorava protegê- la e mantê- la por perto.
Quase fez quebrar o coração de cristal do guardião a pena... Quase. Agora ele tinha que protegê- la de Hyakuhei e de todos os demónios ao redor. Ele olhou para ela sentindo que ela tinha adormecido. Ele sabia que se eles não se concentrassem em reunir o talismã, do que as coisas poderiam se tornar muito mortais... muito mortal para ela estar no meio de tudo isso.
É por isso que ele constantemente incentivava o grupo para continuar à procura. Toya saltou levemente da árvore e pousou calmamente perto dela. Ele perseguiu a distância de alcance dela e sentou- se. Ele sempre fazia isso depois que ela ia dormir para que ele pudesse estar perto dela se algo acontecesse, isso e o fato de que ele simplesmente gostava de estar perto dela. Ele relaxou num sono leve. O menor som acordá- lo- ia e ele estaria pronto.
Kyoko adormeceu... Sonhou. Toya tinha acabado de matar Hyakuhei e estava a sorrir enquanto se aproximou dela, esmagando- a contra ele. Ele parecia maior que a vida. Olhando profundamente nos seus olhos, os seus lábios aproximaram- se dos dela enquanto os seus olhos suavizavam. Ela podia ver o amor a brilhar neles. Ela hesitou, de repente inseguro do que estava a acontecer.
- E o portal do tempo... não preciso levar o coração de cristal do guardião de volta ao meu mundo? - sussurrou com preocupação.
Toya apenas sorriu para ela e balançou a cabeça.
- Não sabes que eu amo- te e nunca deixaria que saísses? - disse e baixou os lábios para os dela e o beijo tirou o seu fôlego. Era profundo e apaixonado. Parecia tão real. Ela fechou os olhos e o beijo mudou.
O beijo foi forte e sensual, tudo ao mesmo tempo. Percebendo a diferença, ela abriu os olhos e olhou para os olhos dourados de Kyou. Ela podia sentir as suas mãos no seu corpo, movendo- se lentamente e tentando- a para responder. Ela cedeu à sensação e fechou os olhos mais uma vez.
Foi quando tudo mudou e Kyoko sentiu um frio a percorrer a coluna. Os lábios quentes tornaram- se escaldantes e ela sentiu o mal a irradiar deles. As mãos acariciando o seu corpo eram como fogo e as garras desenhavam finas faixas de sangue por toda parte que tocavam. Os seus olhos abriram- se para olhar nos olhos da meia- noite... Hyakuhei.
Ela ouviu- o sussurrar com uma voz suave e sedutora manchada pelo mal...
- Ninguém pode salvá- lo.
Kyoko começou a lutar e podia ouvir- se os gritos, mas ele era muito forte. Ele estava a segurá- la com um aperto de morte. Ela gritou de novo, tentando lutar com ele. As mãos seguravam- na para baixo e desapareceram e ela sentiu- se levantada e pressionada contra algo sólido.
- Kyoko, acorda... Kyoko.
Espera... não era Hyakuhei... as suas lutas diminuíram. Ela sentiu uma mão a deslizar através do seu cabelo, embalando- a e fazendo- a sentir- se segura.
Lentamente, ela abriu os olhos e podia ver o cabelo escuro com madeixas prateadas. Ela foi pressionada contra o peito de Toya e ele segurava- a... balançando lentamente para frente e para trás. Pensando que ainda estava a sonhar, Kyoko aconchegou- se nele e fechou os olhos novamente não querendo que o sonho acabasse.
Enquanto Toya a segurasse, Hyakuhei não voltaria aos seus sonhos para assombrá- la. Ela estava quase no colo dele e podia ouvi- lo.
- Está tudo bem, Kyoko. Estou aqui contigo. Está tudo bem agora. Shhh...
Ela podia sentir o seu corpo ainda tremendo do sonho, mas ela acalmou- se com a voz suave de Toya. O som do seu batimento cardíaco embalava- a seguramente num sono sem sonhos.
Toya podia sentir que ela estava lentamente a acalmar- se. Ela quase o assustou até a morte, batendo e gritando enquanto dormia assim. O que quer que fosse, assustou- a e assustou- o muito. Ele puxou- a até que ela estava todo o caminho no seu colo. Ele segurou- a firme e o seu tremor lentamente diminuiu.
O seu rosto foi pressionado contra o seu peito e ele estava a embalar o seu corpo nos seus braços. Ela era leve como uma pena para ele e Toya amava aquela sensação.
- Shhh... Estou contigo. Nada te vai magoar. Eu não vou deixar. Agora volta a dormir, Kyoko.
Ele gentilmente balançou- a e as suas pontas dos dedos escovavam o seu cabelo do seu rosto. Ela foi expulsa do sonho e tinha os olhos fechados... mas ele podia sentir que ela sabia que ele era o único que a segurava. O seu coração pulou uma batida pensando que Kyoko sabia que ele a estava a segurar e ainda assim ela não se opôs.
Ela já estava voltar a dormir enquanto ele tocava levemente o seu rosto, traçando o contorno, e sentindo a sua pele sedosa. Enquanto dormia, ela parecia um anjo nos seus braços... o seu anjo. Isto era o que ele queria. Ele nunca deixaria ninguém tirá- la dele, nem os demónios e especialmente os seus irmãos.
Lentamente, para não acordá- la, Toya inclinou- se para trás no cobertor e colocou os dois para baixo, puxando a parte superior sobre eles. Ele manteve controlo sobre ela, mantendo o seu corpo contra o dele e enrolado em torno dela num abraço protetor. Foi o mais confortável que ele já esteve na sua vida e só levou um minuto para ele cair no primeiro sono profundo que ele teve desde... Sempre.