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O Escritor (Português Do Brasil)
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Danilo Clementoni

O escritor

As aventuras de Azakis e Petri

Título original: Lo Scrittore

Traduzido por: Christina Yaghi

Este livro é uma obra de ficção. Nomes, personagens, locais e organizações mencionadas são o resultado da imaginação do autor e têm a intenção de dar autenticidade à narrativa. Qualquer semelhança com eventos ou pessoas reais, vivas ou falecidas é meramente coincidência.

O ESCRITOR

Copyright © 2016 Danilo Clementoni

Primeira edição: Abril 2016

Publicação e impressão independente

facebook: www.facebook.com/libroloscrittore

blog: dclementoni.blogspot.it

e-mail: d.clementoni@gmail.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação deverá ser reproduzida em qualquer formato, incluindo por sistema mecânico ou eletrônico, sem a permissão expressa do editor, exceto trechos breves para resenhas.

Este é o terceiro volume da série


"As aventuras de Azakis e Petri”


Para apreciar na íntegra esta aventura emocionante, antes de iniciar este livro, recomendo a leitura dos volumes um e dois, intitulados respectivamente


“De volta à Terra”


e

“Interseção com Nibiru”


(Nota do autor)

A minha esposa e meu filho, pela paciência e sugestões inestimáveis, que auxiliaram o meu avanço e o meu romance.

Um abraço especial para a minha mãe e um beijo enorme para o meu pai que, embora adoecido e sofrente, me incentivou, com a sua presença e o seu olhar, a dedicar-me de corpo e alma a esta história maravilhosa.

Agradecimentos especiais a todos os meus amigos, pelo encorajamento e apoio contínuos, e pelo estímulo para a conclusão desta obra. Sem eles, não seria possível a sua concepção.

Introdução

O vigésimo planeta, Nibiru (o planeta de passagem), como foi denominado pelos sumérios, ou Marduk (rei dos céus), assim referido pelos babilônios, na verdade é um corpo celeste orbitando o nosso Sol num período de 3.600 anos. A sua órbita é substancialmente elíptica e retrógrada (gira em torno do Sol na direção oposta da de outros planetas) e nitidamente inclinada em relação ao eixo do nosso sistema solar.

Cada aproximação cíclica, com frequência, causou imensas turbulências interplanetárias no nosso sistema solar, assim como nas órbitas e na estrutura dos planetas em que consiste. Foi durante uma das suas transições mais conturbadas que o majestoso planeta Tiamat, localizado entre Marte e Júpiter, com uma massa de aproximadamente nove vezes a da atual Terra, rico em água e onze satélites, fora destruído numa colisão cataclísmica. Uma das sete luas que orbitam Nibiru atingiu o gigantesco Tiamat, cabalmente separando-o em dois e lançando as duas seções em órbitas opostas. Na transição seguinte (o "segundo dia" da Gênesis), os satélites remanescentes de Nibiru concluíram esse processo, destruindo completamente uma das duas porções formadas na primeira colisão. Os detritos gerados pelos múltiplos impactos criaram o que hoje conhecemos como "Cinturão de Asteroides" ou "Anel de Fragmentos", como veio a ser chamado pelos sumérios. Esse foi, em parte, engolido pelos planetas vizinhos. Júpiter, em particular, captou o grosso dos detritos, desse modo aumentando visivelmente a sua própria massa.

Os objetos do satélite nesse desastre, incluindo os sobreviventes de Tiamat, foram, em grande parte, "lançados" para órbitas externas, formando o que atualmente conhecemos como "cometas". A porção que sobreviveu à segunda transição então se posicionou numa órbita estável entre Marte e Vênus, levando consigo o último satélite restante e assim formando o que hoje chamamos de Terra, com a sua inseparável companheira, a Lua.

A ferida causada por esse impacto cósmico, que aconteceu há aproximadamente 4 bilhões de anos, ainda é parcialmente visível nos dias de hoje. A porção marcada do planeta está agora completamente coberta de água, no que hoje denominamos de Oceano Pacífico. Ele ocupa cerca de um terço da superfície da Terra, se estendendo por mais de 179 milhões de quilômetros quadrados. Ao longo dessa vasta área, praticamente não existem áreas de superfície, mas apenas uma grande depressão, com profundidades superiores a dez quilômetros.

Atualmente, a configuração de Nibiru é muito semelhante à da Terra. Dois terços estão cobertos pelas águas, enquanto o restante é ocupado por um único continente que se estende de norte a sul, com uma área de mais de 100 milhões de quilômetros quadrados. Por centenas de milhares de anos, alguns dos seus habitantes, aproveitando a aproximação cíclica do planeta ao nosso, nos fazem visitas sistemáticas, todas as vezes influenciando a cultura, o conhecimento, a tecnologia e até a própria evolução da raça humana. Nossos ancestrais se referiam a eles de muitas formas, mas talvez a que melhor os represente seja "deuses”.

Cenário

Azakis e Petri, os dois adoráveis e inseparáveis alienígenas protagonizando esta aventura, retornaram ao planeta Terra após um dos seus anos(3.600 anos terrestres). Sua missão? Recuperar uma carga preciosa, que tiveram de abandonar às pressas na visita anterior, devido a uma falha no sistema de acoplagem. Porém, desta vez, encontraram uma população terráquea bem diversa. Hábitos, tradições, cultura, tecnologia, sistemas de comunicação, armas. Tudo estava muito diferente do que haviam observado na visita prévia.

Na chegada, depararam-se com um par de terráqueos: a Doutora Elisa Hunter e o Coronel Jack Hudson, que se dispuseram a acolhê-los, e após inúmeras aventuras, ajudaram-nos a terminar a sua delicada missão.

Mas o que os dois alienígenas prefeririam nunca ter revelado a seus novos amigos era que o seu próprio planeta, Nibiru, estava rapidamente se aproximando e em apenas sete dias terrestres, cruzaria a órbita da Terra. De acordo com os cálculos dos seus Anciãos, um dos seus sete satélites chegaria perto o bastante para quase tocar o planeta, provocando uma série de mudanças climáticas, comparáveis àquelas de uma passagem prévia, que se resumiu numa definição: O Grande Dilúvio.

Nos dois livros anteriores ("De volta à Terra" e "Interseção com Nibiru"), apesar das incontáveis dificuldades, os protagonistas desta aventura foram capazes de salvar a Terra de um desastre, mas agora uma nova aventura os aguarda. A viagem para casa de Azakis e Petri sofreu uma sabotagem e uma ameaça ainda mais aterradora está prestes a sobrevir ao sistema solar inteiro.

No último livro, deixamos os ocupantes da majestosa Theos lutando contra a ativação repentina da sequência de autodestruição da espaçonave e é a partir daí que retomaremos a história desta nova e fantástica aventura.

Espaçonave Theos - A evacuação

— Abandonar a nave! — Azakis gritou em desespero.

A ordem incontestável do Capitão foi transmitida simultaneamente para todos os níveis da Theos. Após uma breve vacilação inicial, os poucos membros da tripulação automaticamente seguiram os procedimentos de evacuação, que haviam treinado em várias simulações de emergência.

"Oitenta segundos para autodestruição" anunciou novamente a tranquila voz feminina do sistema central.

— Depressa, Zak — gritou Petri. — Não temos muito tempo, precisamos sair daqui.

— Mas será que não podemos fazer absolutamente nada para interromper a sequência? — Azakis respondeu incrédulo.

— Infelizmente não, meu velho… De outra forma, não acha que eu já teria tentado?

— Mas simplesmente não é possível — o Capitão dizia, enquanto seu companheiro de aventuras o arrastava pelo braço na direção do módulo de comunicação interna número três.

— Na verdade poderíamos tentar interromper o procedimento, mas levaria pelo menos trinta minutos, e só nos resta aproximadamente um.

— Espere, pare! — exclamou Azakis, se soltando do aperto forte do amigo. — Não podemos deixar que exploda aqui. A onda de energia gerada pela explosão vai alcançar a Terra em poucos minutos, e a face exposta do planeta será atingida por uma gigantesca onda de choque que destruirá tudo em sua passagem.

— Já preparei o controle remoto da Theos, da cápsula. Vamos movê-la quando estivermos a bordo, contanto que você ande logo — Petri o repreendeu enquanto agarrava o braço do amigo novamente e fisicamente o arrastava até o módulo.

“Sessenta segundos para autodestruição.”

— Mas aonde quer levá-la? — Azakis continuou, enquanto a porta do módulo de comunicação interna se abria na ponte da cápsula, no nível seis. — Um minuto não bastará para chegar a uma distância suficiente para...

— Quer parar de tagarelar? — Petri o interrompeu. — Fique quieto e sente-se ali. Agora, eu vou cuidar disso.

Sem comentar mais nada, Azakis obedeceu e se sentou numa poltrona cinza, ao lado do console central. Como dezenas de vezes antes, em situações igualmente arriscadas, decidiu confiar totalmente na destreza e na experiência do companheiro. Enquanto Petri lidava, febril, com uma série de hologramas de manobra tridimensionais, ele pensou em checar a evacuação do restante da tripulação, contatando simultaneamente cada piloto. Em poucos segundos, todos confirmaram o desprendimento das suas cápsulas da espaçonave mãe. Estavam se afastando rapidamente. O Capitão deu um suspiro profundo de alívio e novamente voltou a atenção para a manobra habilidosa de seu amigo.

“Trinta segundos para autodestruição.”

— Saímos! — gritou Petri. — Agora vou mover a Theos.

— O que posso fazer para te ajudar?

— Nada, não se preocupe. Está em boas mãos — e piscou para ele com o olho direito, como os amigos terráqueos lhe ensinaram. — Vou colocar a nave atrás da Lua. Não poderá fazer estragos dali.

— Céus! — exclamou Azakis. — Não tinha pensado nisso.

— É por isso que estou aqui, não?

— A onda da explosão vai se partir no satélite, que absorverá toda a energia. Você é um fenômeno, meu amigo.

— E com certeza, não fará nenhum estrago na Lua — continuou Petri. — Não há nada ali, além de rochas e crateras.

“Dez segundos para destruição."

— Quase terminando... — Petri disse baixinho.

“Três... Dois... Um... ”

— Pronto! A Theos está em posição.

Exatamente nesse instante, na face oculta da Lua, nas coordenadas de grau decimal latitude 24.446471 e longitude 152.171308, correspondendo ao que os terráqueos chamavam de cratera de Komarov, houve um estranho movimento telúrico. Uma fenda grande e profunda, com bordas incrivelmente perfeitas, se abriu na superfície árida e acidentada da cratera, como se de repente uma lâmina enorme a tivesse cortado. Logo depois, um estranho objeto ovalado foi arremessado para fora numa incrível velocidade, como se tivesse sido atirado diretamente de dentro da cratera e se dirigido para o espaço, numa rota inclinada de aproximadamente trinta graus em relação ao plano perpendicular. O objeto permaneceu visível por apenas alguns segundos antes de desaparecer para sempre num clarão de luz azulada.

Na cápsula, através da abertura elíptica com vista externa, um clarão ofuscante iluminou o negro e gelado espaço exterior, inundando o interior da cápsula com uma luz quase irreal.

— Amigo, que tal sairmos daqui? — Azakis sugeriu preocupado, enquanto observava a onda de energia se expandir e rapidamente se aproximar da posição deles.

— Sigam-me! — Petri gritou no comunicador para os pilotos das outras cápsulas. Então, sem dizer mais nada, manobrou o seu veículo para rapidamente abrigar-se atrás do lado da Lua que está sempre virado para a Terra. — Aguentem firmes — disse, enquanto agarrava com firmeza os apoios de braços da poltrona de comando onde estava sentado.

Eles aguardaram em silêncio total, enquanto segundos intermináveis passavam, com os olhos fixos no monitor central, esperando que o movimento súbito da Theos conseguisse evitar uma catástrofe na Terra.

— A onda de energia está se dispersando no espaço — Petri disse baixinho. Ele fez uma breve pausa e então, após checar uma série de mensagens incompreensíveis que apareceram nos hologramas à sua frente, acrescentou: — e a Lua absorveu a porção direcionada ao planeta, com perfeição.

— Eu diria que você fez um trabalho realmente excelente, meu velho — Azakis comentou, depois de começar a respirar de novo.

— A única coisa que sofreu de verdade foi a pobre Lua. Levou uma surra e tanto.

— Imagine o que teria acontecido se a onda tivesse chegado à Terra.

— Teria queimado metade do planeta.

— Vocês estão todos bem? — Azakis se apressou a perguntar a todos os outros pilotos pelo comunicador, os quais, seguindo as manobras de Petri, também posicionaram as suas cápsulas no abrigo do satélite. Respostas reconfortantes vieram em seguida, e após o último capitão ter confirmado que a sua tripulação e o seu veículo estavam em perfeitas condições, ele se deixou afundar na poltrona e expirar todo o ar de seus pulmões.

— Deu tudo certo — Petri comentou, satisfeito.

— É, mas o que vamos fazer agora? A Theos não existe mais. Como vamos voltar para casa?

Tell el-Mukayyar – Clarão no céu

No acampamento-base da doutora Elisa Hunter, depois de pular dos braços da arqueóloga, a gatinha Lulu começou a perambular agitada, com o olhar fixo no céu. O sol estava se pondo, e uma linda lua quase cheia já se erguia no horizonte.

— O que foi, Lulu? — Elisa perguntou um pouco apreensiva, olhando a inquieta gatinha.

— Deve estar triste porque nossos amigos partiram — Jack comentou lacônico, tentando confortá-la ao mesmo tempo em que a acariciava embaixo do queixinho.

Inicialmente a gatinha pareceu apreciar a atenção, ronronando e esfregando o focinho na grande mão do Coronel. Mas de repente, ficou paralisada, emitiu um som estranho e voltou os olhinhos na direção do satélite pálido da Terra. Ambos a doutora e o Coronel, intrigados pelo comportamento bizarro, também se voltaram para a mesma direção. O que viram, após alguns instantes, os deixou sem fôlego. Um brilho anormal parecia envolver a Lua. Uma luz cintilante e branca, que se estendia por cerca de dez vezes o diâmetro do satélite, formou então uma espécie de coroa em volta do mesmo. Durou apenas alguns segundos, mas era como se outro sol tivesse subitamente aparecido no céu durante o crepúsculo, envolvendo a área toda com uma luz definitivamente artificial.

— Mas o quê... — o Coronel, perplexo, apenas conseguiu sussurrar.

Da mesma forma que surgiu, a luz anormal desapareceu e tudo parecia exatamente como antes. A Lua ainda estava ali, e o sol continuava preguiçosamente o seu descente por trás das silhuetas das dunas no horizonte.

— O que foi isso? — Elisa perguntou, com assombro.

— Não tenho a menor ideia.

— Por um instante, tive receio que a Lua tivesse explodido.

— Foi mesmo inacreditável — exclamou o Coronel, que com a mão aberta por sobre as sobrancelhas, verificava o céu límpido, procurando sinais.

— Azakis.... Petri... — Elisa disse, de repente. — Alguma coisa deve ter acontecido com eles, posso sentir.

— Ah deixa disso. Talvez foi apenas o efeito do arranque dos motores da nave deles.

— Não é possível. Aquilo foi como uma explosão real. Você deve conhecer essas coisas mais do que eu, não?

— Querida — o Coronel disse impaciente. — Para conseguir ver os efeitos de uma explosão como essa, de toda essa distância, seriam necessárias, pelo menos, cem bombas atômicas explodindo simultaneamente na Lua, ou talvez até mil.

— Mas então o que aconteceu?

— Poderíamos perguntar aos nossos amigos do exército. Afinal, ainda faço parte do ELSAD. Com todo o equipamento sempre posicionado para o céu, com certeza uma ocorrência desse tipo teria sido registrada.

— Até Lulu notou.

— Acho que essa gatinha é muito mais esperta do que nós dois juntos.

— Os felinos são uma raça superior — disse Elisa, ao apanhar a gatinha de novo. — Ainda não percebeu?

— É. Os antigos egípcios também os adoravam, quase como se fossem divindades.

— Exatamente, amor — disse Elisa, contente de que a discussão mudara para um assunto em que era bastante versada. — Por exemplo, Bastet era uma das divindades mais importantes e veneradas da antiga religião egípcia, representada como ou sob a aparência de uma mulher com cabeça de gato, ou diretamente como um gato. Inicialmente, Bastet era uma divindade do culto solar, mas com o tempo, tornou-se mais e mais uma deusa do culto lunar. Quando a influência grega se estendeu para a sociedade egípcia, Bastet se tornou permanentemente uma deusa lunar, quando os gregos a identificaram com Artemis, a personificação da "Lua Crescente".

— Ok, ok. Obrigado pela aula, Ilustríssima Professora — Jack disse com ironia, enfatizando a frase e se curvando levemente. — Mas agora vamos tentar entender o que diabos acabou de acontecer lá em cima. Vou fazer uns telefonemas.

— Não tem de quê, querido, pode contar comigo sempre — respondeu Elisa, elevando a voz gradualmente, enquanto o Coronel se afastava rumo à tenda do laboratório.

Tranquila novamente e de olhos fechados, Lulu estava desfrutando das carícias que a sua amiga humana lhe dispensava sem parcimônia.

Cápsula Espacial Seis - Inspeção lunar

Após a mão invisível de temor que lhe apertara o estômago finalmente desaparecer e deixar-lhe em paz, Azakis começou a caminhar agitado na ponte de comando da cápsula, murmurando sentenças ininteligíveis.

— Quer parar de andar em círculos como um pião? — Petri lhe deu uma bronca. — Vai desgastar o chão e vamos acabar à deriva no espaço como dois satélites velhos e abandonados.

— Mas como pode estar tão calmo? A Theos foi destruída, estamos a milhões de quilômetros do nosso próprio planeta, não podemos entrar em contato com ninguém e mesmo se conseguíssemos, seria impossível alguém vir nos buscar, e o que você está fazendo? Fica aí largado na poltrona como se estivesse de férias, sentado nas falésias do Golfo de Saraan, apreciando a vista ao pôr do sol.

— Relaxe, meu velho, relaxe. Vamos achar uma solução, você vai ver.

— No momento, não consigo pensar em absolutamente nenhuma, qualquer que seja.

— Por que está tão preocupado? São as ondas gama que o seu pobre cérebro cansado está emitindo, impedindo que raciocine com lucidez.

— Acha que é isso?

— Claro — Petri respondeu com um grande e belo sorriso. — Venha e sente-se ao meu lado, respire fundo algumas vezes e tente relaxar. Você verá, em breve tudo vai parecer bem diferente.

— Talvez tenha razão, amigo — disse Azakis, enquanto ao seguir o conselho do companheiro, jogou-se pesadamente na poltrona cinza do segundo piloto, — mas no momento, consigo fazer tudo, menos relaxar.

— Se prometer ficar calmo, vou deixar que fume uma daquelas coisas nojentas e fedorentas que sempre carrega consigo.

— Na verdade é uma boa ideia. Sei que ajudaria um pouco — Tendo dito isso, tirou do bolso um charuto enrolado à mão, longo e escuro, e após cortar as pontas com um estranho aparato multicolorido, colocou na boca e acendeu. Rapidamente tragou várias vezes, deixando pequenas nuvens azuladas de fumaça dispersarem na sala. Com um leve chiado, o sistema automático de purificação de ar foi acionado. Em poucos instantes, a fumaça desapareceu e com ela, o aroma doce e acre.

— Mas assim não tem graça — exclamou Azakis, que já estava de bom humor. — Tinha me esquecido da eficiência dos nossos sistemas de purificação.

— Foi você quem os projetou — respondeu Petri. — Não poderia ter sido de outra forma.

A tensão pareceu desvanecer lentamente.

— Vamos fazer um balanço da situação — propôs Azakis, enquanto com o charuto ainda entre os lábios, habilitava uma série de hologramas que se posicionaram em pleno ar, à volta dos dois alienígenas. — Temos quatro cápsulas operacionais, incluindo a nossa. A Theos-2 já aterrissou em Nibiru e as duas estão fora do alcance de ação do sistema de comunicação de vórtices ópticos — Ele expeliu mais algumas baforadas de pequenas nuvens de fumaça, depois continuou: — Combustível e estoques de comida estão a noventa por cento.

— Muito bem, vejo que está assumindo o controle da situação de novo. Prossiga — Petri insistiu, satisfeito.

— Todos os seis membros remanescentes da tripulação estão em perfeito estado. Os escudos e os equipamentos estão em eficiência máxima. O único problema é que não temos mais o H^COM para entrar em contato com os Anciãos e reportar sobre a situação.

— E é aí que você se engana — exclamou Petri.

— O que quer dizer?

— Ainda tem um H^COM funcionando.

— Mas o único que tínhamos foi destruído com a espaçonave.

— E o outro que deixamos com os terráqueos?

— Caramba, tem razão! Não pensei nisso. Temos que voltar e convencê-los a dar para nós.

— Relaxe, meu velho, relaxe. Temos tempo para isso. Primeiro, vou dar uma olhada na Lua, para ver se conseguimos recuperar alguma coisa da nossa bela nave que você alegremente partiu em pedacinhos.

— Eu? O que tenho com isso? Foi você que a explodiu lá em cima.

— E quem foi que perdeu o sistema de controle remoto?

— Mas isso foi culpa sua. A fivela estava com defeito.

— Está bem, ok! Já está feito. Agora vamos procurar resolver essa situação. Embora eu seja um otimista incurável, no momento, não consigo ver nenhuma solução brilhante.

— São as ondas gama — retrucou Azakis, devolvendo o troco ao amigo. — Assumindo, é claro, que os quatro neurônios vagando na sua cabeça oca ainda sejam capazes de emiti-las.

— Depois dessa piada lamentável, finalmente posso anunciar que o velho Zak está mais uma vez entre nós. Bem-vindo de volta.

— Então, consegue levar essa cápsula para o local da explosão sem colidir com nenhuma elevação lunar?

— Certamente, senhor. Às suas ordens — exclamou Petri, imitando as maneiras militares que observara nos seus amigos terráqueos. — Destino: Lua — acrescentou animado, após ligar os motores e estabelecer o curso rumo ao satélite.

Levou apenas alguns minutos para chegar ao lugar onde a Theos havia desintegrado. A cápsula começou a sobrevoar lentamente a área da face oculta da Lua que sofrera o impacto da explosão. O solo, normalmente muito irregular e cheio de crateras causadas por antigos impactos de centenas de meteoritos, que durante milhões de anos, literalmente o haviam perfurado, agora parecia incrivelmente liso e plano por cerca de seiscentos quilômetros quadrados. A onda de energia gerada pela explosão havia destruído tudo. Rochas, crateras e depressões não existiam mais. Era como se um rolo compressor gigante tivesse passado por cima da área, deixando para trás uma extensão interminável de areia leve e cinza.

— Inacreditável — exclamou Petri. — É como sobrevoar o imenso deserto de Sihar em Nibiru.

— Fizemos um grande estrago — Azakis disse, desanimado.

— Não. Não consegue ver como a vista é linda agora? Antes a superfície tinha mais rugas que o nosso Supremo Ancião, em vez disso, agora é lisa como a pele de um bebê.

— Acho que não resta muita coisa da nossa adorada espaçonave.

—Estou executando uma varredura detalhada da área, mas o maior pedaço que encontrei é de aproximadamente alguns centímetros cúbicos.

— Não tem como negar. O sistema de autodestruição funcionou muito bem.

— Ei, Zak — Petri exclamou, de repente. — O que é isso, na sua opinião? — e apontou para uma mancha escura no monitor principal.

— Não sei... Não é possível ver muito bem. O que dizem os sensores?

— Não estão captando nada. De acordo com eles, não há nada exceto areia ali, mas acho que posso ver outra coisa.

— É impossível que os sensores não possam captar nada. Tente fazer um teste de calibragem.

— Só um segundo — Petri mexeu numa série de controles holográficos, então proferiu: — Os parâmetros estão dentro dos limites normais. Tudo parece estar funcionando corretamente.

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