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História Dos Lombardos
24. Ao ouvir estas palavras do seu pai, Alboino pegou apenas quarenta guerreiros e foi a Turisindo Rei dos Gepidos, aquele com o qual pouco antes tinha combatido em guerra, e lhe expôs o motivo da visita inesperada. Este o acolheu com bondade e o fez sentar à sua direita onde geralmente costumava sentar Turismondo, o filho há pouco morto em batalha. Assim, acontece que enquanto a mesa variadamente arrumada ia se enchendo de comida, Turisindo foi oprimido pelo pensamento do filho morto que geralmente sentava-se naquele lugar onde agora estava o seu assassino, assim enfim, depois de dar profundos suspiros, deu voz à sua dor e disse: «Este lugar me é caro e para mim muito triste ver quem hoje está sentado». Então, estimulado pelas palavras do pai, o outro filho do Rei, que estava presente na sala, começou a insultar com injúrias os Longobardos, ridicularizando o seu hábito de cobrir-se com pequenas faixas brancas a parte baixa da perna, «são como aqueles cavalos que têm os pés brancos até o joelho», afirmou, «Não prestam para nada os cavalos aos quais vocês se parecem». Com estas palavras, um Longobardo respondeu:«Vá ao campo Asfeld e ali terá a prova do quanto chutam estes cavalos que fala; lá onde jazem dispersos os ossos do seu irmão, como aqueles de um jumento que não vale nada». Ao ouvir isto, os Gepidos, não suportando a humilhação, pularam de raiva e tentaram vingar-se da injúria. Os Longobardos, apesar disso, colocaram a mão no cabo das espadas prontos para combater mas o Rei, levantando da mesa, se colocou no meio, contendo os seus da ira e do combate e ameaçou punir quem por primeiro tivesse iniciado a batalha e também que «Não agrada a Deus a vitória de quem mata o hóspede na sua casa». Acalmada deste modo a disputa, retomou o convívio com ânimo alegre. Turisindo tomou as armas do filho Turismondo e as deu à Alboino e o reenviou incólume ao reino do pai. Ao voltar ao pai, Alboino desde então tornou-se seu conviva e enquanto recebia o luxuoso tratamento de Rei, contava de modo ordenado tudo que lhe tinha acontecido com os Gepidos no reino de Turisindo. Os presentes ficaram admirados e louvaram tanto a audácia de Alboino quanto a nobre lealdade do Rei Gepido.
25. Neste período, Giustino Augusto regia com prosperidade o império Romano, concluiu vitoriosamente muitas guerras e também na legislação civil deixou a sua marca. Com o patrício Belisario derrotou definitivamente os Persas e, sempre por obra do general Belisario, apagou, exterminando-os, a estirpe dos Vândalos capturando também o seu chefe Gelismero. Assim, reconquistou o Império Romano, depois de noventa e seis anos de domínio dos bárbaros e toda a África Romana. Depois, ainda com o valor de Belisario, derrotou na Itália a estirpe dos Gotos, aqui também capturou o seu Rei Vitige e depois ainda os Mauros com o seu Rei Amtalan, que infestavam a África. Sempre com a guerra submeteu também outras pessoas e por isso mereceu o título de Alamannico, Gótico, Franco, Germânico, Antico, Alanico, Vandalico e Africano. Colocou ordem nas leis dos Romanos, que tinham se tornado muito prolixas e com frequência inúteis e contraditórias, aboliu as numerosas promulgações dos muitos princípios que o tinham precedido em só doze livros e chamou este volume de Código Justiniano. Também as leis de cada um dos magistrados e juízes, que alcançavam quase dois mil livros, os organizou em cinquenta e chamou esta obra de Código dos Digestos ou das Pandette. Na nova forma, compôs os quatro livros das Instituições que reúnem os princípios gerais de todas as leis. Dispôs também que as novas leis emanadas por ele fossem reunidas em um volume e o chamou de Código Delle Novelle. Dentro dos muros de Constantinopla fez erguer um templo a Crisostomo, à Sabedoria de Deus Pai e o chamou com o vocábulo grego Agian Sophian, ou seja, Santa Sabedoria. A construção é magnífica e audaz, tanto que em nenhuma parte do mundo pode-se ver uma semelhante. Giustiniano era de fé católica, dirigido a operar e justo nas sentenças e é por isso que tudo lhe saía bem. Sob o seu reino, em Roma, vivia Cassiodoro, excelente tanto na ciência humana quanto nas coisas divinas, em particular compôs, com espírito elevado e aguda interpretação, os Salmos mais obscuros. Cassiodoro foi primeiro cônsul, depois senador e enfim monge. No mesmo período, também o abade Dionigi se estabeleceu em Roma e com grande perícia calculou o ciclo Pascoal. E ainda, Prisciano compreendeu as mais profundas leis da arte da gramática e Aratore, subdiácono da igreja de Roma, colocou em versos métricos os atos dos Apóstolos.
26. Neste mesmo tempo, também o nosso beato padre Benedetto brilhou pelos méritos da sua extraordinária vida e as virtudes apostólicos, antes em Subiaco, um lugar a quarenta milhas de Roma e depois na cidadela de Cassino chamada também “La Rocca”. Como é sabido, o beato Papa Gregorio nos seus Diálogos estendeu com belo estilo uma sua biografia. Eu também, elenquei em “metro elegíaco” um a um os seus milagres, dispondo-os em simples dísticos assim:
De onde iniciarei com os teus triunfos, oh Benedetto santocom o acúmulo de tuas virtudes de onde iniciarei?Glória a ti, padre beato, que com o próprio nome revelas o teu mérito!Brilhas da luz do século, Glória a ti, padre beato!Norcia, quanto puder une-te ao louvor ou a tu exaltada para quem, tão grande criou;Oh tu que ao mundo trazes o sol, Norcia, quanto puder une-te ao louvor.Oh criança labuta com prestígio, que com os costume trascende os seus anosE os velhos que ultrapassa, oh criança labuta com prestígio!Oh flor tua, oh paraíso, não curou aquilo que floresce no mundo,Não curou o esplendor de Roma a tua flor, oh paraíso.Recolhe amargurada a ama os pedaços do vaso partido,Feliz pode restituir o vaso recomposto a ama.Aqueles que de Roma têm o nome escondem entre os penhascos a reclusa;oferece a ajuda da sua piedade aqueles que de Roma têm o nome.De Louvor a ti, Cristo, ressoam os antros escondidos a todos os mortais;O frio, os ventos gélidos, as neves corajosamente os suportas por três anos;No amor a Deus não curas o frio, os ventos gélidos, as neves.É aceito o engano venerando, louvam-se os furtos que inspiram a piedade;Pois com ele se nutriu o homem consagrado a Deus, é aceito o engano.Dá o sinal que o alimento chegou, mas o lívido quer opor-se;Não de menos a outra fé dá o sinal que o alimento chegou.De acordo com o rito celebra a festa quem oferece escutar a Cristo;Nutrindo o que jejuar, de acordo com o rito celebra a festa.Ávidos pastores levam à gruta sustentação acolhidaMas leva alimentos desejados para almas serenadas.Fogo apaga fogo, enquanto as carnes são dilaceradas pelos arbustos;O fogo carnal é apagado pelo fogo celestial.Uma morte iníqua é ocultada, mas de longe ele adverte sagaz;Não suporta as armas da cruz a morte iníqua ocultada.Corrigem a mente que vagueiam leves hastes e a disciplinam;Leves hastes se fecham deixando fora a peste que vagueia.Um córrego de água perene jorra da rocha nativa;os aros de corações irrigam a onda perene.No fundo do desfiladeiro tinhas descido, aniquilando ao soltar-se do cabo;voltou a subir na superfície, deixando o fundo do desfiladeiro.Caído na água enquanto espera a ordem do pai, sobrevive;corre sobre a água, enquanto aguarda a ordem do pai.A onda acompanha a quem seguiu logo a ordem do mestre;a quem não sabia onde estivesse correndo, a onda o acompanhou.E tu, pequeno menino, és atraído na onda e não te afogues;e intervém, testemunho verdadeiro também tu, pequeno menino.Ficam tristes os pérfidos corações agitados da estímulos maus;inflamem-se do Inferno os pérfidos corações se entristecem.O corvo pega o alimento oferecido pelas mãos benignas;e ao comando leva para longe o alimento mortífero o corvo.Se o coração santo dói que o seu inimigo seja morto na queda;pela culpa do discípulo dói o coração santo;Nas margens amenas do Lírios gloriosos, guias te acompanham;do céu caíste nas margens amenas dos Lírios.Serpente iníqua, tu foste despido do bosque da área;para as pessoas que perdeste, oh iníqua serpente, tu te enfurecesses.Malvado que estás por cima, vai embora: deixa colocar nos muros os mármores;A sua ordem te dobra: vai embora, malvado que estás por cima.É visto um fogo voraz elevar-se com falsas chamas;mas tu, Gema reluzente não percebes aquele fogo voraz.Enquanto se joga na parede, com dilacera as vísceras do irmão;O irmão volta salvo, enquanto se joga na parede.Parece que isto foi feito escondido, ficaram admirados os glutões;do dom tido escondido aparece o fato.Tirano feroz, as redes de teu engano são vãs.recebas um freio para a tua vida, feroz tirano.Os muros gloriosos de Nuka por nenhum inimigo serão abatidos;um turbilhão – lhe diz – abate os gloriosos muros de Numa.Do fiel inimigo és golpeado, para que tu não ofereças o sagrado dom ao altar;Tu ofereces o sagrado dom ao altar; és golpeado pelo fiel inimigo.No futuro, ele vê cada recinto do rebanho dado pela mão a uma estirpe;mas aquela estirpe reconstroi cada recinto do rebanho.Oh servo amigo da fraude, estás frustrado com as lisonjas da serpente;mas não és presa da serpente, servo amigo da fraude.Mente arrogante, cala-te: não murmura de quem vês os pensamentos silenciados;tudo se revela ao profeta; cala-te, mente arrogante.Alimentos feitos descer do céu os caçam a negra fome;e ao mesmo tempo é expulsa a negra fome da mente.Ficam atônitos os corações de todos, que tu sem corpo esteja presente;que tu em visão de surdina, os corações de todos permanecem atônitos.Ao comando da voz tentam para as línguas;fogem do sepulcro ao comando da voz.ao comando da voz não é concedido a eles ficar durante o rito;junto aos ritos sagrados ao comando da voz.Parte-se a terra e do ventre rejeita o corpo sepultado;ao teu comando a terra partida no seu ventre o corpo.O pérfido dragão seduz o fugitivo a apressar-se;mas bloqueia o caminho proibido o pérfido dragão.Uma doença mortal abalou tua cabeça;ao teu comando foge a doença mortal.Piedoso ele promete a quem precisa do metal ocre sem tê-lo;por obra do céu o piedoso encontra o metal ocre.Tu, digno de compaixão, que lhe mancha a pele venenosas serpentes;obtém a pele intacta como antes, oh digno de compaixão.Fazem alternar as ásperas rochas de vidro, nem sabem parti-las;servem intactas as ásperas rochas de vidro.Por que camareiro, hesitas em oferecer uma gota do vaso?Veja: as jarras esborram. Por que hesitas camareiro?Como podes ter remédio tu que não tens qualquer esperança de salvação;Tu que sempre dás morte, como podes ter remédios?Ah, velho miserável, tu cais com os golpes do inimigo;mas com um golpe voltas a ti, velho miserável.As cordas do bárbaro apertam as mãos inocentes;Sozinhas se desfazem das mãos as cordas do bárbaro.Aquele soberbo a cavalo berra, grita ameaças,prostrado ao chão jaz aquele soberbo a cavalo.Nos ombros, o pai leva o corpo do amado filho extinto;o pai leva nos ombros o filho vivo.Tudo vence o amor: com a chuva ligou a irmã ao beato;fica afastado das pálpebras o sono, tudo vence o amor.Aceito pela sua simplicidade, voa no alto dos céus como uma colomba;Alcança o reino do céu, pela sua simplicidade.O abraçado a Deus, cujo todo o universo se revela,tu que os arcanjos manifestas ou abraçado a Deus.Em uma esfera de fogo com o justo se levanta no etéreo;o qual ardia um sagrado amor ou fecha uma esfera de fogo.Três vezes chamado alcança quem deveria ser testemunha do prodígio;precioso pelo amor do pai, três vezes chamado chega.O bom líder, que incentiva combater reforços com os exemplos o animate lanço primeiro entre as armas, oh bom líder, incentiva combater.Sinais congruentes compila deixando a vida comum;apressando-se na vida, sinais congruentes cumpre.Salmista assíduo, nunca concedia repouso à sua pena;cantando a Deus se reprime o assíduo salmista.Aqueles que só um coração tiveram, envolve um mesmo sepulcro;Igual glória envolve aqueles que tiveram um só coração.Um esplêndido caminho surge, aceso com tochas cintilantes;um caminho pelo qual o Santo ascendeu esplêndido apareceu.Ao alcançar o recinto rochoso, no seu devaneio obtém a salvação;foge do seu devaneio, alcança o recinto rochoso.Pobres versos compôs o suplicante servo em oferta;exilado, pobre, fraco, pobres versos compões.Aceitos te sejam, te rogo, oh guia do percurso do céu;Oh pai Benedetto, te rogamos, te sejam aceitos.Nós compomos também um hino em “metro iâmbico Arquilóquio”, que contém os únicos milagres do mesmo Pai Benedetto:
Com ânimo espontâneo, Irmãos, Venham; em Coro unem-se no canto; vivamos as alegrias destaradiosa festividade.Neste dia Benedettoque nos mostra o árduo caminho,o nosso pai subiu ao áureo reino, colhendo o prêmio de seu trabalho. Como estrela nova brilhava,que disperde as névoas do mundo. Ainda à margem da vidavoltou a fugir dos prados floridos do século. Poderoso ao operar milagres,do sopro de Deus inspirado,resplandeceu para prodígios e previuo que guardava o futuro.Destinado a dar alimentos a tantos, recompôs o exame do grão; escolhendo para si um angustiante cárcere, o fogo se extingue com fogo.Com a arma da Cruz partea taça que traz o veneno; disciplina a mente que vagueiacom o suave flagelo do corpo. Jorram riachos das rochas;o ferro retorna do fundo da água; obedecendo corre nas ondas;com um manto o menino escapa da morte.É revelado o veneno escondido;o alado realiza os comandos.Um desmoronamento esmaga o inimigo;volta atrás o rugente leão.Torna-se leve a pedra imóvel;o pedido imaginário se dissipa.Torna saudável quem estava despedaçado;o abuso cometido em outro lugar se revela.Astuto, está mascarado;indevido que oprime, está em fuga.Já são conhecidos, eventos do futuro;os teus mistérios mais escondidos, no coração.No sonho se põem as fundaçõesa terra rejeita os cadáveres.Pelo dragão é formado o fugitivo;moedas fazem chover o éter.Resiste o cristal à rocha;esborram de óleo os jarros.A sua vista desmancha as correntes;os mortos retornam à vida.O poder de tão grande luzé vencido pelo desejo da irmãquanto mais um ama, tanto maior a forçaque decifra para voar no céu.Reluz na noite um esplendordesconhecido antes das pessoas;percebe-se nele todo o globo,e entre as chamas o Santo em cruz.Entre estas coisas, com a sua palheta tornou claras admiráveis realidades, semelhantes ao néctar;traçou, de fato, uma linha precisade vida consagrada para os seguidores.Mas você, afinal guia poderoso para seus filhos,seja propício aos suspiros do rebanho;desencadeie ele no bem e se guarde da serpente para seguir no seu caminho.Gostaria de referir aqui um fato que o beato Gregorio não menciona na vida de San Benedetto, nosso pai fundador. Quando, por inspiração divina, vem de Subiaco nestes locais onde agora repousa, foi seguido por três corvos que ele costumava nutrir, eles voaram em torno por cinquenta milhas. Ao chegar a uma encruzilhada, lhe apareceram dois anjos em forma de jovens para indicar-lhe o caminho a tomar.
Sempre aqui vivia um Servo de Deus em uma humilde casinha ao qual o céu tinha dito: «Tenha cuidado destes lugares, um outro amigo está aqui». Ao chegar aqui, na Rocca di Cassino, Benedetto se mortificou em uma severa e contínua abstinência, sobretudo, no tempo de quaresma fazia retiro, afastado dos problemas do mundo. Estas notícias as encontrei no canto do poeta Marco, que vindo em visita a Benedetto compôs alguns versos em seu louvor, não os mostro aqui em seguida porque não quero alongar-me demais na narrativa. Foi com certeza o Céu a conduzir Benedetto neste local fértil sob o qual se estende um vale exuberante: queria que aqui se reunisse uma congregação de muitos monges, assim como acontece realmente, graças à orientação de Deus.
A terminar de narrar estas coisas, que não podia ignorar, volto à nossa história.
27. Audoino, Rei dos Longobardos, teve como esposa Rodelinda, ela gerou-lhe um filho, Alboino, adequada à guerra e valoroso na ação. Morto Audoino, o décimo Rei foi assim Alboino que se torna com os votos de todos. As muitas ações de Alboino o tornaram famoso e Clotario, Rei dos Francos, quis unir-se a ele dando-lhe como mulher a própria filha Clotsuinda, desta união nasceu só uma filha, Albsuinda.
No entanto, morreu Turisindo, Rei dos Gepidi, ao qual seguiu Cunimondo. Este, querendo se vingar das velhas rusgas sofridas, rompeu o tratado de paz com os Longobardos e preparou a guerra. Alboino tinha firmado um pacto perpétuo com os Avaros, aqueles que um tempo eram chamados Unos e só em seguida Avaros, do nome de um seu Rei. Alboino partiu para a guerra provocada pelos Gepidi e enquanto estes últimos, de várias direções, se moviam contra ele, como por acordos tidos com o Rei Longobardo, os Avaros invadiram o território dos Gepidos. Um triste mensageiro chegou à Cunimondo com a notícia que os Avaros tinham entrado nas suas terras. Abatido no moral, disposto em frente a uma escolha angustiantes, Cunimondo decidiu enfrentar antes os Longobardos e encorajando-os à batalha adicionou que depois de tê-los vencido teria expulsado da sua pátria os Unos.
A inevitável batalha foi conduzida com todas as forças, os Longobardos resultaram vencedores e cruelmente se lançaram contra os Gepidi com tanta fúria que os massacraram quase que completamente, tanto que a duras penas salvou-se quem levou a notícia do extermínio. Naquela batalha, Alboino matou Cunimondo e, retirando-lhe a cabeça, a fez de copo para beber, do tipo daqueles que junto deles são chamados “scala” e em latim “patera”. Fez também prisioneira a filha do Rei Gepide de nome Rosmunda e uma grande multidão de homens e mulheres de todas as idades. Alboino, dado que Clotsunda estava morta, tomou Rosmunda como mulher e sua futura desgraça, como depois ficou claro. Com aquela vitória, os Longobardos recolheram uma grande riqueza. A estirpe dos Gepidi foi destruída, quem escapou acabou na parte sujeita aos Longobardos e em parte sob o duro jugo do Império Uno que até hoje ocupa a sua pátria.
O nome de Alboino, em vez disse, surgiu com grande fama tanto que junto aos Bavaros, Saxões e outros homens que falam a mesma língua, conta-se que as suas proezas, a fortuna em guerra, o valor em batalha e a gloria. Sob o seu governo, os Longobardos fabricaram também muitas novas armas de uma madeira especial como se conta ainda hoje.
Fim do Primeiro Livro
Segundo Livro
1. Enquanto a fama das contínuas vitórias dos Longobardos se difundia em todos os lugares, Narsete, “Cartulário imperial” e governador na Itália, estava ocupado preparando a guerra contra o Goto Totila. Já tendo sido os Longobardos federados do Império, Narsete mandou embaixadores para Alboino pedindo-lhe de colocar-lhe à disposição um contingente auxiliar para a iminente guerra contra os Gotos. Alboino enviou um contingente de homens escolhidos que chegaram na Itália atravessando o golfo do mar Adriático. Estes aliados dos Romanos participaram das batalhas derrotando e exterminando os Gotos, matando também o Rei Totila, honrados e cheios de presentes, voltaram para as suas terras.
Por todo o tempo em que ficaram separados em Pannonia, os Longobardos foram Federados da República Romana e os ajudaram contra os seus inimigos.
2. Naqueles anos, iniciou uma guerra contra o Duque Buccellino. O Rei Franco Teodeberto, no momento de voltar para a Gália, o tinha deixado na Itália junto a um outro Duque, Amingo; tinham o dever de submeter toda a península. Buccellino mandou ricos presentes ao seu Rei, estas eram parte do grande saque acumulado e enquanto se preparava para passar o inverno na Campania, foi alcançado e vencido, por Narsete em uma dura batalha na localidade conhecida com o nome de Tanneto. Na batalha, o mesmo Buccellino é morto. Em seguida, Amingo tentou levar ajuda à Windin, um Conde Goto que tinha se rebelado a Narsete, ambos foram derrotados pelo general Romano, Windin foi enviado em exílio em Constantinopla enquanto Amingo foi assassinado pela espada de Narsete. Um terceiro Duque, Leutario, irmão de Buccellino, carregado com muito produto de saque, tentou voltar para a pátria, mas entre Verona e Trento, perto do lago Benaco, morreu de doença.
3. Narsete teve que arcar com ainda uma guerra contra Sindualdo Rei dos Brionos, uma parte daquela estirpe de Eruli que Odoacre levou consigo no tempo da sua vinda na Itália. Em Sindualdo, Narsete tinha dado muitos privilégios na qualidade de aliado de Roma, mas depois Sindualdo, tomado pelo orgulho e pelo ímpeto de reinar se rebelou a Narsete. Ele o derrotou em batalha e o capturou, depois Sindualdo acabou enforcado em uma alta trave.
Além disso, o Patrício Narsete, para o trâmite do general Digisteo, homem forte e belicoso, ocupou toda a Itália. Narsete foi para a Itália como Cartulario mas graças ao seu valor obteve o Patriciado. Era um homem pio, de religião católica, generoso com os pobres e cuidadoso na restauração das igrejas. Tão fervoroso nas vigílias e nas orações que obteve a vitória mais com as súplicas a Deus do que com as armas.
4. No tempo em que Narsete governava a Itália, explodiu uma gravíssima epidemia de peste na província da Ligúria. Inesperadamente apareceram manchas nas casas, nas portas, nos vasos e nas roupas, quando alguém tentava limpá-las estas se tornavam ainda mais evidentes. Passado um ano, aos homens apareceram glândulas grandes como uma noz ou uma tâmara nas áreas inguinais e em outras partes delicadas do corpo. A isto seguia uma forte febre que em três dias levava à morte. Quem conseguia superar os três dias tinha boas esperanças de sobreviver. Em todos os lugares havia luto e lágrimas e como entre o povo tinha se espalhado a voz de quem se afastava das casas podia sobreviver, elas eram abandonadas, vazias, só os cães ficavam para guardá-las. Permaneceram sozinhos nos pastos os rebanhos, sem pastores para vigiá-los. Onde antes se avistavam vilas e acampamentos cheios de gente, agora eram desertos e abandonados pois todos tinha fugido. Fugiam os filhos deixando sem sepultar os cadáveres dos pais, fugiam os pais deixando os filhos tomados pelas fortes febres. Quem persista e continuava oferecendo piedosa sepultura como por antigos costumes, era contagiado e ficava por sua vez sem ser sepultado. Ao oferecer a última honraria ao cadáver do defunto deixava o seu cadáver sem a honra da sepultura.
Os locais voltaram ao silêncio primordial, nenhuma voz nos campos, nenhum apito de pastores, nenhum perigo de feras para o gado, nenhum para os pássaros domésticos. As colheitas que já tinham que estar sendo colhidas, esperavam o colhedor, a vinha já sem folhas e com a uva avermelhada permanecia ilesa na videira enquanto já o inverno começava.
O silêncio reinava soberano onde antes se ouviam as trombetas de guerra e o estrondo das armas, nenhum viajante e nenhum combatente, mas mesmo assim havia cadáveres até onde o olhar pudesse alcançar. Os abrigos dos pastores tinham se tornado tumbas para os homens e as habitações para as feras. Mas esta desventura golpeou só os Romanos no território italiano até a fronteira com os Alemães e os Bavaros.
Enquanto isso acontecia na Itália, morria Giustiniano e em Constantinopla Giustino II (Segundo) assumiu o comando do estado. Narsete capturou Vitale, bispo da cidade de Altino, que muito tempo antes tinha fugido para Agunto no Reino dos Francos e o condenou ao exílio na Sicília.
5. Narsete, vencida cada estirpe Gota na Itália e também os outros que falamos antes, colocou junto riquezas de ouro, prata e outras coisas preciosas, suscitando grande inveja naqueles Romanos que ele tinha defendido e protegido dos muitos inimigos. O seu ódio produziu uma mensagem que mandou escondido para Augusto Giustino e sua mulher Sofia, uma mensagem que recitava assim: «Aos Romani é agradável ser escravo tanto dos Gotos quanto dos Gregos, do momento que nos governa um eunuco, Narsete, e nos mantém oprimidos em escravidão e que o nosso pio Príncipe o ignora. Libere-nos das suas mãos ou certamente entregaremos a cidade de Roma e com ela nós mesmos, aos pagãos.». Ao saber disso, Narsete respondeu com estas palavras: «Se agi mal com os Romanos, mal terei». O imperador, indignado com Narsete, mandou Longino para a Itália como Prefeito para tomar o lugar.
Narsete, amedrontado por estas coisas e sobretudo pela princesa Sofia, não ousou voltar para Constantinopla. A propósito disso, conta-se que a mulher do Imperador, ao saber que Narsete era um eunuco, disse que a teria colocado com as moças no gineceu para separar os novelos de lã. E parece que Narsete tenha respondido: «Irei tecer uma trama tal que enquanto for viva não poderá liberá-la». Mas depois, amedrontado e aborrecido pelo ódio da princesa, se afastou para Nápoles, uma cidade da Campania e ali enviou mensageiros ao povo Longobardo convidando-o a deixar a pobre terra de Pannonia para vir conquistar a bem rica Itália. Para seduzi-los à conquista, enviou muitos tipos de fruta e outros produtos dos quais a Itália é rica. Os Longobardos acolheram com favor aquela mensagem também porque já há tempo a esperavam e desejavam fazer isto, antecipando as muitas vantagens. E logo no céu da Itália apareceram à noite espadas de fogo, presságio daquele sangue que será versado para este acontecimento.