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A Posse De Um Guardião
Kyou novamente observou as emoções cruzarem o seu rosto com espanto, embora ele não mostrasse nenhuma evidência de estar surpreso. Ele colocou as mãos nos ombros dela e a sacudiu levemente. – Isto... Eu quero aprender isto.
Kyoko franziu a testa para ele. Do que diabos ele estava a falar?
Ele a sacudiu novamente – E isso, eu quero saber disso.
– O quê? – Ela gritou com ele, ficando com raiva. Kyoko deu-lhe um olhar estranho, perguntando-se silenciosamente se ele tinha perdido seriamente a cabeça.
– Sim, isso, tudo isso e isso também. – Ele a puxou para si e roçou os lábios nos dela num beijo ardente.
Kyoko engasgou quando ele a pegou de surpresa e deslizou a sua língua pelos seus lábios trazendo o seu corpo mais perto do dela, provando-a. No seu pânico... o poder do cristal enfraqueceu e ela empurrou contra ele, mas a sua força não tinha vontade real.
Kyou escolheu este momento para soltá-la quando a sua luta cessasse. Ele tinha defendido o seu ponto de vista, mesmo sendo o único que o entendia. O seu olhar nunca deixou o seu rosto quando ela caiu de costas contra o travesseiro, com as bochechas coradas. A imagem ficaria para sempre impressa na sua mente. Os seus seios subindo e descendo com cada respiração profunda. Os seus lábios se separaram ligeiramente. O seu longo cabelo ruivo se espalhou ao seu redor em ondas.
Foi o olhar de sedução inocente... que fez a sua virilha apertar e inchar. Ela já era dele... só que ela não sabia disso.
Kyoko colocou as costas da mão nos lábios numa tentativa de impedi-lo de fazer tal coisa novamente. Ela estava brava. Ela não entendeu. Ele queria aprender o que com ela? – Do que estás a falar? O que queres que eu te ensine? – ela fez as perguntas com uma voz trémula, sentindo como se ele estivesse a tentar arrastá-la para a sua insanidade.
Quando ela não obteve uma resposta rápida o suficiente, ergueu uma sobrancelha irritada para ele e sibilou: – Vai dar um salto voador. – Ela então enxugou a boca com as costas da mão como que para afastar a sensação do beijo dele.
Perdendo a paciência com ela, ele se virou para sair da sala. Por que ela não entendeu? Por que ela não percebeu que ele queria conhecê-la? Ele não podia libertá-la agora... desprotegida de Hyakuhei. O inimigo tinha ficado tão perto dela que agora estava a assombrar os seus sonhos... ele não permitiria.
Kyoko gritou com ele. – Eu quero ir embora! Deixa-me! Se eu não sei o que tu queres de mim, então não posso te ajudar! – Ela viu quando ele parou, as suas costas enrijeceram, mas ele não se virou para encará-la.
Kyou sabia o que queria dela, mas por enquanto, isso teria que servir. – Eu quero que tu me ensines as tuas emoções humanas. – Ele caminhou em direção à porta. – Talvez então… Vou entender por que estou preocupado em proteger um.
Ele saiu, fechando a porta atrás dele. Uma vez no corredor fora da sala, se encostou na madeira da porta. Isso foi... estranho. ele pensou com uma sobrancelha levantada. Rapidamente se endireitou e olhou ao redor para ter a certeza de que ninguém tinha testemunhado o seu momento de fraqueza.
Kyou ficou parado por um momento, pensando. Se ele pudesse fazer com que ela ficasse... mesmo que fosse apenas por um tempo, ele teria tempo de tentar fazer com que ela o amasse. Era hora de admitir o que ele estava a tramar... pelo menos admitir para si mesmo. Ele queria apenas mantê-la. Pela primeira vez na sua longa vida, ele queria algo que o seu irmão Toya possuísse.
Ele queria a sacerdotisa para si... queria ser o único a protegê-la. Era isso que eles chamavam de amor? Os seus olhos escureceram atraentemente. No fundo... ele conhecia as emoções, mas só ele estava ciente desse fato. Ele simplesmente não tinha um motivo para tocá-las há tanto tempo que elas se tornaram dormentes. Ele sorriu secretamente. Se ela queria deixá-lo... então primeiro, ela teria que conhecer o verdadeiro ele.
Primeiro, ele queria saber o que era o amor humano e ela seria a única a mostrar-lhe. Para fazer isso... ela teria que se apaixonar por ele. O seu sangue nobre já a tinha escolhido como sua companheira e ele não podia mudar isso. Não importa o quanto ela lutasse com ele... ele apenas lutaria mais.
Os olhos de Kyou ficaram mais brilhantes com o pensamento dela vindo até ele de boa vontade. Ele queria sentir todas essas emoções. Ele sabia por que o seu pai e irmãos pensavam que os humanos eram tão interessantes... vale a pena proteger. Eles achavam que cada um deles é diferente e, de alguma forma, intrigante. Ele achou fácil ignorar a maioria dos humanos... mas não a sacerdotisa. Ela era o enigma entre os humanos.
Já fazia muito tempo desde que o senhor do reino guardião esperava por qualquer coisa... Mas esta era uma batalha que ele não pretendia perder.
Capítulo 4 - Problema duploz
Kyoko sentou-se nos travesseiros olhando para a porta que tinha batido apenas alguns segundos antes. Os seus pensamentos estavam congelados no motivo pelo qual ele disse que ela estava ali. Kyou queria que ela lhe ensinasse emoções humanas? Por que o príncipe de gelo iria querer conhecer as emoções humanas? E por que ele iria querer aprender com ela?
Ela levou a mão aos lábios ainda sentindo a sensação de formigamento que o beijo dele causou. Os olhos de Kyoko se estreitaram quando ela baixou a mão pensando. Uma coisa é certa! Kyou já conhece duas emoções... raiva e presunção.
*****
Hiroki e Hiraru abriram a porta espreitando, procurando pela menina bonita. Nunca houve uma menina no castelo ou pelo menos uma que eles já tivessem visto. Já fazia muito tempo que eles não viam outro humano entre eles. Estavam tão acostumados a ver Kyou que nunca lhes ocorreu que estavam perdendo nada até agora. Agora não podiam manter a sua curiosidade sob controle.
Olhando um para o outro quando não viram nada de imediato, eles se inclinaram um pouco mais para ver completamente o travesseiro onde a menina estava deitada. Vendo que ela ainda estava ali, eles quase caíram um sobre o outro no processo.
Os olhos de Kyoko brilharam consideravelmente quando ela viu os meninos gémeos. Eles eram tão adoráveis e, novamente, ela se perguntou como alguém como Kyou poderia ter esses dois lindos filhos na sua companhia. Simplesmente não combinava com a sua personalidade fria.
Na sua corrida para o lado dela, um deles tropeçou, mas felizmente caiu na ponta do travesseiro, em vez do chão de mármore implacável. Kyoko não pôde evitar e riu, levando-o nos braços e colocando-o de volta em pé. Ela observou o outro gémeo correr e abraçar o seu irmão. As suas bochechas estavam pressionadas juntas olhando para ela com sorrisos idênticos. Eles eram tão adoráveis e a lembravam do seu irmão mais novo quando ele era pequeno.
– Tenha cuidado. – advertiu Kyoko. – Você não deve correr em pisos tão escorregadios. Meu nome é Kyoko.
– Hiya Kyoko. Ele é o meu irmão Hirok … – E ele é o meu irmão Hiraru. – Eles terminaram as frases um do outro.
– É muito bom conhecê-los. – Kyoko assentiu.
– Você é muito bonita. – Hiraru disse calmamente.
Kyoko mentalmente gritou com sua fofura, mas se segurou. – Obrigada Hiraru, devo dizer que vocês os dois são muito bonitos também.
Ambos coraram docemente e Kyoko estava achando mais difícil evitar abraçar a vida deles. Ela olhou para a porta e depois de volta para eles. – Vocês sabem onde Kyou está?
Hiroki e Hiraru trocaram olhares de cumplicidade. – Acho que ela gosta dele. – sussurrou Hiroki.
Os lábios de Kyoko se separaram, mas nada saiu e ela corou.
– As bochechas dela estão vermelhas. – disse Hiraru. – As bochechas da mamã sempre ficavam vermelhas quando o papá a abraçava. Você acha que Kyou abraçou Kyoko?
Kyoko resistiu ao desejo de cair e enterrar o rosto no travesseiro. Ele fez mais do que me abraçar, o pensamento passou pela sua cabeça. Tentando se distrair, ela notou as manchas de sujidade nas mãos do menino e sorriu. Meninos seriam meninos e parecia que aqueles dois estavam a brincar do lado de fora.
Kyoko estendeu a mão e levantou a mão de Hiroki virando-a com a palma para cima. – Andamos brincando na terra, não é? – ela piscou.
– Precisamos tomar um banho agora. – Hiraru informou, sabendo que Kyou nunca teve as mãos sujas. Os gémeos olhavam para ele e queriam ser como o herói deles. – Você vem tomar banho connosco?
Kyoko balançou a cabeça, – Eu não acho que seria uma ideia muito boa. – Ela vacilou quando os gémeos cada um pegou a mão e tentou colocá-la de pé.
– Kyou não se importará. – disse Hiroki. – Assim que ele vir como você é bonita quando estiver limpa, talvez ele te abrace.
Os olhos de Kyoko se arregalaram novamente e ela gemeu mentalmente. Ela não queria que Kyou a abraçasse... ela queria que Kyou a deixasse ir. Foi quando realmente ocorreu-lhe... as crianças não sabiam que ela estava a ser mantida contra s sua vontade.
Os pequenos gémeos sorriram inocentemente para ela, puxando-a em direção à porta. A sua resolução de ficar exatamente onde estava despedaçada quando viu os seus pés descalços sujos. Ela se perguntou quem tomava banho e cuidava deles. Todas as pequenas coisas que a sua mãe costumava fazer por ela, que ela tomava como certas, não foram dadas a esses lindos meninos.
Kyoko não sabia o que fazer, então ela apenas balançou a cabeça e seguiu as crianças para fora da porta e pelo corredor. No momento, era uma vantagem apenas sair daquela sala. Havia grandes tapeçarias e pinturas que revestiam as paredes... mais do que alguns Kyoko não teria se importado de dar uma vista de olhos mais de perto, mas ela não estava prestes a marcar uma consulta. Ela tinha um motivo oculto... encontrar uma maneira de sair do castelo e voltar para Toya.
As pequenas mãos segurando as dela continuaram a puxá-la corredor abaixo até um conjunto de degraus em espiral de mármore branco. A escada era tão íngreme que Kyoko apertou ainda mais as mãos das crianças, não querendo vê-las tropeçar e cair na pressa. No fundo, eles a conduziram através de um conjunto de portas duplas. Kyoko sentiu a mudança de temperatura e humidade... ela piscou de surpresa e olhou em volta com os lábios entreabertos de admiração.
A sala era enorme, com uma fonte termal tentadora borbulhando confortavelmente no centro do piso de pedra. A pedra se estendia até as paredes, onde era forrada com almofadas macias e fofas, criando um ambiente muito confortável. Sob as circunstâncias certas... poderia ter sido considerado romântico.
Seguindo a parede, esticou o pescoço percebendo que ela subia pelo centro do castelo, levando a diferentes alas e deixando entrar a brisa e o sol. Se estivesse chovendo, ela estaria molhada agora.
– Bem, pelo menos isso está mais perto de estar do lado de fora do que eu. – ela olhou para baixo e sorriu quando os dois meninos olharam para ela com curiosidade. – É lindo. – ela balançou a cabeça, não querendo preocupá-los com as suas próprias divagações.
Kyoko se lembrou de Toya uma vez dizendo-lhe que Kyou vivia num ambiente luxuoso... isso por si só já o confirmava. Ela não podia dizer o quão grande o castelo era, e ela não tinha a certeza se queria descobrir. Já era mau o suficiente que ela estivesse a ter problemas para se lembrar como ela chegou a este quarto.
Seguindo a sua linha de visão de volta à nascente, ela notou onde havia materiais macios para secar e vapor a sair da água aquecida. Ela passou a amar absolutamente as pequenas fontes termais que muitas vezes encontravam neste mundo, mas esta era... a melhor coisa desde o pão fatiado. De certa forma, era ainda melhor do que ela tinha no seu mundo moderno.
Parecia quase bom demais para uso geral e ela se perguntou se aquela era a área de banho pessoal de alguém. Ela estremeceu quando a ideia de que esta poderia ser a casa de banho privativa de Kyou entrou na sua mente. Dando uma rápida vista de olhos ao redor para ter a certeza, ela deu um suspiro de alívio ao determinar que ele não estava por perto.
Kyoko olhou para Hiroki e Hiraru nervosamente. – Nós deveríamos estar aqui?
Eles sorriram, saltando de entusiasmo. – Queríamos que Kyoko viesse connosco como a mamã costumava fazer! – Com isso... os gémeos começaram a se despir e a correr para a água, rindo de alegria.
O queixo de Kyoko caiu. – Como a mamã costumava fazer? Ela piscou várias vezes se perguntando como duas crianças tão doces e inocentes tinham sobrevivido sem a sua mãe e como era que acabaram vivendo com o príncipe de gelo.
*****
Kyou andou para frente e para trás dentro das paredes do seu quarto se perguntando o que ele faria com Kyoko. Ele não estava preocupado com Toya e os outros, mas o fato de Hyakuhei ter ficado tão perto dela não o deixou feliz. Se ele não tivesse chegado primeiro, o que teria acontecido?
Balançando a cabeça, ele rosnou com a pergunta. Ele sabia exatamente o que teria acontecido. Hyakuhei a teria seduzido e então a usado para reunir o talismã e abrir um portal para o seu mundo. Ele ainda conseguia se lembrar da suavidade na sua voz quando ela disse o nome de Hyakuhei no seu sono. Esse pensamento por si só foi o suficiente para fazê-lo querer explodir com raiva. O seu tio não merecia tocar... NUNCA tocaria no que era dele.
Ele parou de andar e olhou para o espaço. Ele, ele gostava daquele som. O único problema que enfrentou no momento foi ganhar mais confiança dela e fazê-la ver que ele era o único que teria a capacidade de protegê-la da maneira que ela deveria ser protegida. Para que pudesse fazer isso, precisava mantê-la ao lado dele e se certificar de que ela permanecesse assim.
Ele sabia que poderia forçá-la a ficar, mas também percebeu que isso só faria com que ela o odiasse. Ele tinha trabalhado a maior parte da sua vida mantendo os humanos à distância, mas Kyoko... ele não a queria distante. Se ela nunca deixou o castelo, então o mal nunca poderia alcançá-la. Ele queria que ela quisesse ficar de boa vontade, como os gémeos.
Um breve sorriso enfeitou os seus lábios pensando nas crianças humanas que ele acomodou na sua casa. A expressão desapareceu quando a sua mente voltou ao passado... manter os gémeos tinha sido um acidente.
Os humanos que ficaram presos neste mundo, milénios atrás, tiveram que lutar contra os demónios deste mundo para sobreviver. Mas muitas vezes eles foram mortos em idades precoces por causa da sua fraqueza, então a população não tinha crescido muito. Aqueles que sobreviveram até a idade adulta muitas vezes passam a vida inteira lutando contra os demónios que assolam este mundo.
Os guardiões e humanos mais fortes dentro deste mundo tentaram mantê-los protegidos, mas eles nem sempre podiam estar lá na hora certa.
Essa foi a situação com os gémeos. Não muito tempo depois que o Cristal do Coração Guardião foi quebrado, Kyou ouviu falar de uma vila perto do seu castelo sendo atacada pelos subordinados do seu tio e ele sabia que devia haver um talismã lá para Hyakuhei mostrar tanto interesse. Além disso, a aldeia estava dentro do seu território e, portanto, sob a sua proteção. Infelizmente, por razões que ainda não tinha descoberto, ele não sentiu os demónios se aproximando até que fosse tarde demais.
Quando Kyou chegou, a aldeia estava sob ataque de vários demónios de fogo aerotransportados. Os gémeos foram os únicos que sobraram e isso foi apenas porque os seus pais os esconderam numa caverna sob a sua cabana. Ele não tinha ouvido os seus gritos sob o abrigo em chamas? Kyou achou difícil pensar sobre aquela parte disso que o levava constantemente a um estado de confusão.
Depois de retirá-los dos destroços, ele reparou que os gémeos estavam adornados com um colar feito com os pedaços quebrados do Cristal do Coração Guardião. Os olhos azuis cristalinos dos gémeos combinavam com a cor da joia pendurada no seu pescoço enquanto choravam pela família que lhes fora tirada.
Ele ficou ali olhando ao redor da aldeia destruída enquanto os gémeos agarraram as suas pernas, escondendo os seus rostos contra ele.
Kyou achou estranho que ambos os fragmentos tivessem a forma de uma lágrima... quão irónico ele olhou ao redor da vila que tinha sido massacrada deixando para trás a própria razão de ter sido demolida. O Cristal do Coração Guardião de alguma forma escondeu as crianças dos monstros que vieram atrás delas? Considerando a natureza desconhecida do cristal e os muitos segredos que ele continha... não o teria surpreendido.
Sabendo que outros viriam buscar os colares manchados, Kyou rapidamente removeu os fragmentos dos seus pescoços. Ele tentou se convencer várias vezes de que era parte do seu dever como guardião proteger o talismã, mas, novamente, a emoção constantemente influenciava as suas decisões. Mais tarde, relembrando o acontecimento, ele teve que parar de associar a si mesmo e seus irmãos aos gémeos. Como os filhos, eles não tinham família, exceto um ao outro.
Já escondendo sentimentos por Kyoko, o deixou curioso sobre os seres humanos, então quando os gémeos tentaram andar atrás dele... querendo segui-lo... ele percebeu que eles também morreriam sem a ajuda dele.
Algo sobre os rostos manchados de lágrimas e a maneira como olharam para ele fez o seu peito parecer apertado e pesado... ele não os deixaria. A decisão tomada, ele se virou e os pegou nos seus braços e os trouxe para casa atrás das paredes onde os demónios não poderiam encontrá-los. Ele cuidaria dos irmãos humanos e aprenderia o segredo de por que o Cristal do Coração Guardião protegia tal raça.
Tirando as memórias da sua mente, ele puxou a corrente da sua camisa e olhou para a esfera que estava ali. Os fragmentos do cristal que ele tirou das crianças.
Ele o ergueu até ao nível dos olhos para observar as pequenas lágrimas flutuando dentro da barreira que ele lhes dera. Tão lindas lascas de cristal azul que pareciam nadar num mar de lágrimas que haviam causado. Lágrimas que ele sabia que os gémeos ainda derramavam pela sua família perdida, embora estivessem vindo com menos frequência do que antes. Ocasionalmente, enquanto descansava, um ou ambos tentavam rastejar para a cama com ele para dormir. Ele não entendeu esse aspeto do conforto, mas permitiu, curioso.
Deslizando o colar de volta no seu esconderijo, Kyou voltou para a sala onde ele tinha colocado Kyoko e abriu a porta. Sem pisar dentro, ele podia sentir que a sala estava vazia e a sua raiva cresceu. Ele não disse que ela estava livre para sair. A sua expressão endureceu... Ela teria que aprender o seu lugar se ele quisesse protegê-la.
Ele inalou lentamente, detetando o cheiro dos gémeos misturando-se ao dela. Ele caminhou em silêncio até uma das duas varandas que ladeavam o corredor do lado de fora do quarto dela. Este levava ao centro do castelo e ele olhou para as fontes termais que ficavam lá dentro.
Ao vê-la novamente, Kyou sentiu a sua raiva esfriar. Ela não tinha fugido como ele pensara inicialmente. Ele silenciosamente a observou das sombras enquanto ela falava com os irmãos.
*****
Kyoko caminhou até a borda da fonte termal fechada, ainda indecisa sobre se ela deveria ou não estar aqui assistindo os gémeos se banharem ou tentando encontrar uma maneira de sair completamente do castelo. Ver a felicidade despreocupada das crianças aliviou as suas preocupações por alguns minutos. Enquanto eles estivessem com ela, nada aconteceria... certo?
Deixando a sua mente relaxar, ela se sentou no forro de pedra que cercava a água aquecida, enfiando os pés enquanto observava os gémeos humanos. Ela ainda estava curiosa para saber como as criancinhas vieram parar aqui, com Kyou. – Hiroki, Hiraru, onde estão a sua mamã e papá?
Os gémeos pararam de espirrar e se voltaram para Kyoko com uma inclinação das suas cabecinhas. – A aldeia foi atacada e todos desapareceram nas chamas. – Hiroki pegou um pedaço de pano da lateral, mergulhou-o numa tigela na lateral da fonte e começou a esfregar o seu corpinho.
Kyoko ficou surpresa ao ver que fazia espuma enquanto ele esfregava a pele. Então, os pais dos gémeos estavam mortos? – Como você veio para aqui para ficar com Kyou? – Ela assistiu Hiraru caminhar até ela sorrindo.
O seu rostinho inclinado para Kyoko e ela podia ver o calor nos seus olhos. – Os demónios teriam nos levado também, mas Kyou os impediu e agora podemos ficar com ele. – ele se virou e lançou água em Hiroki, livrando-se do sabão enquanto continuava respondendo à pergunta dela. – Os demónios não podem nos encontrar agora. Eles não podem nem mesmo ver este lugar, Kyou disse. – Kyoko assistiu Hiroki lutar para molhar o cabelo de Hiraru e ensaboá-lo.
– Então... Kyou os salvou e agora ele os vigiava como um pai faria? – As sobrancelhas de Kyoko se ergueram em confusão. Aquilo não parecia do Kyou que ela começou a temer. O seu olhar se suavizou por um segundo se perguntando se ela realmente o conhecia. – Um príncipe do gelo com coração? – Ela riu da sua própria piada.
Percebendo o fluxo de sabão fazendo o seu caminho em direção aos olhos de Hiraru, Kyoko decidiu oferecer a sua ajuda. – Você gostaria que eu o ajudasse a lavar o seu cabelo?
Quando as crianças assentiram e riram, Kyoko criou coragem e tirou as roupas, em seguida, deslizou para a água para ajudá-los, ignorando completamente o fato de que no momento ela deveria estar tentando encontrar um caminho de volta para os outros guardiões e longe, longe do guardião que se tornou o seu carcereiro.
*****
– Como eu deveria saber que Kyoko estava voltando através do portal do tempo no meio da noite? – Toya gritou para o céu como se Kyou ainda pudesse ouvi-lo. Demorou um pouco para que Shinbe o acalmasse.
Todos eles entraram em pânico no início, quando traços leves de vermelho começaram a se infiltrar nas íris de Toya. Quando Toya começou a destruir árvores selecionadas ao seu redor, eles decidiram recuar um momento e deixá-lo trabalhar um pouco a sua raiva em vez de deixá-la crescer a um nível tão perigoso.
– E Hyakuhei aparecendo assim... ela poderia ter sido raptada! – Toya continuou a se enfurecer em confusão enquanto os seus olhos se transformavam em prata de raiva e então refletiam de volta em ouro enquanto a preocupação reentrava na sua mente. Ele olhou para trás, para o local onde Kyou a tinha segurado contra a sua vontade.
– O que estou dizendo? Ela FOI raptada. Caramba! – ele rosnou taciturnamente.
Shinbe era o oposto de Toya... ele permaneceu calmo diante da sua sacerdotisa desaparecida. – Raptada ou salva? – Ele questionou quando a sua mão apertou o seu cajado na incerteza. O que Kyou estava pensando? Ele tinha a certeza de que havia mais nessa história do que Toya estava contando a eles.
O seu olhar ametista observava cada movimento de Toya na esperança de que o seu maldito lado demoníaco ficasse adormecido. A última coisa que eles precisavam era do sangue de demónio de Toya assumir o controle e tornar a situação pior. – Kyou nunca foi conhecido por ser bom... mesmo quando ele estava realmente a ajudar. Talvez ele a tenha levado apenas para mantê-la segura até que Hyakuhei fosse embora.
Toya cerrou o punho sabendo que os outros não tinham visto o que ele tinha visto. Ele não queria contar a eles. De alguma forma... dizer em voz alta tornava tudo muito mais verdadeiro, mas eles tinham o direito de saber o que o seu irmão mais velho estava a fazer. – Kyou não a trará de volta.
– Por que não? – Kamui falou pela primeira vez desde que Hyakuhei tinha desaparecido. – Ele é um guardião... um de nós. Por que ele não a trouxe de volta para nós?
Suki ouviu em silêncio enquanto os irmãos tentavam resolver tudo. Ela ainda estava em choque com o fato de Kyou ter aparecido. Até agora, ele tinha praticamente ficado fora da guerra como se não fosse problema dele. As suas esperanças aumentaram com o pensamento de que talvez agora ele tivesse decidido ajudar, mas as palavras seguintes de Toya a fizeram estremecer de pavor.
– Porque ele a quer só para ele... o bastardo egoísta a quer para si. Ele nunca tocou outra mulher que eu já visse assim... o que significa que ele provavelmente a escolheu para sua companheira. – Toya parou de andar percebendo o que ele acabara de dizer.
Os seus olhos mudaram de volta para ouro puro quando ele os ergueu para olhar para os outros. O queixo de Shinbe caiu e os olhos de Suki eram do tamanho de pratos, mas era com Kamui que ele estava mais preocupado. Os olhos de Kamui estavam escondidos atrás do cabelo roxo indomado enquanto o rapaz olhava para o chão, mas Toya podia ver os seus dedos cerrados em punhos.