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José, O Grande Servo
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JOSÉ,

O GRANDE

SERVO

Juan Moisés de la Serna

Traduzido por Ju Pinheiro

Tektime Editorial

2019

“José, o Grande Servo”

Escrito por Juan Moises de la Serna

Traduzido por Ju Pinheiro

© Juan Moises de la Serna, 2019

© Tektime Editorial, 2019

Todos os direitos reservados

Distribuído por Tektime

https://www.traduzionelibri.it/

Não é permitida a reprodução total ou parcial deste livro, nem sua incorporação a um sistema de computador nem sua transmissão em qualquer maneira ou por qualquer meio, seja ele eletrônico, mecânico, por fotocópia, por gravação ou outros meios, sem a autorização prévia e por escrito do editor. A violação dos direitos acima mencionados pode constituir um delito contra a propriedade intelectual (Art. 270 e seguintes do Código Penal).

Dirija-se ao C.E.D.R.O. (Centro Espanhol de Direitos Reprográficos) se precisa fotocopiar ou digitalizar qualquer trecho desta obra. Você pode entrar em contato com C.E.D.RO. através do site em www.conlicencia.com ou pelo telefone 91 702 19 70 / 93 272 04 47.

© Juan Moisés de la Serna, 2019

Dedicado aos meus pais

Conteúdo

1.INFÂNCIA SOLITÁRIA 6

2.AS ABELHAS 10

3.CONHECE MARIA 15

4.VÊ O CAJADO PELA PRIMEIRA VEZ 19

5.CONHECE O EREMITA 49

6.QUEDA E CASTIGO 81

7.MAIORIDADE 93

8.O PAI CONTA SOBRE SEU CHAMADO 111

9.EVITA UMA GUERRA 133

10.CONHECE A MARIA CRIANÇA 145

11.AJUDA O REI 177

12.ENCONTRO COM MARIA 194

13.CASAMENTO DE JOSÉ E MARIA 228

14.É PAI, NASCE JESUS 246

15.MESTRE DE JESUS 272

16.MORTE DE JOSÉ 319

 INFÂNCIA SOLITÁRIA

Esta é a história de um príncipe cujo nome era José. Descendente direto do Rei Davi que, de acordo com a tradição de Israel, era dele que surgiria aquele que seria chamado de MESSIAS. Um grande Rei que viria com tal poder que conseguiria que Israel fosse uma Nação, a mais poderosa, ainda maior do que na época do Rei Davi ou Salomão, que foram os maiores Reis que já havia existido até então.

A história que vou contar começa quando José era criança. Ele tinha a idade de quatro anos e era um menino normal que vivia perto de uma cidade, em um palácio no campo, pois era príncipe da casa real. Seu pai tinha muitos criados, campos, casas e muitas pessoas para servi-lo.

Um dia, José saiu para o quintal e viu outras crianças que estavam brincando. Eram os filhos dos criados. Naquele dia choveu muito e estavam fazendo algo com o barro. Eles molhavam-no e viravam enquanto o modelavam lentamente. Isso o entusiasmou e pediu-lhes que o ensinassem. As crianças perguntaram para que, se ele era um príncipe e de nada adiantaria saber fazer panelas pois somente com a prática se conseguia fazer algo que fosse útil.

Tanto insistiu José que todos se puseram a fazer uma vasilha de barro e vendo como os outros faziam, ele aprendeu. Acontece que o dele foi o melhor de todos e por isso começaram a brigar, pois ele dizia que não era difícil fazer isso e os demais que sim, que ele só se saiu bem por acaso.

Durante a briga, a vasilha caiu e quebrou e José começou a chorar e os criados que o ouviram chorar, saíram e vendo que o príncipe estava chorando e as outras crianças rindo, pegaram uma vara e bateram nelas.

Depois, quando todos estavam chorando, perguntaram ao príncipe o que havia acontecido e José respondeu que havia deixado cair a vasilha de barro que havia feito e que ela quebrou.

E assim, as crianças receberam uma surra sem ter nenhuma culpa e seus familiares, aqueles que bateram nelas, em vez de dizer que haviam se equivocado, disseram:

- Foi bem empregado por brincar com o príncipe!

Assim, quando as crianças viam o príncipe se aproximando, saíam correndo e José perguntava ao vê-las indo embora:

- Por que vocês não querem brincar? O que eu fiz para vocês?

- Meu senhor, você não nos fez nada, mas nossos pais fazem se nos veem brincando todos juntos – as crianças responderam.

E assim, de maneira casual, ele descobriu que não tinha amigos da sua idade.

 AS ABELHAS

Em outra ocasião, quando tinha dez anos, foi um dia até a montanha perto da sua casa e encontrou um favo de mel e disse para si mesmo que gostaria de comer este favo de mel, mas assim que me aproximasse, elas iriam picá-lo. O que ele tinha de fazer era deixar que picassem outra pessoa e quando se cansassem, ele iria e comeria o mel.

E enquanto pensava assim, passou por ali um homem e José disse:

- Sou o príncipe. Você quer pegar este favo de mel para mim?

- Como você é mais importante, você vai primeiro e assim você o pega e eu aprendo – respondeu o homem e foi embora rindo.

O menino, ao ver que o ardil não deu resultado, pensou que se com os homens não conseguiria comer o mel, se sairia melhor com os animais.

E pensando nisso viu ali perto um pastor que tinha ovelhas e aproximando-se dele, disse:

- Você me empresta uma que daqui a pouco eu a devolvo?

O pastor, vendo que era uma criança, pensou que ela nada poderia fazer com o animal e como conhecia José, respondeu:

- Leve-a, mas você tem de devolvê-la como ela está e se não for assim, vai ter de pagar por ela.

José concordou e levou o animal. Ele o colocou debaixo do favo de mel e de longe, atirou pedras até conseguir que caísse e o favo caiu ao lado da ovelha.

A ovelha vendo tantas abelhas vindo na sua direção, começou a correr e atrás dela foram todas as abelhas que podiam voar. O animal correu na direção do rebanho e levou o enxame inteiro atrás dele.

Enquanto isso, José pegava o favo de mel com um pau e escondia em uma árvore que havia caído, de tal maneira que não fosse visto. E ao terminar de fazer isso, o pastor chegou correndo, irritado e com vontade de bater no menino, mas ao ver que nada estava acontecendo com ele, parou de repente e perguntou:

- Senhor, como que a ovelha chegou cheia de abelhas e todos nós fomos picados?

- Conto a verdade? Estava longe dela quando começou a correr e atrás dela ia um punhado de abelhas. Depois eu a perdi de vista e estava preocupado pois temia que tivesse se extraviado, mas vejo que você recuperou o que é seu. E agora me diga, bom homem, o que aconteceu? - o menino perguntou.

Mas o homem que estava cheio de picadas, disse:

- Senhor, deixo isso para outro dia pois tenho de recolher o rebanho que se espalhou – e foi embora gritando pelo que havia acontecido.

É claro que se fosse descoberto que o menino era o culpado, ele não se salvaria de uma boa surra nem por ser príncipe.

José, vendo que o pastor tinha ido embora, aproximou-se do favo de mel que ainda tinha algumas abelhas e disse:

- Se eu pego, as poucas que sobraram me picarão. Terei de levá-lo para longe e tirar o mel com fumaça.

Pois havia visto em outras ocasiões como se fazia. E pegando uma vara comprida, espetou o favo em uma extremidade e pela outra ele o carregou no ombro e por estar longe, as abelhas não lhe picaram.

Chegou à casa onde morava e chamou sua mãe. E ao ver o favo de mel ela se assustou e perguntou:

- Como você pegou isso?

- Mãe, quando estava vindo para casa, com esta vara atravessei o favo e colocando-a no ombro vim para cá com o favo para poder comer o mel saboroso e além disso, as abelhas que haviam nele foram embora e não sei mais nada sobre elas – respondeu o menino.

Todos comentaram sobre o que havia acontecido como algo extraordinário e tudo estava bem até que alguns dias depois o pastor apareceu por ali reclamando e contou o que o menino havia feito. Isso causou uma grande risada em todos, menos no pastor que queria bater no menino pela desfeita pois ainda tinha as picadas das abelhas no rosto e nas mãos, mas como a mãe o protegeu, nada aconteceu com José.

 CONHECE MARIA

Agora vou contar o que aconteceu em outra ocasião. Ele tinha então a idade de treze anos.

Estava um dia no pátio da casa e chegou uma carroça com uma família e com ela vinha uma garota. E ao vê-la José se apaixonou loucamente por ela porque a menina era muito bonita.

Sem saber como falar com ela, José se aproximou da carroça e perguntou se eles vendiam algo. A garota, que também havia ficado chocada ao ver o jovem, ficou corada e nada disse. E ao ver isso, ele cresceu diante dela e ficando muito empertigado, disse, - Jovem! – e fazia gestos de homem da alta sociedade e se pavoneava de tal maneira que os olhos da jovem arregalaram ao ver um garoto tão bonito lhe dirigindo a palavra.

E ela, ao querer responder, ficou mais atordoada e ele voltou a se aproximar dizendo:

- Que bonita! – e tinha apenas treze anos.

E naquele momento saiu detrás da carroça um velho que não ouvia bem e perguntou:

- Você disse alguma coisa?

E José levou um susto tão grande e ficou tão sem graça que agora era a jovem quem estava rindo e José envergonhado, retirou-se.

De longe ele continuava olhando para a jovem e ela, ao perceber, e sendo mais determinada que o menino se aproximou de onde ele estava meio escondido e disse:

- Você gosta de mim?

E ele ficou vermelho como um tomate e se inclinou para trás e ela riu muito. E a risada da menina o animou e ele respondeu:

- Sim, gosto! Mas me diga o que você veio fazer aqui?

- Olhe – a menina respondeu – estamos de passagem e trazemos coisas da cidade que nos encarregaram de entregar. Mas eu não como ninguém e não quero que você tenha medo de mim- e estendeu a mão para ele.

O menino mais envergonhado do que qualquer outra coisa a aceitou. E quando sentiu a mão da menina entre as suas, ele sentiu dentro de si um calor enorme que invadiu seu corpo, mas pensou que tinha de ser homem e disse:

- Você quer que eu te mostre a casa enquanto espera pelos seus pais?

E a garota gosto disso. De mãos dadas, ele mostrou a casa, o pátio e os campos próximos e nenhum dos dois fez nada para separar as mãos. Ele a levou até a cozinha e deram de comer aos dois. De repente eles a chamaram e ele descobriu que ela se chamava Maria. Este não era um nome comum. E a garota foi embora correndo.

José ficou pensando em uma maneira de conseguir saber onde e quando voltaria a vê-la. E olhe que demorou muito tempo para fazê-lo, mas quando o fez, ainda tinha imagem daquela garota, seus olhos e sua risada, gravados em seu coração de menino.

 VÊ O CAJADO PELA PRIMEIRA VEZ

Quando aconteceu o que vou contar, ele já tinha dezesseis anos. Com esta idade saía com seu pai para caçar e assim lhe ensinava o manejo das armas que existiam naquela época. Ele sabia atirar bem com a funda e também com o arco, além disso usava um pouco o chicote e a espada e principalmente era um especialista em receber surras quando se tratava de aprender a se defender com o cajado. Ele recebia tantas surras, que seu pai dizia que quando o mandava treinar com o cajado, ele já começava a reclamar. Mas também era uma das armas que mais se usava naquela época.

Um dia, enquanto caçava e levando o arco com ele, pareceu-lhe ver um coelho. Ele pegou o arco, mirou e quando a flecha saía, mal teve tempo de desviá-la pois viu que era seu próprio pai que estava dormindo atrás de um matagal.

O pai nem ficou sabendo pois não foi atingido, mas ele passou tanto medo naquele momento que desde então, quando saia para caçar, queria ter todo mundo atrás dele e os companheiros protestavam e diziam:

- Claro, assim você pode caçar bem! Se você vai primeiro, sempre consegue mais caça do que qualquer outro.

Mas voltando ao relato, quando seu pai acordou, encontrou seu filho muito nervoso e ainda por cima ele estava lhe dando uma bronca tremenda e o pai não sabia o porquê, enquanto José dizia:

- Homem, como você pode pensar em dormir ao abrigo de um arbusto? Não vê que qualquer um que passar por aqui poderia confundi-lo com um coelho e tê-lo matado ou machucado?

E sem saber de nada, o pai teve de aguentar a bronca do filho e além disso agradecer pelo seu interesse.

Quando passou algum tempo, o garoto contou o que aconteceu e por que ele não queria que ninguém ficasse na sua frente quando saíam para caçar e o pai começou a rir, então disse:

- Além de quase me matar, você me dá uma bronca e eu vou e agradeço. – E depois ele disse: – Como prudência, a medida me parece boa, mas neste caso você tem de deixar que os outros disparem primeiro de vez em quando, caso contrário vai parecer que você está se aproveitando das circunstâncias.

Estes são os pequenos detalhes da vida de um menino de província, como se poderia dizer agora. No entanto, a seguir, você verá algo que realmente lhe causou uma grande impressão e marcou-o para o resto da sua vida.

Foi durante uma viagem que fez à Capital, já que ele morava em uma cidade vizinha. Ele marchava a cavalo com outros que também eram jovens como ele. Eles iam na frente e no meio do caminho encontraram um pobre velho que mal conseguia andar e que andava carregado com um fardo de lenha para vendê-la no mercado.

Quando passaram com os cavalos, o ancião caiu ao chão. Os companheiros de José, em vez de descer para ajudá-lo ou ver se havia acontecido alguma coisa com ele, começaram a zombar e assim, o homem assustado e entre as patas dos cavalos, mal conseguia gritar.

E teve um azar tão grande que um dos cavalos pisou em sua perna a ponto de quebrá-la. O velho gritou tão forte, que as pessoas nos cavalos ficaram em silêncio e percebendo o que haviam feito foram embora correndo.

José viu tudo lá de trás e embora também tivesse rido, não interviu. Ele ficou, desceu do cavalo e tentou ajudar o velho e este cheio de raiva acertou-o na cabeça com o cajado que levava, mas José disse:

- Mereço o que você me deu por ter rido em vez de ajudá-lo, por isso estamos em paz. Deixe-me ajudá-lo e diga para onde posso levá-lo pois você não pode caminhar.

- Tenho de levar a lenha até a cidade para vender pois é o único meio que tenho para viver – o velho respondeu após se acalmar um pouco.

-Não se preocupe com isso! - disse José. – Eu a compro e agora me diga para onde posso levá-lo. E como se chama?

- Eu me chamo José e sou carpinteiro. Um dia fui um homem que tinha dinheiro, mas agora como estou muito velho e não posso trabalhar, eu me dedico a recolher lenha e levá-la para vender e com o que me dão eu vivo como posso. Eu e minha mulher, que se chama Maria e que também é velha como eu – respondeu o velho.

Isso surpreendeu o menino já que também tinha o mesmo nome. Ele também lembrou daquela menina, que tinha o mesmo nome que o velho havia dito que tinha sua mulher e enquanto ficava pensando percebeu que o velho continuava no chão e da sua boca saiu um gemido enquanto apertava a perna ferida. Com cuidado José o colocou no cavalo e quando quis se pôr a caminho, o velho disse:

- Senhor, a lenha! – ao mesmo tempo em que apontava para a lenha caída.

José a recolheu e colocando-a no alto do cavalo disse ao velho:

- Indique o caminho e irei levá-lo em casa!

Ele indicou e quando chegaram viu que tinha uma oficina que um dia foi importante por causa do seu tamanho, mas que agora parecia completamente arruinada. Tudo estava por cair!

E saiu uma mulher que mal ficava em pé e que se assustou muito e perguntou o que havia acontecido. E o velho contou tudo enquanto José não dizia nada.

Quando a mulher se acalmou um pouco, José pegou o velho em seus braços e ajudado pelo cajado que ele tinha, entrou na casa. Na verdade, ele nunca esteve em uma casa tão grande e tão miserável ao mesmo tempo. Ele perguntou para a mulher:

- Onde fica o lugar onde ele descansa? – pois não se atreveu a dizer cama já que não sabia se havia alguma.

Ela respondeu que eles dormiam no chão, em umas esteiras e algumas peles que havia ali.

Quando deixou o velho em cima das esteiras, fez intenção de ir embora, mas o velho disse:

- Já que você tem bom coração e é bondoso, faça a caridade completa. Pegue água no poço já que minha mulher não tem força para subir o balde e era eu quem fazia isso e agora não posso.

José fez o que lhe pediam e tirou a água do poço. Ele tirou um balde e como o poço era profundo, estava pesado. E segurando o balde, ele disse a mulher:

- Diga-me, onde coloco a água? Na verdade, ele não me explicou. Como seu marido consegue tirá-la pois é extremamente pesado.

- Muito mais pesam os anos que temos e a ingratidão das pessoas e inclusive a sua, embora sem saber. Pois desde que entrou aqui, só pensou em ir embora e não em curar a ferida que seus amigos causaram -respondeu a mulher.

- Mulher, você lê meus pensamentos e eu peço perdão por isso. Mas como ainda há tempo de reparar o que não fiz, deixe-me fazê-lo – respondeu José envergonhado, pois ela dizia a verdade.

E dizendo isso, ajoelhou-se ao lado do velho, descobriu sua perna e olhou para ela. Ele pensou que não havia remédio, pois, a perna estava esmagada e por ser ossos velhos, estavam destruídos. José voltou a se dirigir a mulher, dizendo:

- Não sei nada sobre como curar isso. Diga-me você o que tenho de fazer e tentarei fazê-lo da melhor maneira possível!

E a velha disse que fosse ao bosque, procurasse algumas ervas; depois pegasse alguns galhos, limpasse uma árvore e mais algumas coisas.

O menino apressado foi para o bosque, fez o que lhe haviam dito e voltou carregado com tudo. Ele estranhou não ver o velho deitado e meio que morrendo. Ele estava muito melhor e com a perna que não parecia a mesma, pois quase não tinha nenhum machucado. E o que havia parecia ser superficial. E dirigindo-se à mulher, ele perguntou surpreso:

- O que você deu para ele que realizou tal maravilha, pois a perna que eu vi estava em tal estado que quase não tinha remédio e agora vejo que amanhã ele poderá caminhar e isso só pode ser obra do céu.

- Preste atenção no que estou dizendo, sua bondade, seu bom coração e sua generosidade são o melhor remédio que eu poderia ter. Deixe tudo naquele lugar e siga-me! – disse o ancião.

Ele se levantou sem nenhum esforço e José não saia do seu espanto. E o velho disse:

- Venha que vou te mostrar uma carpintaria e você verá como se pode fazer maravilhas com ela.

Ele foi mostrando todos os instrumentos, que embora velhos, os conservava em bom estado. Ele mostrou algumas peças que ainda conservava como amostras para demostrar o que sabia fazer. Ele disse:

- Se você quiser, com um pouco de esforço, em pouco mais de um ano você poderá conseguir maravilhas, pois tudo depende da força de vontade que cada um coloca e o empenho em consegui-lo. E assim, aquele que se entrega por completo a uma obra consegue totalmente, produz cem por cento e não se cansa nada além do que é justo. Mas aquele que se entrega pela metade não consegue nada e a única coisa que faz é perder tempo. Se você quiser, eu lhe ensino a arte da madeira, que como todas as artes, não depende apenas da força de cada um, mas daquilo que se aprende com paciência e ouvindo os bons conselhos.

José estava impressionado com tudo que estava acontecendo e disse:

- Meu senhor – pois o respeito havia lhe chegado de repente – sou uma pessoa inútil, pois nasci como príncipe da casa de Davi, e ele não deixou muito dinheiro de herança, mas honras e além de saber que um dos seus descendentes seria o MESSIAS. Mas também nos deixou sem saber fazer nada e ficar o dia inteiro ocioso - e o próprio José estava surpreso com as palavras que saiam da sua boca, pois nunca havia pensado assim e continuou: - Se você quiser vamos fazer uma coisa. Venho todos os dias e você me ensina sem dizer nada a ninguém, pois se ficarem sabendo dão por encerrado o que pretendemos.

- Se quer aprender e você parece bem disposto, poderia ficar com tudo isso já que nós só queremos um lugar como este onde descansar e eu poderia instruí-lo em tudo que você precisa saber para ser um carpinteiro de primeira classe - disse o velho.

O menino considerou isso adequado, mas disse:

- Deixe-me pensar!

- Daqui a uma semana vou esperar por você. Se você não vier, entendo que não quer e vou procurar outro menino que pareça melhor – disse o velho.

- Não, vou responder em dois dias! – José o corrigiu.

Quando se dirigia para a porta encontrou a mulher e olhando em seus olhos descobriu uma bondade tão grande que encheu seu coração de alegria e ele disse:

- Já vi estes olhos antes, mas não me lembro onde! – ele se despediu.

- Olha – o velho disse antes dele ir embora - para que não se esqueça, vou te dar algo que pode ser útil para você – ele deu seu cajado e continuou – É de uma madeira muito especial e eu entendo disso, pois trabalhei com madeira durante toda minha vida e tem a virtude de dar força quando falham, de apoiar quando alguém cai e de ajudar a se levantar quando se está caído no chão. Além disso o defende, dá segurança e protege de todo mal que possa vir de fora e dá justiça àquele que quer desonrá-lo e você verá por si mesmo que tem muito mais propriedades que lhe serão reveladas quando levá-lo na mão e tiver um carinho especial por ele como eu tenho, mas eu o deixo com você até que você retorne pois como não posso caminhar por estar machucado, não tem nenhuma utilidade para mim agora. Mas se você voltar, eu o darei a você como um presente para sempre e você vai descobrir que, através dele, chegará aonde não conseguiria sem ele – e assim o velho se despediu.

A velha estava na porta e quando ia embora, ela disse:

- Deixe-me segurar sua mão! – e ao fazê-lo, o menino sentiu o mesmo calor de quando aquela jovenzinha havia segurado sua mão e pensou ter reconhecido seus olhos na mesma velha que tinha diante dele.

Quando chegou em casa seus amigos estavam esperando por ele e quando o viram chegar com um feixe de lenha em cima do cavalo, suas mandíbulas quebraram de tanto rir. É que José não se deu conta de descarregar a lenha que havia recolhido do velho e disse aos seus amigos:

- Deixem-me em paz que já causaram danos só por rir.

E neste momento saiu o pai de José que ouviu o comentário e perguntou o que estava acontecendo. Os meninos explicaram que no caminho haviam atropelado um ancião carregado de lenha e que José ficou para ajudá-lo e agora vinha com lenha em cima do cavalo.

O pai questionou o filho e ele respondeu dizendo que seus amigos haviam contado somente meias-verdades e que por causa da sua zombaria o ancião havia sido atropelado. E que ele o levou até a casa que o velho tinha, não distante do lugar onde ocorreu o incidente e que havia ajudado a curar seus ferimentos. E quando começava a contar sobre as maravilhas que acabara de presenciar, a prudência o fez calar e ele ignorou o resto e disse:

- Veja o que ele me deu de presente. Ele o considera como um bom amigo – e mostrou o cajado ao seu pai.

Ele o pegou, examinou e viu que era muito especial e disse:

- Creio que conheço este cajado pois se parece com um que vi há muitos anos. Era de um homem que também encontrei no caminho e se me lembro corretamente me disse algo sobre uma carpintaria. Eu era um menino naquela época, mas me lembro do cajado pois eu o peguei para entregá-lo e assim pude ver que era igual a este. Ele tinha gravado os nomes dos nossos antepassados e isso me surpreendeu muito. Veja José, aqui tem vários gravados que vão até Davi e depois vários que chegam a um que diz O MESSIAS e depois tem vários outros e no final coloca uma linha e nada mais. E isso é muito estranho, pois as pessoas que descendem de Davi e que estão gravadas até aqui onde diz MESSIAS, são todas da mesma linhagem que foi esculpida no cajado.

O pai mostrou ao seu filho e os outros também conseguiram ver. O pai continuou dizendo:

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