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Pickle Pie
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Pickle Pie

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Язык: pt
Год издания: 2020
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GOTA UM

GOTA DOIS

GOTA TRÊS

GOTA QUATRO

GOTA CINCO

GOTA SEIS

GOTA SETE

GOTA OITO

GOTA NOVE

GOTA DEZ

GOTA ONZE

GOTA DOZE

GOTA TREZE

GOTA QUATORZE

GOTA QUINZE

GOTA DEZESSEIS

GOTA DEZESSETE

GOTA DEZOITO

GOTA DEZENOVE

GOTA VINTE

GOTA VINTE E UM

GOTA VINTE E DOIS

GOTA VINTE E TRÊS

GOTA VINTE E QUATRO

GOTA VINTE E CINCO

GOTA VINTE E SEIS

GOTA VINTE E SETE

GOTA VINTE E OITO

GOTA VINTE E NOVE

GOTA TRINTA

GOTA TRINTA E UM

GOTA TRINTA E DOIS

GOTA TRINTA E TRÊS

GOTA TRINTA E QUATRO

GOTA TRINTA E CINCO

GOTA TRINTA E SEIS

GOTA TRINTA E SETE

GOTA TRINTA E OITO

GOTA TRINTA E NOVE

GOTA QUARENTA

GOTA QUARENTA E UM

GOTA QUARENTA E DOIS

GOTA QUARENTA E TRÊS

GOTA QUARENTA E QUATRO

GOTA QUARENTA E CINCO

GOTA QUARENTA E SEIS

GOTA QUARENTA E SETE

GOTA QUARENTA E OITO

GOTA QUARENTA E NOVE

GOTA CINQUENTA

GOTA CINQUENTA E UM

GOTA CINQUENTA E DOIS

GOTA CINQUENTA E TRÊS

GOTA CINQUENTA E QUATRO

GOTA CINQUENTA E CINCO

GOTA CINQUENTA E SEIS

GOTA CINQUENTA E SETE

GOTA CINQUENTA E OITO

GOTA CINQUENTA E NOVE

GOTA SESSENTA

GOTA SESSENTA E UM

GOTA SESSENTA E DOIS

GOTA SESSENTA E TRÊS

GOTA SESSENTA E QUATRO

Final

Pickle Pie

Ver 2.0.6

George Saoulidis

Copyright © 2018 George Saoulidis

Publicado por Tektime

Traduzido por Aida Carvalho

Todos os direitos reservados.

Imagem da capa Copyright © João de Souza Antunes Jr AKA Antunesketch

GOTA UM

Patty foi atingida e seu corpo ficou completamente paralisado.

Ela odiava ser atingida, e aquela espada longa estúpida não oferecia proteção alguma. Ela preferia espada e escudo, ter algo para bloquear, algo para cobrir seu corpo. Mas o treinador estúpido a forçou a usar essa arma inútil.

“Uma Pinup Girl caiu, e parece que mais estão prestes a seguir pelo mesmo caminho,” disse o comentarista.

A adversária que a acertou com sua própria espada longa, Echidna era o nome dela, partiu para rasgar mais uma companheira de equipe, depois sua Qwik. Oh, ela bloqueou bem, ambos os braços juntos cobrindo seu corpo, mas a força do golpe a fez tropeçar para trás, deixando-a vulnerável para outra jogadora, Hydra. Hydra era uma Chain e podia alcançar uma longa distância, então tudo o que ela precisava era de uma abertura. Ela foi em frente, seu braço cibernético como um monte de cobras se contorcendo ao seu lado, estendendo-se como um chicote, mandíbulas estalando.

A Qwik também caiu, sangrando. Ela se ajoelhou em uma poça crescente de sangue cor-de-rosa, sua panturrilha mordida, paralisada.

A cabeça de Patty estava em um ângulo estranho e tudo que ela podia fazer era voltar seus olhos para a ação. As Beasties passaram pelo resto de sua equipe, o tambor batendo, devagar, tão lento.

A Qwik das Beasties, uma mulher pequena e ágil chamada Gorgon, tinha o crânio e estava indo em frente, correndo para marcar.

“E a Qwik das Beasties vai para o crânio final. Lá vai ela, meio displicente, já que a partida está praticamente terminada. Acabado, como Acabamento Anglet para madeira, o melhor verniz de acabamento que o dinheiro pode comprar.”

Batida de tambor, a batida final.

Patty voltou a sentir todo o seu corpo novamente, os dedos das mãos e dos pés formigando, mas não havia tempo para se recuperar. Ela cambaleou na direção da Qwik, desviou de uma cobra, deslizou os últimos metros ajoelhando-se no chão e acertou Gorgon na perna. Ela ajoelhou-se e deixou o crânio cair, chutando-o sem querer.

Echidna chegou até ela, sua espada longa numa enxurrada de golpes. Patty mal conseguiu aparar o golpe e ouviu o tambor bater novamente.

Gorgon estava prestes a se recuperar. Patty fez uma finta que, se bem sucedida, lhe daria uma janela de oportunidade.

Echidna deixou-se enganar. Ela deu um passo para trás, esquivando. Patty brandiu sua espada longa e em vez de atacá-la, acertou a Qwik inimiga novamente, desta vez no pescoço.

Seu movimento foi tão rápido que a atingiu com bastante força.

Algo estalou.

“Oh, que golpe de Patty Roo! Foi intencional? Porque se foi, foi bai-xo.”

Gorgon ficou paralisada novamente. A Qwik de Patty se recuperou e foi atrás do crânio, mancando. Um rastro cor-de-rosa atrás dela.

“E nós ainda temos a Qwik das Pinup Girls, ela simplesmente não desiste, não é?”

“Bem, afinal de contas, é o jogo decisivo para a fase preliminar do torneio. As garotas estão dando tudo de si,” respondeu o segundo comentarista.

Patty colocou seu corpo no caminho de sua oponente. “Sem escudo, merda,” ela sussurrou. Ela fez o melhor para cobrir sua Qwik.

Echidna deu um passo à frente, seu movimento foi um golpe incrivelmente rápido, sua espada longa direto nas costelas da Qwik. Ela se dobrou e se ajoelhou, desta vez tanto de dor como da paralisia.

Estava tudo acabado.

Patty olhou para trás, para sua companheira de equipe. Ela não iria se recuperar, não importava quantos estimulantes ou bolsas de sangue ela pudesse receber.

Distraída, Echidna a atingiu no tronco.

Crack.

Outro golpe no braço.

“Falta! O juiz está ficando louco com isso, mas Echidna não parece se importar.”

Outro no rosto. Patty cuspiu sangue cor-de-rosa, os lábios quase incapazes de se mover sob a paralisia.

“Que finalização de Echidna! Finalizando a partida para as Beasties, mas a um preço muito alto realmente. Os médicos estão entrando rapidamente agora, as coisas não parecem boas para a Qwik das Beasties. A percussão parou e Gorgon ainda não está se movendo, pessoal. Podemos já ter uma baixa tão cedo no torneio.”

Patty observou os médicos como um sonho, petrificada. Eles imobilizaram o pescoço de Gorgon, levantaram-na em uma maca, levaram-na embora.

Um rastro de sangue cor-de-rosa pingando pelo lado de sua boca.

Uma Beastie, claro. A inimiga, claro. Mas ela nunca quis machucar ninguém.

“E nós temos os exames preliminares, ela vai sair dessa, gente! Apenas uma lesão na coluna vertebral. Gorgon está fora de jogo, possivelmente para sempre. Uma das Qwiks mais rápidas já vistas no Cyberpink, com um saldo de 452 crânios no monte. Irão as Beasties se recuperar desse sério golpe tão cedo no torneio?”

Um ruído veio dos assentos ao redor do estádio. Vaias para Patty Roo. Muitas e muitas vaias.

Os joelhos de Patty cederam, a adrenalina baixou, os estimulantes seguiram seu curso resultando em uma marca de mijo bem cara. Elas haviam perdido.

Ela viu os médicos sobre sua cabeça e depois tudo ficou escuro.

GOTA DOIS

“O que eu devo fazer com isso?” Hector disse, empurrando o pen drive de volta.

O cliente estava inquieto, para dizer o mínimo. Ele continava lambendo os lábios, coçando o cotovelo até sangrar, e apenas metade desse comportamento era devido ao abuso de substâncias. “Vamos, cara, é uma garantia. Eu vou pagar o resto assim que eu tiver lucro. Eu tenho uma informação privilegiada, cara. Eu tenho uma dica.”

Hector recostou-se na cadeira e suspirou alto. Ele nunca ficava sentado quando havia um cliente presente em sua loja, mas Diego não era mais um bom cliente. Um cliente de longa data, claro, mas bom?

Nah...

Ele pegou uma peça de armadura e continuou trabalhando nela para manter as mãos ocupadas enquanto o viciado se desculpava e continuava falando sobre como finalmente conseguiria sua grande pontuação e quitaria suas dívidas.

Ele consertou uma falha na axila, o cliente havia se queixado de que ela havia fincado em sua pele e o deixado desconfortável. Armaduras personalizadas eram sua especialidade, então ele simplesmente pegou suas ferramentas e consertou. Sim, ele correu os dedos na curva, havia de fato uma borda afiada que poderia agarrar no tecido. Só um pouquinho de preenchimento e uma fita de tecido para deixá-la mais macia. Hector cortou a fita com os dentes e colocou-a no lugar como um expert. Ele a girou contra a luz, alguém dificilmente o notaria.

“O torneio, cara, eu estou te dizendo, nós vamos ficar ricos! Podres de ricos.” Diego colocou o pen drive novamente na mesa. Seus dedos sujos, suas unhas ainda piores, suas roupas fedendo a baseado, ele colocou o pen drive na superfície da mesa com reverência.

Estranhamente, era a única coisa que estava limpa naquele homem.

“Podre, de fato,” disse Hector, erguendo os olhos para o cliente. “Diego,” ele ritou. “Pela última vez, não sou um gerente esportivo. Eu faço armaduras. Eu conserto armaduras. Eu personalizo armaduras. Era tudo o que meu pai fazia e é tudo que sei fazer. Eu não sei merda nenhuma sobre esportes.”

“Mas-Mas é isso, é perfeito, estou te dizendo. As garotas, elas usam armaduras. Você não vê, é a combinação perfeita?” Diego juntou as mãos para salientar seu ponto.

Hector respirou fundo e se arrependeu na mesma hora. O aroma era... intenso. “Diego, apenas penhore isto e me traga pelo menos uma parte do dinheiro que você me deve,” ele disse, o assunto já havia se estendido demais.“Não, cara, eu só confio em você com minha mulher.”

“Isso é… Uau. Vamos apenas dizer, errado, de muitas formas.”

“A casa de penhores vai vendê-la,” disse Diego, de cabeça baixa. Ele limpou as unhas nervosamente. “Pelo menos, com você, eu sei que ela vai ser bem tratada, como eu trato.”

Hector se inclinou para frente e jogou a armadura de peito de lado. “Diego, por favor, não me entenda mal, mas preciso dizer isso a você e tentarei ser o mais claro possível. Eu não dou a mínima para a sua mulher. Eu não dou a mínima para suas apostas. Eu preciso do dinheiro que você me deve. Canvas estará coletando amanhã. Se vire, venda sua conta de criptomoedas, seja o que for.”

Diego mordeu o lábio, os olhos percorrendo o lugar... do lado de fora, bem longe na rua... Hector percebeu que o homem queria correr, mas não o impediria. Era uma causa perdida. Ele deveria pensar melhor antes de trabalhar com um viciado, mas Diego era um cliente de longa data. Seu pai o teria cortado instantaneamente, mas Hector era mole demais para os negócios.

Não era de se admirar que o seu estivesse afundando.

Sua cadeira rangia. Suas prateleiras estavam praticamente vazias. Quase não tinha clientes.

Ele se virou na cadeira e tomou uma decisão. “Diego, dê o fora daqui e me consiga meu dinheiro. Por favor. Agora, deixe-me falar ao telefone com clientes realmente pagantes, quem sabe eu consigo um pedido de última hora.”

Ele virou as costas.

Diego congelou e não disse nada por um tempo. Então, ele se mandou da loja.

GOTA TRÊS

Ele trancou a loja e subiu para seu apartamento. Ele escreveu alguns e-mails, bebeu um pouco de ouzo barato, e os enviou para os clientes por meio de criptografia PGP. Era madrugada, mas sua clientela não trabalhava exatamente das 9 às 5, para dizer o mínimo.

Ele bebeu um pouco mais de ouzo para ficar meio alto, e então saiu para a sacada. Atenas parecia pacífica. A vista não era muito boa, apenas um céu nebuloso, amarelo acastanhado com toda a poluição. Os postes de iluminação LED a pioravam. Ele estava em uma rua paralela à avenida Syggrou. A rua tinha algumas lojas, artesãos como ele, itens especiais. Armas de fogo personalizadas, empunhaduras, equipamentos, brinquedos sexuais. Clientes do tipo 'não pergunte, não conte'. Pseudônimos, negociações em canais criptografados, pagamentos em criptomoeda.

Todas as coisas corriqueiras.

Ele tinha que arranjar 10 mil para o Canvas para amanhã. Ele olhou de canto de olho para ver as horas. Restavam treze horas.

Canvas, o executor local do Ares Defence, aparecia mensalmente e pedia sua porcentagem. Em troca, ele te mantinha seguro, principalmente dele mesmo. Canvas era como um titã, uma torre de músculo e poder. Ele gostava de foder caras. Dois rapazes, em particular, os seus garotos Michael e Angelo. E ele gostava de longas caminhadas pelas lojas, mantendo a paz e drenando o sangue de seus inimigos para tingir seu corpo. Ele gostava que um de seus garotos o tingisse com sangue enquanto ele comia o outro.

Sério, tinha vídeo e tudo mais.

Hector o assistira enquanto cobria os olhos durante a maior parte do tempo. Ele tinha que admitir que era um bom pornô, sob duas condições: Primeiro, que você gostava de trios gays, coisa que Hector não gostava. Segundo, você poderia de alguma forma ver além do fato de que uma pessoa tinha morrido dolorosamente para possibilitar essa adorável peça de pornografia.

E aquele homem estava prestes a bater em sua porta em poucas horas.

Esqueça emails.

Hector voltou para dentro e acessou o aplicativo criptografado. Ele faria algumas ligações e incomodaria algumas pessoas. O que eles fariam? Matá-lo?

“Sim, os detalhes estão no e-mail que te enviei. Faça um pedido agora com pagamento antecipado e você terá 50% de desconto em dez armaduras de corpo. É, digamos que sim. Excelente. Assim que o pagamento chegar, eu entrarei em contato com você para saber as especificações que você quer, ok? Perfeito, bom fazer negócios com você.”

Ele desligou. Sim! Quatro mil euros. Já era alguma coisa.

O resto não respondeu, ou disseram que não precisavam de nada no momento. Hector conferiu as notícias, não havia nada sobre tiroteios, arrombamentos, assassinatos corporativos, nada.

Que merda.

Os negócios disparavam quando havia algo do tipo acontecendo. Ele se sentia como um abutre, mas o que ele poderia fazer? Não se sentir feliz quando um ataque terrorista no centro trazia cinco novos clientes em um dia?

Ele virou o resto de ouzo, de uma vez só. Ele bateu em sua mesa, estava empolgado e meio alto. Sono? Pff. Ele dormiria quando estivesse morto.

Ele carregou o perfil social de Canvas em seu véu e andou pela oficina.

Tinha que ter algo aqui que pudesse salvar sua bunda.

Esta velha e grande armadura de motim? Ele poderia ajustá-la para o grandalhão. Mas era volumoso, feio mesmo. Feito para o máximo de proteção. Claro, era intimidadora, mas o Canvas não precisava de ajuda nesse departamento.

Um capacete? Algo com chamas? Do que os gays gostavam? Flores?

Hector deu uma risadinha, o estresse pela sua morte iminente o deixou zonzo, mas ele não conseguia se conter. Nah, ele se imaginou presenteando um capacete florido ao titã, depois sendo pisoteado ali mesmo em uma poça de sangue, depois Michael mergulhando o pincel e enxugando-o levemente com um floreio.

Não.

Ele precisava de algo que Canvas fosse gostar pra caralho.

Hector parou em frente ao que ele chamava de guarda-vadia. Ele não fazia tanta propaganda disso, mas nessa rua até mesmo isso poderia ser uma boa publicidade.

Era uma armadura transparente, flexível. Um protetor de peito para mulheres, uma armadura líquida que se transformava com o impacto e podia absorver um tiro de bala, transparente para que elas pudessem exibir seu físico e/ou suas roupas íntimas caras. À prova de faca, à prova de água, confortável. Não poderia te salvar de calibres maiores, mas obviamente seria preciso mais reforço para isso. Esta tinha um propósito específico em mente, proteção pessoal com estilo.

Hector levantou-a nos braços. Era pequena, mal conseguiria cobrir o lado esquerdo de Canvas, quanto mais seu peito inteiro.

Era isso! Arte. Ele poderia emendar isso com...

Hector jogou a armadura em sua bancada de trabalho, o sono desapareceu completamente, sua mente estava mais afiada do que nunca. Se safar da morte iminente faz isso com um homem. Ele tinha algumas horas para trabalhar nisso. Ele daria conta. Encomendaria algumas partes, que chegariam até as onze horas...

Ele segurou seu martelo. “Hefesto me conceda forças, eu dedico isso a você como a minha maior peça,” ele murmurou, e começou a trabalhar.

GOTA QUATRO

Canvas chegou pontualmente. Ele veio na frente, seus dois garotos ao seu lado, além de mais dois homens. Caras novos, Hector nunca os tinha visto antes. Eles ficaram do lado de fora formando uma roda descontraída e Hector se aproximou da porta para cumprimentá-lo.

“Canvas, meu homem, parece bem hoje!”

“Você parece uma merda, por outro lado,” disse Canvas. “Eu tenho uma loção para essas bolsas sob esses seus olhos, faz maravilhas.”

“E adoraria experimentar, por favor, me envie uma amostra. Mas venha entrando.”

Canvas ajustou a enorme metralhadora pendurada em seu ombro e suspirou. “Quando as pessoas são tão educadas comigo, eu sei que elas não têm o combinado.”

“Os tempos têm sido difíceis,” disse Hector, balançando a cabeça para cima e para baixo. “Mas eu tenho algo, quatro-k.”

Canvas olhou para Angelo e sacudiu a cabeça. “Quatro-k é algo que eu posso mostrar aos meus superiores, por hoje.”

“Não, não há necessidade-”

Angelo chutou um dos monitores e esmagou-o no chão. Aquela putinha loira. Hector se encolheu, mas ignorou o dano. “E eu tenho algo que eu sei que você vai gostar. Vamos dizer que seja um presente.”

Canvas levantou uma sobrancelha. “Oh?”

“Siga-me até os fundos, está na minha oficina.”

Hector disparou para trás da loja e o titã o seguiu.

“Agora, isso é uma obra de arte. Absolutamente única no mundo, ninguém tem uma igual.”

Canvas franziu a testa. “É estranha. O que é isso, uma meia armadura?”

“É uma armadura sexy, meu homem sexy. Veja só. Por favor, tomei a liberdade de ajustá-la ao seu tamanho, experimente-a.”

Canvas olhou de volta para Angelo e o garoto ergueu o rifle alguns graus, cobrindo casualmente o chefe. Ele se despiu ali mesmo, sua armadura atual caindo em partes e batendo no chão.

“Há um vestiário bem- Oh, certo, com esse físico, você não tem nada de que se envergonhar.” Hector desviou o olhar.

Canvas olhou para baixo, examinando-a. “Como é que eu-”

Hector ajustou as presilhas.

“Agora, imagine andar por aí com isso, com seu peitoral e tanquinho pintados, do jeito que você gosta. Você pode exibí-los, você pode ser o Canvas!”

Canvas olhou para seu reflexo no espelho.

Angelo se aproximou, sua expressão era luxuriosa.

Sim! Hector conteve sua excitação. Mas ele deu um soquinho no ar.

“Como estou?” Canvas perguntou.

“Durão e sexy,” Angelo assobiou. “Eu adorei. Na verdade, quero trepar com você aqui mesmo.”

“Ótimo. E isso pára balas?”

Hector entrou em modo-vendedor. “Metamaterial de alta qualidade, se transforma sob impacto em melhor do que Kevlar, impermeável a facas. Exibe o seu corpo e o protege ao mesmo tempo. Uma fortuna por centímetro, apenas celebridades e grandes empresários podem pagar por isso.” Então ele se virou e disse casualmente, “Viko usa uma.”

À menção do nome da celebridade, Canvas se animou. “Viko? Sério?”

“Não sai de casa sem ela. Trabalho personalizado, por essas mãos bem aqui.” Hector mexeu os dedos. “Você sabe que eu não cagueto meus clientes, mas sei que posso confiar em você.”

Canvas se olhou no espelho mais um pouco. Ele tinha ficado muito bem, Hector tinha que admitir. Um titã musculoso, inteligente, treinado, blindado até os dentes, mas com partes transparentes entrelaçadas em lugares estratégicos. Durão e sexy de fato.

Hector sentiu-se meio orgulhoso.

Se ele pelo menos pudesse viver para aproveitar o sentimento.

Canvas se aproximou e Hector estremeceu. Ele deu um tapa em seu ombro e mostrou seus dentes perfeitos. “Adorei.”

Hector respirou aliviado pela primeira vez em horas.

GOTA CINCO

Timbo ouviu a voz de deus.

Seus pés descalços batendo no mármore frio, ele deu uma volta na estação de metrô.

“Saia daqui,” disse a voz de deus.

Timbo olhou para cima, checou todos os cantos. O teto era tão alto e ele virou tanto a cabeça que caiu de bunda.

“Eu já disse, saia daqui!” a voz de deus veio de todos os lados.

Timbo fugiu e correu alguns passos, se escondendo atrás de uma esquina. Certamente deus não poderia vê-lo agora.

“Eu ainda estou te vendo,” disse deus, sua voz clara, vindo de todo os cantos. A voz chiava como um rádio ruim, como o que a avó sempre ouvia.

Timbo precisava conseguir algumas moedas para o dia. Ele não sabia realmente o quanto ele tinha, mas ele podia segurá-las na palma da mão e sentir seu peso. Eram definitivamente leves e Phuro iria dar uma coça nele se ele voltasse assim. Timbo descobrira que o melhor lugar para mendigar era ao lado das cabines de recarga. As pessoas colocavam seus passes de metrô na máquina, tocavam em alguns pontos na tela, e depois, ou passavam outro cartão ou colocavam moedas. Aqueles que contavam as moedas enquanto se aproximavam da máquina eram os que Timbo poderia persuadir. Ele ia até eles, cutucava o nariz, mostrava suas pernas imundas e olhava para eles com seus grandes olhos.

Era o que a Família dizia, pelo menos. Que ele tinha olhos grandes. Timbo não podia ver seus olhos para saber o quão grandes eles eram, mas se todos insistiam, devia ser verdade. E Timbo era bom nisso, ele ia até as pessoas e implorava e elas lhe davam algumas das moedas que a máquina cuspia. Elas saíam da abertura com o plástico transparente no fundo, e Timbo tentou uma vez alcançar e pegar mais algumas moedas, mas nenhuma caiu. E a máquina arranhou o braço dele e doeu e Timbo disse “Owie,”.

É por isso que deus estava gritando com ele, por chutar a máquina que soltava moedas.

Timbo olhou ao redor. Por acaso a estação de metrô estava vazia naquele momento. Bem iluminada, tudo funcionava, mas não havia mais ninguém por alí, exceto o pobre e pequeno Timbo. Ele se escondeu atrás da esquina e segurou as moedas na mão. Elas eram muito leves. Ele sabia que Phuro ficaria louco.

Timbo precisava trazer algo de volta. Todos os seus irmãos e irmãs e primos traziam algo de volta todas as noites. Se não, eles levavam uma surra e não comiam e dormiam do lado de fora. Às vezes, as pessoas olhavam para as mãos e pés sujos de Timbo e lhe davam coisas para comer, falando-lhe sobre mendigar e como ele estava sendo usado.

Timbo concordava, sorria e mantinha a palma da mão levantada, mas sabia que não estava sendo usado. A Família era a Família. Você provia para a Família e a Companhia como um todo. Esses gadjes não sabiam disso?

E quando você fica velho o suficiente para ter suas próprias crianças, você fica com parte do espólio do dia delas. Timbo tinha um primo que já tinha idade suficiente para ter duas crianças, que sua esposa levava por todo o sul de Atenas. Timbo os via de vez em quando porque ele andava de metrô o dia inteiro, e ia e vinha e ia e vinha. Eles eram legais com ele e checavam o quão leves eram suas moedas e às vezes davam a ele algumas moedas para trazer de volta ao Phuro.

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