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A Insensatez
Amanda Mariel
A Insensatez
AMANDA MARIEL
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, organizações, lugares, eventos e incidentes são produtos da imaginação do autor ou estão sendo usados de forma fictícia.
Copyright © 2019 Amanda Mariel Todos os direitos reservados. Traduzido por Éli AssunçãoNenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, armazenada em sistemas de recuperação ou transmitida em quaisquer formas por quaisquer meios seja eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou qualquer outro, sem a autorização expressa por escrito do editor.
Publicado por Brook Ridge PressLIVROS DE AMANDA MARIEL
Série Damas e Vagabundos: Esquemas Escandalosos Intenções Escandalosas Escandalosa Redenção Escandalosa Um Acordo EscandalosoAmores Fabulosos: Enfeitiçada pelo Conde Aprisionada pelo Capitão Encantado por Lady Elianna Fascinada pelo Duque
Lady Archer’s Creed **Amanda Mariel escrevendo com Christina McKnight** Theodora Georgina Adeline Josephine
O Escândalo Encontra o Amor Ame Apenas a Mim (Dawn Brower escrevendo com Amanda Mariel) Encontre-me, Amor (Amanda Mariel escrevendo com Dawn Brower) Se for Amor (em breve) As probabilidades do Amor (em breve)
O Beijo do Patife Um Patife Perfeito Her Perfect Scoundrel His Perfect Hellion
Livros Únicos Love’s Legacy More Than a Lady One Moonlit Tryst Um Beijo Encantado
O Clube dos Condes Imorais Conde de Grayson Conde de Edgemore
Série Conjunta: Conectados por um Beijo **Esses livros foram escritos de forma que possam ser lidos de forma independente ** Como Beijar um Canalha (Amanda Mariel) Um Beijo no Natal (Christina McKnight) Desejando um Beijo (Dawn Brower) Roubando o Beijo de um Patife (Amanda Mariel) O Beijo da Cigana (Dawn Brower) A Duke’s Christmas Kiss (Tammy Andresen)
Coletâneas e antologias multiautores Visite www.amandamariel.com para ficar por dentro dos lançamentos e das novidades.
CAPÍTULO 1
Yorkshire – Inglaterra, 1810
Lady Olivia Montague caminhava pelo salão, as sapatilhas praticamente desgastando por causa do seu incessante vagar. Mal podia acreditar no que estava acontecendo. Por que agora? Por que depois de todo esse tempo? Pelo amor de Deus, fazia mais de quinze anos que não tinha notícias do duque.
O que diabos o tinha feito mudar de ideia? Ela voltou a olhar para as amigas lady Emma e lady Juliet.
– Preciso encontrar uma forma de escapar desta farsa e as senhoras vão me ajudar.
– Não consigo ver qual é o problema – Emma disse de onde estava sentada perto da lareira, os olhos violetas frios e calmos.
Juliet ficou de pé em um salto, os cachos louro-claros balançando com o movimento.
– Eu entendo perfeitamente, mas talvez se você tentar ver a situação sob uma luz favorável.
Olivia virou-se para olhar para as suas amigas muito bem-intencionadas. Lady Emma Finch e lady Juliet Gale eram filhas de condes e amigas de longa data da família. As três tinham sido praticamente inseparáveis ao longo dos anos. Sinceramente, eram mais irmãs do que amigas. E mesmo Olivia sabendo que as duas tinham boas intenções, não pôde deixar de ficar aborrecidas com elas naquele momento.
Ela estreitou os olhos enquanto respondia:
– Vocês não precisam entender, e não há nada de favorável neste… nesta… atrocidade.
– Ora, esta é uma boa maneira de descrever o seu iminente casamento. – Emma sacudiu a cabeça, os lábios pressionados com força.
Juliet suspirou, os ombros curvando uma fração antes de ela voltar a empertigar-se.
– E se você se apaixonar por ele? Esse seria um resultado positivo.
Olivia dispensou as palavras de Juliet no momento em que ela as dizia.
– Eu não vou me apaixonar por ninguém, muito menos por ele. – Exasperada, soltou um bufo, então voltou a andar para lá e para cá. – Eu não vou me casar com ele.
O barulho surdo do leque de Emma batendo no braço da poltrona de brocado em que estava sentada chamou a atenção de Olivia.
– Você não pode estar falando sério. Há um contrato de casamento. Vocês estão legalmente atados. Você enfrentará a ruína caso se recuse.
– E, além do mais, ele é um duque. – Juliet sorriu, os olhos azuis brilhando. – Cada mulher sonha em ser uma duquesa.
Olivia não podia negar o mérito dos argumentos das amigas, mas também não acreditava que se aplicavam a ela. Sacudiu a cabeça enquanto voltava na direção delas.
– Não me importo nenhum pouco com o que ele é, eu não quero ser duquesa.
Mais que um pouco frustrada, ela se jogou em um sofá que estava ali por perto.
– Tudo o que eu quero é uma forma de escapar disso. Pelo fogo do inferno, eu não sei absolutamente nada sobre o homem. Nem ao menos sei como ele é, e esperam que eu me case com ele.
Olivia levou a mão à testa e começou a massagear as têmporas com o polegar e o dedo médio. A cabeça latejava, mas ela não tinha tempo para descansar ou para tomar tônicos. Precisava utilizar cada minuto para encontrar uma forma de se livrar do iminente casamento.
Juliet se inclinou para frente, uma carranca aprofundando as linhas em volta de sua boca.
– Agora está sendo injusta. Ele não é um completo estranho. Você já se encontrou com ele. Você nos contou.
Olivia deixou a mão cair no colo e olhou para Juliet.
– Se bem me lembro, eu disse que o tinha detestado. Ele estava desalinhado e foi rude, odioso, presunçoso…
– Ele era jovem, uma criança assim como você – Emma irrompeu, um dos lados dos lábios dela se curvando em algo que lembrava um sorriso. – Sério, Olivia, você deveria ao menos dar uma chance a ele.
A expressão de Juliet ficou sonhadora, toda serena e feliz enquanto olhava para Olivia.
– E se ele tiver virado um homem bonito com um comportamento exemplar? – Ela bateu as palmas das mãos, mal podendo conter a animação. – E se ele chegar e roubar o seu coração na mesma hora?
Olivia sacudiu a cabeça e semicerrou os olhos.
– Posso lhe assegurar de que isso não vai acontecer.
Emma inclinou a cabeça para cima e olhou para o teto, quase como se estivesse rezando, então disse:
– Mas poderia. Se ao menos você desse uma chance a ele.
Olivia podia apostar que a amiga estava mesmo rezando. Afinal das contas, Emma sempre tinha sido a mais sensata delas. Se os pais a mandassem se casar com um cavalheiro da escolha deles, ela o faria sem reclamar.
Juliet sorriu para Emma antes de voltar a prestar atenção em Olivia.
– Ela está certa e você sabe. Muito pode mudar com a passagem dos anos. Quanto tempo faz? Dez, doze anos?
– Quinze – Olivia forçou a dizer a palavra entredentes. Quinze longos anos sem sequer uma mísera palavra do homem. Quinze anos de Olivia acreditando que tinha sido esquecida. Como demônios as pessoas esperavam que ela esquecesse disso?
Emma afastou um cacho do cabelo negro como as penas de um corvo da bochecha.
– Já faz muito tempo que o menino de quem você se lembra virou um homem. Aposto que ele mudou bastante.
– Nada disso importa. Está tudo fora de questão. – Olivia acenou com a mão, dispensando as palavras. – Mesmo se ele fosse lindo e tivesse boas-maneiras isso não anula o fato de que ele passou os últimos quinze anos ignorando o nosso compromisso. Nem eu nem a minha família recebemos qualquer notícia dele ou sobre ele. Eu vim a acreditar que era livre.
– Talvez ele tivesse uma boa razão? – Juliet disse, o otimismo brilhando em seus olhos azuis.
– Vocês duas sabem que não desejo me casar com ninguém… jamais. E agora – Olivia soltou um profundo suspiro – agora estou mais uma vez subjugada. Não posso suportar. Não suportarei. Vocês precisam me ajudar.
Emma pegou a mão de Olivia na dela e lhe deu um sorriso tranquilizador.
– Então ajudaremos, tanto quanto pudermos.
– Oh, eu sei. Vamos até a feira. – Juliet as olhou com um sorriso animado, quase saltando no assento. – Foi me dito que há uma mulher lá que lê a sorte. Você pode ir vê-la e talvez ela lhe diga o que fazer.
Olivia se animou com a ideia e sorriu para a amiga.
– Ao menos ela poderá me dar algum rumo.
Juliet sempre tinha acreditado nessas coisas, enquanto Emma chamava tudo isso de pura bobagem. Olivia não tinha opiniões fortes sobre o desconhecido, mas acreditava que algumas pessoas eram abençoadas com intuições e habilidades únicas.
Ela acreditava que era possível que a vidente pudesse lhe dizer algo útil, ao menos estava disposta a reservar a sua opinião para depois de ver a mulher. Será que doeria?
– Talvez – Emma soltou a mão de Olivia e suspirou – embora seja mais provável que ela lhe dê nada mais que alguns momentos de diversão.
Por alguns segundos, Juliet olhou feio para Emma e então sacudiu a cabeça.
– Você não precisa ser sempre tão séria.
– Você sabe muito bem o que eu acho dessas coisas. Eu só não quero que Olivia crie esperanças. – Emma ficou de pé. – Vamos então?
Juliet ficou de pé e então envolveu o braço no de Olivia e se aproximou.
– Ignore-a, não há nada errado em ter esperança.
Olivia deu um leve sorriso não querendo estragar a animação de Juliet, mas sabia que o aviso de Emma tinha o seu mérito. Passou o braço pelo de Emma e deu um leve apertão.
– Não importa qual seja o resultado de tudo isso, obrigada, vocês duas.
Enquanto elas saíam do salão, o coração de Olivia batia com força, um misto de pressentimento e animação estava causando um nó em seu estômago. Até mesmo se a vidente não dissesse nada bom; nada útil, diga-se de passagem; Olivia escaparia do futuro que estava sendo imposto a ela.
Tinha que escapar. Não se conformaria com qualquer outro resultado.
A feira estava em alvoroço com toda a nobreza local e os aldeões. O coração de Olivia saltava livre no peito enquanto ela e as amigas iam em direção à multidão em busca do carroção da vidente. Não tiveram que ir muito longe, pois logo a encontraram.
Olivia experimentou um momento de hesitação enquanto estava de pé na frente do carroção multicolorido com as amigas ao seu lado. E se a vidente não tivesse nada de bom a dizer? Olivia poderia esquecer o que ela dissesse e seguir em frente? Ou as palavras martelariam em sua cabeça, não importa os seus esforços? Talvez fosse melhor não saber.
Uma mulher de cabelos escuros com olhos castanhos e profundos apareceu na porta.
– Não se delongue, criança – disse ela enquanto dava um passo ao lado para permitir que elas entrassem.
Juliet cutucou Olivia, fazendo com que ela se movesse. Ela deu alguns passos inseguros e então subiu as escadas que levavam ao veículo. Juliet e Emma foram logo depois.
– Sentem-se. – A vidente apontou para um banco de veludo brilhante.
Juliet fez um gesto de encorajamento para Olivia enquanto Emma lhe dava um leve sorriso.
Olivia foi até o banco e se sentou. Emma e Juliet sentaram-se ao lado dela, os quadris pressionados um no outro para que todas coubessem lá.
A vidente se sentou no banco em frente ao delas. Havia uma mesinha as separando e um baralho de cartas estava perto da mulher.
– Eu sou a madame Zeta, e você quem é? – Ela sorriu, as bochechas sardentas se erguendo com o movimento.
– Olivia. – Ela pigarreou e disse – Lady Olivia Montague. – Ela olhou ao redor do interior multicolorido do carroção. Era diferente de tudo o que já tinha visto, embora tenha achado alguma coisa ali convidativa. A tensão em seus músculos diminuiu enquanto ela voltava a prestar atenção em madame Zeta.
– Presumo que a senhorita esteja aqui para ter a sua sorte lida?
Olivia hesitou por um segundo. Fez que sim, então enfiou a mão dentro da retícula e pegou três xelins.
– Sim, por favor.
A dama de pele cor de mel avançou e Olivia deixou as moedas caírem na palma da mão dela.
Madame Zeta se virou guardando os xelins em uma caixinha ao seu lado.
– Muito bom. – Ela avançou mais uma vez. – Dê-me a sua mão.
Embora o pulso de Olivia tivesse acelerado, ela não hesitou enquanto virava a mão e a colocava sobre a de madame Zeta. Algo naquela mulher a deixava à vontade. Talvez fosse o olhar cálido ou a inteligência que havia ali? Seria o sorriso bondoso da vidente?
Madame Zeta examinou a palma da mão de Olivia, então passou um dedo escuro por algumas das linhas. Sentiu um arrepio quente, mas permaneceu firme e calada.
– Seu caminho está bem definido, mas não tanto que não possa ser alterado. – O olhar de madame Zeta ficou fixo na palma da mão de Olivia enquanto falava. – Todos temos um caminho a seguir. O caminho da vida. Isso nos mantém firmes, aconteça o que acontecer.
Olivia mordiscou o lábio inferior enquanto esperava que a mulher dissesse mais.
– A senhorita está diante de uma encruzilhada. – Madame Zeta olhou nos olhos de Olivia.
Olivia conseguiu engolir apesar da secura que sentia em sua garganta.
– Sim.
– É uma questão do coração – madame Zeta disse, um brilho de sabedoria piscou em seus olhos.
Olivia não pôde mais que assentir com a cabeça enquanto olhava para a mulher intrigante.
Madame Zeta envolveu a mão de Olivia com os dedos e a apertou levemente.
– O amor chegará nas asas da insensatez. A escolha que fizer determinará a sua fortuna, criança. Cuidado com as decisões precipitadas.
Olivia olhou para madame Zeta, tentando decifrar o significado de suas palavras, mas elas simplesmente não faziam sentido. Soltou um suspiro exasperado e perguntou:
– O que isso significa? O que eu devo fazer?
Madame Zeta soltou a sua mão e Olivia, de repente, sentiu um arrepio de frio.
– Isso é você quem decidirá.
– Mas…
Madame Zeta balançou a cabeça e então se levantou.
– Ninguém mais pode fazer a sua caminhada, criança.
Olivia olhou para ela com milhares de perguntas percorrendo sua mente. Com certeza havia algo que a mulher pudesse lhe dizer. Ela poderia dar algum tipo de orientação.
– Por favor? – Olivia perguntou com mais desespero do que pretendia.
– Não posso predizer mais nada, criança.
Emma ficou de pé e pegou o braço de Olivia, dando um leve puxão.
– Vamos embora.
– Vamos sim. – Juliet ficou de pé em um salto, com um enorme sorriso nos lábios.
Olivia se levantou para se juntar a elas, então foi embora do carroção sentindo um peso no peito. As palavras de madame Zeta tinham sido uma charada, e não sabia como iria desvendá-la, mas teria, de alguma forma.
CAPÍTULO 2
William Breckenridge, o duque de Thorne, estava acomodado na biblioteca do marquês de Pemberton, perto de uma enorme janela que ia do chão ao teto, enquanto esperava para ter uma reunião com o lorde. Com o olhar fixo na porta, ele ajeitou o plastrão.
O que diabos estava atrasando o homem? William tinha sido levado à biblioteca assim que chegou e estava ansioso para poder falar com ele. Mais de vinte minutos tinham se passado, e ele odiava esperar.
William ficou de pé e se virou para olhar a janela enquanto imaginava quanto tempo Pemberton o manteria esperando. Ele passou a mão pelo maxilar, contemplativo.
Depois da ausência de quinze anos, William não achava que teria direito de reclamar sobre o tempo que o marquês demorou para aparecer. Paciência era uma virtude, lembrou a si mesmo. Era um clichê, mas um verdadeiro.
Suspirando, William voltou a pensar no motivo para estar ali. Não podia deixar de se admirar com o fato de finalmente ter ido procurar a noiva. É claro, sempre soube que teria que se casar. Sendo um duque, era seu dever. Mas não tinha estado com nenhum pouco de pressa de fazê-lo. Em vez disso, ressentia-se pelo fato de toda a sua vida ter sido arranjada.
Mas agora tudo tinha mudado. William precisava de uma esposa para ontem e só podia esperar que Pemberton pensasse do mesmo jeito que ele. Que o homem fosse entregar a filha, honrando o acordo sem causar problemas. William poderia culpá-lo caso ele se recusasse?
E quanto à dama?
Com certeza lady Olivia não imporia objeções. Que mulher não sonha com o dia do casamento? Ela deve ter passado a maior parte da vida desejando que ele chegasse e esperando ser chamada de duquesa. Afinal das contas, os dois tinham sido comprometidos quando ainda eram crianças. A vida deles tinha sido totalmente planejada e entregue a eles em uma bandeja de prata.
William há muito detestava o fato de que, quando chegasse a hora, ele teria que tomar aquela ratinha como esposa, e tinha feito tudo o que podia para resistir e atrasar tal fato. Que estranho ele agora se ver grato por tal arranjo.
Com os pais mortos, e três irmãs para cuidar, precisava muito da orientação de uma mulher. Não para ele, mas para aquelas diabinhas. Duas estavam na idade de suas estreias. Uma esposa, cuidadosamente embalada, serviria às suas necessidades. Iria poupá-lo de tudo o que lhe aguardava.
Um arrepio de repulsa percorreu o seu corpo. Não podia se imaginar tendo que escoltar as irmãs por inúmeros bailes, soirées, musicais e coisas do gênero. Ele mal podia acreditar que era capaz de cuidar delas e orientá-las.
O inferno parecia um local mais agradável.
Embora seus temores não começavam nem terminavam com os aspectos sociais da entrada das suas irmãs em sociedade. Não, eram mais profundos que isso. As irmãs precisavam de uma figura materna para guiá-las e providenciar para que elas tivessem as coisas que jovens damas precisavam. Alguém para mantê-las no bom caminho. Uma dama para usarem como exemplo. Uma que pudesse cuidar dos problemas delas.
A fotografia de uma jovem chamou a atenção de William, e ele caminhou pela biblioteca para poder ter um melhor ponto de observação. Lá na parede, em uma enorme moldura dourada, estava uma pintura de lady Olivia. Ela parecia ter uns dez anos e estava do jeito que ele lembrava. Atrevida, os cabelos trançados e o corpo alto e magro.
Desejava, com desespero, que ela tivesse ganhado algumas curvas.
Independentemente disso, lady Olivia serviria aos seus propósitos, assim como qualquer outra dama.
E o mais importante, não havia necessidade de desperdiçar tempo com o cortejo, ele não teria que conquistá-la, esse seria um assunto rápido e direto. Cumpriria o seu dever, então levaria a esposa para casa para cuidar das suas irmãs e gerenciar o seu lar. Em troca, lady Olivia ganharia o título de duquesa e uma generosa atribuição, assim como o controle de suas propriedades. Assim que ele conseguisse um herdeiro, ela teria toda a liberdade que ele pudesse lhe oferecer.
– Sua Graça. – Lorde Pemberton entrou na sala e fez uma mesura.
William devolveu o cumprimento encorajado pelo bom ânimo refletido na face de Pemberton. Parecia que o seu futuro sogro não guardava rancor.
William sorriu para o homem mais velho antes de dizer.
– Suponho que o senhor saiba por que estou aqui?
– De fato. Sua carta chegou inteira, e estamos muito ansiosos para unir nossas famílias. – Pemberton foi até a mesa e fez sinal para ele se sentar na poltrona de veludo em frente a ele. – Por favor, fique à vontade.
William tomou o assento e então aceitou um cálice de brandy.
– Lady Olivia se juntará a nós?
– Ah, sim. Minha esposa foi buscá-la. – Pemberton folheou alguns papéis que estavam sobre a mesa. – Neste interim, o senhor deseja revisar o contrato de casamento?
– Não há necessidade. – William tinha lido a maldita coisa centenas de vezes desde que ele foi firmado. Antes da morte dos pais, eles o tinham lembrado frequentemente do seu dever e o perseguiam, como cães de caça, para que ele se casasse. Sentiu a punhalada do arrependimento. Deveria ter honrado o desejo deles enquanto ainda estavam vivos. Adicionou – Estou bem familiarizado com o conteúdo e não vejo razão para alterar os termos.
– Eu tenho objeções. – A voz de uma mulher soou em algum lugar às suas costas, e William se virou para ver a beleza de cabelos escuros de pé ao lado de uma mulher mais velha, mas igualmente atraente. Ele se levantou para cumprimentá-las.
– Olivia – Pemberton advertiu enquanto ele ficava de pé.
William ergueu a mão para silenciar o homem.
– Está tudo bem.
– Bobagem. – Lady Pemberton adentrou a biblioteca, vindo parar ao lado do marido. – Por favor, desculpe o mau comportamento da nossa filha. Eu lhe asseguro que ela foi criada para se comportar como uma dama genuína, Sua Graça.
– Eu já perdoei o passo em falso. – William fez uma mesura para lady Olivia. – Milady.
– Sua Graça. – Ela o olhou de volta com impetuosos olhos cor de âmbar antes de fazer uma reverência profunda.
William olhou para ela meio divertido, meio aborrecido. O que tinha acontecido com a solteirona da qual se lembrava? A menina estranha com braços e pernas longos demais para um corpo tão pequeno?
A mulher que o olhava mal se parecia com aquela menina para quem tinha sido prometido. O temperamento dela com certeza não era o mesmo. Tentou lisonjeá-la com um sorriso jovial, mas isso só serviu para ela fazer ainda mais careta. O desgosto da dama estava estampado para todo mundo ver.
William deu um passo em direção a ela.
– Por favor, diga quais são as suas objeções.
A marquesa ficou pálida, os olhos arregalados enquanto ela virava a cabeça para olhar para a filha.
– Ela não tem nenhuma. – Lady Pemberton passou o braço pelos ombros de lady Olivia. – Não é mesmo?
Apesar da pergunta, William podia dizer, pelo jeito que lady Pemberton olhava feio para lady Olivia, que aquela não era uma pergunta. Para crédito dela, lady Olivia olhou dentro dos olhos dele e disse:
– Na verdade, eu tenho.
A marquesa ficou branca feito porcelana, nem um rastro de cor permaneceu no rosto dela, mas lady Olivia não se importou nenhum pouco enquanto continuava a dor voz às suas objeções.
– Eu não tenho nenhum desejo de me casar com um estranho.
O pai deu a volta na mesa, as bochechas coradas.
– O duque não é nenhum estranho. Você o conhece desde a infância e o noivado dura o mesmo tempo.
– Peço perdão por discordar. Não recebi nem sequer uma carta ao longo dos últimos quinze anos. Eu não conheço o duque nenhum pouco. – Lady Olivia pressionou os lábios e olhou feio para William. – E eu não tenho nenhum desejo de me casar com ele.
William se aproximou de lady Olivia e disse:
– Ela está certa.
Lorde e lady Pemberton se viraram para ele boquiabertos. Lorde Pemberton recuperou a compostura mais rápido. O cavalheiro colocou a mão no braço da esposa, mas o olhar permaneceu fixo em William enquanto dizia:
– Com certeza o senhor não quer dizer que…
– E teremos a vida inteira para corrigir o meu lapso – adicionou William interrompendo o marquês. Ele voltou a olhar para lady Olivia, oferecendo o que esperava ser um sorriso tranquilizador. – Pretendo honrar o desejo dos meus pais. Consegui uma licença especial para que possamos nos casar logo. Depois disso, podemos passar juntos tanto tempo quanto queira para assim nos conhecermos melhor.
Ela arregalou os olhos e as manchas acobreadas escureceram.
– O senhor quer se casar imediatamente?
– Certamente – respondeu William.
Lady Olivia deu um passo atrás e olhou para o pai, apavorada.
– Tenho certeza de que não é pedir demais para que esperemos pelos proclamas.
– Querida – o pai foi até ela e a pegou pelas mãos. – Você está noiva e por fim estará casada, que diferença faz se a cerimônia for esta noite ou daqui a três semanas?
– Faz um mundo de diferença. – Ela olhou para William, suplicante. – Por favor. Permita-nos esperar pelos proclamas?
– Se este for o seu desejo, irei honrá-lo.
William se surpreendeu mais com aquelas palavras que qualquer um dos outros. Não podia dizer por que concordara, só que algo na forma como ela suplicou, penetrou o seu coração.
Não queria fazê-la infeliz, aquele nunca tinha sido o seu objetivo. Na verdade, esperava que com o tempo eles pudessem vir a se importar um com o outro. Apesar de tudo, ele tinha a intenção de ser um bom marido. Ele pode não a ter escolhido, mas não a faria sofrer por causa disso.
Se esperar a leitura dos proclamas a acalmasse, então é o que eles fariam. Neste meio-tempo, William se esforçaria para conquistá-la.
CAPÍTULO 3
Olívia queria se chutar, ou melhor, chutar o duque. Ela implorou mesmo? As bochechas se aqueceram com a noção de que ela tinha, de fato. Mas, bem, precisava fazer o possível para evitar aquele casamento. Ao menos agora teria três semanas para encontrar uma forma de se livrar daquilo.