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Guerreiro Místico
— Apresse-se. Minha companheira e eu vimos Aquiel capturar Cailyn. Faça o que for preciso para chegar até ela – ordenou Zander ao guerreiro.
— Sim, amo – respondeu Thane.
— Ligue-me quando a resgatar. E, Thane, o fracasso não é uma opção.
— Eles vão chegar a tempo? – exigiu Jace, depois que Zander encerrar a ligação com o Guerreiro das Trevas de San Francisco. Seu instinto protetor estava em alta. Como curador, o bem-estar dos outros sempre o motivou, mas aquilo era totalmente diferente. Não entendia o motivo, mas precisava chegar até Cailyn e protegê-la.
— Ela vai morrer? Pensei que ninguém sobrevivia sempre que você tem uma premonição assim – perguntou Jace a Elsie, mudando de assunto assim que o pensamento lhe ocorreu. Ele tremia e não conseguia imaginar a morte de Cailyn. Seu corpo estremeceu e era algo perturbador, para dizer o mínimo. Suas reações a Cailyn eram intensas e continuavam a confundi-lo.
— Minhas premonições mudaram – explicou Elsie. – Agora, consigo imagens dos eventos que irão ocorrer. Mais cedo, tive uma visão de Cailyn sendo perseguida por escaramuças que a tiravam da estrada. Então Aquiel a agarrou dos destroços do carro. Há uma urgência me atingindo que me diz que estamos em uma corrida contra o tempo.
Aquilo foi o suficiente para Jace. Aquiel havia provado ser uma criatura perversa, e as escaramuças eram antigos humanos transformados por um arquidemônio em irracionais máquinas de matar. O pensamento de Cailyn sendo machucada por qualquer um deles fez sua raiva se transformar em fúria.
— Ryker e Gage estão com Thane? – perguntou Jace sobre os outros Guerreiros das Trevas de San Francisco. Pelo que Elsie descreveu, Thane precisaria de ajuda.
— Sim, estão. Jax também está com eles. Eles começaram a patrulhar em grupos maiores com o aumento da atividade das escaramuças, e isso está a nosso favor esta noite – respondeu Zander, puxando Elsie para os seus braços.
— Por que ainda não ligaram? Essa espera está me deixando louca. Ela não pode se machucar – soluçou Elsie. Zander enxugou as lágrimas de seu rosto e a beijou com amor. Jace maravilhou-se pelo o quanto Zander era paciente com a companheira. Ele a segurou e confortou, em vez de destacar que fazia menos de um minuto desde que terminara sua ligação para Thane.
O pânico fazia com que Jace não conseguisse se sentar, e ele andava inquieto pela sala, de um lado para o outro. Estava com suficiente adrenalina percorrendo as veias para disparar até San Francisco. Faria qualquer coisa para chegar a Cailyn a tempo. Seus instintos de proteção estavam mais fortes do que nunca. Naquele momento, a alma de sua companheira se agitou em seu peito, fazendo-o se perguntar se era possível que Cailyn fosse sua Companheira Predestinada.
Ele descartou a ideia, sem pensar duas vezes. A Deusa nunca amaldiçoaria uma mulher tão celestial como Cailyn com um companheiro como ele. Ele não servia para ser um companheiro. Lady Angelica cuidara disso.
A linha principal tocou e Zander apertou o botão do viva-voz antes de Jace dar um passo.
— Guerreiros das Trevas – vociferou Zander.
— Aqui é Thane. Estamos no local do acidente. No momento em que saímos das árvores, o demônio zombou de nós, agarrou a fada e desapareceu. Estamos com as mulheres. A irmã da rainha está viva, mas ferida. A amiga dela tem uma óbvia mordida de demônio no pescoço. Como deseja que procedamos? Normalmente, deixamos as equipes médicas humanas assumirem o controle neste momento. Quer que chamemos uma ambulância?
Jace parou, petrificado, enquanto a ansiedade sobre Cailyn o dominava. Ficou aliviado ao ouvir que ela estava viva, mas saber que estava ferida fez seu coração despencar.
— Um hospital humano seria uma má ideia – deixou escapar, antes que alguém pudesse responder. — Acredite em mim, esta situação vai trazer muita atenção para o reino. Devemos cuidar disso nós mesmos. – Ele se virou para Zander, com a determinação o dominando. – Preciso ir até elas – declarou. Ninguém o impediria de ir até onde Cailyn estava.
— Concordo. O caminho mais rápido será o portal para Basketane – ressaltou Zander, referindo-se ao complexo de San Francisco. — Você acha que pode aguentar o dreno de energia? Não sabemos a extensão dos ferimentos delas.
— Farei o que for preciso para chegar até ela o mais rápido possível e vou curá-la… mesmo que isso me mate – prometeu Jace, ignorando os suspiros chocados e olhares questionadores.
— Envie uma mensagem para Gerrick e diga-lhe para retornar – disse Zander, poupando Jace de quaisquer explicações adicionais. Jace enviou uma mensagem para Gerrick e Killian, companheiros feiticeiros, antes de Zander terminar de falar. A resposta deles foi instantânea, fazendo com que Jace praguejasse, enquanto disparava outra mensagem.
— O que foi? – perguntou Zander.
— Eles estão a quinze minutos de distância. Vou ter que fazer isso sozinho. – Eles não tinham tanto tempo assim. Precisava chegar lá, naquele momento.
— Leve as mulheres de volta para Basketane – disse Zander, no viva-voz, sustentando o olhar de Jace, firme.
— Estamos levando-as agora e estaremos esperando por você – respondeu Thane.
— Estaremos aí em breve. Gerrick está a cinco minutos daqui e eles irão estabelecer o portal imediatamente após o retorno dele. Envie outra equipe para limpar a cena do acidente. Não queremos que as autoridades humanas se envolvam – instruiu Zander.
O suor escorria da testa de Jace e seu coração estava acelerado. Ouviu Zander confortar Elsie e os outros que haviam se juntado a eles discutirem aquela virada nos acontecimentos. Jace estava pior do que Elsie havia estado, buscando ouvir Gerrick ou Killian a cada dez segundos. Ficar sentado, esperando, não era algo que Jace sabia fazer bem. Precisava agir. Outra volta pela sala não ajudaria. No momento em que pensou que iria enlouquecer, Gerrick entrou pela porta da frente.
Jace correu para as portas duplas.
— Vamos, Gerrick. Você pode se atualizar a respeito mais tarde. Precisamos lançar um portal para Basketane. Agora! – retrucou, quando Gerrick não fez nenhum movimento para ajudá-lo.
— Minha irmã está ferida e precisamos chegar até ela – disse Elsie ao guerreiro mal-humorado na porta da sala de guerra.
Jace sabia que Gerrick odiava ouvir que uma mulher estava em perigo, o que não era surpresa, visto que sua companheira havia sido brutalmente assassinada séculos antes por escaramuças. Felizmente, as palavras de Elsie colocaram o guerreiro em ação. Com apenas os dois lançando o portal, isso consumiria toda a energia deles e os esgotaria, mas ele não podia esperar por mais ninguém.
Precisando consolidar sua magia, ele convocou seu bastão de feiticeiro do reino da Deusa. Uma luz branca e brilhante cintilou e então ele agarrou a familiar madeira de amieiro de seu bastão, e ouviu o zumbido adicional de poder irradiando até ele. A serpente que adornava o alto do bastão de dois metros e meio brilhava sob luz do teto. Jace respirou fundo para centralizar sua energia. Conseguiria fazer aquilo.
Ele olhou e viu que Gerrick havia convocado seu próprio bastão. Balançou a cabeça afirmativamente para o guerreiro, e eles começaram a cantar na língua antiga. Jace sentiu a magia crescer sob a pele. Luzes verdes, azuis e roxas, semelhantes às da aurora boreal, ondulavam ao redor deles. O poder aumentou até que Jace pensou que sua pele iria rachar. Com um olhar de soslaio para Gerrick, eles jogaram a magia no grande vestíbulo. Uma porta mística se formou e uma elegante sala de estar, com móveis antigos e painéis de madeira, tornou-se visível do outro lado do portal. Um aroma sensual de canela flutuou pela abertura.
O coração de Jace parou quando Jax entrou na sala de estar embalando Cailyn.
Capítulo Dois
— Cailyn, oh, meu Deus. Você está bem? – gritou Elsie e Cailyn virou a cabeça dolorida.
Elsie, Zander e Jace a olhavam. O seu coração acelerou ao ver Jace. Ele era tão sexy quanto ela se lembrava e estava ali, para salvá-la. A casa atrás deles lhe parecia familiar. Ela percebeu que um portal havia sido criado para chegar até ela e Jessie. A porta mágica parecia exatamente com aquela que os feiticeiros haviam criado na noite da festa de formatura da irmã. Era um lembrete terrível do momento em que fugiram da batalha com os demônios, do lado de fora do Clube Confetti.
Elsie correu até ela, murmurando palavras de conforto. Cailyn queria afastar a preocupação da irmã e tranquilizá-la. Odiava ver Elsie com medo ou infeliz. Não que sua irmã precisasse de garantias, agora que era uma vampira. Elsie havia mudado de muitas maneiras, além de apenas essa, desde que se tornara a Rainha Vampira. Sempre foi confiante e capaz, mas agora havia um poder em torno dela que exigia respeito.
A Deusa Morrigan havia escolhido com sabedoria, pensou Cailyn, quando escolheu Elsie para ser a companheira de Zander. Cailyn se lembrava de ter visto a Deusa na cerimônia de acasalamento da irmã. O curso de mitologia que tivera na universidade havia lhe ensinado que Morrigan era a deusa da guerra e da morte, mas Cailyn viera a saber que esse era um pequeno aspecto de sua divindade.
Era também a deusa do nascimento, tendo criado o Reino de Tehrex, junto com os sobrenaturais que ali moravam. Era estranho pensar que aquele reino coexistia com o dos humanos, na Terra. Elsie agora era uma parte vital desses sobrenaturais, mas velhos hábitos eram difíceis de superar, e Cailyn não achava que algum dia deixaria de ser mãe de sua irmãzinha.
— El. Vou ficar bem. Esses rapazes nos acharam a tempo – acalmou Cailyn, tentando mascarar a agonia.
Um baixo rosnado masculino a fez se virar nos braços de Jax. Incapaz de esconder o estremecimento que a dor lhe provocou, ela notou que Jace estava rapidamente se aproximando dela.
— Entregue-a a mim – exigiu Jace, com a raiva estampada nas feições masculinas.
A maneira gentil com que ele a tirou dos braços de Jax foi surpreendente, tendo em vista como estava irritado. Ainda assim, ela cerrou os dentes com a movimentação. Sentia como se um atiçador quente estivesse sendo enfiado nos músculos e ossos de sua perna, e sua cabeça estava matando-a.
— A ghra, sua irmã está segura. Devemos voltar pelo portal até Zeum para que Jace possa recuperar sua força e cuidar dela. Jace a colocará de pé e em boas condições em um instante. Pare de se preocupar. Vamos sair daqui – instruiu Zander enquanto Bhric, irmão de Zander, tirava Jessie de outro guerreiro.
— Jessie recuperou a consciência? – perguntou Cailyn ao Príncipe Vampiro. Ela estava apavorada de preocupação com a melhor amiga e nunca se esqueceria de ter visto o demônio mordê-la.
— Não totalmente. Jace, você precisa fazer algo por esta pobre moça. Ela está se contorcendo e gemendo. Aqui, vou levar Cailyn e você pode levá-la – respondeu Bhric.
— Infelizmente, Bhric, não há muito que eu possa fazer por Jessie agora. Essa marca de mordida no pescoço dela não é de uma escaramuça. É a mordida de um arquidemônio. Ela foi envenenada. O portal está a dez passos de distância. Leve-a e fique atrás de mim. O portal vai fechar rapidamente. Nosso poder está diminuindo e não podemos mantê-lo aberto por muito mais tempo – respondeu Jace, sem deixar de dar um passo.
Sua grave voz masculina abalou e acalmou Cailyn ao mesmo tempo. Ela só poderia descrevê-la como pura e primitiva. Ela fez seu corpo ganhar vida.
Cailyn aninhou-se mais para perto do peito quente dele, deliciando-se quando ele reagiu, agarrando-a com mais força. Estava certa em não querer ficar sozinha com ele. Estar tão perto dele confundia os pensamentos, o que não a ajudava a resolver o seu dilema.
Amava John, mas desejava Jace, e não via uma solução rápida e fácil para tais sentimentos. Em vez disso, forçou os pensamentos para um assunto mais fácil.
— O que há de errado com Jessie? O que ele fez com ela?
— Primeiro, diga-me o que aconteceu – respondeu Jace, enquanto continuava andando e carregando-a.
Ela olhou em volta enquanto pensava na melhor forma de resumir o que acabara de passar. Era incompreensível pensar que, com alguns passos, eles haviam pulado um Estado inteiro e ido de San Francisco a Seattle por meio de um portal mágico.
Cailyn ainda estava tentando entender tudo o que acontecia no Reino de Tehrex, que ela só havia conhecido alguns meses antes. Devido às próprias habilidades especiais, não foi difícil para ela acreditar que havia mais no reino, mas aquilo era algo completamente diferente.
O silêncio na sala era desconfortável e ela percebeu que um grande grupo de pessoas esperava sua resposta. Estava surpresa que alguns dos Guerreiros das Trevas de San Francisco tivessem ido a Zeum com eles e a olhassem com expectativa.
Ela se concentrou nos eventos da noite.
— Estávamos voltando do aeroporto e um utilitário cheio de escaramuças nos tirou da rodovia. Assim que nos isolaram, Azazel e Aquiel apareceram no meio da estrada. As escaramuças no carro me atingiram na lateral e perdi o controle do carro. Rolamos várias vezes antes de eu bater em uma árvore. Foi a coisa mais assustadora pela qual já passei – explicou Cailyn.
A memória fez as palmas de suas mãos suarem. Ela olhou para a amiga para se assegurar de que Jessie estava viva. Pequenos tremores sacudiam o corpo de Jessie, e Cailyn não achava que a amiga estava consciente do que acontecia ao seu redor, apesar de estar com os olhos bem abertos.
— Antes que pudéssemos sair do carro, a fada me agarrou e o demônio agarrou Jessie. – Cailyn lutou contra as emoções e piscou antes de continuar. – Ele a mordeu depois que ouviram vocês vindo nos salvar. Ele disse algo sobre ela ser uma de suas escaramuças, a mais bonita ou algo parecido. Tentei lutar e ajudá-la, mas a fada falou algumas palavras em uma língua estranha e não pude me mover. Não muito depois disso, eles desapareceram – concluiu Cailyn.
— O que exatamente a fada disse? – perguntou Jace, com a tensão envolvendo cada palavra dita.
A severidade em seu tom a surpreendeu. Ela presumiu que a raiva dele era dirigida à fada e ao demônio, não a ela. De qualquer maneira, parecia que ele poderia rasgar algo em pedaços.
— Não faço ideia. Não consegui entender o idioma. Pelo que sei, poderia ter sido chinês. Não importa o que falou agora. Quero saber o que está acontecendo com Jessie. Diga-me que ela vai ficar bem – implorou Cailyn.
— Preciso saber o que a fada falou. Fadas são capazes de lançar encantamentos que nenhum dos feiticeiros no reino sabe como contra-atacar – respondeu Jace, apertando-a mais contra si. – Quanto a Jessie, acredito que ela pode estar se transformando em uma escaramuça. E isso significa que estará sob a influência do arquidemônio que a transformou.
— Que maldita confusão – praguejou Zander. – Kadir e Azazel são ousados, mas não muito espertos, se acham que permitiremos rédeas soltas a esta escaramuça em nosso complexo. – Cailyn não gostou do que Zander dizia.
— Devemos dar um jeito nela agora, antes que seja um risco – acrescentou Gerrick.
Um pavor gelado percorreu a espinha de Cailyn.
— Ninguém vai dar um jeito em Jessie, a menos que seja para curá-la e fazê-la melhorar – disse, indignada com o que estavam insinuando.
Como podiam ser tão insensíveis ao falar sobre matar a sua amiga? Cailyn estava determinada a impedir que qualquer outra coisa acontecesse a Jessie. A amiga já havia passado por coisas demais por causa de Cailyn e pela conexão que esta possuía com aquelas criaturas. Cailyn se recusava a deixá-la passar por mais dor por sua causa. Ela se remexeu, tentando se aproximar de Jessie, mas Jace se recusou a deixá-la ir.
— Pare com isso. Cailyn, não temos ideia do que enfrentaremos quando ela acordar. Normalmente, as escaramuças são consumidas pela sede de sangue e matam quando se alimentam. Elas se alimentam de humanos e agora você é a única humana neste complexo – falou Jace, mantendo o olhar fixo nela.
A empatia e a tristeza refletidas nele apenas a irritaram mais. Ele já havia concluído que sua amiga também era um risco. Estava claro que ele concordava com a decisão de confiná-la e depois matá-la.
— Não posso acreditar que alguma vez pensei que vocês eram melhores do que a escória da humanidade. Nada disso é culpa de Jessie. Foram seus inimigos que fizeram isso, mas nenhum de vocês está disposto a lutar pela vida dela. Vocês estão tirando uma conclusão precipitada sobre a condição dela. Bem, eu me recuso a acreditar que não há esperança e não vou permitir que algo aconteça com ela – declarou Cailyn, desejando poder ficar de pé sozinha para assumir uma posição melhor. Doía ainda mais o fato de estar ferida e sem condições de defender melhor Jessie.
Zander colocou a mão gentilmente em seu ombro.
— Acalme-se, puithar. Ninguém vai machucá-la, mas tenho que dizer que, em todas as décadas de pesquisa, nossos cientistas não foram capazes de encontrar uma maneira de lidar com o veneno de escaramuça, muito menos reverter os efeitos de uma mordida de arquidemônio – explicou Zander.
A compaixão nos olhos dele disse a Cailyn que ele acreditava que Jessie precisaria ser morta. Não ia acontecer.
— Mas nós nunca vimos uma mulher transformar-se antes, também – acrescentou Jace. – Talvez o processo seja diferente com as mulheres. Olhe para o pescoço dela. A mordida tem tons de azul nas bordas, em vez de preto. O sangue dela ainda está vermelho e, pelo breve exame que fiz, suas ondas cerebrais estão ativas e normais, se não intensificadas. Agora, não fiz um exame completo, mas todas as indicações mostram que ela não está se transformando no mesmo padrão de uma escaramuça masculina, pelo menos não fisicamente – informou ele ao grupo, e o coração de Cailyn disparou. Talvez houvesse esperança, afinal.
Jace se virou para ficar de frente para Bhric e Jessie. Cailyn estendeu a mão e agarrou a mão mole de Jessie, odiando a forma como as contrações dela estavam mais pronunciadas.
Jace mudou Cailyn de posição nos braços e passou a mão pelo braço dela. Cailyn estremeceu, mas não com a dor pelo movimento que ele fez. Uma excitação intensa percorreu seu corpo com aquele leve toque. Ele instruiu Bhric a abrir a mandíbula de Jessie para que ele pudesse examinar os dentes.
— Os incisivos delas estão soltos, então acredito que vão crescer presas. A questão é: o que enfrentaremos quando a transição dela estiver concluída? – perguntou Jace.
Cailyn se recusava a acreditar que Jessie se transformava em um assecla demoníaco irracional.
— Não pode ser tarde demais para reverter a transição. Ela não está ciente do seu reino, ou de que os sobrenaturais sequer existem. E agora vai ter presas? Vai ter que beber sangue, pelo amor de Deus! – exclamou Cailyn, temerosa pelo que Jessie poderia enfrentar.
Mais uma vez, Cailyn se culpou pela condição da amiga. Se não tivesse pedido a Jessie para buscá-la no aeroporto, a amiga estaria dormindo, sã e salva, em sua cama. Naquele momento, ela se odiou por ser tão materialista a ponto de recusar a deixar sua Mercedes estacionada no aeroporto. Tudo parecia tão sem importância agora.
— Jace está certo, eles nunca transformaram uma mulher antes. Sempre presumi que as mulheres morriam se fossem envenenadas. Entendo sua preocupação por sua amiga, Cailyn, mas não posso permitir que ela vagueie livremente pela casa até que entendamos a situação melhor. É meu dever zelar pela proteção de Elsie e pela sua. Não colocarei nenhuma de vocês em risco desnecessário – ordenou Zander.
Cailyn notou a forma como Jace enrijeceu com as palavras de Zander, e estava curiosa para saber o motivo. Ela se perguntou se ele também se irritava com a supremacia do rei. Foi preciso que Cailyn se esforçasse muito para recuar e considerar o perigo que corria. Ela já havia visto o que uma escaramuça era capaz de fazer e não queria colocar ninguém nessa posição. Mas o que iriam fazer?
Enquanto Cailyn pensava em como proteger Jessie, ela observou a pele da amiga mudar diante de seus olhos. A textura suavizou e qualquer gordura que havia em seu corpo desapareceu, substituída por músculos. Aquilo não poderia ser boa coisa. Jessie poderia se tornar a ameaça que temiam. Jessie poderia arrancar a garganta de alguém e tirar a vida deles? A Jessie que Cailyn conhecia era muito bondosa e atenciosa para se transformar nesse ser. Mas ninguém entendia exatamente em que Jessie estava se transformando. Eles haviam admitido esse desconhecimento e Jace já percebera diferenças em Jessie. Isso não significava que Cailyn iria aceitar que Jessie fosse eliminada, e se recusava a ficar parada enquanto Zander ou Gerrick a matavam. Não, tinha que haver outra maneira.
— Nós podemos contê-la. O que precisamos descobrir é o que Kadir ganha com isso. Ele não pode estar planejando usá-la para nos prejudicar diretamente. Deve saber que não permitiríamos que ela vagasse livremente pelo complexo, o que significa que não haverá nenhuma oportunidade de procurar pelo amuleto. Ele aumentou a aposta pelo Amuleto Triskele, e assumiu riscos maiores do que qualquer arquidemônio antes dele. Simplesmente não vejo o que ele consegue com isso – contemplou Zander, passando a mão pelo cabelo. – Talvez ele espere criar dissensão entre nós. Veja como estamos discutindo sobre o assunto. Não vou permitir que isso cause uma divisão entre nós. Agora, mais do que nunca, precisamos permanecer unidos. As apostas estão mais altas do que nunca. Está claro que ele ainda está atrás da minha companheira. Nem ela nem Cailyn devem deixar o complexo sem proteção. Jace, envie o sangue de Jessie para os cientistas testarem e certifique-se de lhes dizer que essa é a prioridade mais alta. Devemos saber o máximo possível, o mais rápido que pudermos. Até então, ela ficará trancada na masmorra – ordenou Zander.
— Jessie não é um perigo que precisa ser trancado e não é cobaia de ninguém. É uma contadora de vinte e oito anos e tem importância – protestou Cailyn.
Jace agarrou o queixo dela entre o polegar e o indicador, forçando-a a encará-lo. Ela se viu presa pelo olhar cor de ametista por vários segundos. Algo cintilou entre eles, alimentando o fogo lento no ventre dela, apesar da dor excruciante que sentia.
Finalmente, ele quebrou o silêncio, fazendo-a perceber que todos na sala haviam se calado.
— Cailyn, temos que contê-la. Precisamos estudá-la para podermos ajudar. Ela está se transformando, sim, mas não posso dizer com certeza o que vai acontecer a seguir. Prometo-lhe que ela não será torturada ou machucada durante o teste – disse Jace para tranquilizá-la. Infelizmente, ocorreu exatamente o oposto.
A dor que brotou foi poderosa. Devido ao fato de ele estar agindo de forma tão protetora e por estar segurando-a tão perto, ela pensou que ele sentia algo por ela. No momento em que a tirou dos braços de Jax, a eletricidade percorreu os dois. Essa declaração parecia uma traição a tudo isso. Era ridículo se sentir assim, principalmente porque era impossível criar expectativas em tão pouco tempo. Ainda assim, a dor estava lá. Cailyn precisava manter a cabeça no lugar. Jessie e Elsie eram tudo para ela, e ela nunca se perdoaria se algo acontecesse a qualquer uma das duas.
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* * *
Tremendo incontrolavelmente, Jace temia deixar Cailyn cair caso não se acalmasse. Sentia-se se afogando na torrente de suas emoções. Estava impressionado com a beleza dela e, ao mesmo tempo, a excitação o percorria, queimando o seu corpo. A saliva se acumulava na boca e o estômago se agitava. Em silêncio, amaldiçoou a repulsa com que seu corpo reagia à excitação. Queria implorar à Deusa que lhe desse uma noite na qual não se sentisse mal e pudesse se dar ao luxo de satisfazer uma mulher. Deveria saber que, depois de sete séculos de náuseas, não iria experimentar mais nada.
Por sorte, convivia com a sensação por tempo suficiente para agir de modo bem normal. No entanto, isso não impedia a vergonha de ter o fogo percorrendo suas veias. Desejou ser um homem normal, em vez da concha destruída na qual havia se transformado.
Queria, mais do que tudo, ser capaz de se perder no corpo de uma mulher. Mas não qualquer mulher. Queria aquela, mais do que já havia desejado outra. Mas nunca procurou Cailyn porque se recusava a contaminá-la. As coisas nunca poderiam ir mais longe entre eles. Ninguém precisava viver com o inferno com o qual ele lidava noite e dia. Ainda assim, sentia-se atraído por ela como uma mariposa pela chama, e ficaria feliz se tivesse uma noite com ela.