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Sanidade Antes, Magia Depois
Sanidade Antes, Magia Depois

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Sanidade Antes, Magia Depois

Язык: pt
Год издания: 2021
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— Isso não mudou. Foi o que a levou a atacar Fiona.

Um canto da boca da vovó se curvou. — Bem, isso e o fato de que você está interessado na minha neta.

O rosto de Sebastian tingiu de rosa e ele mudou de sua típica expressão carrancuda para dar sua versão de sorriso. — Isso certamente piora as coisas, mas tudo começou antes que eu agisse quanto a isso.

— Ele está certo, vovó. Ela estava matando feéricos muito antes de ele dizer uma palavra para mim. Qual é a história entre vocês? — Lembro-me dele me dizendo que eles tinham um relacionamento, mas nunca me deu detalhes.

Sebastian respirou fundo e fechou os olhos por um segundo. — Você sabe que ela é casada com Vodor. Bem, ela e o rei estão distantes há séculos. O que você pode não saber é que Feéricos são criaturas luxuriosas e sexo fora de uma parceria é comum.

Minhas partes femininas ficaram alertas quando ele mencionou que Feéricos estavam sempre com tesão. Eu queria deixá-lo nu e mostrar a ele como eu estava excitada. Só o tom de sua voz era como uma carícia íntima. Merda. Ele ainda estava falando.

Pare de pensar besteira e volte a prestar atenção.

— O rei tem um harém desde que atingiu a maioridade, mas a rainha não. Pelo menos não oficialmente. O problema surgiu quando ela se apaixonou por outra pessoa. Ela falou sobre derrubar o rei com seu amante. De alguma forma, a notícia chegou até os pais dela e eles não ficaram felizes. Eles arranjaram um matrimônio com Vodor quando ele estava tentando disputar o trono. Ela implorou ao homem que ela amava que se apresentasse na disputa, mas ele recusou. — Os olhos de Bas ficaram distantes e pude vê-lo revivendo os eventos enquanto falava. Seu corpo ficava cada vez mais rígido com o passar do tempo.

— Por que ele recusou? — A carranca estava de volta e eu odiei aquilo. Eu esperava que minha voz o ancorasse no presente.

Ele piscou várias vezes e finalmente se concentrou em mim, mas foi a vovó que me respondeu. — Política. Somente aqueles no alto escalão da sociedade Feérica são poderosos o suficiente para assumir o trono. O critério das separações de classes entre os feéricos vai além da renda. Eles valorizam o poder mais do que qualquer coisa. É por isso que a Rainha quer roubar o seu, Fiona. Você poderia eclipsar o status dela.

— Ela está certa — acrescentou Bas. — O homem que ela amava não era da classe alta e, apesar de ser poderoso o suficiente para ascender, não tinha vontade de fazê-lo. A Rainha ficou chateada quando ele recusou. Ela sempre foi uma megalomaníaca e, mesmo assim, queria o homem mais poderoso como seu companheiro. Essa recusa a envergonhou e foi um grande escândalo. Nunca se ouviu falar que a Rainha queria alguém que fosse oficialmente de uma família mais fraca do que a de Vodor.

— Você é o tal homem, certo? — Não havia dúvida disso em minha mente. Ele exalava essa aura revestida de uma força inegável.

Sebastian ergueu um ombro. — Sim, mas isso não é importante. Precisamos nos concentrar na Rainha e por que ela está tão silenciosa.

— Isso é mais importante do que você imagina. Ela não te superou. Eu imagino que ela sente que você a desprezou ao rejeitá-la e depois indo embora. Isso, junto ao seu desejo por meu poder, a torna altamente perigosa. E isso poderia tê-la levado ao limite. Ela pode, agora, estar atacando sem se importar com quem fere.

— Essa parece a explicação mais plausível que já ouvi a noite toda — concordou vovó com um aceno de cabeça. — E não se esqueça de suas maneiras, Fiona. Você não ofereceu chá a Bas nem nada para comer.

Revirei os olhos para minha avó, mas não pude evitar minha vergonha. Ela e minha mãe me ensinaram melhor e eu as estava fazendo parecerem desleixadas. — Eu não tenho certeza sobre você, mas eu preciso de um pouco de vinho. Você aceita um pouco de uísque? Vou colocar uma pizza no forno.

— Eu pego. — Bas foi até o armário e pegou o uísque, em seguida, puxou o vinho branco da geladeira. Um sorriso cruzou seu rosto quando ele pegou a taça de vinho sem haste do balcão. Dizia: Eu harmonizo bem com vinho.

Depois de preaquecer o forno, coloquei uma pizza congelada com tomate, alho e manjericão numa assadeira e me sentei na ilha da cozinha. — Estamos seguros aqui? — Eu não conseguia afastar a sensação de que não era capaz de derrotar a Rainha. O que significava que todos os que viviam em Pymm's Pondside estavam em perigo. Isso agora incluía minha avó também.

— Suas proteções são tão boas quanto qualquer outra que eu já conjurei — respondeu vovó. Ela estava sorrindo para mim. O orgulho era inconfundível.

— Obrigada, mas elas são impenetráveis? Não quero que mais ninguém se machuque por minha causa.

— Eu encontrei todas as pedras enfeitiçadas que Tunsall plantou, então essa parte já está resolvida. E você já restringiu a entrada pelo portal.

Vovó fez um barulho que soou como se ela estivesse sufocando. — Você proibiu qualquer um de entrar em Pymm's Pondside?

Levantei-me e coloquei a pizza no forno. — Sim. Eu não tive escolha. Kairi e eu quase morremos porque a Rainha manipulou Tunsall para fazer seu trabalho sujo. Eu precisava ter certeza de que isso não aconteceria novamente.

— E aqueles que procuram passagem pelo portal? Você já pensou em como tal feitiço os afetaria? A maioria deles está fugindo do tirano em Eidothea e você bloqueou a única passagem segura que resta para eles.

Engoli em seco e me virei para encarar minha avó. Ela estava com as mãos nos quadris, mas fiquei feliz em ver que ela não estava vermelha nas bordas.

— É por isso que o portal está em silêncio desde a minha luta com a Rainha. Achei que tinha a ver com ela por algum motivo. Eu não tinha ideia de que isso aconteceria. — Eu engoli o pedido de desculpas. Eu não tinha nada pelo que lamentar. Tudo isso era novo para mim e eu estava dando o meu melhor com o que tinha.

— Claro que não. Eu culpo Filarion. Se aquela doninha não tivesse invadido e roubado meu livro, você teria visto minha carta e eu estaria aqui desde o início para ajudar. O mais importante agora é afrouxar as barreiras.

Sebastian terminou sua bebida e pousou o copo. — Existe algo que podemos fazer para garantir que ninguém com intenções maliciosas possa atravessar?

Vovó flutuou mais perto do forno quando eu o abri e ficou me observando enquanto eu removia a pizza. — Isso é complicado.

— Isso é o que eu pensei que tinha feito antes — interrompi. Quando lancei minhas proteções, eu até mantive esse desejo na frente da minha mente.

— A magia não é capaz de avaliar uma pessoa a menos que ela pratique magia nefasta. Isso muda uma pessoa, como eu disse antes, e por causa disso podemos manter essas pessoas fora. Mas ela não é capaz de detectar o que alguém está pensando. Ou se eles têm ciúmes de você. Nem pode dizer quando você está com fome e lhe fornecer uma refeição. Torna-se complicado ao lidar com um indivíduo que está sendo forçado a cumprir as ordens de outra pessoa.

— Certo. Isso faz sentido… Então eu só me resta ter esperanças de que ninguém mais seja manipulado como Tunsall foi?

Bas balançou a cabeça. — Isso não seria sábio. Garanto que ela encontrará outra pessoa para manipular, mais cedo ou mais tarde. Essa é uma de suas constantes.

Eu joguei minhas mãos para o ar. — Tem alguma coisa que eu possa fazer? Kairi quase foi morta da última vez. Eu prometi a ela um lugar seguro para morar depois que ela preferiu fugir de Vodor, em vez de dar a ele um pedaço de si mesma. — Ela sabia que a pior coisa que ela poderia fazer por seu povo era dar a ele poder sobre quem vive debaixo d'água. Eu respeitava isso e queria ter certeza de que ela poderia viver da forma mais segura possível, mesmo que estivesse longe de todos que amava.

Vovó flutuou de volta para a janela. — Nós podemos chamar Theamise. Ela e suas irmãs podem ficar de olho nas fronteiras e nos avisar se algo parecer suspeito.

Bas serviu outro copo de uísque enquanto eu cortava a pizza. — Sim. Não pareceria estranho a ninguém se elas puxassem conversa com eles. Algumas perguntas bem formuladas e ela deve ser capaz de determinar se alguém está agindo fora do normal.

Fui até a geladeira, peguei uma fruta e a coloquei na ilha. — Acho uma boa ideia. Vou levar alguma coisa para comer no caminho e falarei com ela e Kairi, então poderei remover as proteções. Não gosto da ideia de Feéricos ficarem presos em Eidothea e em perigo.

Peguei um prato e enchi com a comida antes de sair. Sebastian me seguiu com nossas bebidas e pizza. A culpa me consumia por ter eliminado uma rota de fuga na qual os Feéricos confiavam. Eu não poderia imaginar se Kairi ainda estivesse em Eidothea. O Rei a teria pego e conseguido o que queria. E teria sido minha culpa. Eu esperava que o peso em meus ombros diminuísse agora que vovó estava comigo e fosse capaz de me ajudar a entender essa merda toda.

CAPÍTULO QUATRO

— Então, está tudo quieto porque você acidentalmente bloqueou o portal? — Violet bateu seu copo de margarita no meu. Estávamos no Penas de Fênix, o pub onde Aislinn era atendente. — Bom trabalho, Fi.

A primeira vez que viemos aqui, Aislinn passou mais tempo conversando conosco do que servindo aos outros. Perguntei por que ela não tinha medo de ser demitida e ela riu ao dizer que gostaria de ver sua mãe tentar. Aparentemente, sua família era dona do lugar há décadas.

De qualquer forma, passei a última meia hora contando a elas o que aconteceu quando voltei para casa na noite anterior. Aislinn riu e ergueu um copo de refrigerante para nós de sua posição atrás do bar. — Essa é uma boa maneira de manter sua carga de trabalho baixa.

Eu rosnei baixo em minha garganta. — Eu não estava tentando me livrar do meu trabalho. Eu culpo a vovó. Isso não teria acontecido se ela tivesse me contado sobre, hum… — Eu lancei meu olhar ao redor, me certificando de que ninguém estava por perto. Era só o que faltava, eu revelar a existência de sobrenaturais aos humanos. — A nossa família. Já é ruim o suficiente que Kairi sofreu por semanas quando eu não tinha ideia do que era esperado. Eu tive que sair fazendo as coisas do meu jeito de novo porque não sabia o que mais poderia fazer.

Aislinn parou de limpar a parte superior do balcão. — Não há nada que você possa fazer para mudar o que aconteceu, e você solucionou o problema, não é?

Balancei minha cabeça para cima e para baixo. — Vovó estava tão hesitante quanto eu em diminuir a proteção sem uma maneira de monitorar quem cruzasse para Pymm’s Pondside. Na verdade, foi muito simples, uma vez que Bas sugeriu a ideia de convocar Theamise para ajudar se alguém aparecesse. Eu não tinha ideia de que ela tinha esse impacto nas árvores mais próximas da casa. As folhas estão rareando e a casca está descascando agora que ela se mudou para os arredores de minha propriedade.

Violet revirou os olhos. — Que parte de ninfa da floresta você não entendeu?

Eu dei um tapinha em seu ombro enquanto minha cabeça fazia uma boa imitação de um sprinkler, girando de um lado para o outro enquanto verificava quem poderia ouvir. — Quieta! E, sim. Eu entendo isso agora. Tudo isto é novo para mim. Isso nunca me ocorreu antes. Daí a razão de estarmos aqui bebendo.

Violet riu e tomou um longo gole de sua margarita. — E eu pensei que estávamos aqui para que você pudesse evitar sua avó. Você não parece muito inclinada a passar tempo com ela.

— Ora, por quê? Você tem reclamado por não saber o suficiente sobre sua herança e agora que você tem a fonte perfeita na ponta dos dedos, você quase não passa tempo com ela. — Era óbvio que Aislinn estava genuinamente curiosa. Eu não conseguia parar de me contorcer na banqueta do bar enquanto tomava um gole da minha margarita.

Por que eu não estava em casa conversando com a vovó mesmo? Eu deveria estar lá. Aquilo era tudo que eu queria há meses, mas no momento eu não conseguia passar muito tempo com ela. Enquanto considerava a pergunta de Aislinn, percebi que havia uma parte de mim que se sentia desconfortável perto dela.

Eu estava me acostumando com questões mágicas, mas isso era um outro nível. Para piorar, ela disse que eu era diferente da maioria dos outros da minha espécie. Já era ruim o suficiente eu ter tanto poder que fazia de mim um alvo.

Terminei minha bebida e coloquei o copo no balcão. — Cada vez que me viro, ela tem informações novas para mim. Aparentemente, meus pais foram mortos por um feitiço lançado do outro lado do mundo. Já ela foi morta num incêndio. Ela acha que talvez foi um dragão, mas não tem certeza. Ah, e Emmie despertará seus poderes nos próximos dois anos, então eu tenho que encontrar uma maneira de contar aos meus filhos o que eles são.

Aislinn inclinou a cabeça. Ela era a mais nova de nós três, com 38 anos. — Eles ficarão bem. Aposto que até vão achar isso legal.

Violet balançou a cabeça. — Não tenho certeza quanto a isso. Eles serão diferentes e precisarão manter um controle rígido sobre suas emoções ou se destacarão. E Emmie me parece ser introvertida.

— Ela odeia ser o centro das atenções, mas ela tem uma boa cabeça sobre os ombros, então o controle deve ser fácil para ela. E ajuda que todos eles vivam juntos agora. Ela mantém os gêmeos na linha e garante que não façam festas selvagens e essas coisas. Mas ela vai praticamente se matar tentando manter Skylar e Greyson fora de problemas. Esses dois vão ser difíceis e não posso voltar para ajudar.

Aislinn pegou meu copo e o lavou. — Você quer outra?

— Sim. Deixei Sebastian e minha avó quando saí. Ela o estava interrogando sobre suas intenções e por que fiz isso aqui brilhar. Eu não tinha ideia de que o âmbar nunca tinha brilhado antes. — Eu ergui o amuleto que Bas havia feito décadas atrás. Ele tinha mencionado algo sobre ser para minha família ou para mim. Não consigo me lembrar exatamente. Eu estava muito ocupada tentando não cobiçar o cara enquanto tentava descobrir por que ele me odiava ao mesmo tempo. E, então, havia as outras coisas que ele fez. Ele tinha um talento irreal para criar joias, armas e ferramentas impressionantes.

Violet estendeu a mão para o amuleto quando ficou rígida e seus olhos se arregalaram. Seu rosto ficou branco como um fantasma e seu rosto se contorceu de terror.

— O que foi? — dissemos Aislinn e eu ao mesmo tempo.

— Meus filhos! — Violet não disse mais nada enquanto pegava o celular da bolsa. Comecei a roer a unha do polegar, enquanto Aislinn praticamente subia por cima do balcão.

Violet estava prendendo a respiração quando tirou o celular da orelha e apertou a tecla. Ela procurou o número do seu outro filho e chamou. Ela respirou fundo e eu comecei a mastigar meu lábio inferior enquanto esperávamos que eles atendessem.

Ela estava chorando quando terminou a chamada e ligou para o ex-marido. — Ei! Sou eu. Você teve notícias de Ben e Bailey esta noite?

Lágrimas encheram seus olhos enquanto ela ouvia a resposta dele. Eu pulei do meu banquinho e coloquei a mão em seu ombro. — Não. Eles não atenderam quando liguei, então pensei em verificar com você. Tenho certeza de que não é nada. — Sua voz falhou, indicando que ela estava muito mais preocupada do que aparentava.

Ele disse outra coisa que a fez serrar a mandíbula. Juro que ouvi algo estalar. — Não há razão para você fazer nada. Eu disse que iria mantê-lo informado. Eu estava apenas checando eles.

Ela apertou a tecla de desligar enquanto ele ainda falava e olhou para mim. — As proteções que coloquei ao redor da casa foram ativadas. Eles não estão respondendo.

Aislinn se virou para seu colega bar e disse que ela teria que sair. Peguei minha bolsa. — Isso não significa necessariamente que algo aconteceu, mas vamos verificar para ter certeza.

Violet assentiu e se levantou. Ela tropeçou e se segurou no balcão. Passei um braço em volta de Violet quando suas pernas tremeram com seu primeiro passo. Aislinn nos encontrou no final do balcão.

Rezei para que nada acontecesse com os filhos de Violet. Eles eram o seu mundo. Ela era uma das melhores mães que eu já conheci. Ela estava sempre fazendo pequenas coisas para eles. Ela fazia o impossível para sempre estocar proteínas especiais para Bailey porque ela era vegetariana. Eles tinham um ótimo relacionamento.

Meu coração disparou ao mesmo tempo que uma sensação ruim apertou em volta do meu peito quando saímos para o ar frio do inverno. Nossa respiração soprou em nuvens brancas, eu apertei o ombro de Violet tentando tranquilizá-la e fazê-la se acalmar. Fiquei surpresa por ela ainda não ter desmaiado com a forma como seus pulmões pareciam terem parado de funcionar.

Pelo menos foi assim que pareceu quando notei que a nuvem branca na frente de seu rosto lembrava a cena em filmes de terror quando a próxima vítima infeliz acabava trancada num porão e abria um grande freezer. Sabe aquela cena em que a névoa de gelo branca gira no ar acima do freezer logo antes de dispersar e a pessoa começa a gritar ao ver partes de corpo congeladas.

Certo, não é a melhor imagem para se ter no momento. Limpei isso da minha mente e me agarrei à crença de que eles estavam bem. Eu não tinha certeza se a mulher que se tornou minha melhor amiga sobreviveria se alguma coisa acontecesse com eles.

Coloquei Violet no banco do passageiro em meu Mustang, enquanto Aislinn pulava no banco de trás. — Eles estão bem. Talvez eles estejam assistindo a um filme e desligaram os telefones. — Aislinn estendeu a mão através dos assentos e apertou a mão de Violet.

Violet fungou e seu corpo começou a tremer. — Não, algo aconteceu. Meu instinto diz isso. Temos que encontrá-los. Eles têm que estar bem… — Sua voz falhou no final e seus ombros tremeram com um soluço.

Saindo do estacionamento, virei para a rua e tive que checar minha velocidade. Meu pé se recusava a afrouxar o pedal. Eu não tinha ideia do que faria se fossem os meus filhos. Como mãe, minha vida consistiu em nutri-los e protegê-los durante metade da minha vida.

O céu escureceu e o ar ficou mais denso quando entrei na rua de Violet dois minutos depois. — Está sentindo isso?

Violet voltou os olhos cheios de lágrimas para mim. Uma olhada no meu espelho retrovisor e vi o reflexo de Aislinn balançando a cabeça de um lado para o outro. — Não sinto nada. E você, V?

— Eu não posso sentir qualquer coisa neste momento. E eu digo literalmente. Meu corpo está dormente — sussurrou Violet, enquanto seu olhar permanecia cravado em sua casa.

Parei ao lado do meio-fio e ela saiu pela porta antes que eu desligasse o motor. Aislinn e eu a seguimos um segundo depois. — O que você consegue sentir? — Os olhos de Aislinn percorreram a vizinhança ao nosso redor.

A cidade era pequena com mais da metade da população sendo sobrenatural. Eram cerca de dezesseis quilômetros, com a praça principal sendo o centro. A maioria das casas ficavam mais próximas do centro, com um punhado em áreas remotas. Violet morava no meio da cidade, não muito longe de sua livraria.

Violet parou na soleira e olhou para nós. Seu rosto era da cor da máscara de Michael Myers e seus olhos azuis estavam brilhantes e cheios de preocupação. Foi então que percebi que a porta da frente estava entreaberta.

Aislinn e eu corremos para alcançá-la. Meu estômago azedou e a bile encheu o fundo da minha garganta. A porta aberta combinada com aquela sensação opressora da qual eu não conseguia me livrar e a certeza de Violet de que seus filhos estavam em apuros me convenceram de que ela estava certa.

— Violet, espere. Deixe-me ir primeiro. — Corri passando por ela antes que ela pudesse me dizer não ou entrar primeiro.

Sua casa tinha um piso plano aberto e depois de um curto corredor se abria para uma sala de estar com uma cozinha conectada. Tudo o que vi foram alguns cobertores e almofadas espalhadas pelo chão. Meu peito apertou e tive dificuldade para respirar. Tentei captar qualquer indício de magia lançada na área, mas era muito nova nesse lado da minha herança para saber se o que sentia era alguma coisa ou não.

Violet parou no meio da sala e se abaixou para pegar algo debaixo da mesa de centro. Comecei a tremer como ela quando notei o celular de Bailey em sua mão. A adolescente nunca ficava sem a coisa.

— Bailey! Ben! — gritou Violet, mas não houve resposta.

— Vou verificar os quartos deles — ofereci e corri para o segundo andar, onde os três quartos estavam localizados.

O quarto de Bailey foi o primeiro. Ela não estava lá. Sua mochila estava na pequena mesa no canto, mas não havia mais nada fora do lugar. Sua cama estava feita e suas roupas estavam no cesto.

Entrei no quarto de Ben e vi a cena oposta. Seu edredom azul-escuro estava amarrotado na ponta da cama e eu não conseguia ver o chão debaixo das pilhas de roupas, sapatos e equipamentos de jogo. Eu me perguntei como ele conseguia encontrar alguma coisa naquele luga, mas aquilo também correspondia ao garoto que eu conhecia.

Espiei o quarto principal e encontrei-o impecável com a cama feita. O que quer que tenha acontecido, não havia chegado ao segundo andar. Voltei para a sala e disse isso a Violet e Aislinn. — Precisamos ligar para a polícia e pedir ajuda.

Violet assentiu e enxugou as lágrimas que agora escorriam pelo seu rosto. — Vou ligar para Lance.

— E eu vou ligar para Camille e Sebastian. Podemos lançar alguns feitiços de localização e encontrá-los. — Eu queria tranquilizá-la e dizer que eles estavam bem e que chegaríamos a eles a tempo, mas não o fiz. Eu sabia que não devia dar falsas promessas a ela.

— Não vamos parar de procurá-los até que os encontremos — prometeu Aislinn.

— Sebastian estará aqui em cinco minutos. Camille mora no final da rua e deve chegar aqui…

— Agora mesmo. — A voz de Camille me cortou no meio da frase. — Me conte o que aconteceu. — Fiquei aliviada ao ver a poderosa bruxa. Ela e minha avó podiam não se dar bem, mas precisávamos da experiência dela, agora mais do que nunca.

Violet disse a ela o que sabia, o que não era muito. Lance chegou quando ela estava terminando sua explicação e ela teve que começar a contar novamente os eventos. Só que desta vez Violet deixou de fora como sentiu que algo estava errado com seus filhos. Ele não era membro da comunidade sobrenatural e não tinha conhecimento de nossa existência.

Lance ligou para uma unidade para coletar evidências e estava conversando com Violet sobre a necessidade de monitorar suas ligações no caso de alguém pedir resgate. Era óbvio que as crianças não haviam partido por conta própria, e ele esperava que alguém fizesse exigências em breve.

— Você consegue pensar em alguém que queira machucar você ou seus filhos? — Lance estava procurando um lugar para começar uma investigação. Poucas evidências forenses foram deixadas para trás. Sem uma ameaça, eles não tinham nada para continuar. — E quanto ao seu ex-marido?

Violet revirou os olhos. — Aquele idiota está muito ocupado começando uma nova vida para se preocupar comigo ou com as crianças. Ele é um idiota traidor, mas nunca faria algo assim.

— Temos que olhar para todos os ângulos. Vou precisar de suas informações de contato para fazer o acompanhamento. Se alguém entrar em contato com você, me ligue imediatamente. Nesse ínterim, quero que você baixe um aplicativo para gravar todas as chamadas que você receber. — Lance continuou a dar instruções a Violet.

Saí da casa para cumprimentar Sebastian quando ele chegou menos de um minuto depois. — O que aconteceu? Seja o que for, envolve magia e muita.

Eu inclinei minha cabeça. Ele conseguiu sentir o mesmo que eu? Ninguém mais mencionou sentir nada. — Não sabemos. Senti essa pressão no peito no segundo em que virei para a rua e ficou muito pior quando entramos na casa, mas ninguém mais sentiu. Há um sinal de luta, mas nada que desse realmente uma pista.

Bas franziu os lábios e se virou para acenar para Lance, enquanto ele descia o caminho. Nós dois voltamos para dentro para encontrar Camille preparando-se para fazer o feitiço para localizar as crianças. Ela puxou a mesa da cozinha para o meio do espaço e limpou-a.

Sabendo do que ela precisaria, fui até a cozinha e peguei uma tigela de água mais quatro velas e voltei enquanto ela tirava ervas e sal, junto com seu athame da bolsa que ela levava para todos os lugares. Acendi as velas e as coloquei nos quatro cantos, correspondendo aos pontos numa bússola.

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