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Chamas Escuras (Laços De Sangue Livro 6)
Chamas Escuras (Laços De Sangue Livro 6)

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Chamas Escuras (Laços De Sangue Livro 6)

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"Estás a dizer que vão ficar todos nesta área em vez de se espalharem por outros estados?" alguém perto da janela perguntou. "Por que fariam isso se seria mais inteligente sair de Dodge?"

"Há alguma coisa que os mantém ligados a esta área", o Storm apontou para o mapa, "A área que vocês vêm e mais cerca de 160 km em todas as direções." decidiu mudar de assunto.

"Mais boas notícias, a atividade do terramoto e as súbitas esquisitices meteorológicas estão a forçar alguns humanos a abandonar a área. Tive de puxar uns cordelinhos, mas consegui que a imprensa anuncie que a série de terramotos desta noite pode ser o preludio dum terramoto maior... o 'Maior' por falta de uma frase melhor.

"No entanto, todos sabemos que este não é o caso. Não queremos atrair muita atenção para LA, mas se conseguirmos que 10% da população humana saia de livre vontade, isso torna o nosso trabalho muito mais fácil. Também estou a trabalhar na tecnologia de modificação meteorológica para criar um furacão e mantê-lo perigosamente perto da costa por uns tempos. Isso pode levar ainda mais pessoas para fora da cidade.

"Fomentar o medo, no seu melhor", alguém concordou.

O Storm acenou: "Temos de tentar manter o máximo que pudermos fora dos olhos dos humanos. Preciso que vocês todos se mantenham atentos a qualquer um com um gravador. Aqueles de entre vocês, capazes de apagar mentes, terão de trabalhar a dobrar para reparar os estragos. Todas as chamadas para o 911 estão também a ser monitorizadas. E mantenham-se atentos. Está perigoso lá fora... perdemos vários membros do PIT ontem à noite. "Ele terminou suavemente enquanto olhava para o Guy.

O Guy manteve o olhar pregado no Storm a desafiá-lo a tentar pô-lo à margem, com a desculpa do tempo apropriado de luto. Do que ele precisava mesmo era de vingança e ir lá para fora, entre os demónios, era a única maneira de conseguir isso.

Zachary inclinou-se contra a mesa e enfiou as mãos nos bolsos. "Eu estava lá... nem tudo o que saiu da fenda ontem à noite é mau.

O Storm acenou: "Sim, é possivelmente a única coisa boa a sair desta confusão. Quando a Misery abriu a fenda, ela libertou, não só demónios, como também conseguiu libertar uma série de desaparecidos e outros que estão, felizmente, do nosso lado."

"Como quem por exemplo?" perguntou o Trevor.

"Como, por exemplo, aqueles que estavam a proteger o selo do outro lado da fenda." Uma nova voz disse do fundo da sala.

Viraram-se todos na direção da voz. Um jovem que não parecia ter mais de 18 anos estava encostado à parede do fundo, com os braços cruzados sobre o peito. Seu cabelo escuro parecia soprado pelo vento e a forma em como a luz refletia em certos pontos dava-lhe uma tonalidade arroxeada. Quando abriu os olhos, as cores iam e vinham, assemelhando-se a uma turmalina brilhante, fazendo com que muitos na sala desviassem o olhar

"O que és tu?" perguntou o Ren, intrigado porque não conseguia sentir nenhum poder no novato.

O jovem sorriu: "Para os demónios... Eu sou o bicho-papão.”

"Este é um dos nossos aliados do outro lado." Respondeu o Storm. “O Kamui e os seus... irmãos vão ficar no terceiro andar.”

"Pensei que o terceiro andar estava selado." Questionou o Trevor. "Como é que eles podem ir lá para cima?"

O jovem levitou por vários metros e piscou o olho ao mutante.

"Uma criança que sabe voar... Boa!", Trevor sacudiu a cabeça com desdém, "vai ser uma rica ajuda."

O Kamui sorriu: "Sou mais velho que o primeiro da tua espécie. Não fomos atirados para aquela fenda contra a nossa vontade... Fomos de livre vontade, sabendo exatamente no que nos estávamos a meter. E havia mais demónios do lado de lá, do que aqui. Impedimos que o nosso lado fosse trespassado... E tu, o que é que fizeste?"

O Ren arqueou uma sobrancelha, decidindo que já estava a começar a gostar deste rapaz. Teve de tossir na mão para não se rir do Trevor em voz alta, embora não se devesse ter preocupado, porque vários outros já se riam sem simpatia.

"A maioria dos demónios já se espalhou pela cidade e estão escondidos", o Zachary tornou a falar, tentando virar a atenção a concentrar-se na reunião. "Aqueles que representam maior perigo por serem vistos ou atacarem os humanos são os espectros que foram convocados."

"Odeio essas coisas", o Trevor rosnou incapaz de suprimir o arrepio. "Eles magoam para caramba quando passam através de ti."

Zachary acenou: "Eles estão praticamente em todos os cemitérios da cidade e isso é um perigo real para os humanos. O Hunter pode matá-los, mas apenas um de cada vez.” Fez uma pausa, perdido em pensamentos “Na verdade, matar nem é a palavra certa."

"Eu gostava de dar-lhes uma sova, mas não consigo tocar-lhes." Queixou-se o Trevor.

"Também ficavas zangado se o teu descanso fosse interrompido por um demónio que quer trazer-te de volta só para seres o servo dele." Uma jovem com cabelo prateado e longo declarou. "Só estão a expressar essa raiva... não é pessoal.”

"Tiara", o Storm disse o nome dela para as pessoas na sala que ainda não tinham tido a oportunidade de a conhecer. "Estou feliz que tenhas vindo e lamento muito pela tua mãe."

"Obrigada", respondeu a Tiara, mas o seu olhar estava no Trevor. "Atrai-los porque tens a vida de tantos animais dentro de ti." Ela pôs-se à frente dele e puxou um punhal do cinto, fazendo o Trevor hesitar na ação rápida. Ela sorriu suavemente, “Toma, podes usar isto para te protegeres deles."

"Vai matá-los?" O Trevor pegou no punhal cuidadosamente, levantou-o e observou-o.

"Já estão mortos." Tiara disse calmamente como se falasse com uma criança. "Esta é uma ferramenta usada para libertar... não para matar.”

Trevor franziu a testa, mas não devolveu o punhal. Sabia do que aquelas coisas eram capazes e aceitaria toda a ajuda que conseguisse. "Obrigado", colou-o no cinto e cobriu-o com a camisa.

"Tiara, tens a certeza de que estás pronta para isto?" Perguntou-lhe o Storm não querendo pô-la sob pressão, sabendo que esta seria a sua primeira vez. "Vampiros e espectros não são as únicas coisas lá fora... zombies também têm sido avistados por todo o lado. Isso não inclui mestres demónios e as coisas para as quais não temos nome... não sabemos o que mais está lá fora.”

"Estou pronta", respondeu a Tiara com uma ligeira inclinação desafiadora do queixo. Ela tentou ter em mente que o Storm pensava que só tinha ganho o seu poder através da morte da mãe e isso era de certa forma verdade. Tinha acabado de herdar os poderes da Myra, mas conseguia ver fantasmas desde o dia em que tinha nascido.

Zachary afastou-se da mesa, confuso, quando algo lhe surgiu na mente. “Estás a dizer que esta será a primeira vez que ela usa os poderes dela?"

"Sim, o dom da necromancia só pode ser passado quando o progenitor com o dom morre... a Tiara só recebeu o poder há umas semanas." Explicou o Storm.

A Tiara olhou para o Zachary... desta vez fixando os olhos destemidamente nele. Se ele tinha um problema com ela, ela queria-o esclarecido agora, em vez de deixar isso a pesar-lhe na cabeça mais tarde. Se lhe fosse apontar dedos, ela preferia que ele fosse em frente e o fizesse.

"E vais mandá-la para lá sozinha?" De repente, o Zachary não gostava da ideia. A mãe dela usava a necromancia durante anos e tinha uma equipa de lutadores com ela. E, como o Storm acabou de sublinhar... ainda morreu às mãos de um demónio apenas há umas semanas.

"Vou com ela", o Trevor sorriu colocando a palma da mão contra o punho do punhal. "Enquanto esta coisa fizer o que a Tiara diz que faz, não tenho problemas em vigiá-la."

Zachary olhou para Trevor pensando na forma como o mutante andava tão distraído com a Envy ultimamente. Não era uma boa escolha, no que dizia respeito ao iniciador de fogo.

"Até a Tiara escolher a sua própria equipa proponho que, para começar, o Trevor e o Zachary a acompanhem. O Zachary vai estar no comando da equipa e pode também ser o reforço, no caso de alguém a vir nos cemitérios. Ele pode apagar-lhes facilmente a memória ", anunciou o Storm.

Os olhos da Tiara alargaram-se uma fração quando ouviu que o Zachary ia comandar a equipa dela. Myra tinha-lhe contado há muito tempo sobre o Zachary tê-la visto com o Deth... e que ele tinha mantido o segredo todos estes anos. A Myra também lhe tinha apontado o Zachary algumas vezes ao longo dos anos, mas isso só tinha causado um medo infantil e um espanto a crescer dentro dela pelo homem que sabia o segredo da mãe.

O Zachary relaxou um pouco agora que sabia que a Tiara não estaria sozinha esta noite. Isto surpreendeu-o, sentir-se aliviado sabendo que estaria ao lado dela se algo acontecesse.

"Vou com eles", anunciou o Guy.

Tiara sentiu uma onda de mal-estar sabendo a verdadeira razão do Guy querer ir. Sem olhar para o Guy, ela virou-se para o Storm: "Só preciso de três na minha equipa por enquanto e um deles não deve ter poderes."

A expressão do Guy escureceu com a recusa da Tiara em deixá-lo juntar-se à equipa... Ela estava a mentir.

O Zachary reparou na troca silenciosa entre eles e franziu a testa. Ele não tinha a certeza qual era o motivo do Guy para, de repente, querer ser colocado noutra equipa tão cedo..., mas, mais uma vez, não era como se pudessem tirar uma licença de luto. Se isso acontecesse, ninguém apareceria para trabalhar.

O Storm acenou, percebendo a insinuação de que Guy não estava convidado, "Então tenho apenas o homem sem poderes para fazer o trabalho."

"Quem", perguntou o Trevor com suspeita. Gostava do Guy e tinha visto a sua magia em ação. Era um pouco dececionante ele não se juntar a eles.

"O Jason". O Storm apontou com a mão na direção do homem de pé, atrás do grupo.

"Oh, inferno não!" O Jason exclamou de olhos arregalados. "Não vou sair para andar a perseguir coisas mortas. Se me perguntarem... é mais inteligente fugir delas.”

O Zachary encolheu os ombros: "Ok, como quiseres. Mas não tens alternativa."

O Jason tropeçou para trás, esbarrando com o jovem de cabelo arroxeado, enquanto Zachary se aproximava com a mão estendida em direção à testa do Jason.

"Tudo bem, tudo bem", disse o Jason enquanto levantava as duas mãos para afastar o Zachary. "Eu vou! Baixa... a …. mão…”

O Zachary sorriu e pousou a mão com força no ombro de Jason, agindo como se fosse isso que ele ia fazer desde o início. "Sabia que não nos ias desiludir."

"Vai para o inferno", Jason resmungou fazendo Kamui bufar em divertimento.

Capítulo 3

"Temos de esperar até ao anoitecer", disse a Tiara, enquanto olhava pela janela incapaz de enfrentar a desilusão furiosa do Guy ou a autoridade de Zachary sobre ela. Já estava suficientemente nervosa.

"Porquê esperar?" O Jason perguntou, não gostando da ideia de sair às escuras atrás de demónios ou fantasmas ou do que quer que fosse que esta rapariga quisesse ir atrás.

"Boa pergunta", disse Trevor. "Sou a favor de ir atrás destas coisas, mas irmos quando começa a escurecer é como andar por aí a carregar um enorme sinal de néon que diz "Jantar Grátis".

"Porque é quando os mortos começam a acordar," Respondeu a Tiara. "Eles vão estar no ponto mais fraco por causa da luz solar a colidir com a escuridão deles. Essa fraqueza não se desvaneceu... muito parecido com o que se sente quando acordamos pela primeira vez para enfrentar o dia. É o mesmo para eles, exceto eles são noturnos."

Trevor sorriu, pensando nas suas manhãs com a Envy. "Eu não me sinto fraco de manhã. Quem lhe disse isso tem a informação de pernas para o ar."

"O que é que se passa, as tuas ex-namoradas andam a espalhar rumores outra vez?" Perguntou o Zachary, com uma sobrancelha arqueada, fazendo sorrir alguns na sala e o Trevor olhá-lo fixamente.

Foi bom saber que a maioria dos membros do PIT ainda tinha sentido de humor. "Quanto às outras equipas", continuou o Storm enquanto olhava para o mapa gigante. "Tenho certeza que hão-de encontrar alguma coisa para fazer."

Olharam todos uns para os outros, sabendo quais eram os seus trabalhos individuais. A porta abriu-se e Kamui foi o primeiro a sair da reunião sem se preocupar em fechar a porta atrás dele.

Era o sinal que alguns dos membros mais curiosos do PIT esperavam e correram todos, para ver se conseguiam descobrir como é que o recém-chegado subia para o terceiro andar. Estava rapidamente a tornar-se num jogo de apostas, sobre os poderes que o Kamui realmente tinha.

O Storm soltou uma gargalhada, quando ouviu alguém a resmungar sobre o novo tipo a desaparecer no ar e o dinheiro começou a trocar de mãos. Esse resmungo foi imediatamente seguido por uma colisão alta e abafada no andar de cima e vozes a gritar, deixando as equipas do PIT a olhar para o teto, enquanto o candelabro na sala principal começava a balançar para trás e para a frente.

"KAMUI, SEU BASTARDOZINHO!" A voz furiosa ecoou alto dentro do castelo.

A atenção de todos ficou presa, quando uma luz brilhou pela janela da frente, rivalizando com a luz do sol que já fluía. Os membros do PIT correram la para fora, mesmo a tempo de ver duas faixas de luz a voar erraticamente acima deles e em direção ao oceano, antes de abrandar o suficiente para os espectadores poderem realmente vê-las.

Estavam a ir tão depressa que causaram trovoadas a vibrar alto na sua vigília, enquanto quebravam a barreira do som. O jovem da reunião estava realmente a voar em marcha atrás, os seus olhos esbugalhados, com o que parecia susto, enquanto olhava para a água, um homem furioso, com asas de prata, a persegui-lo.

"Juro, Toya, eu não queria entrar no chuveiro contigo la dentro!" O Kamui tentava desanuviar o temperamento do irmão.

O longo cabelo preto e prateado de Toya balançava à sua volta enquanto seguia os movimentos do Kamui e o Kamui fazia tudo o que podia para ficar fora do alcance.

"Sim, claro que não querias!" O Toya gritou, quando reparou no lábio do irmão a tremer com o riso.

Trevor viu as duas trajetórias vertiginosas sobre eles e viu pelo canto do olho uma terceira pessoa. Olhando para o terraço do terceiro andar, viu um homem com cabelos longos e prateados a olhar para os outros dois com os braços cruzados sobre o peito.

"Quem é aquele?" perguntou o Trevor curiosamente.

"O atual patriarca da família... o seu nome é Kyou.” Respondeu o Storm, após ter saído para assistir ao espetáculo divertido. "E os dois que estão a dar espetáculo são o Toya, o segundo mais velho, e o Kamui, o mais novo." Tinha achado que os irmãos se haviam de isolar, mas... os guardiões nunca tinham sido muito previsíveis.

"São da mesma família?" perguntou o Ren sentindo que o efeito calmante na sua capacidade de canalizar vinha de Kyou. A sobrancelha direita arqueou-se, quando notou que essa calma vacilava nesse momento, mas, felizmente, conseguiu manter a estabilidade.

"São irmãos, cinco deles para ser preciso", respondeu o Storm.

O homem de cabelo prateado que o Storm tinha dito que era o irmão mais velho chamado Kyou, olhou de semblante carregado para os humanos abaixo dele, como se as pessoas a moverem-se na relva fossem as responsáveis por este evento.

"WOAH!", alguém gritou, enquanto o Toya esmurrava o Kamui no estômago, mandando o irmão mais novo a voar para trás... na direção do Kyou.

Ouviram-se algumas gargalhadas, quando o Kamui embateu no Kyou, atirando-os ao dois para dentro e fora de vista.

"SIM!" gritou o Toya e agitou o punho no ar enquanto pairava em frente à varanda. "Tenho dois pelo preço de um!" Com um sorriso, voou de volta para dentro das portas da varanda e tudo se tornou extremamente calmo.

"Parece que acabou", disse o Zachary encolhendo os ombros.

O Storm sorriu: "Espera..." De repente, duas janelas no terceiro andar explodiram de cada lado do castelo, o Toya disparando numa direção e o Kamui na outra. O Storm não conseguiu controlar a gargalhada, sabendo que agora estavam os dois a fugir da ira do Kyou.

"Ok", disse Jason depois de um momento. "Lembrem-me lá outra vez como é que me meti convosco."

O Trevor deu uma chapadinha no ombro do Jason. “Podias ainda ser um isco para demónios, com uma tatuagem adorável no tornozelo."

"Se eu for para o cemitério esta noite, isso não significa que ainda sou isco para demónios?" Jason retorquiu, mais uma declaração do que uma pergunta.

"Sim, acho que sim" o Trevor sorriu, como se lhe tivessem acabado de conceder um desejo. "E pensa só nisto... Serei uma das pessoas a protegerem-te."

"Oh que bom!" o Jason quedou-se silencioso e franziu a testa: "Ainda não estás triste por perder a Envy, pois não?"

O sorriso do Trevor desvaneceu-se e deu um passo em direção ao Jason, mas a Storm passou-se entre eles. Ele pestanejou quando de repente estava no estacionamento da esquadra.

"O Chad precisa de ajuda para controlar este lugar", o Storm explicou. "Brinca como deve ser com as outras crianças.”

E o Storm deixou-o lá e reapareceu no castelo onde Jason ainda estava no processo de dar um passo para trás.

O Jason pestanejou quando Trevor se tinha desvanecido e o Storm sorriu-lhe.

"Para onde é que o Trevor foi?” Perguntou o Jason olhando em volta.

"Ele está sob restrição", respondeu o Storm com um sorriso.

O Zachary olhou outra vez para o terraço, em seguida, para baixo, para a janela abaixo dele. Ele podia ver a Angélica de pé à janela a segurar a cortina aberta. Tinha um sorriso na cara e o Zachary sabia que tinha visto o que se passara. Ela olhou para ele e acenou-lhe, antes de fechar a cortina.

Começaram todos a voltar lá para dentro, agora que o espetáculo tinha acabado. A Tiara parou e seguiu o olhar do Zachary para a menina bonita à janela. Sentindo uma desilusão estranha, tentou concentrar-se em estar agradecida por ele não ser tão mau como ela temia... Não podia ser, se tinha uma namorada assim tão doce. Não querendo ainda voltar para dentro, olhou para o oceano e vagueou em direção ao longo caminho que levava à beira-mar.

O Guy estreitou os olhos em direção à Tiara, a querer falar com ela. Ela nem sequer lhe tinha dado a oportunidade de lhe contar a ideia dele. Ao vê-la separada dos outros, viu a sua oportunidade e seguiu-a a uma distância discreta.

"Tenho uma pergunta para ti", disse o Zachary, retirando os olhos da janela da Angélica e virando a sua atenção para o Storm.

"Queres saber sobre a Angélica", respondeu o Storm, tendo-o visto a olhar para ela.

Zachary assentiu: "Somos parceiros há muito tempo e acho que tenho o direito de saber porque é que não vamos estar juntos nisto. Não podemos incluir a Angélica na equipa da Tiara?"

"O tipo de poder da Angélica é necessário noutro lugar, e ela tem um novo parceiro... pura e simplesmente", disse o Storm a sério.

O Zachary estreitou os olhos: "Quem, o Syn? Aquele tipo dá-me arrepios e a Angélica também não pensa muito bem dele."

"Esta tudo como deveria estar", o Storm olhou para os olhos do Zachary, "Temos estado a mantê-la segura para ele... e ele está aqui agora.”

"Ela é a minha melhor amiga", apontou o Zachary, caso Storm tivesse perdido o memorando.

"E tu provavelmente serás sempre o melhor amigo dela." O Storm sorriu reconfortantemente. "Mas o Syn é o destino dela e não há como lutar contra isso. Na verdade, aconselho-te a não tentares. Pode tronar-se na última coisa que fazes.”

"Tens a certeza?" perguntou o Zachary teimosamente.

"Sabes que tenho" respondeu o Storm colocando a mão no ombro do Zachary. "Ajudaria se te dissesse que ela vai ser mais feliz do que alguma vez sonhou ser?"

Zachary inalou profundamente e lentamente expeliu o ar, enquanto sentia um peso no peito. Ouvi-lo do Storm soava tão final... provavelmente porque o era. Ele apertou os lábios enquanto tentava endurecer o coração e deixar a Angélica ir.

Mudando de assunto, o Storm gesticulou em direção à Tiara que já quase tinha chegado ao penhasco. "É porque protegeste a Angélica tão bem que me sinto suficientemente confiante para pôr a Tiara sob os teus cuidados agora."

"O que é que queres dizer?", o Zachary desviou o olhar da Tiara e virou-se para o Storm: "É só por esta noite... certo?

O Storm sacudiu a cabeça sem simpatia: "Não, não é só por esta noite."

"E eu não tenho uma palavra a dizer?" o Zachary arqueou uma sobrancelha. Ele tinha riscado os necromantes da sua lista de colegas de equipa há muito tempo.

"A Tiara vai precisar de ti mais do que a Angélica alguma vez fez." Salientou o Storm. “A Myra treinou-a para usar poderes que a menina nem sequer tinha ainda. Ela pode ter aprendido os feitiços e rituais, mas ainda não aprendeu a controlá-los."

"Como uma criança humana fingindo ser um feiticeiro?" propôs o Zachary.

Tempestade acenou e encolheu os ombros ao mesmo tempo, “E agora, só tem esses poderes há duas semanas. Pelo que sei, ela ainda não usou a sua necromancia. Lembras-te de quantos incêndios começaste acidentalmente até aprenderes a controlar os teus poderes? Já para não falar do facto de teres feito os teus próprios pais esquecerem-se de quem eras."

"Não me lembres", o Zachary passou a mão pelo cabelo e olhou para a Tiara, enquanto ela desaparecia nos degraus que levavam à praia.

"Esta noite será a sua primeira vez e o trabalho que ela enfrenta não é apenas um zombie... é uma cidade de monstros que vai tentar ressuscitar os mortos mais depressa do que ela pode mantê-los em baixo.” Insistiu o Storm, "Tudo o que ela fizer a partir de agora será a primeira vez para ela."

"A mãe dela fez tudo parecer tão fácil," A voz do Zachary estava um pouco mais áspera do que queria. Tentou encobrir a raiva perguntando: "Onde está o pai dela?"

"Ele morreu antes da Tiara nascer", o Storm repetiu o que a Myra tinha sempre dito.

"O que queres dizer é que não fazes ideia de quem é o pai da Tiara porque a mãe dela dormia com montes de homens." Zachary retrucou obscuramente, tentando bloquear o flashback perturbador do passado.

"Isso é um efeito colateral da necromancia", assentiu o Storm.

O Zachary franziu a testa em confusão: "O que queres dizer... efeito colateral?

"Quanto mais um necromante usa o seu poder para controlar os mortos, mais a sua alma anseia pela vida para evitar serem puxados pelos mortos para a outra dimensão," O Storm explicou. "Não era a culpa da Myra, ansiar por sexo depois de usar o seu poder... é um desejo incontrolável que tem de ser saciado.”

"Então era por isso que a Myra o fazia?" Sussurrou o Zachary. Se fosse honesto consigo mesmo... tinha uma paixão pela Myra todos aqueles anos. Mas vê-la fazer amor com o inimigo transformou aquela paixão em algo mais próximo do ódio.

"Pensei que sabias" Admitiu o Storm com uma expressão ligeiramente chocada. "Os necromantes são criaturas muito sexuais por uma razão... querem viver."

O Zachary fez uma careta: "E como a Myra nunca escolheu um companheiro, optou por ser a noite de sexo de todos, para se manter viva."

"Ela tentou combater essa fome no início, mas quanto mais tempo se absteve... mais fraco o seu corpo se tornava. Os necromantes sempre se alimentaram da força vital do sexo... embora a maioria deles tenha escolhido um companheiro", confirmou o Storm.

"Porque e que a Myra não escolheu apenas um amante?" O Zachary perguntou, mas a sua atenção estava no Guy, que desaparecia pelo mesmo caminho que a Tiara tinha tomado poucos minutos antes. O homem bem podia usar uma t-shirt com a palavra "Tarado” impressa na parte da frente.

"Não interessa, vejo-te mais tarde", disse o Zachary por cima do ombro enquanto se dirigia para o oceano.

O Storm sorriu secretamente... O Zachary não se sentia verdadeiramente feliz a não ser que estivesse a lutar para salvar alguém de si mesmo. Se a Tiara fosse parecida com a mãe, o Zachary teria uma dor de cabeça durante muito, muito tempo. Virou-se para voltar para dentro, mas fez uma pausa ao ver o Ren sair pelas portas duplas.

O Ren tirou o telemóvel e leu a mensagem. Ele sorriu antes de ir para o lado do castelo onde estava a enorme garagem, mas fez uma pausa quando sentiu algo a estalar debaixo dos seus pés. Olhando para baixo, Ren reparou que o, outrora belo vitral que tinha agraciado as janelas superiores do castelo, estava agora despedaçado na relva.

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