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A Garota Que Se Permite
Eu perguntei o que isso significava. O que significa ter três projetos sob sua liderança, seis pessoas subordinadas a você, vários prazos chegando nos próximos dois meses e ainda ser dispensável? Aparentemente, quando você contrata e treina grandes mentes logo que terminam o programa de graduação e que podem terminar o trabalho, mesmo que não tenham conseguido o contrato em primeiro lugar, ou administrado ele após conseguir, você é dispensável. Especialmente se cada um deles ganhasse apenas oitenta por cento do seu salário.
Que bom que eu não tinha um cachorro. Ele provavelmente teria escrito com o xixi dispensável no meu tapete e então fugido com alguma poodle atraente da rua enquanto eu estava fora.
O táxi estacionou em uma rua sob um dos belos e antigos carvalhos que ladeavam uma ampla calçada de paralelepípedos. Meu quarteirão? Não, minha rua era feita de postes padrões e calçadas irregulares. Sem árvores.
Obviamente, esse não era o meu quarteirão.
— Certo. — O taxista se virou e estendeu a mão.
Eu olhei para o taxímetro vermelho piscando. — Dezoito dólares? — Ele não só não me levaria a milha extra para casa, ele nem mesmo me levaria até completar os meus vinte dólares.
Acho que eu não era uma daquelas mulheres que dependem da bondade de estranhos.
— Isso inclui a gorjeta.
Sério mesmo? Esse cara era um charme. Ele estava fazendo Jason parecer decente. Eu estava pensando seriamente em atacar mais um carro.
Entreguei a ele os vinte e esperei.
Ele esperou.
Eu esperei.
— Você vai descer?
Poderíamos ter percorrido a última milha a essa altura.
Eu estendi minha mão. — Quem falou que eu te daria uma gorjeta?
Continuamos nos encarando até que ele colocou dois dólares na minha mão. Eu planejava dar a ele os um e setenta e oito da minha carteira como gorjeta, mas ele me irritou.
Pelo lado positivo, agora eu tenho três setenta e oito. Sim, isso salvaria o dia.
Empurrei a porta e deslizei minhas pernas o mais graciosamente que pude usando uma saia minúscula os meus saltos para ocasiões especiais ridiculamente altos. Eu me endireitei e me encontrei abandonada em frente a uma cafeteria de um bairro chique onde nunca teria dinheiro para morar. O lugar tinha aquelas pequenas lâmpadas que pareciam lâmpadas a gás dos tempos do Jack, o Estripador, e charmosas venezianas verdes em volta das janelas de moldura preta. A porta era pesada, de carvalho, o que me fez pensar que estava nos limites de uma pequena aldeia irlandesa. Olhe para mim, reconheço uma coisa encantadora quando a vejo.
Uma placa dourada e marrom na porta anunciava que eu havia chegado ao Coffeesão.
Bem, isso resumiria minha noite de confusão de um jeito triste e taciturno. Além disso, a cafeína parecia uma boa ideia antes da andada de salto agulha de volta para casa.
Olhando para os meus sapatos, não pude deixar de me perguntar o que estava pensando quando os comprei. Quer dizer, eles eram caros, não eram o meu estilo, e eram incrivelmente desconfortáveis. Mas a mulher disse que meu namorado os adoraria. Eu, sendo a idiota que acabei de descobrir que era, comprei.
Agora, eu estava pagando o preço. Figurativa e literalmente.
Empurrei a porta e respirei o ar com aroma de café. O conforto e o calor aliviaram a minha pele, suavizando cada nervo que estava em alerta máximo desde que a noite havia tomado uma inesperada curva na via de solteirice. Havia coleções de cadeiras estofadas com mesinhas de centro e bancos ao redor de mesas de madeira rústicas. Uma placa de “Leitura Relaxante” repousava contra uma estante de livros no canto com uma coleção de livros usados. Ele até tinha uma lareira contra a parede oposta com a evidência fuliginosa de uso.
Como um oásis desses esteve a um quilômetro de distância da minha casa todo esse tempo e eu nunca soube?
— Posso ajudar? — Atrás do balcão, uma adolescente me olhou com desconfiança, como se eu tivesse acabado de entrar em sua casa em vez de uma cafeteria, ou que estivesse disposta a pagar.
— Vocês ficam abertos até que horas?
— Por quê?
Sério mesmo? Sem querer soar como uma velha, mas essa nova geração é um pouco estranha.
— Porque eu quero pedir um café e relaxar um pouco.
A garota barista me olhou, obviamente tentando descobrir se eu estava mentindo ou não. Quem mente sobre tomar uma bebida em uma cafeteria?
— Até às nove em uma terça-feira — respondeu ela, continuando a me encarar. — Você vai para algum lugar?
Um tanto intrometida, não?
— Não. — Agora era eu quem estava me sentindo um pouco desconfiada.
— Você não acha que está um pouco arrumada demais para só sair para tomar um café?
Bem, era verdade. — Sim.
— Você vai se encontrar com alguém?
— Aqui?
— Sim.
— Por quê?
— Você parece uma daquelas mulheres que saem tarde da noite para encontrar alguém. — Ela se inclinou sobre o balcão e olhou para meus sapatos. — Você está tendo um caso?
— Abby, apenas dê o café à mulher. — A voz era tão rica quanto os grãos de café no balcão, só que sem o retrogosto amargo.
Eu me virei, em direção à voz, surpresa com o cara da qual ela veio. Ele não era o gerente noturno típico. Ele tinha altura média, mas definitivamente era mais bonito do que a média, com um sorriso gentil e cabelo levemente despenteado.
— Olá, me chamo John. — Ele estendeu a mão sobre o balcão. — Se você está aqui para ter um caso, devo avisá-la que instalei câmeras de circuito interno depois que fomos roubados nesta primavera.
Eu não senti uma centelha quando ele apertou minha mão, mas o gesto me fez perguntar por que, por que, eu perdi os últimos três anos com Jason? Já que haviam caras realmente engraçados, legais e gostosões por aí, que provavelmente não iriam te deixar perdida no subúrbio… de novo, eu te pergunto, por quê?
— Não estou tendo um caso… infelizmente. — Não era essa a verdade? Eu era como A Anti-caso.
John olhou para a Garota Barista e depois de volta para mim. — Estranhamente, e essas são palavras que não saem da minha boca com muita frequência, tenho que concordar com Abby. Você está um tanto bem-vestida demais para só vir tomar um café sozinha.
— Bem, isso é o que acontece quando você vai para um jantar romântico e acaba abandonada e sem dinheiro para o táxi.
— Ai!
Abby deslizou o mocha pelo balcão, ainda olhando para mim como se a qualquer segundo eu fosse puxar uma arma e roubá-los.
Em vez disso, tirei meu cartão de débito, considerando um cupcake também, quando John balançou a cabeça.
— Por conta da casa.
Este era seriamente meu novo lugar favorito.
Agradeci e me dirigi para as poltronas perto da lareira. Olhando para o meu telefone, não pude acreditar que eram apenas sete e cinquenta da noite. Minha vida foi completamente aniquilada em menos tempo do que duraria um jantar romântico.
Eu tomei um gole do mocha, um mocha realmente bom, na verdade, e considerei meu próximo passo.
Eu precisava de um lugar para morar, talvez um carro e um emprego, tipo, para ontem. Claro, ontem eu tinha um emprego. A compensação foi de três semanas. Além disso, as duas semanas de férias que eles me deviam me dariam algum tempo para respirar. Não o suficiente para uma respiração profunda. Claro, eu também recebi a pequena quantia da venda dos meus móveis de casa, mas provavelmente teria que comprar coisas novas. O poço só afundava.
— Então, Mocha, qual é o plano? — perguntou John, sentando na cadeira ao meu lado. — Você vai apenas acampar aqui?
Pude ver que o cara estava realmente preocupado. Um completo estranho, preocupado com meu bem-estar. Não pude deixar de pensar que Jason não estaria neste momento pensando se eu estava bem, muito menos se preocuparia com uma estranha.
— Estou apenas tentando recuperar minhas forças para voltar para casa. Vai ser um exercício e tanto com estes saltos.
Ele olhou para mim, olhou para meus sapatos, olhou de volta para mim.
— Minha namorada chegará daqui a pouco se você quiser uma carona. Podemos deixá-la em sua casa, sem problemas.
A namorada dele. Óbvio. Mais uma prova de que todos os bons já foram tomados.
Mas, eu não era de olhar dente de cavalo dado, ou de uma carona.
— Isso seria excelente. Muito mesmo. — Eu olhei para a Garota Barista. — Eu não acho que você poderia dizer a ela que eu estava tendo um caso com sua namorada?
John sorriu. Era incrível como a diferença era sutil entre um sorriso verdadeiro e um sorriso desdenhoso. Era incrível como você pode ter pensado por anos que alguém estava sorrindo para você e então, de um só golpe, você começa a se perguntar se todos aqueles olhares significavam algo menos agradável.
Claro, o universo colocaria o perfeito anti-Jason na minha frente para questionar minha própria cegueira proposital.
— Não ligue para Abby. Ela está em um programa especial de trabalho e estudo para adolescentes. Ela está aprendendo gerenciamento em primeira mão.
— Este programa de estudo e trabalho envolveria checagem com o guardião todas as noites?
O sorriso vacilou. — Não exatamente.
Fiquei surpresa com o quão próximo da verdade eu cheguei com aquele chute.
— Bem, bom para ela. Ela está melhor do que eu.
— Ei, uma noite ruim não é o fim do mundo.
— Verdade. Mas é o combo desempregada-despejada-levar-um-fora que realmente mata uma garota.
— Ah.... Ai, novamente.
— Suponho que você não conheça um lugar para morar ótimo e barato que não precise que eu tenha, sabe, um trabalho, pertences ou um plano?
John se recostou, olhando ao redor enquanto pensava.
— Talvez. — Ele pegou o telefone e mandou uma mensagem para alguém. — Você pode passar aqui amanhã? Posso ter algo para você.
Devia ter feito uma cara tão chocada quanto me sentia, porque John se levantou e me deu o que só poderia ser chamado de um sorriso reconfortante.
— Aproveite o seu mocha. Relaxe. Sarah estará aqui mais tarde e nós cuidaremos de tudo amanhã.
Mais tarde, quando ergui os olhos de um dos livros de autoajuda usados que peguei, uma loira pequena e curvilínea estava com o braço em volta da cintura de John. Eu meio que esperava que ela me olhasse feio quando eles viessem em minha direção, mas em vez disso, seu sorriso se alargou.
— Ouvi dizer que você está tendo uma noite péssima.
Eu ri. Como não poderia? Ela era tão simpática quanto ele. Eles eram, aparentemente, um casal adorável.
— Sim. Bem isso… — Eu puxei meu casaco e peguei minha pequena bolsa. — Obrigada pela carona.
— Sem problemas. Acho que vou aproveitar para te levar para casa enquanto ele fecha — disse ela, pegando sua própria bolsa e caminhou até a porta da frente. — Espero que goste de receber ajuda. John é o Sr. Conserta-Tudo e agora que sabe que você está procurando um lugar, ele colocou seu chapéu de corretor de imóveis amador.
— Não posso discutir sobre o amadorismo de ninguém no momento.
— Ótimo. Só não o deixe pendurar nada em seu novo lar. — Ela pareceu incrivelmente inflexível sobre isso. Eu meio que me perguntei que tipo de arte John andava pendurando pela cidade.
Então, eu apenas sorri, porque quem era eu para julgar, afinal?
Talvez as coisas estivessem melhorando.
4
QUATRO
AS COISAS DEFINITIVAMENTE não estavam melhorando.
Na manhã seguinte, não apenas meu apartamento estava congelando, mas eu não tinha água quente. Algumas semanas atrás, o clima estava apenas friozinho. Mas, com o verão se transformando em outono, a noite agora estava congelante.
Parece que, faltando apenas um dia para o fim do meu contrato de locação, o prédio começaria a ter problemas. Liguei para o zelador do prédio e não fiquei surpresa quando deu direto na caixa de mensagem.
— Micah? É Kasey Lane do 304. Estou no meu apartamento e não tenho aquecimento ou água quente… Espere. — Eu olhei para o meu despertador. O pequeno ícone da bateria estava aceso. — Eu também não tenho eletricidade. O que exatamente está acontecendo aqui? Por favor, me liga.
Enrolei meu edredom verde-musgo em volta de mim, feliz por não ter doado ele ou minha cama, embora ela não “combinasse” com o apartamento de Jason, e me dirigi para a minha porta da frente.
O corredor do prédio estava agradável e quentinho e… iluminado. Isso não era um bom sinal.
Beth, a garota que mora do outro lado, abriu a porta e me pegou em pé no meio do corredor, o edredom puxado para cima em volta do meu nariz enquanto eu tentava me aquecer.
— Sem aquecimento ou água quente. — Olhe para mim. A garota do óbvio.
Ela se inclinou para olhar para o meu apartamento, como se o ar frio pudesse parecer diferente. — Sério? Está tudo bem aqui.
É claro.
Beth me deu um sorriso do tipo o-que-se-pode-fazer-quanto-a-isso e desceu as escadas. O que também não foi uma surpresa. Ela era o tipo de vizinha que passava para avisar que ela estava dando uma grande festa, só para que você soubesse do que se tratava o barulho, mas nunca para te convidar.
Apertei para rediscar e esperei pelo correio de voz de Micah.
— Sério, Micah. Por que meu apartamento é o único que parece uma geladeira? Favor ligar de volta. Estou apenas, você sabe, passando um tempo no corredor de pijama.
Uma porta no andar de cima se abriu e passos pesados cruzaram sobre minha cabeça em direção à escada. O cara, por quem Beth chamava a polícia o tempo todo por fazer o treino P90X depois das sete da manhã de um sábado, dobrou a esquina e parou no patamar.
— Trancada do lado de fora? — Ocorreu-me o quão ruim eu devia parecer antes de tomar meu banho, ou antes da dose de cafeína.
— Não.
— Só passando o tempo? — Ele abriu um sorriso.
E por que não deveria. Devo parecer ridícula. — Sem aquecimento, água quente ou eletricidade.
— Sério? — Ele olhou para a minha porta como se pudesse ver o problema através do painel frágil. — Escute, eu só estou correndo para pegar um café e bagels, mas minha namorada está aqui para passar o fim de semana. Por que você não pega suas coisas e vem tomar banho na minha casa. Ela não vai se importar.
Dan, que aparentemente era o nome do cara P90X, me acompanhou até o apartamento dele, me apresentou a sua namorada e se dirigiu para a porta.
Isso mostrou o quão baixo eu tinha afundado, que eu nem me importava se estava tomando banho no apartamento de um cara estranho. A namorada de Dan pegou uma toalha para mim e certificou-se de que eu tinha tudo de que precisava.
— Para sua sorte, ele sempre contrata uma diarista na semana anterior à minha visita. Tenho um medo mortal do que você poderia encontrar aqui caso contrário.
— Obrigada. — Tentei imaginar Dan, que sempre parecia incrivelmente arrumado, tendo um banheiro imundo. Simplesmente não fazia sentido.
Mas, quem era eu para tentar decifrar o namorado de outra pessoa quando nem mesmo consegui decifrar o meu?
Corri para o meu banho, não querendo interromper o tempo da Namorada do Dan. Além disso, eu tinha um encontro com o dono de uma cafeteria que esperava encontrar um teto para eu morar. Eu estava disposta até a implorar naquela altura.
Sequei o meu cabelo o mais rápido possível e o enrolei em um coque desleixado antes de agradecer a ambos, um pouco triste por só conhecer o vizinho simpático um dia antes de me mudar.
De volta ao apartamento geladeira, abri minhas cortinas para deixar a luz do sol entrar antes de enrolar um lenço em volta do pescoço, puxar meu casaco e erguer minha bolsa. Como eu nunca percebi como ela ficava tão pesada assim com o notebook e o carregador nas minhas caminhadas de apenas uma quadra da minha casa até o ponto de ônibus?
Posso não receber um pagamento pelo dia hoje, mas ainda era um dia útil. Eu tinha muito trabalho a fazer e ainda mais coisas para pensar. Então era melhor já começar a arregaçar as mangas.
O ar estava úmido, o tipo de clima pré-outono que fazia tudo parecer um pouco mais fresco. Foi uma caminhada mais curta do que o esperado. Um pouco mais de um quilômetro. Isso é o que acontece quando você nunca não vai além do que a própria vizinhança, você perde a oportunidade de encontrar jóias escondidas.
Entrei na cafeteria e inspirei o aroma inebriante de café. Estar lá novamente foi a primeira coisa que me fez sentir bem, algo que parecia certo, nos últimos dois dias.
Aproximei-me do balcão, feliz por poder pedir outro daquele mocha delicioso e estranhamente não me surpreendi ao encontrar Abby no balcão novamente.
Ela olhou para mim e balançou a cabeça. — É assim que você sai de casa?
Eu olhei para minhas calças de ioga e jaqueta esportiva.
— Sim. É assim que saio de casa quando preciso caminhar dois quilômetros para sentar e tomar um café enquanto trabalho.
Ela balançou a cabeça novamente, desgosto emanando dela como se ela tivesse acabado de descobrir que eu chutava gatinhos como passatempo.
— Se você insiste em sair assim, vai continuar solteira.
— Eu só estou solteira desde a noite passada, você sabe, quando você me acusou de sair por aí traindo.
— Então. Bem-vinda à Terra dos Solteiros. — Abby me entregou meu mocha como se ele fosse algo muito bom para alguém como eu. — Você vai ficar nessa Terra por um bom tempo.
— Talvez eu queira ficar solteira por um tempo.
Ela olhou para mim por cima da névoa do vapor. — Você não parece alguém que gosta de ficar solteira. — Com isso, ela foi até o final do balcão para limpar alguma máquina.
Fiquei olhando para ela me perguntando se ela estava certa. Eu era do tipo de garota que não gostava de ficar solteira? Era? Foi por isso que fiquei tanto tempo com Jason?
Achava que não, mas estava aprendendo muitas coisas novas sobre mim mesma esta semana.
Sentei-me na mesma poltrona da noite anterior e ponderei. Eu estava definitivamente em um momento de reflexão de vida.
Assim que deixei de lado a reflexão sobre a Terra dos Solteiros, comecei a considerar o verdadeiro problema em questão. No fundo da minha mente, eu tive uma ideia, uma que tinha vivido lá por um tempo tentando criar coragem para emergir. Mas agora, em uma situação mental de luta ou fuga, ela abriu caminho na minha mente e está cutucando o meu cérebro desde que acordei com frio e irritada.
Meu próprio negócio de marketing e design. Divulgação, sites, banners, anúncios… Muitos designs divertidos para fazer sozinha. Sem todas aquelas grandes contas corporativas discutindo sobre o que tal ou tal tom de laranja diz subconscientemente. Apenas trabalho direto para startups, indivíduos e pequenas empresas.
Trabalho acessível, mas lindo.
Eu tinha as habilidades. Eu tinha a vontade.
Examinando meus contatos, tentei descobrir onde poderia encontrar alguns clientes para lançar meu novo negócio assim que o colocasse em funcionamento. Eu não tinha certeza de onde estava a linha ética sobre entrar em contato com ex-clientes. Uma coisa que eu sabia sobre mim mesma, essa não era uma linha que eu cruzaria.
Obviamente, eu precisaria de algo para mostrar a eles. Algo tão bom quanto o que eu conseguia fazer quando tinha recursos, mas com um orçamento muito menor. O que eu poderia oferecer para me destacar? O que faria de mim um sucesso? E que me permitiria pagar o aluguel?
Pesquisei designers no Google e comecei a pegar capturas de tela. Peguei o meu Moleskine e fiz anotações de diferentes coisas ofertadas, preços, cronogramas, esquemas de cores, sites... qualquer coisa que outras pessoas estavam fazendo. Eu marquei exemplos. Fiz anotações do que poderia ser feito melhor, diferente, ou apenas que fosse mais eu.
Foi divertido. Foi emocionante. Mas foi apenas o começo e quando tentei pensar além disso, fiquei um pouco assustada.
Depois de uma hora, já tinha bebido todo o meu mocha. Definitivamente, outro era necessário para traçar um plano de negócios enquanto eu esperava por John.
E, para minha sorte, Abby ainda estava trabalhando no balcão.
— Sabe qual é o seu problema? — começou ela, antes mesmo que eu pudesse fazer o meu pedido.
— Não, mas tenho certeza de que, como minha barista, não há nada que você gostaria mais do que me dizer.
É uma situação triste quando não me sinto estranha ou culpada por discutir verbalmente com uma criança.
— Olhe para você. Você está uma bagunça.
Olhei para baixo. Provavelmente por hábito. Será que Abby começou a canalizar a minha mãe. Eu estava uma bagunça? Emocionalmente ou fisicamente? Ela provavelmente queria dizer um pouco dos dois.
— Isso não é bom — disse ela, como se estar uma bagunça ocasionalmente fosse uma coisa boa e eu pudesse ficar confusa. — Já é difícil ser uma garota, quanto mais uma garota comum. Mas você está reduzindo sua própria classificação de crédito social vindo aqui assim.
Eu não deveria perguntar. Foi um movimento idiota e eu sabia disso mesmo enquanto a pergunta escapava dos meus lábios. — Classificação de crédito social?
— Eu chamo isso de Teoria da Garota Comum. É a razão pela qual você está solteira e não sabe o que fazer sobre isso.
Eu sabia o que fazer sobre isso: Nada.
Eu estava solteira, olhei para o relógio, há catorze horas. Eu não tinha morrido por não ter um homem em minha vida ainda.
Eu estava mais do que viva. Eu estava me sentindo super bem.
Quando decidi morar com Jason, minha mãe não ficou feliz. Tantas indiretas sobre gente interesseira que perdi a conta. Minhas tias se juntaram a ela. Os casais felizes da família também juntaram forças para tentar me convencer do contrário. Ninguém, nenhuma pessoa simplesmente veio até mim e disse que não gostava dele. Eles apenas pensaram que deveríamos nos casar em vez de morarmos juntos.
Ou talvez não gostassem dele.
Mas já essa… essa adolescente, autoproclamada guru do amor, era demais.
— Veja, os caras são muito visuais. — A Garota Barista Abby acenou com a cabeça como se eu não fosse acreditar nela ou isso fosse, sei lá, novidade. — Tudo gira em torno do que eles podem ver. Eles não podem ver que você é inteligente ou engraçada, ou o que quer que seja o seu Poder Feminino. É tudo uma questão visual.
— Se você diz. — Não era minha culpa se isso soou grosseiro até mesmo para mim.
— Agora você entra aqui desse jeito. — Ela acenou com a mão vagamente para mim do seu lado do balcão. — Nada bom.
— Ontem à noite você me acusou de ser uma adúltera.
Eu estava realmente começando a desejar já não ter pago a bebida. Ou que ela já tivesse me dado o meu mocha. Ou que meu ego não estivesse sendo metralhado sem motivo aparente.
Ou… ou… ou…
Ah, a vida fabulosa da garota recém-solteira. A garota solteira comum, aparentemente.
Claro, eu não tinha me arrumado já que viria andando até aqui e trabalharia o dia todo. Calças de ioga e uma camiseta justa eram a melhor escolha. Eu já havia planejado levar todas as minhas peças executivas para revender em um bazar e conseguir um dinheiro para o aluguel.
Claro, roupas de grife e sapatos que esmagam os dedos eram uma parte que eu não me importava em cortar.
Agora só precisava de um lugar alugado para pagar.
Eu toquei o pequeno buraco começando a desfiar ao longo da borda da minha camiseta e pensei comigo mesma que a última coisa que eu precisava agora era outro cara. Eu estava deixando a garota-dependente-de-algo de lado e estava me tornando a Mulher de Negócios Independente.
A Garota Barista chamou a minha atenção quando terminei a minha inspeção do será-que-esta-camisa-pode-ser-salva.
— Talvez um pouco de maquiagem também. Você sabe. Só um pouco de rímel e gloss.
— Meu mocha está pronto? — Sério. Ela achava que esse era o caminho para uma boa gorjeta? Irritar os clientes até que eles paguem para serem deixados em paz?
Eu balancei minha bolsa de moedas. Provavelmente estava muito leve para pagar por aquela bênção.