
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Interseção Com Nibiru
O General não pôde deixar de arregalar os olhos, surpreso.
Então Preston já sabia tudo sobre os alienígenas... Como era possível?
O Senador levantou-se vagarosamente da cadeira confortável, e entrelaçando as mãos por trás das costas, começou a andar ao redor da mesa em círculos. O General e os dois assistentes não ousaram dizer uma palavra. Limitaram-se a trocar olhares duvidosos e esperar pacientemente.
De repente, Preston voltou à sua mesa, pôs ambas as mãos nela, e olhando direto nos olhos do General, disse: — Vocês tinham um drone. Por favor, me diga que conseguiram filmar essa astronave.
O General se virou, procurando desesperadamente uma resposta afirmativa da dupla. O sujeito magro sorriu com desdém, e estufando o peito com orgulho, anunciou satisfeito: — Certamente, Senador, mais de uma vez. Enviarei imediatamente.
Sem a menor cerimônia, ele empurrou o General, e depois de mexer um pouco no teclado à frente, fez as fotos tiradas da instalação da Doutora Hunter aparecerem numa janela na tela do Senador.
Preston colocou ambos os cotovelos na mesa, inclinou o queixo nos punhos fechados das mãos e aproximou-se tanto quanto possível do monitor, para não perder uma única imagem passando na tela à sua frente. Primeiro, as imagens noturnas do recipiente de pedra descoberto enterrado sob o solo, depois as do misterioso globo negro dentro e o mesmo sendo transportado até a tenda do laboratório. Então a cena mudou para uma imagem de luz do dia. Uma estrutura circular e prateada, aparentemente apoiada em quatro feixes de luz avermelhados, vindos das arestas de um quadrado imaginário desenhado no chão, estava em plena vista. A estrutura inteira parecia ser um tipo de pirâmide truncada, e tinha uma espantosa semelhança com o Zigurate de Ur, que podia ser visto se erguendo majestosamente em segundo plano.
O Senador não conseguiu tirar os olhos da tela. Quando viu os dois personagens de aparência humana, definitivamente mais altos e volumosos que a média, aparecerem na abertura da estrutura prateada e se posicionarem, com as pernas separadas, no que seria uma plataforma de descida, não pode evitar um sobressalto ao sentir o coração bater freneticamente no peito.
O sonho que esteve perseguindo por toda sua vida finalmente se tornou realidade! Todos os seus estudos, sua pesquisa, acima de tudo, o capital considerável que investira nesse projeto estavam finalmente dando os resultados que esperava. Os personagens que estava observando na tela eram realmente dois alienígenas, que a bordo da astronave extremamente avançada, cruzaram o espaço interplanetário para voltar à Terra. Agora ele poderia mostrar, a todas as pessoas que sempre o criticaram, que seus cálculos eram absolutamente exatos. O décimo segundo misterioso planeta do sistema solar realmente existia! Depois de 3.600 anos, sua órbita estava prestes a cruzar a órbita terrestre novamente, e ali, diante dele, estavam dois dos seus habitantes, que aproveitando a "viagem" do planeta, retornaram para visitar, e mais uma vez, influenciar nossa cultura e nossas vidas. Já havia acontecido sabe lá quantas vezes no decorrer dos milênios e agora a história se repetia. Dessa vez, porém, ele também estava lá e certamente não deixaria escapar a oportunidade única.
— Bom trabalho — disse simplesmente o Senador para os três rostos que o olhavam apreensivamente. Então, depois de girar a cadeira, acrescentou: — O fato, General, de que você permitiu a descoberta, complicará as coisas um pouco. Não teremos mais a possibilidade de manter contato oficial dentro do ELSAD, mas neste momento, não estamos mais interessados...
— O que quer dizer, Senador?
— Nosso objetivo agora não é descobrir se as suposições da Doutora Hunter estavam corretas, nem ficar de posse do precioso "conteúdo".
— Sim, porque era tudo exceto precioso, de qualquer forma — sussurrou o sujeito gordo.
— Podemos passar diretamente para a fase dois — continuou o Senador, fingindo não ter escutado. — Estamos diante de uma tecnologia incrivelmente avançada e eles estão nos oferecendo de mãos beijadas. Tudo o que precisamos fazer é simplesmente tomá-la, antes que alguém mais se meta nisso.
— Permita-me, Senador — arriscou o General timidamente. — Meus dois ajudantes descobriram, às próprias custas, que nossos dois adoráveis alienígenas não pareciam de modo algum dispostos a cooperar.
— Vamos apenas dizer que nos deram uma surra — acrescentou o sujeito gordo, esfregando o joelho.
— Posso imaginar o tipo de abordagem que usaram — retorquiu o Senador, com um leve sorriso. — Sequer imaginaram como puderam estabelecer relações tão cordiais com a Doutora e o Coronel Hudson?
— Para dizer a verdade, pareceu realmente esquisito — respondeu o General. — Com eles, comportaram-se como se os tivessem conhecido a vida inteira.
— Em vez disso, acredito que se mostraram bem mais cordiais e agradáveis que vocês.
— Bem, para ser justo, não fomos exatamente delicados com eles.
— O que aconteceu, aconteceu — proferiu o Senador. — Agora somente tentem se concentrar na próxima missão. Vocês dois, rastreiem o Coronel e a sua amiga. Não quero que tirem os olhos deles nem um instante. Vocês têm meios e recursos disponíveis. Não admitirei erros desta vez.
— Agora, quem vai dizer a ele que os dois estão dando uma volta ao redor da Terra? — sussurrou o sujeito gordo no ouvido do magro, pouco antes de soltar um gemido fraco, provocado pelo chute na canela esquerda que seu cúmplice acabara de lhe dar.
— E você, General, virá me pegar no aeroporto.
— Está vindo para cá pessoalmente? — exclamou o oficial, surpreso.
— Não perderia esse evento por nada nesse mundo. Se essa é a base de pouso deles, terão de retornar, mas dessa vez haverá uma bela comissão de boas vindas para eles. Darei instruções quando estiver a caminho. Boa sorte a todos — e encerrou a conversa.
O Senador permaneceu imóvel por mais alguns instantes, olhando o monitor, que, após o fim da transmissão, agora mostrava uma série de fotos espetaculares do deserto do Arizona, sucessivamente. Então, como se algo o tivesse despertado repentinamente, pulou de pé, apertou o botão no comunicador na mesa e disse ao microfone embutido: — Arranje para que preparem meu avião e chame meu motorista. Quero estar em voo dentro de uma hora, o mais tardar.
Astronave Theos – O presente
— Devemos voltar e descer — disse o Coronel Hudson aos dois alienígenas. — Preciso fazer alguns telefonemas e realmente acho que daqui não será possível.
— Eu não teria tanta certeza — respondeu Azakis sorrindo. — Sabe, se o velho e bom Petri se empenhar seriamente, ele pode fazer coisas que você nem imagina — e deu ao seu colega uma palmada nas costas.
— Acalmem-se, por favor — respondeu Petri com as mãos no ar. — Antes de mais nada, defina o conceito de "telefonema".
Jack, pego de surpresa pela pergunta aparentemente trivial, virou-se para Elisa, que primeiro encolheu os ombros, e então, apontando para o bolso do Coronel, disse abertamente: — Mostre a eles o seu telefone, sim?
Com um movimento rápido, Jack retirou seu smartfone. Era uma tela de toque um pouco antiga. Ele nunca gostou de seguir a tendência absurda de sempre ter o último modelo de celular. Preferia familiar, sem precisar perder tempo aprendendo todas as novas funções.
— Não sou engenheiro — disse Jack, mostrando o celular para o alienígena, — mas com isto, é possível conversar com outra pessoa que tenha um semelhante, apenas digitando seu número neste teclado.
Petri tomou o celular e examinou-o cuidadosamente. — Deve ser um sistema de transmissão individual, parecido com os nossos comunicadores portáteis.
— Com uma única diferença — acrescentou Elisa — toda vez que usamos, engole um monte do nosso dinheiro.
Pensando que o conhecimento limitado da linguagem deles não lhe permitia compreender todos os conceitos, Petri resolveu ignorar esta última afirmação e continuou a analisar o objeto que tinha nas mãos. — Necessitarei de um tempinho para entender como funciona.
— Claro, não tenha pressa — respondeu Elisa, desolada. — Afinal de contas, não é como se um planeta estivesse prestes a colidir com o nosso.
Petri então a olhou, perplexo, e percebendo que também não entendera essa piada, resolveu não dizer mais nada. Simplesmente encolheu os ombros e entrou no módulo de transferência interna mais próximo, desaparecendo em segundos.
— Bem, supondo que seja possível fazer seu celular funcionar daqui, como estava pensando em proceder? — Elisa perguntou, enquanto tentava se recuperar da fraqueza provocada pela falta de oxigênio e pelas inúmeras emoções que passara nas últimas horas.
— Inicialmente pensei em contatar o Senador Preston, o superior direto do General Campbell. Mas como ele nunca me pareceu convincente, resolvi seguir um caminho diferente para chegar ao Presidente.
— Acha que ele também pode estar envolvido?
— Esses dois demônios nunca foram honestos comigo. Existe rumores de que Preston esteja envolvido com alguns fabricantes de armas decididamente inescrupulosos. Não confio nele.
— Então?
— Então, vou falar diretamente com o Almirante Benjamin Wilson. Ele era o braço direito do Presidente por vários anos e também um grande amigo de meu pai.
— Era?
— Infelizmente, meu pai nos deixou faz quase dois anos.
— Lamento... — sussurrou Elisa, afagando suavemente o braço esquerdo dele.
— Wilson me segurou nos joelhos quando eu era pequeno. É uma das poucas pessoas em quem confio cegamente.
— Não sei o que dizer. Não importa o quanto seja próximo dele, acho que será difícil que aceite uma história como essa pelo telefone.
— Eu poderia mandar algumas fotos da vista de sua cidade daqui de cima.
— Com os nossos sensores de curto alcance — observou Azakis, que até então ficara quieto — poderíamos contar as batidas por minuto de seu coração, em tempo real.
— Por favor, não brinque — exclamou Elisa, dando ênfase com um gesto da mão.
— Não acredita em mim? Veja isto então.
Por meio do seu O^COM, Azakis fez com que a visão sobre o acampamento-base da doutora aparecesse na tela gigante. Em poucos segundos, ampliou a imagem para trazer a tenda do laboratório em plena vista.
— O que estão vendo...
— é a minha tenda — exclamou Elisa antes que Azakis pudesse terminar a frase.
— Exatamente. Agora observem.
De repente, era como se a cobertura da tenda tivesse desaparecido e ela podia ver perfeitamente todos os objetos dentro.
— Minha mesa, meus livros... inacreditável!
— Se houvesse alguém dentro, eu poderia lhe mostrar o calor gerado pela circulação sanguínea e portanto, poderia também calcular seu ritmo cardíaco.
Decididamente satisfeito com a demonstração, o alienígena começou a vagar orgulhoso pela sala.
Entretanto o Coronel, que ainda não havia se recuperado do espanto, de repente parecia ter sido atingido por um trovão, e exclamou de modo grosseiro: — Que quer dizer, "houvesse alguém"? Deveria haver alguém. Onde diabos estão os dois prisioneiros?
Elisa foi mais para perto da tela para ter uma visão melhor. — Talvez foram levados. Poderíamos ter uma visão completa do restante da instalação?
— Sim, claro.
Em alguns segundos, Azakis começou a mostrar uma visão geral do acampamento. Os sensores examinaram todos os lugares, mas não havia sinal dos dois prisioneiros.
— Devem ter escapado — disse o Coronel laconicamente. — Isso quer dizer que logo os encontraremos sob os nossos pés de novo. Felizmente o General foi levado a um lugar seguro por meus homens. Esses três são capazes de causar mais danos que o próprio diabo.
— Não importa — disse Elisa. — Temos problemas muito maiores agora.
Ela mal terminou a frase quando a porta do módulo de comunicação interna número três se abriu. Uma moça atraente saiu de dentro, com passos suaves e sinuosos. Estava segurando um tipo de bandeja totalmente transparente, em que haviam recipientes diferentes e coloridos.
— Senhoras e Senhores — anunciou Azakis pomposamente, mostrando um dos seus melhores sorrisos. — Permitam-me apresentar a vocês a navegadora mais encantadora de toda a galáxia.
Jack, cujo queixo caíra de deslumbramento, somente conseguiu gaguejar "Olá", antes de receber uma cotovelada no lado direito, bem entre as costelas.
— Bem-vindos a bordo — disse ela, num inglês um pouco vacilante. — Espero que estejam com fome. Trouxe algo para comerem.
— Obrigada, é muito amável — disse Elisa furiosamente, os olhos faiscando para o seu homem.
A moça não disse mais nada. Colocou a bandeja num suporte à esquerda deles e seu rosto se iluminou com um lindo sorriso, e então alguns segundos depois, desapareceu de novo para dentro do mesmo módulo em que chegara.
— Bonita, não? — comentou Azakis, observando o Coronel.
— Bonita? Quem? O quê? — Jack se apressou a responder, atento à cotovelada que acabara de receber.
Azakis explodiu em gargalhadas, e com um aceno de mão, convidou-os a se servirem.
— Que raios é isso? — murmurou Elisa, enquanto cheirava de maneira deselegante os diversos pratos.
— Fígado de Nebir — o alienígena se apressou a enumerar, — Hanuk e raízes cozidas de Hermes, tudo acompanhado por, digamos, uma bebida "energética".
— Completamente diferente do restaurante Masgouf — comentou laconicamente Elisa. — Como estou faminta, vou experimentar.
Ela apanhou um pedaço de costela com as mãos, e sem muito esforço, começou a mastigá-lo até o osso. — Essa comida não vai dar uma enorme dor de barriga, não é Zak? Experimente também, meu amor. O gosto é um pouco estranho, mas não é de todo ruim.
O Coronel, que estava observando Elisa horrorizado enquanto ela devorava todas aquelas comidas esquisitas da bandeja, sem reservas, apenas murmurou: — Não, não, obrigado. Não estou com fome.
Em vez disso, sua atenção se prendeu à estranheza da bandeja e aos recipientes usados como pratos. Ele apanhou um de cor vermelho vivo e testou sua consistência. Era esquisito e bem gelado. Mais gelado do que deveria ser, e apesar disso, a comida estava fervendo. Percorreu levemente, com a ponta do indicador, a superfície. Era incrivelmente liso. Não parecia ser de metal nem de plástico. Por outro lado, como poderia ser plástico? Eles o utilizavam para propósitos completamente diferentes. A outra coisa mais bizarra era que, apesar da perfeição do acabamento da superfície, não havia absolutamente nenhum reflexo. A luz parecia ser engolida pelo material misterioso. Colocou o ouvido perto da superfície lisa, e com o nó do dedo médio, começou a dar batidinhas. Inacreditavelmente, o recipiente não emitiu nenhum som. Era como bater num grande pedaço de algodão.
— Mas do que esses objetos são feitos? — perguntou, extremamente curioso. — E a bandeja? Parece ser do mesmo material.
Um pouco surpreso com a estranha pergunta, Azakis também se aproximou da bandeja. Apanhou outro recipiente, verde pálido, e ergueu-o ao nível dos olhos.
— Na realidade, não é um "material".
— Em que sentido? O que quer dizer?
— O que vocês usam para segurar objetos, comida, líquidos ou substâncias em geral?
— Bem, normalmente usamos caixas de madeira ou papelão para transportar materiais. Para servir comidas, usamos panelas de metal, pratos de cerâmica e copos de vidro. Para transportar ou guardar comidas e líquidos em geral, usamos recipientes plásticos de formatos diversos.
— Plástico? Está falando do plástico em que estamos interessados? — perguntou Azakis, espantado.
— Creio que sim — respondeu o Coronel suavemente. — Na verdade, o plástico se tornou um dos maiores problemas da poluição do nosso planeta. Vocês até nos disseram que encontraram quantidades exageradas em todos os lugares — Ele fez uma breve pausa e acrescentou: — É por isso que sua oferta de recolhê-lo nos atraiu tanto. Talvez encontramos a solução para um enorme problema.
— Então, se entendi direito, vocês usam plástico como recipientes e então jogam tudo fora sem restrições, poluindo todos os cantos do seu planeta?
— Exatamente — respondeu Jack, cada vez mais envergonhado.
— Mas isso é loucura, é absurdo. Estão se envenenando com as próprias mãos.
— Bem, se também levar em conta toda a fumaça causada pelos meios de locomoção, das fábricas e sistemas de geração de energia, nós realmente conseguimos fazer coisas piores. Sem mencionar o lixo radioativo que não sabemos como eliminar.
— São completamente malucos! Estão destruindo o planeta mais belo de todo o sistema solar. E infelizmente, é nossa culpa também.
— Como assim?
— Bem, fomos nós que modificaram seu DNA, há centenas de milhares de anos ou mais. Demos a vocês uma inteligência superior a quaisquer outros seres na Terra e para quê a usaram?
— Para arruinar o planeta — Jack disse cabisbaixo, como um estudante levando bronca do professor por não ter feito a lição de casa. — Mas agora vocês estão de volta! Realmente espero que nos ajudem a consertar o estrago que fizemos.
— Não acho que será fácil — disse Azakis, tornando-se cada vez mais preocupado. — De acordo com a análise de Petri do estado dos seus oceanos, vimos que a quantidade de peixes foi reduzida em oitenta por cento desde a última vez que estivemos aqui. Como isso foi acontecer?
A essa altura, Jack só queria que o chão se abrisse e o engolisse. — Não há desculpa para isso — foi tudo o que conseguiu dizer, quase num sussurro. — Somos apenas um grupo de seres condescendentes, arrogantes, convencidos, tolos e irracionais.
Elisa, que esteve escutando em silêncio o discurso de Azakis, engoliu o último pedaço de fígado de Nebir, limpou os lábios com as mãos e então disse baixinho: — Não somos todos assim, sabe?
O alienígena olhou-a surpreso, mas ela continuou determinada: — São aqueles que estão "no poder" que nos reduziram a esse estado. Muitas pessoas normais lutam todos os dias para proteger o meio ambiente e as formas de vida que habitam nosso querido planeta. É fácil vir aqui, de milhões de quilômetros, depois de milhares de anos e moralizar. Vocês podem nos ter dado inteligência, mas não nos deixaram nem um pedaço do manual de instruções!
Jack a olhou e percebeu que estava perdidamente apaixonado por aquela mulher.
Azakis não tinha palavras. Ele certamente não esperava uma reação como aquela. Elisa, no entanto, continuou desimpedida: — Se realmente querem nos ajudar, devem disponibilizar todo o seu conhecimento tecnológico, médico e científico, o mais rápido possível, pois certamente não ficarão neste planeta devastado por muito tempo.
— Ok, ok. Não fique tão transtornada — Azakis tentou responder. — Acho que nos colocamos à sua disposição, sem hesitar, ou não?
— Sim, eu sei. Desculpe-me... Vocês já poderiam ter levado o seu plástico e ido embora sem dizer adeus, e em vez disso, estão aqui, arriscando suas vidas, junto de nós.
Elisa estava realmente arrependida pelo desabafo. Então, para acalmar um pouco a situação, exclamou alegremente: — Mas a comida estava deliciosa! — Então, aproximou-se do alienígena e olhando acima para ele, disse delicadamente: — Desculpe, não deveria ter dito isso.
— Não se preocupe, compreendo totalmente e para mostrar que não guardo rancor, lhe darei isto.
Elisa abriu a sua mão e Azakis lhe entregou um pequeno objeto escuro.
— Obrigada, mas o que é isso? — perguntou, curiosa.
— É a solução para seus problemas com o plástico.
Nassíria – O jantar
Depois que o Senador encerrou a conversa abruptamente, os três ficaram olhando o monitor, que mostrava desenhos abstratos e multicoloridos se mesclando continuamente.
— E agora? — perguntou o sujeito magro e alto, interrompendo aquela hipnose coletiva.
— Tenho uma ideia — respondeu o grandalhão. — Já faz algum tempo que comemos e estou vendo hambúrgueres por toda parte.
— E onde pensa que vamos encontrar hambúrguer agora?
— Não tenho a menor ideia, mas sei que se eu não comer algo logo, vou desmaiar.
— Ah, coitadinho, ele vai desmaiar — disse o magrelo com uma voz infantil. Então mudou seu tom: — Com todos esses pneus de gordura, poderia passar um mês sem comer.
— Ok, parem os dois com essa idiotice — exclamou o General, irritado. — Precisamos elaborar um plano de ação.
— Mas não consigo raciocinar de estômago vazio — disse baixinho, o gordão.
— Está bem então, — Campbell exclamou, erguendo as mãos, derrotado. — Vamos arranjar comida. E bolar um plano depois, pois temos bastante tempo até o Senador chegar.
— Assim é que se fala, General — exclamou o gordão alegremente. — Conheço um restaurante razoável onde fazem um fantástico guisado de cordeiro com batatas, cenouras e ervilhas ao molho curry.
— Bem, confesso que depois dessa descrição detalhada, também fiquei com um pouco de fome — disse o magrelo, esfregando as mãos rapidamente.
— Muito bem, me convenceu — disse o General, erguendo-se da cadeira. — Vamos andando, mas com cuidado para não sermos pegos. Duvido que já saibam, mas, para todos os efeitos, sou um fugitivo.
— E nós dois também não somos? — respondeu o magrelo. — Fugimos do acampamento e com certeza vão procurar por nós em todo lugar. Mas, por ora, não importa.
Alguns minutos depois, um carro escuro levando três sujeitos suspeitos acelerou noite adentro pelas ruas semidesertas da cidade, levantando uma leve nuvem de poeira.
— É aqui, chegamos — disse o grandalhão, que estava no banco de trás. — Está um pouco tarde, mas eu conheço o dono. Não haverá problemas.
O magrelo, que estava dirigindo, procurou um lugar fora de vista para estacionar. Deu uma volta no quarteirão e então estacionou debaixo do telhado de um barraco abandonado. Rapidamente saiu do carro e observou cautelosamente toda a redondeza, muito atento. Não havia ninguém por perto.
Deu uma volta pelo carro, abriu a porta do passageiro e disse: — Tudo quieto, General. Podemos ir.
O grandalhão também saiu do carro e avançou com passos rápidos em direção à entrada principal do estabelecimento. Tentou girar a maçaneta, sem sucesso. A porta estava trancada, e uma luz estava acesa dentro. Então tentou espiar pelo vidro, mas a grossa cortina colorida não lhe permitia entrever muita coisa. Sem perder mais tempo, começou a bater vigorosamente e não parou até ver um homenzinho, de cabelo enrolado e negro, surgir por detrás da cortina.
— Mas quem diabos... — o homenzinho começou a exclamar numa voz irritada, e quando reconheceu o amigo corpulento, parou no meio da frase e abriu a porta.
— Ah, é você. Que faz aqui a essa hora da noite? E quem são esses homens?
— Olá, seu velho gatuno, como vai? São meus amigos e estamos famintos.
— Mas o restaurante está fechado, já fiz a limpeza na cozinha e estava indo embora.
— Acho que este outro amigo meu vai te convencer — e abanou um nota de cem dólares na frente do seu nariz.
— Bem, na verdade… Devo dizer que vai — respondeu o homenzinho, arrancando a cédula da mão do gordo e fazendo-a sumir dentro do bolso da camisa. — Por favor, entrem — disse, escancarando a porta e curvando-se levemente ao mesmo tempo. Depois de rápidos olhares para trás para checar se alguém estava observando, os três, um após o outro, se esgueiraram para dentro do pequeno restaurante.
Havia dois cômodos que não pareciam estar particularmente bem cuidados. O chão era feito de lajes ásperas e escuras. No cômodo maior, três mesas baixas e redondas, cada uma sobre um tapete velho desbotado, estavam rodeadas de almofadas, também um pouco surradas. Porém, no outro cômodo, a decoração era mais ocidental, e bem mais aconchegante. Cortinas enormes em tons quentes cobriam as paredes. A iluminação era suave e o ambiente definitivamente muito mais acolhedor. Duas mesas pequenas já estavam preparadas, prontas para os fregueses do dia seguinte. Cada uma tinha uma toalha de mesa verde escura, com bordados multicoloridos, guardanapos da mesma cor, pratos marcadores de porcelana com bordas prateadas, garfos à esquerda, facas e colheres à direita, e no centro, uma longa vela amarela escura num pequeno castiçal de pedra negra.