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Brincadeiras Do Mar
Brincadeiras Do Mar

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Brincadeiras Do Mar

Язык: pt
Год издания: 2019
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A luta não foi totalmente indolor. Alguém com ímpeto submeteu algum pedaço de tentáculo; outros, em contacto com a fonte luminosa, arranjaram feridas e inflamações, em alguns casos também muito dolorosos.

Aqueles valorosos jovens foram dali em diante tratados por aquilo que efectivamente tinham demonstrado: por heróis corajosos. Tiveram pleno reconhecimento de todos, também dos mais velhos, os quais lhes encarregaram pela defesa do território por mais que estivesse nas suas capacidades.

Recomendaram a eles a maxima prudência porque julgavam que o perigo não se podia dizer certamente de ter passado. A maioria, pelo contrário supunham que a situação estaria logo piorada, depois do sucessido. Assim enquanto os mais velhos, procurando de travar relações pacíficas com os vizinhos, preocupavam-se de nivelar a rua e uma eventual emigração, os jovens heróis encarregavam-se da vigilância, organizando turnos de ronda e equipando-se contra um novo possível ataque. Foram predispostos abrigos de emergência e recolha de stock de pedras e outros fragmentos de invólucros, considerados os meios mais válidos para opôr-se contra eventuais outros perigos provenientes de cima.

A recordação daquela luz do alto era ainda viva em toda a comunidade (desde então o ruido do fundo não tinha cessado nem sequer tão-pouco) e o stock de pedras não tinha sido ainda ultimado quando sobreveio um outro perigo. Era um grande globo com muitos olhos, que desciam de cima não verticalmente como uma rocha, mas com amplas aspirais e rotações irregulares, como um peixe já saciado ainda em procura de comida. Era de cor amarelo, mais que a sua fraca luz intermitente e florescente tinha deixado alarmados os jovens de guarda e todos outros, rapidamente afastaram-se das suas actividades para enfrentar a nova emergência. Dentro daquele amarelo os olhos liquidos deixavam vislumbrar outros pequenos peixes flutuantes: nada porém que deixasse pensar a uma indole onfensiva.

“Tenha calma. Parece bastante robusto e tranquilo. Talvez não tem más intenções e se distanciará com a corrente assim como veio.” Dalko sempre tinha sido por natureza o mais prudente entre os dois irmãos, e tinha mostrado sempre um particular interesse na observação seja dos peixes que dos invólucros onde lhe acontecia de embater-se nas suas passeatas oceanicas. Dirko era pelo contrário mais agressivo: e dade a sua corpulência não tinha medo de nada.

Aquele monstro amarelo parou em frente deles. Por dentro dos seus olhos outros olhos pareciam fixá-los. Dalko, observado, o estudava por sua vez com curiosidade e um pouco de apreensão. Dirko pelo contrário era fácil enfurecer-se, como um duelista até ao ponto de por a mão na arma, e percebia no intruso a sua mesma atitude.

“Tenha calma, Dirko, não te enerves.” Os outros tentaculados observavam um pouco mais distantes, não sabendo o que fazer e o que esperar.

“Se não resolve de ir embora sozinho sem cerimónias o convencerei eu duma ou doutra forma”. As dimensões do intruso eram maiores do que as suas; mas Dirko tinha consigo a tranquilidade de muitos amigos dispostos em dar uma mão se necessário.

Foi assim que, quando a esfera amarela fez um posterior movimento lento e prudente em direcção ao fundo da comunidade, Dirko lançou-se contra sem hesitação. Criou-se uma situação incrível. Uma massa de tentáculos enfureceu-se contra aquela esfera lisa, cobrindo uma boa parte; mas cada esforço parecia inútil. Talvez não conseguiam simplesmente torná-la presa, ou descortinar um ponto fraco no inimigo; o qual aparentemente parecia inofensivo, imóvel, sem armas ofensivas nem de defesa a parte a impenetrabilidade da sua carapaça. Os outros tentaculados não resistiram muito de espectadores àquele vão e desesperado escoiçar do chefe deles. Devagarinho uniram-se à luta, até que do amarelo da esfera, transformada enfim num montão de polpa e tentáculos em movimento, não se distinguia mais nada.

A situação não mudara com o aumento do número dos combatentes; mas o enredado montão em luta começou, antes lentamente e depois mais decidido, a perder altura dirigindo-se para o fundo, talvez por uma deliberada estratégia ou simplesmente pelo efeito da gravidade.

A descida era enfim evidente, quando a situação tomou uma viragem imprevisível. Um, dois assobios, e duas novas apêndices esfericas desenvolveram-se no corpo amarelo, modificando improvisamente o assento. Tendiam para cima, e levaram consigo emaranhada massa baralhada a levantar-se; entretanto continuavam a espandir-se avolumando-se. Estas protuberâncias, que a pressão dos tentáculos deformava com uma certa facilidade, iludiu o pelotão de guardas de ter encontrado o ponto fraco do monstro, fortalecendo os seus esforços. Pois o monstro amarelo continuava a erguer-se, incessante, até que a pressão e a temperatura começaram a tornar-se enfadonho para os habitantes do abismo. Um de cada vez largava a presa, também porque enfim o estranho podia se dizer de ter saido do território deles. Os últimos a deixar o inimigo foram os dois irmãos; mas Dalko ficava apenas para não deixar sozinho o irmão. “Vamos embora, antes de terminar mal. Nunca fomos levados tão assim para cima e em águas tão quentes. Pode ser perigoso.” Mas Dirko, que só uma vez quisera dar ouvidos aos nobres conselhos de Dalko, não conseguia mover-se. Os dois balões tinham crescidos a desmedida, e embora deformáveis e aparentemente moles como polpa de peixe, começavam a comprimir-se com força, bloqueando todos os seus movimentos.

“Não consigo mover-me, não consigo. Socorro!” Também a sua voz estava engasgada, quase sufocada naquela mordedura. Enfim a subida era veloz. Dalko procurou desesperadamente e em todas as formas de ajudar o irmão a libertar-se, até que teve as forças. Depois perdeu os sentidos e quando os recuperou viu-se estendido no fundo do mar, em mau estado e circundado pelos seus jovens companheiros.

Do seu irmão, infelizmente, ninguém soube mais nada.

Isto mais ou menos aconteceu quando a sonda superbarica “Mistar”, após uma precedente falida tentativa de exploração televisiva, desceu fundo no lugar do desastre. Os três homens da tripulação regressaram arrasados, salvados pelo eficaz sistema de emergência de balões de ar comprimido.

A incrível história deles foi apenas em parte suportado pelas filmagens televisivas das telecâmaras de guarnição, colocadas fora de uso quase logo depois da luta corpo a corpo; mas aquele gigantesco montão um tanto mole e felizmente sem vida que trouxeram de novo à superfície espantou o mundo inteiro.

A recuperação dos corpos do desastre aereo revelou-se inviável, vistos os riscos, as incógnitas e os custos inerentes: enormes, embora dificilmente quantificáveis. Todavia o interesse científico suscitado pela localização recomeçou o debate sobre a necessidade de uma nova missão explorativa, pelo qual as unidades de salvação estacionavam na zona dos destroços durante quase um outro mês antes de voltar a base.

Agora do acontecimento quase que não se fala mais, senão nos ambientes académicos interessados pela oceanográfia; mas falar-se-á brevemente, visto que uma nova exploração daqueis fundos foi incluida no programa eleitoral de um dos candidatos em corrida para a casa branca.

PAISAGEM FABULOSA

“ E agora fecha os olhos, por favor: não os abrir antes da minha palavra”, disse ele.

Ela assim o fez, antecipando não sabia bem qual seria a louvável surpresa. Deixou-se pegar pela mão e guiar-se lentamente durante alguns passos, esperando confiante sei lá de que coisa.

Ou melhor uma certa esperança sobre o que estava por acontecer ela tinha; mas lhe veio também em mente a história do primeiro beijo entre a sua mãe e o seu pai. E no entanto começava a ouvir inesperadamente o rumor do mar, primeiramente no fundo, depois sempre mais estrondoso. Murmúrio das ondas espumosas que se infringem com força no recife.

Realmente não tinha a mínima ideia daquilo que esperava.

“Podes sentar aqui se quiser, e fica a vontade, mas sem abrir os olhos”.

Ela seguiu as recomendações, maravilhando-se de ter que acolhê-la de braços abertos uma espécie de brando tapete e não pedrinhas ou algumas rochosas saliências afiadas.

O murmúrio do mar, ora ligeiramente atenuando-se, era de todas as formas agradável e relaxante, não atrapalhado pelos versos, trazidos pelo vento quase por intermitência, de algumas gaivotas que iam e vinham em voo. Também aquela brisa fresca no rosto, uma brisa ligeira que sabia do sal do mar e de liberdade, dava uma sensação agradável. E das pálpebras fechadas filtrava uma luz de uma linda cor que era uma espécie de cor de rosa avermelhado alaranjado.

“Agora podes abrir os olhos.”

Diante dela, como um desmesurado mural animado pelo mais grande artista jamais conhecido, estava a paisagem de um pôr de sol no mar, alguma coisa mais que uma simples admirável visão, ainda que subitamente lhe atingiram também, uns ligeiros salpicos de água fresca na cara e no vestido.

“Não te preocupes, é apenas água”, a tranquilizou ele. “Mas se quiser…”

“Não, não… é fabuloso… incrível…”

Permaneceram sentados um ao lado do outro em silêncio, contemplando o que se apresentava aos seus olhos.

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