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Uma Terra De Fogo
Uma Terra De Fogo

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Romulus grita de alegria e aperta a grade com tanta força que a madeira se desfaz entre seus dedos enquanto ele observa os dragões dispararem pelo céu, sem qualquer sinal de Ralibar. Ele ergue as mãos acima de sua cabeça e se inclina para a frente, com uma sensação de poder em suas mãos.

"Vão em frente meus dragões," ele sussurra, com um brilho no olhar. "Vão."

Assim que ele pronuncia essas palavras os dragões se viram na direção das Ilhas Superiores; eles se apressam, rugindo e batendo ainda mais suas asas. Romulus se sente controlando-os,, sentindo-se invencível, capaz de controlar qualquer coisa no universo. Afinal de contas, a sua lua ainda não havia terminado. O seu período de poder logo terminaria, mas por ora, nada no universo poderia detê-lo.

Os olhas de Romulus brilham ao observar seus dragões se aproximarem as Ilhas Superiores, e ver homens, mulheres e crianças correrem gritando enquanto fogem de seu caminho. Ele assiste com satisfação quando as chamas começam a cair e as pessoas começam a ser incendiadas, e a ilha é consumida por uma bola de fogo e destruição. Ele fica extremamente feliz ao ver tudo ser destruído, da mesma forma que ele tinha visto o Anel ser reduzido a cinzas.

Gwendolyn havia conseguido escapar dele – mas desta vez, não havia para onde escapar. Finalmente, o último dos MacGil seria esmagado de uma vez por todas. Finalmente, não havia mais qualquer lugar no universo que ainda não estava sob seu domínio.

Romulus se vira e olha para seus milhares de navios, – observando sua imensa frota que domina o horizonte, respirando fundo e inclinando-se para trás. Ele olha para o céu e ergue os braços para os lados com as palmas viradas para cima, e então dá um horrível grito de vitória.

CAPÍTULO CINCO

Gwendolyn está no porão cavernoso, amontoada com dezenas de seus companheiros, escutando a terra tremer e queimar acima deles. Seu corpo estremece a cada barulho. A terra treme com força suficiente para derrubá-los algumas vezes quando, acima deles, grandes pedaços de rochas caem no chão – como se fossem brinquedos nas mãos dos dragões. O som das pedras rolando ecoa sem parar na mente de Gwendolyn, como se o mundo inteiro estivesse sendo destruído.

O calor se torna cada vez mais intenso no subsolo à medida que os dragões começam a assoprar fogo nas portas de aço acima deles repetidas vezes, como se soubessem que eles estavam escondidos ali embaixo. Embora as chamas sejam barradas pelo aço, a fumaça passa pelas frestas, fazendo com que fique cada vez mais difícil respirar ali embaixo e causando várias crises incontroláveis de tosse.

De repente há um barulho inconfundível de pedra batendo contra o aço, e Gwen assiste horrorizada quando as portas de aço se dobram e chacoalham, praticamente se rompendo. Obviamente, os dragões sabem que eles estão ali, e estão se esforçando ao máximo para conseguirem acesso.

"Quanto tempo as portas resistirão?" Gwen pergunta para Matus, que está parado por perto.

"Eu não sei ao certo," Matus responde. "Meu pai construiu este lugar para resistir a ataques de inimigos – e não dragões. Eu não acredito que vá resistir por muito mais tempo."

Gwen sente a morte se aproximando dela à medida que o quarto se torna cada vez mais quente, sentindo-se como se estivesse em pé sob uma terra em brasa. Fica cada vez mais difícil enxergar por causa da fumaça, e o chão treme quando mais destroços são jogados várias vezes, e pequenos pedaços do teto e poeira caem sobre suas cabeças.

Gwen olha ao seu redor para os rostos aterrorizados das pessoas em torno dela, e não consegue evitar pensar se, ao se esconderem ali, eles haviam se condenado a uma morte lenta e dolorosa. Ela começa a se questionar se talvez, as pessoas que haviam morrido imediatamente lá em cima tinham tido mais sorte.

De repente há um silêncio quando os dragões parecem voar para outro lugar. Gwen se surpreende, e começa a se perguntar para onde eles poderiam ter ido, e então ela ouve um grande barulho de rochas e a terra treme com tanta violência que todos no quarto caem no chão. O barulho tinha sido distante, e a terra treme por duas vezes, como se estivesse havendo um deslizamento de terra.

"O forte de Tirus," Kendrick fala, aproximando-se dela. "Eles devem tê-lo destruído."

Gwen olha para cima e percebe que ele provavelmente estava certo. O que mais teria causado tamanha avalanche de pedras? Claramente, os dragões estavam com muito ódio, e determinados a destruir todas as coisas que existiam naquelas ilhas. Ela sabe que seria apenas uma questão de tempo até que eles conseguissem entrar ali também.

Durante a repentina pausa, Gwen se surpreende ao ouvir o som estridente do choro de um bebê cortando o ar. O som perfura o coração de Gwen como uma faca. Ela não consegue evitar pensar em Guwayne, e à medida que o som se torna mais alto, uma parte de Gwen, ainda perturbada, se convence que realmente se trata dele, chorando por ela em algum lugar lá em cima. Ela sabe que, racionalmente, aquilo seria impossível; seu filho está em algum lugar no meio do oceano, longe dali. E ao mesmo tempo, seu coração torce para que seja ele.

"Meu bebê!" ela grita. "Ele está lá em cima Eu preciso salvá-lo!"

Gwen corre para a escada, quando de repente ela sente uma mão forte segurando a dela.

Ela se vira e vê seu irmão Reece a segurando com força.

"Minha senhora," ele diz. "Guwayne está longe daqui. Este choro é de outro bebê."

Gwen não quer acreditar que isso seja verdade.

"Mas ainda assim, ele é apenas uma criança," ela diz. "E está completamente sozinho lá em cima. "Não posso permitir que ele morra."

"Se você for lá em cima," Kendrick diz, dando um passo adiante, tossindo por causa da fumaça, "teremos que fechar a porta assim que você sair, e você ficará completamente sozinha lá em cima. E poderá morrer."

Gwen não consegue pensar com clareza. Em sua mente, há um bebê sozinho lá em cima, e ela sabe acima de tudo, que ela precisa salvá-lo – não importa o que aconteça.

Gwen se desvencilha de Reece e corre para a escada. Ela sobe os degraus três de cada vez, levanta a barra de metal que bloqueia as portas, e as empurra com o ombro, forçando para abri´las com toda sua força.

Gwen grita de dor ao fazer isso – já que as portas estão quentes por causa das chamas dos dragões – e rapidamente se afasta, determinada, ela cobre as mãos com as mangas de seu vestido e volta a empurrar.

Ela tosse sem parar ao sair ao ar livre, e nuvens de fumaça preta saem no subsolo junto com ela. Ao atingir a superfície, ela fecha os olhos diante da claridade, e então começa a procurar – levando a mão aos olhos, e fica surpresa ao se deparar com a onda de destruição diante dela. Tudo que existia apenas instantes antes agora tinha sido reduzido a pilhas de destroços fumegantes e carbonizados.

Ela volta a ouvir o choro do bebê, mais alto ali em cima, e olha à sua volta, esperando que a nuvem de fumaça se dissipe; então, ela vê, do outro lado do pátio, um bebê no chão, enrolado em um manto. Perto dele, ela encontra seus pais, queimados vivos, obviamente mortos. De alguma forma, o bebê havia sobrevivido. Talvez, Gwen pensa com uma pontada de tristeza, a mãe dele tenha morrido ao tentar salvá-lo das chamas.

De repente, Kendrick, Reece, Godfrey e Steffen surgem ao lado dela.

"Minha senhora, você deve voltar agora!" implora Steffen. "Você vai morrer aqui em cima."

"O bebê," Gwen fala. "Eu preciso salvá-lo."

"Isso não é possível," insiste Godfrey. "Você não conseguirá sobreviver!"

Gwen não se importa mais. Sua mente está determinada, e tudo o que ela pode ver, tudo que ela consegue pensar, é em salvar aquele bebê. Ela bloqueia o resto do mundo e sabe que, tanto quanto ela precisa respirar, ela também precisa salvá-lo.

Os outros tentam segurá-la, mas Gwen não se intimida; ela se desvencilha deles e corre na direção da criança.

Ela corre o mais rápido que pode, com o coração aos pulos enquanto atravessa os escombros e as nuvens de fumaça escura em meio às chamas. A fumaça negra age como um escudo e, por sorte, os dragões não a vêem. Gwen atravessa o pátio, correndo pela fumaça, vendo apenas o bebê e ouvindo apenas o seu choro.

Ela corre sem parar com seus pulmões quase explodindo, até que finalmente o alcança. Ela se ajoelha e o pega no colo e imediatamente examina seu rosto, e uma parte dela espera ver Guwayne.

Ela se decepciona ao perceber que não se trata de seu filho; é uma menina. Ela tem lindos olhos azuis cheios de lágrimas, gritando e tremendo com suas mãozinhas fechadas. Mesmo assim, Gwen fica feliz em segurar outro bebê em seus braços, sentindo como se de alguma forma estivesse compensando o fato de ter mandado Guwayne para o meio do mar. E ela já pode perceber, depois ver brevemente os lindos olhos do bebê, que ela é realmente linda.

As nuvens de fumaça se dissipam, e Gwendolyn repentinamente se encontra exposta no lado oposto do pátio, segurando o bebê que ainda chora. Ela olha para cima e vê, a menos de cem metros, uma dúzia de dragões enfurecidos com enormes olhos brilhantes virarem na direção dela. Eles fixam seus olhares em Gwen com alegria e fúria, e ela pode ver que eles já se preparam para matá-la.

Os dragões se lançam no ar, batendo suas grandes asas, enormes quando vistos de tão perto, e começam a voar na direção dela. Gwen se prepara, parada ali segurando o bebê, sabendo que nunca conseguiria voltar a tempo.

De repente, ela ouve o som de espadas, e Gwen vê seus irmãos Reece, Kendrick e Godfrey, além de Steffen, Brandt, Atme e todos os membros da Legião se aproximando com suas espadas e escudos para garantirem a sua proteção. Eles formam um círculo ao redor dela, segurando seus escudos em direção ao céu, e todos se preparam para morrer junto dela. Gwen fica profundamente tocada e inspirada pela coragem deles.

Os dragões os atacam, abrindo suas grandes mandíbulas, e eles se preparam para a inevitável onde de fogo que certamente os mataria, Gwen fecha os olhos e vê seu pai, vê todas as pessoas que tinham sido importantes em sua vida, e se prepara para reencontrá-los.

De repente, ela ouve um terrível grito e se encolhe, presumindo que o primeiro ataque tivesse acontecido.

Mas então Gwen percebe que aquele tinha sido um grito diferente, um grito que ela reconhecia: o grito de um amigo antigo.

Ela olha para o céu atrás dela, e se surpreende ao avistar um único dragão se aproximando no céu, apressando-se para enfrentar os dragões que lutam com ela. Ela fica ainda mais feliz em ver, montado em cima dele, o homem que ela mais ama no mundo:

Thorgrin.

Ela havia voltado.

CAPÍTULO SEIS

Thor monta nas costas de Mycoples, atravessando as nuvens, tão rápido que ele mal consegue respirar, enquanto ele avança em direção ao exército de dragões e se prepara para a batalha. O bracelete de Thor pulsa em seu antebraço, e ele sente que sua mãe o tinha presenteado com um novo poder que ele mal consegue compreender; é como se não houvesse uma linha entre o tempo e o espaço. Thor mal havia pensado em voltar, e mal tinha decolado das margens da Terra dos Druidas, e de repente ela já estava ali, acima das Ilhas Superiores, voando em direção ao exército de dragões. Thor tem a sensação de que tinha sido magicamente transportado até ali, como se tivesse viajado por uma fenda no tempo ou no espaço – como se sua mãe o tivesse enviado até ali, ou permitido que ele conseguisse realizar o impossível, voando mais rápido do que jamais havia feito antes. Ele sente que sua mãe o tinha presenteado com o dom da velocidade.

Quando Thor espia através da cobertura das nuvens, um imenso dragão aparece diante de sua visão, circulando as Ilhas Superiores e prestes a assoprar fogo sobre elas. Thor olha para baixo e seu coração se aperta ao ver que a ilha já está completamente tomada pelas chamas, praticamente destruída. Ele se pergunta com temor se alguém teria conseguido sobreviver ao ataque; e não vê como isso seria possível. Ele teria chegado tarde demais?

Mas assim que Mycoples mergulha, ao chegar mais perto, os olhos de Thor se concentram em uma única pessoa, que o atrai como um ímã à medida que ele a identifica no meio do caos. Gwendolyn.

Ali estava ela, sua noiva, em pé no meio do pátio, destemida como de costume, segurando um bebê e cercada por todas as pessoas que Thor mais ama, todos segurando seus escudos em direção ao céu para protegê-la do ataque dos dragões. Thor assiste horrorizado quando os dragões abrem suas grandes mandíbulas e se preparam para assoprar fogo que ele sabe, em apenas alguns instantes, mataria Gwendolyn e todas as pessoas que ele ama.

“MERGULHE!" Thor grita para Mycoples.

Mycoples não precisa de mais encorajamento: ela mergulha mais rápido do que Thor poderia imaginar, tão rápido que ele mal consegue respirar, e ele se segura firme, descendo quase verticalmente. Dentro de instantes, ela chega perto de três dragões que estão prestes a atacar Gwendolyn, e com um forte rugido sua mandíbula se abre e ela estende suas garras diante dela e ataca os dragões desavisados.

Mycoples se choca contra os dragões, impulsionada pela descida, caindo sobre eles ao mesmo tempo em que arranha um deles com suas enormes garras e morde outro – batendo no terceiro com suas asas. Ela chega até eles momentos antes que eles cuspissem fogo em Gwendolyn, empurrando-os de cara no chão.

Todos os dragões caem juntos, e uma grande nuvem de poeira se levanta; o impacto é tão forte que eles ficam presos no chão de terra, afundados com suas garras para cima. Quando eles aterrissam, Thor se vira e vê a expressão surpresa no rosto de Gwendolyn, e ele agradece a Deus por tê-la salvo a tempo.

Há um grande rugido, e Thor olha para o céu e vê um exército de dragões se aproximando.

Mycoples já está se virando e voando na direção deles, preparando-se para atacá-los sem demonstrar qualquer temor. Thor está desarmado, mas ele se sente diferente do que havia se sentido antes ao enfrentar uma batalha: pela primeira vez em sua vida, ele não sente a necessidade de usar armas. Ele sente que ele pode invocar e depender do poder que existe dentro dele mesmo. Seu verdadeiro poder. O poder que sua mãe havia despertado dentro dele.

À medida que eles se aproximam, Thor ergue seu pulso, mirando seu bracelete dourado na direção deles, e uma luz emana do diamante dourado no centro dele. Uma luz amarela envolve o dragão mais próximo deles, no meio do grupo, empurrando-o para trás pelo meio do ar, fazendo-o colidir com o resto dos dragões.

Mycoples, em um surto de raiva e determinada a se vingar, voa para o meio do exército de dragões, lutando e abrindo caminho através deles. Ela enfia suas presas no pescoço de um e arremessa outro para longe, enfrentando todos os dragões que cruzam a sua frente. Ela se agarra a um dragão até que seu corpo fica inerte, e então ela o deixa cair; ele despenca como uma enorme rocha até o chão e, ao encontrar o solo, faz a terra tremer. Thor pode ouvir o impacto de onde está, pois ele causa um pequeno terremoto.

Ele olha para baixo e vê Gwen e os outros correrem para o esconderijo, e percebe para onde deve guiar os dragões, para longe da ilha, longe de Gwendolyn, de forma a lhes dar uma chance de escapar. Se ele puder levar os dragões para o meio do mar, ele poderia atraí-los para longe e lutar com eles longe dali.

"Vamos para o mar aberto!" Thor grita.

Mycoples segue o seu comando, e eles se viram e voam através do grupo de dragões para o outro lado da ilha.

Thor olha para trás ao ouvir outro rugido, e sente o calor distante das chamas lançadas em sua direção. Ele fica satisfeito ao ver que seu plano está funcionando: todos os dragões estão abandonando as Ilhas Superiores, e começam a segui-lo para o alto mar. À distância, abaixo dele, Thor localiza a frota de Romulus cobrindo o oceano, e ele sabe que, se de alguma forma ele sobrevivesse aos dragões, ele ainda teria que enfrentar um exército de um milhão de homens. Ele sabe que provavelmente não sobreviveria à esse confronto. Mas, ao menos, ele conseguiria dar algum tempo para Gwendolyn e seus amigos.

Pelo menos Gwendolyn sobreviveria.

*

Gwen fica em pé no que ainda resta do pátio da antiga corte de Tirus, ainda com o bebê em seus braços, olhando para céu com espanto, alívio e tristeza ao mesmo tempo. Seu coração se enche de alegria por ter visto Thor mais uma vez, o amor de sua vida, vivo, de volta para ela – e com Mycoples ainda por cima. Com ele ali, ela sente que uma parte dela havia sido restaurada, e ela sente como se tudo fosse possível mais uma vez. Ela sente algo que ela já não sentia há muito tempo: a vontade viver novamente.

Seus homens lentamente baixam seus escudos enquanto observam os dragões se afastando, finalmente deixando as ilhas, voltando para o alto mar. Gwen olha ao seu redor e vê a devastação que eles haviam deixado para trás, grandes pilhas de destroços, chamas por todos os lados, e dragões mortos deitados pelo pátio. É como se a Ilha tivesse sido destruída por uma guerra.

Gwen também vê o que devem ter sido os pais do bebê, dois corpos deitados próximos dali, ao lado do local onde Gwen a havia encontrado. Ela olha dentro dos olhos da criança e percebe que ela é provavelmente tudo o que lhe resta no mundo. Gwen a abraça com força.

"Essa é nossa chance, minha senhora!" Kendrick diz. "Devemos evacuar imediatamente!"

"OS dragões estão distraídos," completa Godfrey. "Pelo menos por agora. Sabe-se lá quando eles vão voltar. Devemos sair daqui imediatamente."

"Mas o Anel já não existe," comenta Aberthol. "Para onde iríamos?"

"Qualquer lugar, menor aqui," responde Kendrick.

Gwen ouve essas palavras, mas elas estão muito distantes em sua mente; em vez disso, ela olha para o céu e observa Thor voando na distância, com seu coração cheio de saudade.

"E o que me dizem de Thorgrin?" ela questiona. "Devemos simplesmente deixá-lo, sozinho aqui?"

Kendrick e os demais se contorcem, seus rostos comunicando sua decepção. Obviamente, a ideia também os perturba.

"Lutaríamos com Thorgrin até a morte se pudéssemos, minha senhora," Reece fala. "Mas não podemos. Ele está no céu, acima do oceano, muito longe daqui. Nenhum de nós possui um dragão. Nem mesmo um poder igual ao dele. Não podemos ajudá-lo. Agora devemos ajudar aqueles que podemos ajudar. É para isso que Thor se sacrificou. É para isso que Thor dedicou sua vida. Devemos usar a oportunidade que ele nos deu."

"O que ainda resta de nossa frota está do outro lado da ilha," continua Srog. "Foi muito sábio de sua parte esconder aqueles navios. Agora devemos usá-los. Devemos reunir os sobreviventes, e deixar esse lugar imediatamente – antes que eles voltem."

A mente de Gwendolyn fervilha com emoções conflitantes. Ela gostaria muito de ir salvar Thor; mas ao mesmo tempo, ela sabe que, esperar ali com todas aquelas pessoas, não seria nada bom. Os outros tinham razão: Thor havia colocado sua vida em risco para a segurança deles. Suas ações teriam sido em vão se ela não tentasse salvar aquelas pessoas enquanto pudesse.

E outro pensamento invade a mente de Gwen. Guwayne. Se eles partissem agora, e se apressassem para o mar aberto, talvez ainda pudessem encontrá-lo. E a ideia de rever seu filho a enche de esperança e vontade de viver novamente.

Finalmente, Gwen assente, segurando o bebê e se preparando para partir.

"Muito bem," ela responde. "Vamos encontrar meu filho."

*

O rugido dos dragões fica cada vez alto atrás de Thor à medida que os dragões se aproximam, seguindo-os enquanto ele e Mycoples voam cada vez mais longe das Ilhas Superiores, sobrevoando o oceano. Thor sente uma onda de fogo se aproximando de suas costas, prestes a envolvê-lo, e sabe se que não fizer algo logo, ele morrerá em breve.

Ele fecha os olhos, sem medo de invocar o poder dentro dele, sem sentir mais a necessidade de depender de qualquer arma ou poder físico. Ao fechar os olhos, ele se lembra do tempo que havia passado na Terra dos Druidas, e do poder que havia tido então, do quanto havia sido capaz de influenciar tudo à sua volta com o poder de sua mente. Ele se lembra do poder que existe dentro dele, de como o universo é apenas uma extensão da mente dele.

Thor força seu poder a vir à superfície, e imagina uma grande parede de gelo atrás dele, protegendo-o do fogo que vem em sua direção. Ele se imagina completamente coberto por um escudo de gelo – ele e Mycoples, protegidos da parede de fogo dos dragões.

Thor abre os olhos e se surpreende ao sentir frio, e ver uma tremenda parede de gelo à sua volta, exatamente da forma como havia imaginado, com um metro de espessura e azul resplandescente. Ele olha para trás e vê as chamas dos dragões se aproximarem – e serem interrompidas pela parede de gelo, liberando vapor ao encostarem em seu escudo protetor. Os dragões ficam irados.

Thor circula quando a parede de gelo derrete, e decide enfrentar o exército de dragões de frente. Mycoples voa na direção deles destemidamente – e os dragões obviamente não esperavam por esse tipo de ataque.

Mycoples salta para a frente, estende suas garras e agarra um dos dragões pelas mandibulas, girando e arremessando-o para o lado; o dragão vai girando descontroladamente e vai no oceano abaixo deles.

Antes que ela possa se se reagrupar, Mycoples é atacada por outro dragão, que fecha suas mandíbulas na lateral de seu corpo. Ela grita, e Thor reage imediatamente. Ele salta para fora dela, pula em cima do nariz do dragão, corre pela cabeça dele e rapidamente monta em suas costas. O dragão não solta Mycoples, e se contorce tentando se livrar de Thor, que se agarra com força enquanto tenta controlar o dragão hostil.

Ao mesmo tempo, Mycoples morde a cauda de outro dragão, arrancando-a com sua forte mordida. O dragão grita e cai no mar – mas logo vários outros dragões partem para cima de Mycoples, que fecham suas mandibulas em suas patas.

Thor, enquanto isso, ainda se segura ao dragão, determinado a controlá-lo. Ele se força a permanecer calmo e a se lembrar que o segredo de tudo estava na mente dele. Ele pode sentir o tremendo poder daquele besta primitiva e antiga correndo por suas veias. E ao fechar seus olhos, ele para de resistir, e começa a se sentir em sintonia com a fera. Ele sente o coração do animal. seu pulso e sua mente. E lentamente se torna uma só criatura com a fera.

Thor abre os olhos, e o dragão também abre os dele, que agora brilham com uma cor diferente. Thor vê o mundo através dos olhos do dragão. Aquele dragão – aquela besta hostil, havia se tornado uma extensão de Thor. O que ele via, Thor também via. Thor comandava – e ele obedecia.

O dragão, a um comando de Thor, solta Mycoples; então ele dá um rugido e avança, enfiando suas presas nos três dragões que atacavam Mycoples, partindo-os em pedaços.

Os outros dragões não esperavam por isso; antes que eles possam se reorganizar, Thor ataca meia dúzia deles usando seu novo dragão para morder seus pescoços, pegando-os desprevenidos e mutilando um dragão após o outro. Thor parte para cima de mais três dragões e faz com que o dragão morda suas asas, arrancando-as de seus corpos e derrubando os dragões que despencam como pedras até o mar.

De repente, Thor é surpreendido por um ataque lateral; o dragão abre sua mandíbula e enfia suas presas em Thor.

Ele dá um grito quando uma longa presa perfura suas costelas e o derruba de cima de seu dragão, fazendo com que ele caia pelo ar. Ele se vê despencando em direção ao mar, ferido, e percebe que está prestes a morrer.

Pelo canto do olho, Thor vê Mycoples mergulhando abaixo dele – e quando ele menos espera, ele aterrissa em cima das costas dela, salvo pela sua velha amiga. Os dois estão juntos novamente, ambos feridos.

Thor, respirando com dificuldade, com a mão em sua ferida, analisa os danos que eles haviam causado: uma dúzia de dragões estão mortos ou mutilados, boiando no oceano abaixo deles. Eles tinham se saído bem, apenas os dois, bem melhor do que ele havia imaginado.

Ainda assim, Thor ouve um rugido terrível e, ao olhar para cima vê que ainda restam várias dezenas de dragões. Ofegante, Thor sabe que aquela tinha sido uma luta valente, mas que suas chances que vitória eram bem pequenas. De qualquer forma, ele não hesita; ele voa destemidamente para cima, correndo para enfrentar os dragões que os desafiam.

Mycoples grita e assopra fogo quando eles lançam chamas na direção de Thor. Thor mais uma vez usa seus poderes para lançar uma parede de gelo ao redor deles, impedindo que as chamas dos dragões os alcancem. Ele se segura a Mycoples quando ela enfrenta o grupo, mordendo e arranhando enquanto luta por sua vida. Mycoples sofre alguns ferimentos, mas não permite que isso diminua seu ritmo, ferindo dragões em todas as direções. Thor junta-se à ela, erguendo seu bracelete e mirando de dragão em dragão; ele lança um feixe de luz branca e joga os dragões para longe de Mycoples enquanto ela luta.

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