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Clepsydra
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Год издания: 2016
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Camilo Pessanha

CLEPSYDRA

INSCRIPÇÃO

Eu vi a luz em um paiz perdido.A minha alma é languida e inerme.Oh! Quem podesse deslisar sem ruido!No chão sumir-se, como faz um verme…

SONÊTOS

Tatuagens complicadas do meu peito:– Trophéos, emblemas, dois leões aládos…Mais, entre corações engrinaldados,Um enorme, soberbo, amor-perfeito…E o meu brazão… Tem de oiro n’um quartelVermelho, um lys; tem no outro uma donzella,Em campo azul, de prata o corpo, aquellaQue é no meu braço como que um broquel.Timbre: rompante, a megalomania…Divisa: um ai, – que insiste noite e diaLembrando ruinas, sepulturas rasas…Entre castelos serpes batalhantes,E aguias de negro, desfraldando as azas,Que realça de oiro um colar de besantes!

ESTATUA

Cancei-me de tentar o teu segrêdo:No teu olhar sem côr, – frio escalpello, —O meu olhar quebrei, a debate-lo,Como a onda na crista d’um rochêdo.Segrêdo d’essa alma e meu degrêdoE minha obcessão! Para bebe-loFui teu labio oscular, n’um pesadêlo,Por noites de pavor, cheio de medo.E o meu osculo ardente, allucinado,Esfriou sobre o marmore correctoD’esse entreaberto labio gelado…D’esse labio de marmore, discreto,Severo como um tumulo fechado,Serêno como um pélago quieto.

PHONOGRAPHO

Vae declamando um comico defunto,Uma platêa ri, perdidamente,Do bom jarreta… E ha um odôr no ambienteA crypta e a pó, – do anachronico assumpto.Muda o registo, eis uma barcarola:Lirios, lirios, aguas do rio, a lua…Ante o Seu corpo o sonho meu fluctuaSobre um paúl, – extática corolla.Muda outra vez: gorgeios, estribilhosD’um clarim de oiro – o cheiro de junquilhos,Vivido e agro! – tocando a alvorada…Cessou. E, amorosa, a alma das cornetasQuebrou-se agora orvalhada e velada.Primavera. Manhã. Que effluvio de violetas!Desce em folhedos tenros a collina:– Em glaucos, frouxos tons adormecidos,Que saram, frescos, meus olhos ardidos,Nos quaes a chamma do furor declina…Oh vem, de branco, – do immo da folhagem!Os ramos, leve, a tua mão aparte.Oh vem! Meus olhos querem desposar-teReflectir-te virgem a serena imagem.De silva doida uma haste esquívaQuão delicada te osculou num dedoCom um aljôfar côr de rosa viva!…Ligeira a saia… Doce brisa impelle-a…Oh vem! De branco! Do immo do arvoredo…Alma de sylpho, carne de camelia…Esvelta surge! Vem das aguas, nua,Timonando uma concha alvinitente!Os rins flexiveis e o seio fremente…Morre-me a bocca por beijar a tua.Sem vil pudôr! Do que ha que ter vergonha?Eis-me formoso, môço e casto, forte.Tão branco o peito!– para o expôr á Morte…Mas que ora— a infame!– não se te anteponha.A hydra torpe!… Que a estrangulo… Esmago-aDe encontro á rocha onde a cabeça te ha-de,Com os cabellos escorrendo agua,Ir inclinar-se, desmaiar de amor,Sob o fervor da minha virgindadeE o meu pulso de jovem gladiador.Depois da lucta e depois da conquistaFiquei só! Fôra um acto anthipatico!Deserta a Ilha, e no lençol aquaticoTudo verde, verde, – a perder de vista.Porque vos fostes, minhas caravellas,Carregadas de todo o meu thesoiro?– Longas teias de luar de lhama de oiro,Legendas a diamantes das estrellas!Quem vos desfez, formas inconsistentes,Por cujo amor escalei a muralha,– Leão armado, uma espada nos dentes?Felizes vós, ó mortos da batalha!Sonhaes, de costas, nos olhos abertosReflectindo as estrellas, boquiabertos…Quem polluiu, quem rasgou os meus lençoes de linho,Onde esperei morrer, – meus tão castos lençoes?Do meu jardim exiguo os altos girasoesQuem foi que os arrancou e lançou no caminho?Quem quebrou (que furor cruel e simiêsco!)A mesa de eu cear, – tabua tôsca de pinho?E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho?– Da minha vinha o vinho acidulado e fresco…Ó minha pobre mãe!… Não te ergas mais da cova,Olha a noite, olha o vento.Em ruina a casa nova… Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais.Alma da minha mãe… Não andes mais á neve,De noite a mendigar ás portas dos casaes.

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